18 janeiro 2025

Palavra de poeta: Manuel Bandeira

Desencanto
Manuel Bandeira  

Eu faço versos como quem chora
De desalento… de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
 


Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

 

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

 

– Eu faço versos como quem morre.


[Ilustração: Claudio Paschoal]


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Leia também um poema de Cida Pedrosa https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/palavra-de-poeta-cida-pedrosa_11.html 

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