Solitária e exuberante
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Daqui da varanda Luci contempla, extasiada, a imensa mangueira que reina num dos raros quintais que ainda restam nesse trecho do bairro das Graças.
— Toda florida! As folhas misturam o verde, o vermelho escuro e o
amarelo...
Quem reside em apartamento tem a sensibilidade aguçada para plantas de
todas as espécies. Aqui em casa se acomoda razoável variedade de plantas, em
jarros de diferentes dimensões, praticamente em todos os cômodos do
apartamento, inclusive nos banheiros.
Ela, Luci, cuida de cada uma com desmesurado carinho, até
"conversando" quando lhes oferta água ou faz a devida poda.
Aqui na rede, lendo, distraidamente pergunto:
— Já está carregada?
— Claro que não. A safra ainda demora um pouco. E, dependendo
do lugar, vai até janeiro.
Cá com minha ignorância, dou-me conta da absoluta desatenção para com o
calendário das frutas em nossa região. Uma espécie de amor descuidado, da minha
parte, que de todas as frutas gosto tanto e as consumo sempre indistintamente.
Eu devia estar minimamente informado sobre o assunto. Se não estou é
porque ao longo da vida tenho cometido esse ato de desatenção indesculpável
para quem vive em terras tropicais.
Bem que devia ter me interessado pelo assunto desde criança, quando meu
pai recebia em sua mercearia, encaixotadas, remessas de mangas, bananas e
outras frutas antecipadamente amadurecidas no carbureto.
De toda sorte, sempre é tempo de fazer as pazes com a Natureza. Agora me
detenho alguns minutos contemplando a dita mangueira, realmente imponente e
bela, reinando sozinha nesse trecho da selva de concreto armado em que se
converteu o nosso bairro.
Em tempo: "Mangifera indica" é o seu nome científico. Ou
simplesmente "manga" — manga-rosa, manga-espada...
[Se comentar, identifique-se]
Leia também: "História estranha", Luis Fernando Veríssimo https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/09/uma-cronica-de-luis-fernando-verissimo.html
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