Maputo, Luanda e Santiago de Cuba*
Luciano Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Desde que nasceu, há pouco mais de quatro séculos e meio, a cidade do Recife se fez porto e, assim, trocou, desde então, mercadorias e idéias com outras terras. Compartilhou influências, culturas – modos de pensar, sentir e ser. Provavelmente aí esteja um dos fatores determinantes para que Pernambuco tenha se tornado, ao longo da História, palco de movimentos republicanos e libertários que contribuíram para plasmar a nacionalidade brasileira.
No programa da Confederação do Equador, por
exemplo, que em 1824-25, envolveu parte do Nordeste a partir do núcleo
irradiador pernambucano, é possível identificar forte influência do ideário da
Revolução Francesa.
Esse caráter cosmopolita da cidade, entretanto,
jamais impediu que nosso povo se conservasse fiel às suas raízes e construísse
expressões culturais de uma riqueza ímpar, capaz de, a um só tempo, recriar-se
incessantemente sem perder seus valores essenciais. O mangue beat é um belo exemplo
dessa vitalidade: o rock n' roll é absorvido e depois devolvido ao mundo
mesclado com o toque do maracatu.
A vocação mascate e a tradição rebelde e
libertária da cidade inspiram agora os esforços do governo municipal no sentido
de acolher as inúmeras abordagens de cidades do mundo, através de redes
formadas em torno de interesses comuns ou empenhadas em estreitar relações
bilaterais. Para o intercâmbio cultural, a cooperação técnica e o estímulo ao
turismo e às relações comerciais.
Um exemplo é Guanghzou, na China, onde estivemos
por duas vezes e em meados de outubro o prefeito João Paulo comparecerá para a
assinatura do tratado de irmanamento. Nantes, na França, idem.
A partir de hoje (quarta-feira), iniciamos, junto
com Roberto Trevas, coordenador de relações internacionais da Prefeitura do
Recife, missão oficial a Cuba, Angola e Moçambique. O objetivo é prospectar
alternativas de cooperação mútua entre o Recife e Santiago (em Cuba), Luanda
(Angola) e Maputo (Moçambique).
Distintas realidades sócio-econômicas, culturais,
urbanísticas. Porém intenções convergentes darão azo à cooperação mútua. É o
que ouvimos dos embaixadores de Cuba, Angola e Moçambique, semana passada em
Brasília; e o que levamos na bagagem.
*Publicado originariamente em setembro de 2007
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Leia também: “Catabil sobre o Índico” https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/04/minha-opiniao_13.html
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