Peleja antecipada*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
No
Brasil sempre foi assim: batalhas eleitorais se travam muito antes da data
prevista, por iniciativa dos prováveis contendores.
A menos de um ano da próxima eleição geral, quando
estarão em disputa a presidência da República, dois terços do Senado, a Câmara,
governos estaduais e Assembleias Legislativas, os times entram em campo muito
antes da hora prevista, mesmo que ainda quase ignorados pelas torcidas...
No que se refere à disputa presidencial, dois dados
recentes têm relevância: pesquisas aparentemente consolidam tendência crescente
na aprovação do governo Lula e em relação à hipótese da reeleição do
presidente; e, concomitantemente, o acirramento do conflito no parlamento
federal.
A mais recente pesquisa Genial/Quaest confirma a
liderança de Lula e a expectativa de que venceria todos os prováveis
adversários num eventual segundo turno.
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, supostamente preferido por
forças de centro-direita e extrema direita e pelo poderoso "mercado",
na pesquisa anterior perderia para Lula por uma margem de 8 pontos e agora por
12 pontos.
Especula-se na grande mídia que o desempenho de Lula e a aprovação do governo
teriam relação direta com a mudança na comunicação oficial.
Certamente sim, mas não só nem principalmente por
isso.
A visibilidade do governo com tonalidade positiva decorre principalmente da
mudança de postura do presidente, que ultrapassou o que tenho chamado
"economicismo governamental" — o discurso meramente administrativo —
quando, movido sobretudo pelo tarifaço de Trump, levantou a bandeira da
soberania nacional e da democracia, demarcando campos com as ameaças externas,
o centro-direita e a extrema direita, o complexo midiático dominante e o poderoso
capital financeiro, que sabota o governo por muitas vias.
Esse enredo possibilita a sensibilização de amplos
setores da sociedade, para além de interesses corporativos imediatos. As
manifestações públicas ocorridas no domingo 21 de setembro o comprovam.
A recente rejeição da Medida Provisória contendo
alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), pela
maioria oposicionista, sob o argumento de que reforçaria o caixa federal em
2026, é parte desse cenário.
O governo responderá com o contingenciamento de cerca
de 7 a 10 bilhões de emendas parlamentares.
O presidente Lula de pronto caracterizou a derrota
como "do povo brasileiro", que vê assim retardadas medidas destinadas
à correção de injustiças do sistema tributário.
Portanto, governo e oposição agem com "um olho
na reza e o outro no padre", como dizemos nós os nordestinos. Travam cada
batalha imediata buscando o acúmulo de forças para o grande confronto de 2026.
*Texto da minha coluna semanal no portal Vermelho www.vermelho.org.br
Leia também: Para além do “economicismo governamental” https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/minha-opiniao_5.html
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