Diferenciações acerca
da complexa agenda do governo Lula
Luciano Siqueira*
A constituição de um
governo da natureza do liderado pelo operário metalúrgico Luiz Inácio Lula da
Silva e conquistado através de renhida disputa eleitoral, por si mesma é fator
de elevação da consciência política da população.
Pois há um estágio de
consciência quase espontâneo, que reflete o nível do conflito entre distintos
projetos de nação e em grande medida traduz a qualidade da intervenção das
diversas correntes políticas no debate de ideias.
Hoje, essa nuance da
luta social e política no Brasil carrega o peso da divisão da sociedade, quase
que meio a meio, na esteira da ascensão da cultura do ódio impulsionada pela
extrema direita.
Acresce que, embora a
TV permaneça como poderoso veículo noticioso e transmissor de ideias, a
comunicação digital — com seus méritos e deméritos — avança cada vez mais como
principal meio de comunicação entre as pessoas.
E não é arriscado
dizer que se difunde muita informação e se debate pouco.
E não há elevação do
nível de consciência de milhões que prescinda do debate de ideias.
Aos partidos
políticos que compõem a frente ampla democrática que governa o país cabe uma
dupla trincheira nesse debate: o interior do governo, contribuindo para
esclarecer questões complexas e em torno delas fomentar a indispensável unidade
de ação; e na esfera da sociedade civil, em suas diversas instâncias e
segmentos, fomentando tanto o apoio a proposições do governo como a correta
formulação da crítica e das reivindicações próprias da população, a se
expressarem através do movimento social independente propriamente dito.
Os partidos
componentes da frente ampla — os de compromisso popular especialmente — têm que
levar à base da sociedade o conflito de ideias em torno da polícia fiscal e
monetária, por exemplo. Tema que a um só tempo estabelece os limites do próprio
governo e as condições de vida da população.
O tamanho da polêmica
em torno dessa questão reflete tremendo conflito de interesses classes, que
precisa ser explicitado.
Dito de um modo mais
simplificado, é preciso ser governo e povo ao mesmo tempo — incorporando ao
cotidiano a complexidade que essa dupla condição implica.
Na concepção tática - teórica e historicamente consolidada no centenário PCdoB -, isto se traduz através
da relação dialética entre unidade e luta, amplitude e independência e corresponde ao lugar própriio dessa corrente política na cena atual.
*Texto da minha coluna semanal desta quinta-feira no Vermelho www.vermelho.org.br
A luta política na base da sociedade https://bit.ly/3FZNuve
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