Depois do feriadão
Luciano Siqueira
Este fim de semana, contando desde a sexta-feira, consta no calendário como único feriadão do ano da graça de 2023.
Muita gente lamenta,
eu inclusive.
Não por apego à
malandragem. Ao contrário, trabalho em média 10 horas por dia e a quase
totalidade das pessoas com as quais eu me relaciono também trabalham muito.
Mas todo mundo gosta
quando a sexta ou a segunda-feira cai em alguma data comemorativa ou santificada — e experimenta
aquela agradável sensação de que se ganhou pelo menos um dia de folga.
De toda forma são
três dias e muita coisa desacelera.
Lembro-me de um
instante da ditadura militar em que governava o general Costa e Silva em meio a
mais uma crise política, que insidia diretamente no estado maior das Forças
Armadas.
Dos detalhes não
estou lembrado. Mas recordo a capa da revista Veja estampando foto do ditador, solitário entre muitas cadeiras e a manchete: "O feriado acabou. Façam a
crise, senhores".
Ainda bem que nesses
três dias de agora não há nenhuma crise de governo em curso.
Há, sim, crise
multifacetada herdada dos desastrosos governos Temer e Bolsonaro, que implica
intenso trabalho e irrecusáveis polêmicas.
E não há como ser
diferente. A reconstrução nacional é tarefa complexa, marcada pelo entrechoque
de interesses de classe dentro do governo e no âmbito da sociedade.
Quem pôde fugir até o
fim da tarde de hoje — consegui esse milagre! — pelo menos retoma tudo amanhã com vontade redobrada.
Caberia uma
capa de revista com a foto de Lula no meio do povo e a manchete: "O
feriado acabou. Todos ao trabalho na construção do novo tempo!"
Afinal, muitos e imensos
são os problemas — mas o sentido do vento mudou.
O Brasil tem jeito.
Somos
do tamanho do que enxergamos https://bit.ly/3Ye45TD
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