08 abril 2023

Minha opinião

Depois do feriadão

Luciano Siqueira

 

Este fim de semana, contando desde a sexta-feira, consta no calendário como único feriadão do ano da graça de 2023.

Muita gente lamenta, eu inclusive. 

Não por apego à malandragem. Ao contrário, trabalho em média 10 horas por dia e a quase totalidade das pessoas com as quais eu me relaciono também trabalham muito. 

Mas todo mundo gosta quando a sexta ou a segunda-feira cai em alguma data comemorativa ou santificada — e experimenta aquela agradável sensação de que se ganhou pelo menos um dia de folga. 

De toda forma são três dias e muita coisa desacelera. 

Lembro-me de um instante da ditadura militar em que governava o general Costa e Silva em meio a mais uma crise política, que insidia diretamente no estado maior das Forças Armadas. 

Dos detalhes não estou lembrado. Mas recordo a capa da revista Veja estampando foto do ditador, solitário entre muitas cadeiras e a manchete: "O feriado acabou. Façam a crise, senhores". 

Ainda bem que nesses três dias de agora não há nenhuma crise de governo em curso.  

Há, sim, crise multifacetada herdada dos desastrosos governos Temer e Bolsonaro, que implica intenso trabalho e irrecusáveis polêmicas.

E não há como ser diferente. A reconstrução nacional é tarefa complexa, marcada pelo entrechoque de interesses de classe dentro do governo e no âmbito da sociedade. 

Quem pôde fugir até o fim da tarde de hoje — consegui esse milagre! — pelo menos retoma tudo amanhã com vontade redobrada. 

Caberia uma capa de revista com a foto de Lula no meio do povo e a manchete: "O feriado acabou. Todos ao trabalho na construção do novo tempo!"

Afinal, muitos e imensos são os problemas — mas o sentido do vento mudou. 

O Brasil tem jeito.

Somos do tamanho do que enxergamos https://bit.ly/3Ye45TD

Nenhum comentário: