Solidariedade nada
humana
Luciano Siqueira
Transcrevi hoje em
meu blog matéria da Folha de S. Paulo sobre uma espécie de diálogo “solidário”,
sobretudo de jovens, com o ChatGPT https://bit.ly/3A3bt9q
A chamada
inteligência artificial cada vez mais confunde os humanos — apesar de
alimentada pelos próprios humanos...
Nesse caso, a coisa
funciona assim: o indivíduo, ansioso, registra suas preocupações e dúvidas e obtém
em troca comentários agradáveis — que lhe proporcionam momentânea sensação de
alívio.
Ainda segundo a
matéria, especialistas observam que esse inusitado diálogo não substitui o
atendimento psicológico.
Óbvio que não.
Tanto quanto a
consulta médica à distância, proporcionada hoje pelos múltiplos mecanismos
ofertados pela internet, por mais sensível e competente que seja o diálogo profissional, jamais superará o contato humano próprio do atendimento presencial.
Aprendi com a vida (e
no curso médico) que o ser humano se comunica em primeiro lugar pelo olhar,
depois pela expressão fisionômica (o facies), e em seguida pela fala e pelo gesto.
Na tela do
computador, jamais será possível captar com nitidez a expressão do olhar —
ponto de partida entre profissional e paciente num padrão de consulta técnica e
humanamente adequado.
Em países como a
China, de população infinitamente numerosa, a consulta à distância prospera na
mesma velocidade da demanda.
Melhor que assim seja, ao invés da falta de atendimento.
Agora, essa de se entrar numa plataforma de diálogo em busca de conforto que na prática dispensa o diálogo entre humanos.
Será?
Tenho para mim que
não.
Desde o surgimento da
linguagem falada, o Homo sapiens desenvolve a capacidade de dizer e de ouvir,
concordar ou divergir, compreender e ser compreendido e assim por diante.
Pesquisadores dizem
que a inteligência artificial permite criar
coisas novas à semelhança do que seria exclusivo da inteligência ou
criatividade humana.
Assim o ChatGPT é
originalmente alimentado por informações digitadas por humanos e supostamente
as desenvolve de moto próprio, de tal maneira que o tornaria capaz de “compreender”
nossas angústias.
Sinceramente, estou
fora. Sigo apostando no diálogo olhos nos olhos.
Aqui e acolá tropeço na memória, ou na falta dela https://bit.ly/43zHiUU
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