27 de maio: em 2002, um grande revolucionário encerra sua jornada
Enio Lins*
João Amazonas de Souza Pedroso, aos 90 anos, morre em São Paulo. Paraense de Belém, onde nasceu em 1º de janeiro de 1912, foi um intelectual orgânico e militante desde os 23 anos. Jornalista, se destacou na direção do Partido Comunista. Em 1945, assinala a Wikipédia: “foi eleito deputado federal constituinte, com a maior votação do Distrito Federal [Rio de Janeiro] após receber 18.379 votos. Teve o mandato extinto em 10 de janeiro de 1948, em virtude da Lei nº 211, de 7 de janeiro de 1948, em razão da cassação do registro do Partido Comunista do Brasil [então usando a sigla PCB]”.
Em 1962, juntamente com militantes históricos como Pedro Pomar, Maurício Grabois e Elza Monerat, João Amazonas lidera a reorganização do Partido Comunista do Brasil, que passa a usar uma nova sigla, PCdoB, em oposição pela esquerda ao PCB, sigla antiga que será utilizada pelo grupo majoritário de Luiz Carlos Prestes na organização de um novo partido, a se chamar Partido Comunista Brasileiro. Essa divisão é uma das mais expressivas rupturas nos PCs e todo mundo e refletia também a ruptura entre o PC da União Soviética e o PC da China.
Perseguido o jurado de morte pela ditatura militar brasileira, especialmente depois da resistência da Guerrilha do Araguaia (1972/1974), João Amazonas sobrevive no exílio até 1979, quando regressa ao Brasil com a Anistia. Em 1989 é o principal arquiteto da obra (nada fácil) de construir uma frente multipartidária em torno da candidatura de Lula para a presidência da República, vencendo resistências aguçadas entre grupos de esquerda (PT, PCdoB e PSB). Não viveu para ver o êxito da frente que ajudara a criar, morrendo exatos cinco meses antes da vitória trabalhada ao longo de 13 anos. No discurso de vitória em 2002, na Avenida Paulista, na noite de 27 de outubro de 2002, Lula iniciou seu pronunciamento homenageando João Amazonas pelo companheirismo, visão de futuro e esforço para que o sucesso eleitoral das forças progressistas, e de esquerda, acontecesse um dia.
*Arquiteto, jornalista, cartunista
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