28 maio 2024

Wallace Melo opina

O que as pesquisas podem falar sobre Lula...
Wallace Melo Barbosa*

 

As pesquisas de opinião são importantes instrumentos, que, junto a outras fontes de análises, propiciam que  pessoas, grupos, empresas, organizações sociais, instituições públicas, parlamento ou governantes, construam decisões ou caminhos a serem percorridos, bem como proposições de metas, cenários e comportamentos. São ferramentas que, no âmbito da ciência política, da sociologia e da economia se consolidam como recursos de relevância singular, seja para realização de estudos teóricos, seja na proposição de metodologias ou produtos específicos dessas áreas.

É claro que somente a coleta de opiniões e informações feitas pelas pesquisas, de opinião ou de levantamento (surveys), por meio de amostras e estatísticas, não exprimem verdades absolutas ou incontestáveis, mas, enquanto fontes, podem, junto a outros recursos, orientar bem um planejamento ou tomada de decisões acerca de alguma potencial conjectura.

Mas, chamo essa atenção, justamente por outros aspectos que avalio ser singularmente importantes, quando o tema em questão são tais levantamentos estatísticos. Refiro-me aqui, as possibilidades de leituras e o cruzamento de diferentes análises. Faço referência a esses pontos, pois, ao meu ver, ainda que os números ou percentuais nos apresentem realidades, existe uma opinião, sobretudo na ciência política, que aponta como a maioria dos erros encontrados na feitura de uma pesquisa não são aqueles de ordem técnica ou metodológica, mas na interpretação.

Em outras palavras, saliento que os números revelam, mas em determinadas circunstâncias, eles se mostram “secos”, principalmente quando desprovidos de leituras ou uma boa interpretação. E para isso, sempre que posso, sugiro como caminho para obtermos uma boa análise de resultados, o cruzamento entre diferentes pesquisas que versam sobre um mesmo objeto ou realidade.

E para ilustrar bem o raciocínio, vejamos o que algumas pesquisas tem mostrado quanto ao governo Lula:

Na segunda quinzena de maio, a consultoria em pesquisa, Quaest publicou o resultado de um levantamento feito com 183 deputados federais
e apontou que, 42% desses parlamentares  avaliam o governo Lula como negativa, principalmente entre os ditos “independentes”.Para chegar a tal conclusão, foram apresentadas perguntas relacionadas a relação e a atenção do governo com a Câmara, a direção que o país está indo, bem como a aprovação de projetos na casa legislativa.

O mesmo orgão também apresentou, por meio de outra pesquisa, que a avaliação negativa do mercado financeiro ao governo federal ficou em 64%, de acordo com o levantamento feito com 101 fundos de investimentos, com sede em São Paulo e Rio de Janeiro, onde foram entrevistados gestores, economistas, traders e outros profissionais atuantes no setor. Mas, a avaliação positiva sobre o ministro Fernando Haddad ficou em 50%.

Por outro lado, de acordo com os dados apresentados em abril, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil fechou o primeiro trimestre de 2024, com um saldo positivo de 244.315 empregos formais, melhor acumulado, desde 2020, o que fez o país chegar a 2,2 milhões de empregos com carteira assinada, nos últimos 15 meses.

E por fim, também no mês de maio, a pesquisa realizada pelo The Good Food Institute (GFI) Brasil, revelou que, após o governo Lula, a carne voltou a ocupar um lugar central na dieta dos brasileiros, revelando o percentual de 56% dos entrevistados, que admitiram consumir proteína bovina duas ou mais vezes por semana.

Frente a todos esses dados e percebendo as concepções políticas que alicerçam o governo Lula, bem como natureza do seu programa de governo, como podemos relacionar essa ampliação na geração de empregos e o aumento do consumo de carne bovina dieta na dieta das famílias brasileiras, com a opinião negativa dos deputados federais e do mercado financeiros em relação ao presidente?

Lembremos, as pesquisas revelam, mas não interpretam.

Wallace Melo Barbosa professor da educação básica e superior, compõem a direção do Sinpro Pernambuco, CTB-PE e atual presidente da FITRAENE

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