A revelação do óbvio
Luciano Siqueira
Faz-se pesquisa sobre tudo o que se possa imaginar. A maioria,
ao que me parece, por encomenda do varejo - esse setor poderoso de nossa economia
- , mas também por interesse de muitos outros segmentos interessados em mapear
seus públicos alvos.
Pretensamente para detalhar nuances da cena política,
também se diversificam as sondagens, quanto ao objeto e à metodologia.
Agora mesmo, o Genial Quaest atesta que é crescente o
percentual de deputados federais que avaliam como baixas as chances do governo
Lula aprovar suas proposições na Câmara.
Propoirção semelhante considera errados os rumos que o
país vem adotando.
Nelson Rodrigues diria tratar-se do “óbvio ululante”.
Do último pleito aos dias que correm, a duras penas Lula
consegue maioria circunstancial – a duras penas e mediante negociações tão
eláticas quanto questionáveis.
É o preço da viabilidade do governo.
Por uma razão simples e cristalina: cerca de 4/5 dos
parlamentares ora com acento na Câmara se elegeu apoiando Bolsonaro, e não
Lula. Situam-se politicamente ao centro, centro-direita e extrema direita.
Demais, sobretudo com as mudanças regimentais
consolidadas durantes os quatro anos anteriores, o Congresso praticamente
divide com o Executivo a gestão do Orçamento Geral da União.
O tal “orçamento impositivo” confere aos parlamentares um
poder que jamais tiveram.
E nos exatos dias que correm, que antecedem o pleito
municipal, deputados e senadores se assanham mais ainda visando a obtenção de
vantagens que alimentem suas bases locais de apoio.
Então, a tal pesquisa hoje divulgada seria muito estranha
se revelasse uma força que o governo não tem.
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/05/vitoria-parcial_24.html
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