Desumanidade explícita
Luciano Siqueira
Na medida em que a concentração da produção, da renda e da riqueza se eleva ao extremo e o sistema capitalista mais exclui da produção e do consumo as maiorias da população, em certa medida os defensores e praticantes do neoliberalismo não se expõem tanto.
Nem sempre se dizem liberais ou dissimulam o que pensam sobre o papel do Estado na economia, por exemplo.
Mas há situações em que seus arautos perdem o controle da fala e dizem diatribes como a do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), para quem “o reerguimento desse comércio fica dificultado na medida em que você tem uma série de itens que estão vindo de outros lugares”.
Se referia ao comércio local, que a seu ver sobre os escombros da tragédia há que retomar suas atividades assegurando o lucro a todo custo.
Ou seja, mesmo em situação de calamidade extrema, o socorro às vítimas não pode ultrapassar certos limites, a ponto de prejudicar a livre concorrência (sic).
Nada mais simbólico do caráter desumano das teorias econômicas enfileiradas no ultraliberalismo, segundo as quais a busca do lucro máximo está acima de qualquer outro propósito.
Agora, o governador boquirroto tenta se explicar - mas o fato é que disse o que pensa e sente em sua frieza de quem prioriza o mercado acima de tudo.
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/05/juros-altos-para-quem.html
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