18 junho 2024

Minha opinião/vaidade ao espelho

Narcisismo ao extremo 
Luciano Siqueira 

 
Gosto de imagens — fotos e obras de arte. E as busco na telinha do smartphone ou do laptop. 
 
Várias eu guardo e as reproduzo no meu blog, pois não só de política devem se alimentar meus milhares e nem tantos assim seguidores. 
 
No Instagram sigo fotógrafos do mundo inteiro. Os que expõem suas obras em preto e branco, sobretudo. 
 
Mas tem um inconveniente: os algoritmos não são inteligentemente seletivos, pelo menos no meu caso, e me expõem ao lado de imagens de extraordinária qualidade uma profusão de fotos de modelos femininos, em geral associadas a algum produto, vestimentas principalmente. 
 
Da mesma forma acontece com imagens urbanas, que também busco. Na timeline aparecem, à minha revelia, fotos de viajantes pelo mundo afora, quase sempre precárias, as pessoas em primeiríssimo plano.
 
E com uma dose cavalar, como se dizia no século passado, de narcisismo explícito. Como a de uma mocinha que eu acabei de ver dançando diante de um espelho e filmando-se a si mesma com o celular em posição selfie. 

Paris pouco importa. A própia imagem, em close, sim. 
 
Narciso — filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope, segundo a mitologia grega —, dado a se admirar a si mesmo, como bem registra Caravaggio em sua obra clássica, em pleno século 21 vive talvez o auge do seu prestígio!

[Ilustração: Caravaggio, 1597-1599]

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