PL da redução da jornada de trabalho representa avanço da agenda progressista
Resistência no Congresso precisa ser enfrentada com mobilização, mostrando efeitos como mais saúde, lazer, convivência familiar e distribuição de renda
Editorial do 'Vermelho'
O anúncio, pelo ministro do Trabalho Luiz Marinho, de que vai se articular junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a líderes da base no Congresso Nacional para a aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 67/2025 da deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) que acaba com a escala 6×1 é mais um avanço da agenda progressista do governo, outro passo após a aprovação do aumento da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Marinho fez a declaração na terça-feira (14), numa reunião com o presidente da Comissão do Trabalho, Léo Prates (PDT-BA), e a deputada Daiana Santos para debater o PL que estabelece a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a implementação da escala 5×2. Prates, o relator da matéria na Comissão do Trabalho, se comprometeu a pautar uma audiência pública com empresários e centrais sindicais ainda em outubro.
Daiana Santos explicou que o PL nasceu do diálogo com trabalhadores e trabalhadoras, uma alternativa para acabar com a escala 6×1. “O governo federal reconheceu isso, e juntos vamos transformar essa conquista em realidade, garantindo saúde e dignidade para população”, afirmou a deputada, que recebeu apoio também da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. “Desde a apresentação do Projeto, nós temos mantido conversas com o ministro do Trabalho e, também, com a ministra das Relações Institucionais”, relatou Daiana Santos ao site Sul21.
A deputada explicou que a definição da relatoria é fundamental para o avanço do PL, que entrará numa nova etapa após o prazo das emendas, em 8 de novembro. Em seguida, o relatório será apresentado para votação na Comissão de Trabalho. “Temos trabalhado para que o relatório mantenha a essência do Projeto, na valorização do tempo de vida, do descanso e da dignidade de quem trabalha. Estamos confiantes de que a proposta será aprovada também na Comissão e, depois, no plenário”, comentou.
Segundo Daiana Santos, a viabilidade da nova escala já vem sendo testada com sucesso, como estabelece o acordo coletivo negociado pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Turismo e Hospitalidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. “Estamos em diálogo constante com sindicatos, centrais sindicais, movimentos sociais, populares e, principalmente, com os trabalhadores e trabalhadoras que vivenciam diariamente os impactos da escala 6×1. Essa luta é por dignidade, saúde mental, tempo de qualidade de vida e justiça social para quem movimenta este país com seu trabalho”, afirmou a deputada.
O PL enfrentará resistência, pela composição do Congresso Nacional desfavorável à agenda progressista. Em cada etapa de sua tramitação surgirão barreiras que precisarão da mobilização dos trabalhadores para serem contornadas ou transpostas. A exemplo da recente aprovação do aumento da isenção de Imposto de Renda, esse tema tende a ganhar apoio popular, o que forçará a maioria do Congresso a reduzir a resistência.
A redução da jornada de trabalho é uma bandeira antiga do movimento sindical. A campanha pelo fim da escala 6×1 conta com a participação de entidades populares e sociais, centrais sindicais e partidos políticos, que organizaram o recente Plebiscito Popular no qual esse foi um dos temas.
O presidente Lula também participa da campanha. “Vamos aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho”, disse o presidente nas redes sociais. “Está na hora de o Brasil aprofundar o debate sobre a escala 6×1, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadoras e trabalhadores.”
Além da mobilização, o debate de ideias ajuda a esclarecer a essência da proposta. É preciso amplificar os dados que mostram como a produção e a produtividade independem de jornadas insanas como a escala 6×1, basicamente pelo avanço tecnológico.
Os benefícios vão além do lazer e da convivência familiar. Uma jornada menos exaustiva terá impacto na redução de doenças do trabalho, um grave problema de saúde pública. Essa batalha é justa também porque uma jornada com menor número de horas significa melhor distribuição da riqueza produzida, a ideia de menos horas de trabalho, mais gente trabalhando e obtendo renda.
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Lula se fortalece e direita ataca o país https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/10/editorial-do-vermelho_10.html
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