Por que a
ômicron é menos agressiva?
O novo caminho,
até então nunca usado por outras cepas, explicaria o fato de ela ser
menos letal
Adriana Dias Lopes, O Globo
Desde o último 26 de novembro, quando a Organização Mundial da Saúde
(OMS) declarou a Ômicron como uma variante de preocupação, o mundo entrou em
alerta. A nova cepa do coronavírus começava então a exibir uma capacidade de
disseminação nunca vista em dois anos de pandemia. O tempo comprovou a forte
suspeita: em pouco mais de um mês de circulação, a mutação detectada
originalmente na África do Sul, já está presente em 110 países e continua a
evoluir. "A Ômicron está se propagando em um ritmo que não vimos com
nenhuma variante anterior”, chegou a afirmar o diretor-geral da OMS, Tedros
Adhanom Ghebreyesus, quando ela acometia ainda 77 países. A velocidade de espalhamento
chega a ser três vezes maior em relação à Delta, para se ter ideia.
Uma questão, no entanto, ainda estava em aberto: a explicação para o
baixo número de mortes provocadas quando comparada à Delta. Há a linha
científica que atribui ao alto índice de imunizados naturalmente e vacinados --
rapidamente grandes laboratórios passaram a trazer resultados de estudos com
seus imunizantes. Há também os que dizem que as mutações em si poderiam ter
tornado o coronavírus mais fraco, se dividindo menos nas células dos pulmões,
por exemplo. Mas agora um estudo conduzido pelos institutos de Imunologia e de
Medicina da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, mostrou que o que a torna
mais amena é o caminho inédito que a cepa escolhe para entrar nas células
humanas.
Resumidamente, há duas portas celulares para a entrada do coronavírus. Uma
delas, a principal, usa uma proteína chamada TMPRSS2 para atrair o vírus. A
segunda usa a proteína catepsina para fazer o mesmo. A genética do
coronavírus fez com que a primeira até então tivesse sido escolhida por todas
as variantes para entrar. "Ela é mais escancarada, digamos assim, o que
faz o vírus entrar com mais potência e tornar as infecções mais graves",
explica Salmo Raskin, médico geneticista e diretor do Laboratório Genetika, de
Curitiba. A segunda, que atraiu apenas a Ômicron até agora, possui substâncias
naturais que amenizam a agressividade do vírus logo na sua chegada. Com isso, a
doença seria menos grave.
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Veja: Respostas a várias questões
resumidas em 2 pontos https://bit.ly/3ppTPqL
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