Reamar
Iara Maria Carvalho
Uma espécie em extinção,
o amor? Andar sem
olhar pra trás e tirar sempre
que pode a poeira que
repousa sobre a caixa onde
guarda a coleção dos fracassos.
Não, não está extinto.
De longe, ouvem-se os risos
dos namorados diante
da praia, a doçura do vento
embaraçando os cabelos
e os dedos. Há um jeito novo
antigo de ir embora
quando o amor não tem
mais sal, quando o amor não
dá mais onda, quando o amor
bate nas pedras e se quebra.
No entanto, dos sargaços
o amor se move, fica sob a areia
só até o dia em que a maré
baixa, deixando um rastro
de desejos e espuma,
saliva e sonho,
suor entre as conchas.
Remar, reamar.
Viver.
[Ilustração: George Barbosa]
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