04 novembro 2022

Agenda 2030

Escola e território conectados aos ODS fortalecem a qualidade da educação

Porvir/Inovações em educação

ODS em todas as etapas, uma experiência no Recife segundo Djanice Leonardo

Não apenas na educação básica é possível trabalhar com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Um outro exemplo de atuação vem do Recife, capital de Pernambuco. Usando metarreciclagem, as professoras Djanice Leonardo, Mirza Cabral e Kate Limeira, do laboratório de tecnologia e inovação para sustentabilidade (CETEC), incentivaram estudantes da EJA (Educação de Jovens e Adultos) a construir móveis sustentáveis usando materiais recicláveis, como caixas de papelão e resíduos tecnológicos.

Além de desenvolver possibilidades de um olhar estético e funcional ao trabalhar com esses materiais, a professora Djanice reconhece que há uma importante função em debater a Agenda 2030 por uma questão de sobrevivência. Ela destaca a iminência de que, por exemplo, a cidade do Recife seja atingida pela elevação do nível do mar: “A importância que eu vejo de a gente estar trabalhando os ODS tanto na educação infantil como perpassando por todas as disciplinas e séries é para que a gente possa despertar em nossos estudantes essa preocupação ambiental, que eles tomem ciência da situação que se encontra o planeta”, afirma Djanice. 

Os resultados e a própria prática têm relação com o que vivem atualmente. Ela conta que durante a pandemia, principalmente, bairros do Recife sofreram com enchentes e isso causou um impacto duplo: muitos integrantes da EJA perderam móveis devido à questão climática, e também ficaram sem empregos por causa do distanciamento social obrigatório.

A produção dos móveis sustentáveis atuou não somente no problema vivido naquele momento, como também cumpriu o papel da escola em ensinar outros conteúdos como matemática, geometria e sustentabilidade. 

“A prática se mostrou efetiva na cooperação entre os estudantes. Tinha um aluno que era marceneiro, outra que era costureira e esses alunos foram ajudando um ou outro. As produções são riquíssimas”, conta Djanice. “Outro dia, um aluno disse para mim: ‘Professora, eu já fui pra casa levando tarefa no papel, levando tarefa no caderno e no livro, mas levando uma tarefa assim na cabeça é a primeira vez'”, diz, referindo-se à criação de móveis.

Para Djanice, o mais interessante do projeto é ver como os alunos já reconhecem aprendizados que não foram apresentados diretamente em uma aula tradicional. Os estudantes acabam desenvolvendo outras habilidades, como o empreendedorismo e a economia criativa. 

A proposta tem sido muito bem recebida: já foi replicada em outras dez escolas do município e segue crescendo, conquistando prêmios diversos prêmios em nível estadual. A professora acredita que essa é uma ideia que pode ser replicada em diferentes escolas, e torce para que isso aconteça. 

“Saberes são para ser compartilhados. Não adianta a gente pegar uma luz ou um candeeiro e colocá-lo embaixo da mesa. A gente quer colocá-lo em cima da mesa para que todos possam ver. E que possam se beneficiar daquela claridade. Assim também é a educação: a gente quer colocá-la na mesa, uma educação pública de qualidade”, reflete a professora. 

A produção dos móveis sustentáveis atuou não somente no problema vivido naquele momento, como também cumpriu o papel da escola em ensinar outros conteúdos como matemática, geometria e sustentabilidade.


“A prática se mostrou efetiva na cooperação entre os estudantes. Tinha um aluno que era marceneiro, outra que era costureira e esses alunos foram ajudando um ou outro. As produções são riquíssimas”, conta Djanice. “Outro dia, um aluno disse para mim: ‘Professora, eu já fui pra casa levando tarefa no papel, levando tarefa no caderno e no livro, mas levando uma tarefa assim na cabeça é a primeira vez'”, diz, referindo-se à criação de móveis. 

Para Djanice, o mais interessante do projeto é ver como os alunos já reconhecem aprendizados que não foram apresentados diretamente em uma aula tradicional. Os estudantes acabam desenvolvendo outras habilidades, como o empreendedorismo e a economia criativa. 

A proposta tem sido muito bem recebida: já foi replicada em outras dez escolas do município e segue crescendo, conquistando prêmios diversos prêmios em nível estadual. A professora acredita que essa é uma ideia que pode ser replicada em diferentes escolas, e torce para que isso aconteça.

“Saberes são para ser compartilhados. Não adianta a gente pegar uma luz ou um candeeiro e colocá-lo embaixo da mesa. A gente quer colocá-lo em cima da mesa para que todos possam ver. E que possam se beneficiar daquela claridade. Assim também é a educação: a gente quer colocá-la na mesa, uma educação pública de qualidade”, reflete a professora. 

Conscientização do território

Um ponto de atenção encontrado na iniciativa de Djanice foi perceber que nem todos os colegas compreendiam do que se tratavam os ODS. Por usarem caixas de papelão e outros elementos recicláveis, a docente conta que foi chamada por alguns colegas de “catadora”. Não foi propriamente o termo que a incomodou, mas o tom pejorativo usado para se referir ao trabalho desenvolvido. 

O desafio acabou extrapolando a missão de conversar com os estudantes e indo em direção também ao corpo docente. O bom sinal veio quando o projeto desenvolvido pela escola começou a ganhar visibilidade, fazendo com que os que antes criticavam prestassem mais atenção. 

Para Wellington Cruz, o primeiro passo para mobilizar a comunidade escolar é mapear o que a escola já faz em prol do desenvolvimento sustentável. “Sempre há algo positivo que pode ser ampliado”, acredita. “Em seguida, é importante sensibilizar a comunidade e trazer para perto os colaboradores mais envolvidos e comprometidos com o tema. A escola precisa perceber a grande oportunidade que tem nas mãos quando assume o protagonismo no desenvolvimento de pessoas aptas para um mundo sustentável. O futuro que desejamos é, ou deveria ser, tema recorrente de reflexões, projetos e ações da escola”, reforça. 

Leia também - Marcio Pochmann: Século 21 impõe novas bases para a educação brasileira https://bit.ly/3Bv2KNR

Um comentário:

Anônimo disse...

Dr Luciano, muito obrigada por fortalecer nossas ações e ter a percepção que precisamos fazer algo por um mundo melhor, ações simples, que fazem a diferença qdo apoiadas de forma que que juntos possamos mitigar as consequências das mudanças climáticas ♻️ Acredito que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) precisam fazer parte das nossas vidas estando presentes nas iniciativas públicas e privadas.