Ainda é cedo para criar conceitos
e estabelecer prognósticos
Em um piscar de olhos, em
uma bola perdida, muda-se o resultado de uma Copa do Mundo
Tostão,
Folha de S. Paulo
Muitas pessoas, homens e mulheres, que encontro em diversos
lugares, entre as partidas, comentam e aplaudem a presença e a qualidade do
trabalho das mulheres na Copa, na imprensa,
nas arbitragens e em outras atividades. Quero ver o dia, e que não esteja
longe, em que as mulheres não sejam novidade, nos esportes e em qualquer outra
atividade, além de serem tratadas e avaliadas profissionalmente, sem nenhuma
diferença dos homens.
Após um primeiro tempo discreto, o Brasil teve uma excelente
atuação contra a Sérvia. Isso ocorreu pela excessiva ansiedade na
primeira etapa, pelo cansaço e pelo recuo dos sérvios, pelo posicionamento mais
defensivo de Paquetá ou pela maneira mais vibrante e intensa do time
brasileiro?
As mudanças que geralmente ocorrem no segundo tempo de uma
partida de futebol são mais decorrentes do resultado do primeiro tempo do que
das mudanças táticas e de escalação. O Brasil foi melhor na segunda etapa
porque era o favorito e o empate era ruim, enquanto a Sérvia recuou para
garantir o bom empate.
O segundo gol de Richarlison foi lindíssimo. Parecido, mais
difícil e ainda mais bonito, pelos movimentos do corpo, foi o gol que ele já tinha
feito no treino, que lembrou o de Rony pelo Palmeiras contra o
Goiás, pelo Brasileirão. Os belos gols que ocorrem nos belos estádios, nos
maiores campeonatos do mundo, são lances sonhados e vividos na infância dos
jogadores.
Segunda-feira (28) será outro dia. A Suíça é uma dessas seleções
médias da Europa que se caracterizam por ter enormes dificuldades de ganhar de
times inferiores e de criar grandes problemas para os superiores, como o
Brasil.
No lugar de
Neymar, Tite vai escalar Fred e avançar Paquetá ou
vai colocar Rodrygo? Na posição de Danilo, entra
Militão, para ser um marcador pela direita, ou Daniel Alves, para ser um
construtor pelo meio? Vai depender das apurações da comissão técnica sobre a
equipe da Suíça. O futebol é uma mistura de planejamento e de inventividade.
Neste sábado (26), a França se classificou com difícil vitória sobre a
Dinamarca, por 2 a 1, dois gols de Mbappé. Giroud, quando não faz
gol, é nulo, pois nem pega na bola. A França tem o mesmo desenho tático do
Brasil, além de possuir dois pontas velozes, Mbappé e Dembelé, e um reserva
driblador (Coman). Outra peculiaridade é que a França tem Mbappé, e o Brasil
tem Neymar.
No domingo (27), Espanha e Alemanha fazem um
clássico que pode eliminar a Alemanha. A Espanha é o Manchester City
das seleções, pela troca curta de passes e pelo domínio da bola e do jogo. A
Alemanha possui, como a Espanha, um ótimo meio-campo, com Kimmich e Gündogan,
mas tem deficiências no ataque e uma defesa frágil e cheia de espaços.
A Bélgica, que jogou mal na vitória por 1
a 0 sobre o Canadá, enfrenta o Marrocos. De Bruyne, que errou demais
contra os canadenses, foi eleito o melhor do jogo. Ele, com sua consciência
crítica e dignidade profissional, protestou contra a escolha e disse:
"Deve ser por causa do meu prestígio".
Ainda é cedo para criar conceitos, prognósticos, e fazer
escolhas. De repente, em um piscar de olhos, em uma bola perdida, em um erro do
árbitro e/ou do VAR, em uma expulsão e em dezenas de outros detalhes não
esperados, muda-se o resultado de um jogo e de uma Copa do Mundo.
Leia
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passadas https://bit.ly/3V56KwI
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