28 novembro 2022

Copa: ainda na fase inicial

Ainda é cedo para criar conceitos e estabelecer prognósticos

Em um piscar de olhos, em uma bola perdida, muda-se o resultado de uma Copa do Mundo
Tostão, Folha de S. Paulo

 

Muitas pessoas, homens e mulheres, que encontro em diversos lugares, entre as partidas, comentam e aplaudem a presença e a qualidade do trabalho das mulheres na Copa, na imprensa, nas arbitragens e em outras atividades. Quero ver o dia, e que não esteja longe, em que as mulheres não sejam novidade, nos esportes e em qualquer outra atividade, além de serem tratadas e avaliadas profissionalmente, sem nenhuma diferença dos homens.

Após um primeiro tempo discreto, o Brasil teve uma excelente atuação contra a Sérvia. Isso ocorreu pela excessiva ansiedade na primeira etapa, pelo cansaço e pelo recuo dos sérvios, pelo posicionamento mais defensivo de Paquetá ou pela maneira mais vibrante e intensa do time brasileiro?

As mudanças que geralmente ocorrem no segundo tempo de uma partida de futebol são mais decorrentes do resultado do primeiro tempo do que das mudanças táticas e de escalação. O Brasil foi melhor na segunda etapa porque era o favorito e o empate era ruim, enquanto a Sérvia recuou para garantir o bom empate.

O segundo gol de Richarlison foi lindíssimo. Parecido, mais difícil e ainda mais bonito, pelos movimentos do corpo, foi o gol que ele já tinha feito no treino, que lembrou o de Rony pelo Palmeiras contra o Goiás, pelo Brasileirão. Os belos gols que ocorrem nos belos estádios, nos maiores campeonatos do mundo, são lances sonhados e vividos na infância dos jogadores.

Segunda-feira (28) será outro dia. A Suíça é uma dessas seleções médias da Europa que se caracterizam por ter enormes dificuldades de ganhar de times inferiores e de criar grandes problemas para os superiores, como o Brasil.

No lugar de Neymar, Tite vai escalar Fred e avançar Paquetá ou vai colocar Rodrygo? Na posição de Danilo, entra Militão, para ser um marcador pela direita, ou Daniel Alves, para ser um construtor pelo meio? Vai depender das apurações da comissão técnica sobre a equipe da Suíça. O futebol é uma mistura de planejamento e de inventividade.

Neste sábado (26), a França se classificou com difícil vitória sobre a Dinamarca, por 2 a 1, dois gols de Mbappé. Giroud, quando não faz gol, é nulo, pois nem pega na bola. A França tem o mesmo desenho tático do Brasil, além de possuir dois pontas velozes, Mbappé e Dembelé, e um reserva driblador (Coman). Outra peculiaridade é que a França tem Mbappé, e o Brasil tem Neymar.

No domingo (27), Espanha e Alemanha fazem um clássico que pode eliminar a Alemanha. A Espanha é o Manchester City das seleções, pela troca curta de passes e pelo domínio da bola e do jogo. A Alemanha possui, como a Espanha, um ótimo meio-campo, com Kimmich e Gündogan, mas tem deficiências no ataque e uma defesa frágil e cheia de espaços.

A Bélgica, que jogou mal na vitória por 1 a 0 sobre o Canadá, enfrenta o Marrocos. De Bruyne, que errou demais contra os canadenses, foi eleito o melhor do jogo. Ele, com sua consciência crítica e dignidade profissional, protestou contra a escolha e disse: "Deve ser por causa do meu prestígio".

Ainda é cedo para criar conceitos, prognósticos, e fazer escolhas. De repente, em um piscar de olhos, em uma bola perdida, em um erro do árbitro e/ou do VAR, em uma expulsão e em dezenas de outros detalhes não esperados, muda-se o resultado de um jogo e de uma Copa do Mundo.

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