Porque as emoções dão cor à vida
Luciano Siqueira
Um desses domingos surpreendentes — contraditório, prazeroso.
Após breve caminhada, um café da manhã saudável, movido a sabor só agora recuperado, após segunda jornada de Covid que deixou marcas Incômodas: paladar e olfato distorcidos, apetite zero; fadiga constante, na contramão de quem se movimenta e trabalha muito...
E eis que, no Instagram, você, moça, não se contém e proclama-se eufórica, sensível, emocionada, o coração acelerado por repentina paixão.
E multiplica no stories imagens da vida que pulsa desde os primeiros raios da manhã, tendo ao fundo a bela canção de Rubel: "Se for preciso, eu crio alguma máquina/Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima/Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor/Eu chego pra dizer que eu vim te ver..."
Bem sabe, moça, gosto dos seus registros sobre a vida em suas contraditórias ocorrências cotidianas e díspares emoções. Mesmo quando apenas
expressos através de uma tulipa de chopp, tendo ao fundo uma canção melosa...
E na manhã de hoje, ao sabê-la assim tomada pela paixão, envolta por aquela brisa tão incrivelmente intima e só descritível pelo mais sensível dos poetas, cá me percebo solidariamente feliz.
Feliz por você, moça. E por quem você ama.
E compartilho à distância seu instante mágico com uma taça de um bom tinto Merlot.
Para que viva plenamente esse instante, inspirada na poeta Cecília "porque a vida, a vida, a vida,/a vida só é possível/reinventada".
E receba imaginária rosa vermelha envolta no verso de Rubel: "Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante..."
Tudo porque este é um domingo de sol e magia.
E porque as emoções dão cor à vida.
[Ilustração: Edaward Hopper]
Leia também: Implacáveis marcas do tempo https://bit.ly/3noLqTH
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