Extrema-direita, extrema-bagunça
Passadas as 72 horas de bagunça, qual o saldo? Vergonha alheia, prejuízos econômicos ao País
pela interrupção do tráfego de mercadorias, vergonha alheia, prejuízos pessoais
por conta dos bloqueios, vergonha alheia. O bolsonarismo tem história de atos
histriônicos, gestos ridículos, cenas tragicômicas, prejuízos a terceiros, mas
desta vez se superou.
Subversão é
especialidade do bolsonarismo, desde que um certo capitão, então presidiário,
vazou um plano terrorista para a reportagem da revista Veja. Era 1987 e a
operação, segundo ele, teria o nome de “Beco sem saída” e visava detonar o
governo do então presidente José Sarney e, simultaneamente, desmoralizar o
ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves. Como prova do que
estava dizendo, o oficial desenhou de próprio punho croquis com a descrição do
atentado. Quando a revista publicou a reportagem, o meliante voltou atrás e
negou tudo. Agitar e depois negar, é o método.
O mito e seus mitos
juniores têm negado participação nas vagabundagens
cometidas nas rodovias em todo País e nas portas dos quarteis – mas todas são
em apoio ao candidato derrotado nas urnas e todas pedem que o resultado seja
revertido e a vitória seja dada a quem perdeu. Simples assim. Essas 72 horas,
prazo cantado pelos baderneiros, correspondem a uma interpretação surreal de
que a Constituição permitiria um golpe militar depois de três dias de furdunço
– delírio de noites de verão.
A presença desabrida
de policiais militares ao lado da baderna, porém, não é
só ridícula – é puro perigo e comprovação de que essas corporações estão
contaminadas, corrompidas pelo bolsonazismo. Isso é um grande problema
institucional e precisa ser tratado com urgência e rigor. Para repetir termos
caros aos militares de carreira, a subversão e a quebra de hierarquia estão
desfilando juntas, se medo da exposição pública, nessas demonstrações de
estupidezes pós-derrota eleitoral.
Pelas redes sociais denúncias desse descalabro têm sido feitas com
intensidade e propriedade por colunistas como Reinaldo Azevedo e Igor Mello, e
influencers como Felipe Neto. Quem deveria fazer cumprir a Lei, a está
sabotando. Quem tem como missão seguir seus superiores ou os estão
desrespeitando ou deles estão recebendo ordens clandestinas. No meio das
polícias, a subversão e a indisciplina estão campeando. Isso é atentado à
Cidadania, à Lei e à Ordem, pilares que os fardados bagunceiros juram amar e
estão a minar.
[Ilustração: Nando Mota]
Leia também: Ação golpista mal ensaiada https://bit.ly/3FJzshY
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