Fresta
Fernando Pessoa
Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado
Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.
[Ilustração: Edvard Munch]
Leia também: "O poço", poema de Pablo Neruda https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/palavra-de-poeta_8.html

Nenhum comentário:
Postar um comentário