Juro que o juro alto não garante inflação baixa
Enio Lins www.eniolins.com.br
Manchete da mídia especializada em Economia na terça-feira, 11,
101º dia do (terceiro) governo Lula: “Em dia positivo para ativos brasileiros,
Ibovespa amplia alta para mais de 4% e supera os 106 mil pontos” [Valor
Econômico].
Segundo o jornalista Augusto Decker, “arcabouço fiscal, commodities e IPCA
abaixo do esperado impulsionam índice local em dia de forte queda do dólar e
dos juros futuros”. No mesmo dia foi registrada a queda do dólar para menos de
R$5,00.
São sinais de que os problemas estão resolvidos nessa área? Não, longe disso.
Mas confirma o rumo certo das diretrizes econômicas do governo Lula &
Alckmin, apesar da má vontade e até das tentativas de boicote por parte do
sistema financeiro.
De onde vêm essas tentativas de boicote? Notoriamente, ululantemente, do Banco
Central dependente da oligarquia financeira – cascas de banana devem estar
sendo colocadas por outros setores também, mas o BC chama toda atenção para si.
Só existe uma forma de convencer às forças investidoras alocarem mais dinheiro
na produção: equilibrando a lucratividade entre especulação e desenvolvimento.
Mas com os mais altos juros do mundo garantidos à usura, o investimento
produtivo não decola.
Levantamento do MoneYou e da Infinity Asset Management,
divulgado no começo de fevereiro deste ano, aponta o Brasil como o país com a
maior taxa de juro real (descontado a inflação) em todo mundo. A Argentina é a
campeã em juro nominal.
Lógico que juro alto pode ajudar a combater a inflação. Não se defende uma
queda repentina provocadora da fuga de capitais. O que se quer é uma
sinalização firme, segura, de que a agiotagem não seguirá sendo a única forma
de ganhar dinheiro no Brasil.
A relação entre juro alto e baixa inflação não é mecânica, basta ver os
exemplos atuais, disponíveis na internet. Enquanto no Brasil 13,75% de juro
real corresponde a uma inflação de 4,65%, na Argentina 78% de juro nominal não
reduz a inflação do patamar de 102%.
Nessa toada, os Estados Unidos usam 5% de juro e tem uma inflação de 6%; China
com juro de 3,65% e inflação a 0,7%, enquanto o Japão tem juro negativo de
-0,1% e inflação a 3,3%. Números do site https://pt.tradingeconomics.com/country-list/interest-rate
Para ser duro com a inflação não vale a conversa mole do juro alto como
panaceia, é-se necessária a combinação de vários fatores – e o (elogiadíssimo)
arcabouço fiscal apresentado por Haddad é um elemento novo para uma nova
política econômica. Falta o BC colaborar.
A luta
política na base da sociedade https://bit.ly/3FZNuve
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