Corrente Sindical Classista: 35 anos da
fundação
Durante toda a sua existência, a Corrente sempre defendeu um
sindicalismo classista, unitário e de luta.
Nivaldo Santana*/Vermelho
www.vermelho.org.br
A década de 80 do século passado no Brasil foi de grande efervescência no movimento sindical. Estes dez anos coincidiram com uma onda de greves no país, a reorganização do movimento sindical e o fim da ditadura.
Um exemplo foi a histórica Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), realizada de 21 a 23 de agosto de 1981, na Praia Grande, com mais de cinco mil delegados e delegadas, representando 1.091 entidades sindicais.
A Conclat , primeira ação intersindical depois da ditadura, aprovou uma pauta com destaque para a luta pela redemocratização do país. Foi formada uma Comissão Nacional pró-CUT, que teria a tarefa de organizar uma central sindical unitária no país.
Leia também: Proposta das centrais para valorizar o salário mínimo joga pressão em Lula
Divisões internas, todavia, levaram esse movimento unitário a seguir caminhos distintos. Uma parcela dos sindicalistas resolveu fundar a CUT, em 1983, e outras correntes, que defendiam a unidade do movimento sindical, formaram a CGT em 1986.
Opiniões diferentes sobre organização sindical (pluralismo x unicidade, sindicatos x oposições sindicais) e também sobre a importância da constituição de um movimento amplo para derrotar a ditadura foram as principais causas da divisão.
As correntes defensoras de um sindicalismo classista, unitário e que valorizaram a união de amplos segmentos sociais e políticos para acabar com a ditadura, ajudaram a fundar, em março de 1986, a Central Geral dos Trabalhadores (CGT).
A posição majoritária da CGT, no entanto, aos poucos passou a adotar práticas autoritárias na condução da Central e a impor uma linha de conciliação com o governo Sarney. Com isso, ficou inviabilizada a presença dos classistas em seu interior.
Leia também: Dia do Trabalhador: veja quais são as pautas do 1º de Maio Unificado
Em resposta a essa letargia da CGT, há exatos 35 anos, no dia 9 de abril de 1988, no ginásio de esportes da Unicamp, em Campinas, uma Plenária Sindical de Entidades rompeu com a direção dessa Central e fundou a Corrente Sindical Classista (CSC).
A plenária da CSC ocorreu durante grave hiperinflação e deterioração da vida dos trabalhadores. Por isso, uma das principais deliberações aprovada foi apoiar a convocação de uma greve geral contra o arrocho salarial e o desemprego.
A CSC se manteve como polo independente do sindicalismo brasileiro, defendendo, entre outros pontos, a pauta dos trabalhadores e uma organização com base na unicidade e na contribuição sindical, posições aprovadas na Constituição de 1988.
Em uma outra conjuntura política foi realizado o II Congresso, em 1990. Collor já era presidente depois de derrotar a candidatura Lula. A CSC avançou para a posição de fortalecer o campo sindical de oposição ao neoliberalismo e ingressar na CUT.
Leia também: Após 100 dias, Lula cumpriu 13 das 36 promessas feitas em campanha
Essa orientação foi concluída no 4º Congresso da CUT, realizado de 4 a 8 de agosto de 1991. Na CUT, a CSC se manteve como corrente interna até 2007. Nesses 16 anos, a Corrente sempre defendeu um sindicalismo classista, unitário e de luta.
Progressivamente, no entanto, os espaços democráticos na CUT foram se estreitando e boa parte das correntes minoritárias foi forçada a procurar caminhos alternativos para defender com maior nitidez suas propostas políticas e sindicais.
Dessa forma, a CSC, fundada em 1988 e com participação na CUT de 1991 a 2007, se juntou a outras correntes para, em dezembro de 2007, protagonizar a fundação da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.
A existência de uma corrente que se apoia na unidade, na democracia, na amplitude e em um sindicalismo de orientação classista é essencial para a luta pela valorização do trabalho e dos trabalhadores e para a conquista de um novo regime social.
A trajetória da CSC é parte importante da história do sindicalismo classista brasileiro. Por isso, esses 35 anos de sua fundação merecem ser celebrados, para fazer jus ao que ensina Paulinho da Viola: “quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado”.
*Secretário de relações internacionais da CTB, membro do Comitê Central do PCdoB
Tudo o que importa de algum modo
permanece https://bit.ly/3Ye45TD
Nenhum comentário:
Postar um comentário