Como Campos Neto armou novo golpe da Selic
A casca de banana de Campos Neto teve efeito. No dia seguinte à fala de Campos Neto, as chances de corte de 0,5 ponto caíram de 79% para 28%.
Luis Nassif/Jornal GGN
É importante entender o que se passa nos bastidores do Copom (Comitê de Política Monetária) em torno da fixação da taxa Selic. O Banco Central vem reduzindo em 0,5 ponto a taxa Selic, a cada reunião do Copom, um ritmo incompatível com o nível da inflação, perfazendo uma das mais altas taxas reais de juros do mundo.
Na semana passada, uma das principais agências de risco, a Moody´s, melhorou a avaliação sobre o país. Mais do que isso! A projeção de inflação caiu. Consolidava-se, assim, a posição do último Copom, de nova queda de 0,5 ponto. O mercado já tinha formado consenso em torno do 0,5 ponto.
Aí entra em jogo a malícia de Roberto Campos Neto. Em evento nos Estados Unidos, deu sinais de que poderia reduzir o ritmo de queda para 0,25 ponto, devido a mudanças no cenário de juros dos Estados Unidos.
Imediatamente criou-se a agitação no mercado, com muitas críticas a Campos Neto. É papel do Banco Central reduzir ao máximo a volatilidade das expectativas. Com suas declarações, Campos Neto provocou uma agitação indesejada, mas planejada.
O diretor de política monetária Gabriel Galipolo entrou em cena, então, pregou calma. Como o parâmetro do BC é o regime de metas de inflação, mudanças nas expectativas de juros dos EUA deveriam ser analisadas com serenidade, para entender como isso gera reprecificação na nossa curva de juros e como isso se desdobra para aquilo que efetivamente é o mandato do Banco Central, que é uma meta de inflação. E toda essa análise necessita de cautela e ponderação.
O mercado se acalmou, mas a casca de banana de Campos Neto teve efeito. No dia seguinte à fala de Campos Neto, as chances de corte de 0,5 ponto caíram de 79% para 28%. Mesmo após a melhoria das expectativas, a posição da agência de risco Moody´s, melhorando a posição brasileira, Campos Neto conseguiu emplacar o 0,25, por uma questão simples de entender.
É bastante provável que Galipolo seja o sucessor de Campos Neto. Caso ele se coloque contra a redução da queda da Selic, poderá ser visto como “superdovish”, isto é, leniente com a inflação. E esse fato seria explorado pela turma de Campos Neto para espalhar intranquilidade no mercado.
No mesmo período, um seminário organizado em São Paulo pela Abrapp (Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar) mostrava um quadro óbvio. Os fundos de pensão formam uma das grandes poupanças financeiras do país. Hoje em dia, com o nível da Selic, 80% de suas reservas são aplicadas em renda fixa. Aguardam apenas uma queda adicional da Selic, para buscar sua verdadeira vocação, a infraestrutura.
Mas, aí, comprometeria o objetivo final de Campos Neto, que é o da inviabilização do governo Lula, impedindo o deslanche da economia.
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