A EXTREMA-DIREITA QUER COLOCAR AS FORÇAS AMADAS NA COLEIRA
Atribuída a Deodoro
da Fonseca, a frase “não somos capitães do mato”, é uma das primeiras
manifestações do profissionalismo militar no Brasil. Na época do dito, os
senhores de escravos exigiam a presença do Exército na caça aos escravos
fugidos das senzalas. Entre outras coisas, tendo combatido ao lado de soldados
negros na cruenta Guerra do Paraguai, os militares repeliam, no século XIX, o
papel de milicianos.
Ao cercar os quartéis, em movimento financiado pela elite de extrema-direita, a
vagabundagem verde-amarelada retoma a visão dos senhores de escravos e cobra
das forças armadas um golpe para lhes recuperar algo fugidio. Consideram eles o
Exército uma versão da milícia colonial e que teria a obrigação de estar ao
lado da casa-grande.
Para essa
insurgência retrógrada, a presidência da República é como uma escrava de
leite, naquelas em que as crias dos escravocratas mamavam até sugar o sangue
junto. Por três anos e 10 meses, essa elite colonial, senhorial, mamou sem
qualquer fiscalização. Ninguém deles ligou para o estouro do teto de gastos
durante todo esse tempo, assim como sublimaram as irresponsabilidades federais
no trato da pandemia, não protestaram contra a explosão nos preços dos
combustíveis, ignoraram a inflação, não tomaram conhecimento da fome que voltou
a grassar no País. Fecharam os olhos para os gastos no cartão corporativo
presidencial. Agora não querem reconhecer a derrota nas urnas e cobram a quem
consideram seus jagunços uma virada de mesa.
Exigem a volta dos
capitães-do-mato para recapturar a escrava perdida. Querem devolver a presidência
da República às milícias que dela fizeram uso irrestrito por 46 meses. A
desordem é pelo regresso, por uma marcha à ré na história. Essa vergonha
pública tem seu perigo para além do ridículo dos “patridiotas”, pois essa onda
mostra o quanto de atraso, covardia e perversidade está contida em parte do
povo brasileiro.
Resta a filosofia para combater
essa súcia. “Não somos uma coleção de Estados azuis (democratas) ou vermelhos
(republicanos); somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América” – Barack
Obama; “A democracia não corre, mas chega segura ao objetivo” – Goethe;
“Democracia é ótimo; o que aborrece é esse negócio de precisar de votos.” –
Roberto Campos. Mas, reconheçamos, o axioma filosófico mais exato para traduzir
esse cenário brasileiro de 2022 é: “Perdeu, Mané! Não amola”.
Leia também - Luciana Santos: Não pode haver no Brasil um teto fiscal que
leve à fome https://bit.ly/3UtVnOS
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