20 novembro 2022

Enio Lins opina

FAZENDO HISTÓRIA TAMBÉM NA TRANSIÇÃO

Enio Lins, tribunahoje.com

 

Alckmin está sendo um mestre na formação e nos primeiros passos da equipe de transição. Retorno ao tema porque esse é o movimento mais importante nessa quadra de tempo, sem menosprezar todos os demais elementos vitais dessa conjuntura inusitada, inclusive com desmedias pressões golpistas, tão histriônicas quanto perigosas, sobre as forças armadas

Cenário conturbado como poucos na nossa história, essa transição do governo das milícias para um governo democrático tem tudo para dar mais e maiores problemas. O desaparecimento do derrotado “comandante supremo” é um complicador, pois caso essa fuga seja replicada para o resto da turma dele, perder-se-á um tempo precioso o que vai repercutir no início da próxima gestão. Será mais demora para a totalização dos dados, inclusive com a recuperação dos arquivos vítimas de tentava de destruição. Sem alarde, o vice-presidente eleito vai rompendo os bloqueios e reforçando sua equipe.

A amplitude da equipe convocada por Alckimin é outro acerto político e administrativo. Com um número maior de participantes, com mais pessoas qualificadas em suas áreas, e vindas de grupos políticos e partidos distintos, a comissão reflete a necessidade imperiosa de ampliar ainda mais a frente política em torno de Lula. Essa é a mensagem mais importante.

Cada dia a caixinha de surpresas vai sendo aberta e, pelas frestas, se lobrigam problemas de grande magnitude deixados como herança podre do desgoverno miliciano. Segundo reportagem da BBC News, o acumulado, em termos de rombo no teto de gastos, poderá alcançar R$ 800 bilhões, aí inclusas a bagunça nos dispêndios com a pandemia (inclusive com a compra de montanhas de medicamentos inúteis para o Covid19) e a cachoeira de dinheiro usada na compra de votos para a reeleição do mitológico capitão. Um despautério que o onipresente Mercado ignorou. Foi cúmplice, em verdade.

É um cenário de terra arrasada. Pode ser pra mais ou pra menos, mas é um desastre sem precedente. Para se administrar a reconstrução do Brasil – e incluir os mais pobres – é indispensável ir além de um só grupo governando. Lula compreendeu isso desde antes da campanha ir às ruas, e foi buscar para vice um grande ex-adversário. Ousou. Acertou. Pois como se comprova a cada momento, o futuro imediato é de muita dificuldade, de muito embate, e de necessidade de ampliação ainda maior dessa frente.

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