08 outubro 2025

Bom sinal

Aprovação de Lula sobe e governo vive melhor momento de 2025
Pesquisa mostra que Lula recuperou 16 pontos desde maio e empatou tecnicamente com a rejeição. Avanço é impulsionado por mulheres, Nordeste e pauta social
Lucas Toth/Vermelho   

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (8) mostra que 48% dos brasileiros aprovam o governo Lula e 49% o desaprovam, um empate técnico dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. 

O resultado confirma a melhor marca do presidente em 2025 e consolida uma recuperação de 16 pontos percentuais desde maio, quando a diferença entre aprovação e rejeição era de 17 pontos negativos.

A virada ocorre após cinco meses de recuperação contínua, marcada por vitórias no Congresso, queda da inflação alimentar e firme posicionamento pela soberania do país.

Em maio, o cenário era de desgaste: 57% desaprovavam a gestão e apenas 40% aprovavam. Desde então, Lula ganhou oito pontos de aprovação e reduziu a rejeição em outros oito, atingindo o melhor equilíbrio desde o início do terceiro mandato.

O levantamento ouviu 2.004 pessoas entre os dias 2 e 5 de outubro, em entrevistas presenciais realizadas em 120 municípios de todas as regiões. O nível de confiança é de 95%. 

Avaliação geral do governo:
Aprovação: 48%
Desaprovação: 49%
Não souberam/não responderam: 3%

Diferença: 1 ponto percentual (empate técnico)

Em maio: 40% aprovavam, 57% desaprovavam → diferença de 17 p.p.

Avaliação qualitativa da gestão:
Positiva: 33%
Regular: 27%
Negativa: 37%
Sem opinião: 3%

Percepção econômica:
Economia vai melhorar: 43%
Vai piorar: 35%
Vai ficar igual: 21% 

A série histórica mostra que o índice de aprovação atual se aproxima dos patamares registrados em agosto de 2023, quando o governo ainda contava com 60% de avaliação positiva e menor tensão com o Congresso Nacional.

Segundo o cientista político e diretor do instituto, Felipe Nunes, o novo resultado indica um “momento de recomposição de credibilidade política” do governo. Ele avalia que, após um primeiro semestre de desgaste e disputas simbólicas, “Lula recuperou a centralidade do debate nacional e reconectou sua imagem à estabilidade política e econômica”. 

Desempenho por região e perfil do eleitorado

Os dados da Quaest revelam que a recuperação é ampla e atravessa diversos segmentos do eleitorado. O crescimento foi mais expressivo no Sudeste, onde a aprovação ao governo subiu de 32% em maio para 44% em outubro, uma alta de 12 pontos. 

No mesmo período, a desaprovação na região caiu de 64% para 52%. 

No Nordeste, a vantagem de Lula aumentou de 10 para 26 pontos percentuais, com 62% de aprovação e 36% de rejeição.

O perfil etário também mostra realinhamento. Entre os brasileiros de 35 a 59 anos, a aprovação cresceu e superou a desaprovação (51% a 46%). A melhora é acompanhada por um avanço consistente entre mulheres, que hoje formam a base mais sólida do governo: 52% delas aprovam a gestão e 45% desaprovam. 

Entre os homens, a rejeição ainda é maior (53%), mas caiu seis pontos em relação a maio.

A série revela que a diferença entre os sexos — que era de 20 pontos percentuais em maio — caiu para nove. 

Analistas atribuem o fenômeno à retomada de políticas sociais de gênero e à defesa de temas como igualdade salarial e combate à violência doméstica. Também houve avanço entre eleitores católicos, que compõem o grupo com melhor avaliação do governo (54%), e estabilidade entre os evangélicos, onde a rejeição segue alta, em torno de 63%.

O saldo positivo no Nordeste e a recuperação no Sudeste reforçam a percepção de que o governo recompôs parte da base popular e reduziu o desgaste nas grandes capitais, especialmente após medidas de alívio tributário e a aprovação da reforma do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados.

Regiões:
Sudeste: aprovação 44% (antes “32%”); desaprovação 52% (antes “64%”)
Nordeste: aprovação 62% (antes “54%”); desaprovação 36% (antes “44%”)
Sul: aprovação 41% (antes “37%”); desaprovação 56% (antes “62%”)
Centro-Oeste/Norte: aprovação 44% (antes “42%”); desaprovação 55% (antes “58%”).

Faixa etária:
16 a 24 anos: aprovação 46% (antes “44%”); desaprovação 50% (antes “52%”).
25 a 34 anos: aprovação 47% (antes “45%”); desaprovação 49% (antes “51%”).
35 a 59 anos: aprovação 51% (antes “46%”); desaprovação 46% (antes “51%”).
60 anos ou mais: aprovação 49% (antes “47%”); desaprovação 48% (antes “49%”).

Gênero:
Mulheres: aprovação 52% (antes “42%”); desaprovação 45% (antes “54%”).
Homens: aprovação 44% (antes “39%”); desaprovação 53% (antes “59%”).

Religião:
Católicos: aprovação 54% (antes “45%”); desaprovação 44% (antes “53%”).
Evangélicos: aprovação 34% (antes “30%”); desaprovação 63% (antes “66%”).

Efeitos institucionais e resistência ao bolsonarismo

A reação política de Lula ocorre em meio à rejeição popular às principais bandeiras da oposição bolsonarista. A pesquisa mostra que 63% dos brasileiros são contra a PEC da Blindagem, proposta que buscava alterar o regime jurídico de parlamentares e dirigentes partidários, e apenas 22% se dizem favoráveis. A iniciativa foi barrada no Senado após forte repercussão negativa.

Em relação à anistia dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, 47% dos entrevistados são contrários a qualquer tipo de perdão, enquanto 35% defendem anistia total, incluindo Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Outros 8% apoiam anistia restrita apenas aos manifestantes. O resultado confirma o isolamento do discurso bolsonarista e o predomínio de uma agenda de defesa institucional.

A Quaest também identificou que 39% dos brasileiros avaliam que o governo saiu mais forte após as manifestações de rua contra a anistia e a PEC da Blindagem, realizadas em setembro. Para 30%, o governo saiu mais fraco, e 31% não souberam opinar. Segundo o instituto, a percepção positiva entre os que acompanharam os atos reforça a imagem de Lula como liderança que se contrapõe ao extremismo.

Esses indicadores refletem uma melhora gradual da imagem do governo como agente de estabilidade, em contraste com o desgaste da oposição de extrema direita e as crises internas do PL. Analistas apontam que o desempenho de Lula nas pesquisas coincide com o esvaziamento do discurso golpista e o avanço da pauta econômica no Congresso.

O melhor momento do terceiro mandato

A série da Quaest mostra que Lula vive o ponto mais alto de sua popularidade em 2025. A distância de 17 pontos que separava aprovação e rejeição no meio do ano foi praticamente anulada. 

A recuperação é sustentada por ganhos simultâneos na economia, na política externa e na recomposição da base social do governo.

Entre os fatores de destaque estão a aprovação da reforma do Imposto de Renda, considerada uma das bandeiras centrais do “Lula 3”, e o reposicionamento diplomático após o encontro com Donald Trump na ONU. 

Além disso, a queda nos preços de alimentos e a retomada de programas sociais contribuíram para atenuar o desgaste acumulado no início do ano.

Com 48% de aprovação e 49% de desaprovação, Lula consolida o empate técnico e encerra um ciclo de erosão iniciado após a crise do Pix e das tarifas. O dado, segundo analistas, representa uma reaproximação com o eleitorado médio e abre margem para uma disputa mais favorável em 2026.

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Leia: "Dos salões para as ruas" https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/09/minha-opiniao_65.html 

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