É cobra engolindo cobra no serpentário do capitão, talkey?
Enio Lins
DEPOIS DA BRIGA GENERALIZADA entre as equipes dos bolsonaristas Popó e Wanderlei Silva, ambos pessoalmente envolvidos na troca se sopapos após encerrada a luta oficial, resultando no nocaute do segundo em consequência de uma bomba recebida do filho do primeiro, o octógono particular da direita volta a tremer com a troca de coices virtuais entre o senador Ciro Nogueira e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
UMA ENTREVISTA N’O GLOBO, concedida pelo presidente do Partido Progressista e publicada no domingo, dia 5, despertou o ressentimento de Caiado, que considerou a fala do Nogueira uma nojeira. E, com o coração carregado de mágoa, o goiano desceu o cipó de aroeira verbal no lombo do piauiense – que redarguiu, também pelas redes sociais, com um jab de direita. A querela tem como fulcro a guerra encarniçada pelo posto de candidato direitista à presidência da República com as bênçãos do condenado Jair Messias, mau elemento que, por sua vez, só pensa em se autoabençoar. O mito não enxerga ninguém além de si próprio, e soluça por uma anistia graciosa que faça sumir suas penas pelos vários crimes cometidos nos tempos recentes. Tiroteio que segue.
EGO INFLADO E OLHO GRANDE na herança do mitológico é o traço comum a todas as proeminências direitistas que almejam abocanhar a botija de votos do capitão de milícias. Além de Nogueira e Caiado, querem meter a mão na cumbuca do folgazão, hoje em domiciliar prisão, o filho Dudu (the little banana, homiziado nos Estados Unidos), a conge Micheque (sassaricando pelo posto, mas jurando desejar apenas ser primeira-dama); o destrambelhado Romeu, governador de Minas; o catita Ratinho Júnior, Mickey Mause catarinense... e, naturalmente, o tal Tarcísio Suspeitas, carioca malandro mamando em São Paulo e de olho no Planalto. São muitas candidaturas a um único posto, espaço esse que o mito trancafiado nem pensa em jair deixando para quem quer que seja.
PARA A DEMOCRACIA BRASILEIRA, o mais importante é detonar essa herança maldita, pois quanto mais votos possa ter essa súcia, mais perigos a nação corre. O bolsonarismo é uma deformação ideologicamente inferior aos padrões mínimos da direita clássica, e criminosamente superior a tudo que existiu até então na política brasileira. Apesar de se apresentar como expoente máximo do militarismo, o bolsonarismo é, na verdade, expressão destilada do milicianismo mais delinquente. E sem Jair na urna, já era aquela potência eleitoral tal qual manifestada em 2018 e 2022. Mas, mesmo inelegível e trancafiado, o falso messias preserva poder pessoal suficiente para aglutinar o mal em torno de si, sugar milhões de votos em redutos eleitorais importantes. Segue sendo um perigo para a ordem, o progresso, e o Estado Democrático de Direit o.
REVELA, ESSA BRIGA INTESTINA na extrema-direita a eclosão de poderosas contradições internas até então reprimidas pelo tacão do ex-capitão. Mesmo que o mito engaiolado venha a se dispor a apontar um nome para o substituir nas urnas em 2026, isso não significa a cristalização de uma unidade sólida entre as muitas fações de seu multifacetário bando, nem mesmo dentre o clã de idêntico sobrenome, pois Dudu Bananinha e irmãos não aceitarão fácil Dona Micheque, nem vice-versa. Além disso, os Manos Metralha (Rachadinha, Bananinha, Carluchão e Jairzinho) & Micheque não suportam Tarcísio, que não suporta Zema, que não suporta Caiado, que não suporta Ratinho Júnior, que não suporta... É rolo. Mas continuam velozes e perigosos, e com máquinas envenenadas.
DERROTAR TODA E QUALQUER candidatura bolsonarista é a principal tarefa democrática para o próximo ano, e não só no campo do Poder Executivo. A presença expressiva dessa degenerescência política no Congresso Nacional é uma grande ameaça à cidadania.
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