10 novembro 2022

Enio Lins opina

EXTREMO CIO DA DIREITA EXTREMA

Enio Lins, tribunahoje.com

 

A cadela do fascismo está sempre no cio”, constatou e profetizou Bertold Brecht, genial teatrólogo e comunista alemão. No Brasil contemporâneo, essa cachorra virou ninfomaníaca e, nos dias em curso ronda quartéis e estradas uivando para reproduzir-se a todo custo.

A frase célebre de Brecht
 está no final da peça “A resistível ascensão de Arturo Ui”, explicada no portal sescsp.org.br como “uma paródia sobre Hitler escrita durante o exílio de Brecht em 1941, na Finlândia. Usando como pano de fundo Al Capone e as guerras entre gângsteres, transpostas para a Alemanha nazista, Brecht reproduz a tomada de poder e a anexação da Áustria. Criminosos de guerra como Goebbels, Goering e Röhm são facilmente identificáveis”.

“Apois” a fusão de nazifascistas
 e gangsters se repete como tragédia, e do palco pula para a vida real no Brasil, se espalhando como pandemia. E tudo indica que esse formato de crime político chegou para ficar. Estão juntas e atuantes as milícias (que controlam as diferentes modalidades do crime organizado), facções fundamentalistas religiosas (que se enraizaram entre diversas crenças), a corrupção hipócrita (que aponta suposta falcatrua alheia para ser corrupta livremente) e a histeria de uma extrema-direita fanática e bem alimentada.

Apesar do frenesi do momento
, provocado pela derrota eleitoral, essa extremada direita fundida com o crime organizado está se formando a olhos vistos desde as grandes arruaças promovidas contra o governo Dilma Rousseff, em junho de 2013, e que ficaram mais conhecidas pela palavra de ordem “não é só por 20 centavos”. De fato, não eram por centavos, era mesmo para detonar a Democracia e subverter as políticas de inclusão social, e usaram grupos e gangues de jovens, inclusive vindos das periferias onde essas políticas sociais começavam a dar frutos, mas sofriam idas e vindas em função da crise econômica.

Assim, não é por acaso
 nada disso que está acontecendo no País. Se trata de movimentos articulados e financiados por oligarcas viciados em amealhar fortunas do dinheiro público e que não admitem nenhuma política de inclusão social. Vício de cinco séculos de grupos que nunca aceitaram o fim da escravatura, nem a conceituação de indígenas como humanos; vícios misóginos, racistas, homofóbicos; vício em não pagar impostos, vício em privilégios, vício em ter as forças armadas como milícia submissa. Vício em desrespeitar eleições. É um cio vicioso, longevo, em reprodução monstruosa. [Ilustração: Miguel Paiva]

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