09 novembro 2022

Seleção de Tite

Sem um ótimo lateral direito, achei boa a convocação de Daniel Alves

Gostei da lista de Tite, mas falta um craque meio-campista para atuar de uma intermediária à outra
Tostão, Folha de S. Paulo

 

As chances de o Brasil ganhar a Copa são boas, iguais às de algumas outras seleções. Vários comentários já estão prontos, caso o Brasil não vença. As críticas serão, principalmente, para Tite, Daniel Alves e Neymar. Em vez do oba-oba tradicional ou de críticas exageradas, antes da competição, deveríamos tentar analisar os fatos com coerência, sem tendenciosidade, sem fake news, características da atual vida brasileira.

A comunicação tecnológica, que deveria ser uma extensão, uma evolução da inteligência humana, tornou-se, cada vez mais, propagadora da parcialidade e do ódio coletivo.

Como a seleção não tem um ótimo lateral direito e a comissão técnica viu e constatou as boas condições físicas de Daniel Alves, que treina, desde outubro, no Barcelona B, achei boa sua convocação. Ainda mais que Tite quer um lateral articulador, de bom passe, já que o time vai atacar pelos lados com pontas velozes e dribladores.

Contra seleções mais fortes e com pontas agressivos, seria mais lógica a escalação de Danilo. Como disse o comentarista Alexandre Lozetti, no Seleção Sportv, os europeus usam muito os cruzamentos de um lado para o outro, para o centroavante cabecear, atrás dos zagueiros e por cima do lateral, geralmente mais baixo. Cristiano Ronaldo, no Real Madrid, fez muitos gols de cabeça por cima dos laterais Daniel Alves e Jordi Alba, ambos do Barcelona. Danilo, por ser muito alto, evita esse tipo de gol.

Apesar de não haver nenhuma posição sem um reserva, achei exagerada a convocação de cinco pontas para duas vagas no titular, além de Richarlison e Gabriel Jesus, que costumam jogar nessa posição. Assim como Daniel Alves foi chamado para ser um lateral construtor, Tite pode precisar também de um lateral esquerdo assim, e nenhum dos dois chamados, Alex Sandro e Alex Telles, tem essa característica. Felipe Luís, que joga hoje no Flamengo melhor do que quatro anos atrás, quando atuava pelo Atlético de Madrid, poderia ser uma alternativa.

Gostei da convocação de Pedro, por ser um centroavante alto, com talento para jogar nos pequenos espaços entre os zagueiros. Contra defesas mais fechadas, haverá um grande número de cruzamentos para a área. Receio apenas que Pedro, como ocorreu com Gabigol, não consiga jogar na seleção, que tem um nível mais alto, como no Flamengo.

Qual será a escalação na estreia? Não dá para jogar juntos dois volantes, dois meias, Paquetá e Neymar, um centroavante e dois pontas. Alguém vai ter de ficar fora. O Brasil é a seleção do mundo com mais opções individuais e coletivas. Porém, falta um craque meio-campista, para atuar de uma intermediária à outra, do nível dos melhores da posição no mundo. Fred, Bruno Guimarães, Paquetá e Éverton Ribeiro são bons, mas nem tanto.

O meio-campo é um setor de criação e de transformações no futebol. A vitória por 3 a 1 do Fluminense sobre o São Paulo foi uma aula didática. Enquanto o Fluminense agrupava vários jogadores no meio, trocava passes e envolvia o adversário, o São Paulo tinha meias ou alas abertos, um meia centralizado que só atacava, um volante que só defendia e um vazio no meio-campo.

Ganso ilumina o meio-campo, e o Fluminense dá a ele condições para brilhar. Próximo a Ganso, o meio-campista André desarma bastante, toca, avança e recebe. Ele deveria ser o primeiro da fila para substituir os quatro volantes da seleção (Casemiro, Fabinho, Fred e Bruno Guimarães).

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