Atlético-MG não mostrou novidade
tática, mas executou bem o planejado
Além
da qualidade, do elenco e do conjunto, equipe jogou cada partida como se fosse
a última
Tostão, Folha de S. Paulo
Antes de começar
o Brasileiro, um dos lugares-comuns mais ditos, entre tantos, é o de que todas
as partidas são iguais e que todas as vitórias valem três pontos. O Atlético-MG
levou isso a sério. Além da qualidade, do elenco e do conjunto, a equipe jogou cada partida como se
fosse a única e a última. O Atlético não teve nenhuma grande
novidade tática. Mais importante que a estratégia foi a execução bem feita do
que foi planejado. Cuca gosta
de lamentar, até nas vitórias, porque busca a perfeição.
O Flamengo,
vice-campeão, não teve a mesma seriedade e regularidade. Mais que isso, não se
libertou do fantasma de Jorge Jesus.
Domènec Torrent não agradou porque tinha ideias próprias. O sisudo e pragmático
Rogério Ceni é obcecado pelos detalhes científicos, mas não teve uma boa
relação afetiva com os jogadores. Renato Gaúcho foi o contrário. Amigão,
bem-humorado, foi demitido por não ser tão detalhista nos treinamentos.
Nenhum treinador
vai agradar no Flamengo. Como disse o comentarista Caio Ribeiro, só há uma
solução, a de recontratar Jorge Jesus, para vê-lo fracassar e, com isso,
exorcizar o fantasma. É mais ou menos o que ocorre no luto. Precisamos
vivenciá-lo, para nos acostumarmos com a falta, a ausência.
O Brasileiro
continua emocionante, pois ainda vai definir os
classificados para a Libertadores, para a Copa Sul-Americana e os
rebaixados. Se o Grêmio cair, se juntará a Vasco, Cruzeiro e talvez o Bahia,
todos grandes clubes.
A permanência de
Luxemburgo no Cruzeiro é benéfica, pela continuação do trabalho, desde que ele
não ganhe como se fosse um técnico de um dos principais times da Série A nem
que se torne também gerente. Não faz sentido compará-lo ao lendário Alex
Ferguson, como alguns fizeram, por exercer, com sucesso, essa dupla função no
Manchester United. O comportamento e a credibilidade são bem diferentes.
O Grêmio teve uma
grande atuação na vitória por 3 a 0 sobre
o São Paulo. Neste domingo (5), fora de casa, enfrenta o
Corinthians. Por que o Grêmio, um clube organizado, sem grandes dívidas, com
salários em dia, com bom elenco e experientes treinadores, está muito perto da
Série B? É um mistério.
O
meia gremista Jean Pyerre, uma ótima promessa, foi um fracasso, chamado de novo
Ganso, pela falta de vibração e intensidade. Além da incapacidade do jogador de
reagir, de colocar a alma em campo, Jean Pyerre é vítima da ineficiência de
seus treinadores no clube, que, além de não o orientarem, insistiram em
escalá-lo no lugar errado, como um meia-atacante, para fazer gols. Jean Pyerre
teria de jogar vindo de trás, do próprio campo. Não espero mais que ele se
torne um craque, mas não ficarei surpreso se ele for muito bem no Alavés, da
Espanha, onde deve jogar.
Sem
querer comparar, Maicon, ex-Grêmio, e Casemiro, no São Paulo, eram tratados
também como preguiçosos, indolentes. O brasileiro Jorginho, titular do Chelsea e da
seleção italiana, eleito o terceiro melhor jogador do mundo em 2021,
seria contestado no Brasil e criticado por dar passes curtos e por jogar em
pequenos espaços.
No
Chelsea, Jorginho tem a companhia de Kanté, incansável, com grande movimentação
e que defende e ataca. Os dois se completam. Há lugar no futebol para jogadores
com estilos diferentes.
A
intolerância e a radicalização da sociedade brasileira atingem também o
futebol. Precisamos de diversidade, de cidadãos, políticos, jogadores e
treinadores com opiniões e condutas diferentes umas das outras, que unam a
alma, a seriedade e o talento.
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Veja:
Respostas a
várias perguntas resumidas em 2 pontos https://bit.ly/3ppTPqL
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