MILÍCIAS, MILITARES E SEGURANÇA DAS URNAS
Todo mundo já sabia, inclusive as Forças Armadas, desde 1996:
as urnas eletrônicas são seguras e são exemplo para o mundo democrático. O
questionamento fardado, despropositado, ao sistema foi produto da pressão
miliciana sobre os militares.
As milícias querem comandar os militares e
tentaram garantir isso, de forma desabrida, desde a ascensão do “mito” à
posição de candidato presidencial viável, em 2018. Além dos avanços ululantes
nas polícias, o miliciano-supremo investiu contra as FFAA.
O relatório comprova que o milicianismo perdeu
mais essa parada, cuja derrota mais sentida até então foi a renúncia dos
comandantes das três armas, em solidariedade ao ministro da Defesa, general
Azevedo e Silva, demitido pelo “mito” em 29 de março de 2021.
Num ato de resistência, os comandantes Edson Pujol
(Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Bermudez (Aeronáutica),
renunciaram em 30 de março de 2021, em apoio a Azevedo e Silva, exonerado por
se recusar a pressionar o Judiciário.
O relatório sobre as urnas eletrônicas é o outro
gesto histórico de resistência profissional e ética dos militares, posto os
repetidos posicionamentos tendenciosos do atual ministro da Defesa contra o
sistema eleitoral. É uma derrota militar do miliciano-supremo.
A infiltração miliciana não está vencida. Até
agora têm ocorrido gestos de resistência entre os militares, mas não existem
respostas ofensivas à altura do perigo; inexistem denúncias formais ou
inquéritos sobre a subversão fardada.
O milicianismo, em sua infiltração nas FFAA, é um
traço de profunda decadência em relação ao próprio pensamento da direita
militar. O quadro é como se estrategistas tipo General Golbery fossem
substituídos por marginais da espécie Capitão Adriano da Nóbrega.
Esse perigo que ronda às Forças Armadas pode ser
comprovado pela reação ao cerco aos quartéis por grupos fanáticos clamando, em
frenesi, por um golpe. Ao não se posicionarem ostensivamente contra esse
assédio, uma janela é deixada aberta.
Forças Armadas profissionais, apartidárias, é
traço da civilidade e, justiça seja feita, desde a eleição de Tancredo Neves,
em 1985, as FFAA brasileiras têm cumprido seu compromisso com a Democracia, com
o profissionalismo. Mas o passado deixa vícios.
O relatório representa um importante avanço no enfrentamento a
esses vícios, desmoralizando o pensamento miliciano infiltrado nos ambientes
fardados. Oxalá (diriam os islâmicos), daqui pra diante, o vezo autoritário
seja enterrado de vez.
Leia
também: Suplantar a cultura do ódio é uma luta de
longo curso https://bit.ly/3Us8tfj
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