08 novembro 2022

Enio Lins opina

ADIANTE, SEM MEDO E SEM ÓDIO

Enio Lins, tribunahoje.com

 

“Os cães ladram, e a caravana passa” é um provérbio árabe popularizado pelo jornalista Ibrahim Sued (1924/1995), o mais famoso colunista social do Brasil. Isso merece ser dito em relação à histeria grupal que afeta a um monte de gente desocupada que, uma semana depois de ter seu candidato inapelavelmente derrotado nas urnas, uiva defronte aos quartéis numa latomia sem intervalo. A caravana está passando, mas a matilha quer morder - além de latir.

A caravana, para o bem do Brasil, não pode se deter. Nem se assustar com o ladrar da cachorrada em frenesi, embora prestar atenção seja indispensável, pois essa saliva canina está contaminada com um tipo perigoso de raiva animal, fatal para a Democracia. Todo cuidado é pouco. Essa matilha doente está sendo permanentemente inoculada com dose cavalares de vírus do fascismo, da mentira, da calúnia e da difamação através de uma poderosa rede de distribuição de fake news que choca mais pela credulidade do público-cúmplice do que pela habilidade do famigerado gabinete do ódio.

O remédio político é não cair em provocação e o medicamento de choque é a Lei contra quem dissemina esses vírus de forma organizada, de forma pensada e objetivando a subversão e o terrorismo (dá certo prazer em sapecar esses termos sobre a extrema-direita). O alvo é Estado Democrático de Direito, vítima de uma campanha que visa a ruptura das regras constitucionais. Destaque-se que a quebra da hierarquia e a infiltração miliciana segue célere entre as forças policiais em todo Brasil.

À maioria da população brasileira e à militância democrática não interessa ir às ruas, neste momento, para enfrentar presencialmente esses “patriotas do caminhão”. Interessa, sim, é apoiar à Justiça no combate contra todas essas ilegalidades, fornecer denúncias, registrar os fatos, reforçar nas redes sociais o combate virtual, sem tréguas, contra as mentiras do gabinete do ódio e seus associados. E o futuro governo federal deve manter todo o foco na ampliação das forças de apoio, levantar os graves problemas a enfrentar e não perder tempo em polemizar com os bagunceiros pós-eleitorais.

Podem latir, uivar, grunhir. A caravana democrática vai passando. Vai passar. Como cantou Chico, “Vai passar/ Nessa avenida um samba popular/ Cada paralelepípedo da velha cidade/ Essa noite vai se arrepiar (...)”. Reconstruir um Brasil democrático, próspero e inclusivo é a missão histórica, cidadã e urgentíssima – é coisa de arrepiar.

Leia também: Ação golpista mal ensaiada https://bit.ly/3FJzshY

Nenhum comentário: