Como assim polarização?
Luciano
Siqueira
A polarização na sociedade brasileira passou a ser objeto da inquietação dos mais diversos observadores da cena política.
Sim, dos mais diversos — pois há análises para todos os gostos.
Não são poucos os que se inquietam considerando a superfície do conflito
esquerda versus direita.
Vale dizer, campo democrático versus bolsonarismo.
E ainda acrescentam uma pitada de nostalgia em relação a um passado
meramente fictício, no qual tudo era paz e solidariedade entre brasileiros e
brasileiras.
Ora, as desigualdades sociais objetivamente sempre marcaram a formação
de nossa sociedade.
Desde a colônia e do império, passando pela República Velha e pelas
diversas situações conjunturais que se instalaram desde então — incluindo o
Estado Novo, a redemocratização de 1945 em diante, a ditadura militar
instaurada em 1964 e interrompida em 1985 até os dias mais recentes e o tempo
presente.
A base da sociedade é objetivamente radicalizada em razão da ultra
concentração da riqueza e da renda versus a extrema pobreza e as camadas
assalariadas de rendimentos oscilantes.
Hoje, o virulento confronto entre as correntes democráticas e o
bolsonarismo reflete tanto a realidade interna, quanto a onda extremista que
varre o mundo ocidental na esteira da crise do sistema capitalista
vigente.
Não é possível o apaziguamento geral da nação como muitos desejam,
inclusive o próprio presidente Lula em seus discursos, sem a redução
substancial do conflito objetivamente instaurado na esfera econômica e
social.
Tema para reflexão mais profunda por parte dos que desejam compreender
de fato o que se passa e avançar no processo civilizatório da sociedade
brasileira.
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