30 novembro 2015

Desfaçatez

Um melindre comprometedor: a mídia registra que o senador Delcidio Amaral "não é petistas puro-sangue porque antes pertenceu a outro partido"; e que os crimes porventura cometidos quando diretor da Petrobras teriam ocorrido em "outro governo"... Por que não dizem que o partido anterior do senado foi o PSDB e que o governo ao qual servia era o de Fernando Henrique Cardoso? Grosseira desfaçatez no afã de confundir a opinião pública. 

Frustração

Péssimo quando colunistas políticos abandonam a informação isenta e a análise dos fatos e sentam na arquibancada como torcedores pelo quanto pior, melhor. Perderam nas urnas, fazem coro com os que desejam vencer a todo custo nos tribunais. E, sem pejo, danam-se agora a lamentar a falta de alternativas confiáveis nas hostes oposicionistas. O Brasil e o bem comum passam ao largo.

Fora de tempo

Faz algum sentido pesquisa de intenção de voto para a presidência da República - como o Datafolha divulgou hoje - a três anos do próximo pleito?

Mau jeito

"Sem ID do chamador" é a mensagem que surge no visor do meu celular. Uma senha para que eu não atenda - o que me constrange, a mim que atendo sempre a quem me liga, mesmo quando não tenho o número registrado em minha lista de contatos. Ora, se alguém quer conversar, por que não se identifica?

Simples

Pois há momentos em que basta um olhar e um leve toque...  A presença da mulher amada ilumina a alma e encoraja para a luta. 

Cena natalina

Espetáculo pirotécnico agora no Marco Zero: inauguração da ornamentação natalina, na Av. Rio Branco.

Estado de exceção?

Jurista avalia que o processo adotado para a prisão do senador Delcídio Amaral - independentemente dos graves crimes que lhes são atribuidos - abre grave precedente de desrespeito à Constituição. "A existência de um Estado de direito pressupõe dois elementos básicos, quais sejam, a delimitação interdependente das funções do poder e o respeito aos direitos fundamentais." Leia o artigo na íntegra http://migre.me/sg7dQ 

29 novembro 2015

Constituição rasgada

Delcídio preso: a crise não é só do PT

Rodrigo Vianna, no Blog do Rovai
É inaceitável, sob qualquer justificativa, que um líder do governo no Senado Federal trame estratégias de fuga junto à família de um réu. E que se proponha a interferir nas ações do Supremo Tribunal Federal. É de uma arrogância e desfaçatez, a indicar o grau de deterioração da política no Brasil.
Quando um líder do governo ataca a Justiça e a República, estamos às portas de uma crise institucional.
Mas há mais que isso no caso Delcídio. Ele é filiado ao PT, e é preciso lembrar que não existe política de esquerda (ou centro-esquerda, vá lá) quando se perdem todos os princípios de defesa da Justiça. A definição do velho Norberto Bobbio para “esquerda” é: são aqueles que lutam para reduzir desigualdades.
Não se reduz desigualdade atentando contra a Justiça. Acho que não seria preciso lembrar isso. Mas cá estamos num mundo estranho, num momento estranho…
“Ah, mas os tucanos sempre fizeram igual, e jamais foram pegos”. Isso é fato. Mas não exime o PT da responsabilidade por aceitar um personagem desse em seus quadros. Delcídio não queria a fuga de Cerveró para a Espanha em nome de um projeto político – o que já seria grave. Agia, usando o cargo de senador e o poder que lhe confere a Constituição, para proteger a si mesmo.
Delcídio Amaral esteve na Petrobrás sob FHC. Delcídio é “parceiro” de altos tucanos em empreitadas políticas e negócios mal explicados. Delcídio é também um símbolo do neopetismo (na mesma linha de André Vargas).
Mas o mais grave: a irresponsabilidade de Delcídio abriu caminho para que se arrebente com o discurso de defesa das garantias constitucionais – criadas para preservar, sim, a democracia e as prerrogativas parlamentares (mas não para proteger bandidos).
Juristas e professores alertam para a interpretação “fora da curva” adotada pelo STF, para mandar prender Delcídio. Mas alguns desses advogados são realistas na avaliação do que se passa agora no país: “o despudor dos homens do poder cuidou de legitimar toda e qualquer exorbitância punitiva. Nem me canso mais de fazer discurso garantista, porque quando o líder do governo vai pra esse despudor, só resta jogar a toalha. Parece até encomenda do Moro.”
Com o “presente” oferecido por Delcídio, Nestor Cerveró (em vez de pegar um avião para a Espanha, como sugeriu o arrogante senador neopetista) pode fazer o governo, a oposição e boa parte do mundo político embarcarem numa montanha russa: e, no percurso, muitos podem ser lançados pelos ares.
A delação de Cerveró deve atingir Renan, Temer e talvez chegue a Dilma.
E se Delcídio também falar, aí os tucanos podem perder algumas cabeças coroadas na guilhotina das delações sem prova e do terror midiático.
Ou seja, já não é apenas de impeachment que se trata; mas de uma crise institucional sem precedentes, que pode engolfar os 3 maiores partidos políticos brasileiros: PT, PSDB e PMDB.
O roteiro do juiz Sérgio Moro, traçado lá atrás, previa uma espécie de “refundação” da política, empreendida por homens que “não são politicos”. Todos sabemos o perigo desse caminho.
Moro usa camisas pretas em suas aparições fantasmagóricas. Na Itália, onde me encontro nesse momento, as camisas negras não são de bom augúrio. Mas avancemos em outras conjecturas…
Pode-se discutir se a prisão de Delcídio não abre um precedente perigoso, levando a um novo patamar essa espécie de revolução francesa jurídico-midiática. Abre-se o caminho para a exceção punitiva, o que assusta o andar de cima brasileiro, sempre acostumado a acomodações.
Já estavam presos (pela Lava-Jato) alguns dos maiores empreiteiros do país; agora, somam-se à lista um banqueiro (Andre Esteves, suposto parceiro das estripulias delcidianas) e um senador com trânsito no neopetismo e no tucanato.
Isso é bom ou ruim? A princípio, pode indicar sim um sinal de maturidade da democracia. Mas é preciso ver qual o alcance dessa escalada punitiva.
Sabe-se que, em Brasilia e em suas andanças pelo Brasil, Aécio Neves costuma dizer aos empresários e à elite que, quando chegasse ao poder, tudo isso teria fim. Voltaríamos aos velhos tempos em que rico não pagava por crimes. Empresários que ousaram fazer negócios com petistas estão enjaulados. A saída seria uma “restauração” tucana.
Essa é a lógica que faz o PSDB sorrir a cada nova prisão – que põe a economia de joelhos e os empresários em polvorosa. Parte da oposição pensou nessa escalada apenas como ferramenta para desgastar o PT… Mas há sinais de que a estratégia pode estar saindo do controle – o que pode levar a um aprofundamento da democracia, depois de passarmos por uma crise que promete ser profunda e dolorosa.
A prisão de Delcídio fez o mundo político (e não apenas o petismo) tremer nas bases. Ninguém mais está a salvo. Esse é o sinal que vem dessa prisão.
Na revolução francesa, como se sabe, os que começaram cortando cabeças terminaram perdendo as próprias na guilhotina. A política brasileira (mal comparando) parece ter entrado num caminho desse tipo, de autofagia e destruição.
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Luciana convida

Na Conferência Estadual de Pernambuco, Luciana Santos convida: "Venha pra luta, filie-se ao PCdoB".

28 novembro 2015

Holofotes

A espetacularização da sessões dos tribunais superiores leva a que ministros do Supremo, que deviam primar pela discrição, disputem espaço diante das câmeras de TV nas manchetes dos jornais. Têm, assim, a credibilidade chamuscada.

Bom dia!


27 novembro 2015

Choque de civilizações

Cenário conturbado

Eduardo Bomfim, no portal Vermelho

Já se disse que nos tempos recentes não estamos presenciando exatamente um choque de civilizações, mais parece um choque de ignorâncias, com a velocidade das novas tecnologias somos expostos a todo tipo de informação sempre oriunda das mesmas fontes.
Assim é impossível ignorar o papel da grande mídia global na difusão dos fatos, interpretações, na promoção de fenômenos artificiais, a maneira como difunde “consensos” que são na maioria dos casos, evidentes projetos hegemônicos a serviço do capital financeiro internacional.
Sem dúvida, estamos presenciando uma época em que o Mercado rentista atingiu um poderoso espectro de domínio ideológico, financeiro, político, militar, em instância planetária, apesar do crescente protagonismo das nações emergentes que se colocam como alternativa real à geopolítica unipolar dominante há algumas décadas.
De tal maneira que esse novo campo multilateral da geopolítica mundial encontra-se permanentemente sob a contradição de força ascendente e ao mesmo tempo vive sob fogo cerrado de ataques do bloco dominante que por sua vez afunda-se cada vez mais em problemas gravíssimos, insolúveis.
Que vão da crise financeira crônica, os tormentos sociais do mundo do trabalho nos vários continentes, guerras de rapina, flagelos agudos como o dos milhões de refugiados rumo à Europa, terrorismo, desemprego massivo e acima de tudo a ausência de qualquer perspectiva aos povos.
É nesse cenário, muito resumidamente, que as lutas sociais, pela soberania das nações, se digladiam contra o permanente discurso autoritário, quando não neofascista, de uma pós-modernidade artificial, que nada mais tem a oferecer à humanidade, até porque jamais tiveram o que apresentar de alvissareiro às sociedades.
Trata-se de um terreno movediço, onde a luta de ideias adquire importância decisiva. E exatamente por isso o discurso hegemônico procura descaracterizá-la, criminalizá-la, quebrar a força cativante que as grandes causas adquirem quando atingem os corações e as mentes das sociedades.
Particularmente quando assimiladas como força motriz de um projeto nacional soberano, democrático, de desenvolvimento estratégico para nações fundamentais como o Brasil onde a luta política impõe-se como decisiva. Essa é a grande questão, inadiável, desses tempos conturbados.
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Contradições nas guerras no mundo árabe

Cria corvos e eles te comerão os olhos

João Quartim de Moraes, no portal da Fundação Maurício Grabois

Khadafi foi eliminado não por ser um ditador, um tirano, como rosnam os “poodles” da mediática pro-imperialista, mas por ter financiado a campanha presidencial de Sarkozy em 2007. Matar um credor é um método eficiente para não pagar dívidas. Com o desmantelamento do Estado líbio, um imenso fluxo de imigrantes do norte da África dirigiu-se ao litoral mediterrâneo para tentar a perigosa e muitas vezes letal travessia rumo à Europa rica.
Os massacres balísticos desfechados no Afeganistão (2001) e no Iraque (1990, 2003) pelo bloco imperialista hegemônico tiveram custo muito alto e resultados não garantidos para os agressores. A chamada “primavera árabe”, expressão que hoje soa como uma ironia macabra, propiciou-lhes a ocasião de retomar, em 2011, a tenebrosa tentativa de recolonização do Médio Oriente, lançando contra a Líbia de Khadafi uma “blitzkrieg” que arruinou a infra-estrutura econômica do país e destruiu sua organização administrativa. Desta vez a relação custo/benefício foi melhor para os assaltantes, principalmente para o consórcio franco-britânico Sarkozy/Cameron, que se encarregou do massacre balístico. As consequências perversas dessa bestial destruição não se limitaram aos mortos e mutilados, às ruinas e ao cruel desamparo em que foram lançados os sobreviventes das cidades e áreas alvejadas pelos “bombardeios humanitários” despejados pelos valentões da Otan. Estimulado pelo desmantelamento do Estado líbio, que deixou as fronteiras do país praticamente sem controle policial e administrativo, um imenso fluxo de imigrantes dos países pobres do norte da África dirigiu-se ao litoral mediterrâneo para tentar a perigosa e muitas vezes letal travessia rumo à Europa rica.
Consta que a desgraça da Líbia foi extremamente benéfica para Sarkozy, que devia uma fortuna a Khadafi. Derrubando-o e assassinando-o, a tropa de choque colonialista proporcionou um grande alívio financeiro ao então presidente da França. Embora protegido pelo silêncio cúmplice dos donos da notícia (da Agência France Presse ao Le Monde), Sarkozy tem sido denunciado por grupos de informação independentes (ver em especial o artigo de Edwy Plenel “Kadhafi : la vérité qu’ils veulent étouffer” no “site” Mediapart, datado de 17 de novembro de 2014), que exibem fortes indícios de que Khadafi foi eliminado não por ser um ditador, um tirano, como rosnam os “poodles” da mediática pro-imperialista, mas por ter financiado a campanha presidencial de Sarkozy em 2007. Matar um credor é um método eficiente para não pagar dívidas. 
Em março de 2011, enquanto a dupla Sarkozy/Cameron, com o beneplácito de Obama, bombardeava pesadamente a Líbia, bandos de pistoleiros profissionais, apresentados simpaticamente pelos jornais e TVs do bloco hegemônico como membros de um recém criado “Exército Sírio Livre” (ESL), desfecharam um levante visando a derrubar o presidente Bashar al-Assad. Começava mais uma primavera de sangue. O ódio dos colonialistas e de seus satélites feudal-petroleiros a Assad provém de motivos substancialmente semelhantes aos que inspiraram o aniquilamento balístico do Iraque em 2003 e da Líbia em 2011. Os três países eram governados por regimes laicos, oriundos da luta anti-imperialista das nações árabes, embora em nenhum deles houvesse uma “democracy” no sentido ocidental do termo. Mantinham, dentro dos limites das fortes pressões impostas pelo imperialismo, uma política externa independente, sustentando a resistência palestina ao facho-sionismo. Eram fortes exportadores de petróleo de muito boa qualidade. Os três, enfim enfrentavam uma oposição heterogênea, em que pontificavam provocadores diretamente a soldo dos “serviços especiais” (CIA e sucursais europeias), liberais de direita pro-imperialistas e fundamentalistas islâmicos de extrema-direita.
Desde o início da desestabilização da Síria, os poucos observadores que se recusaram a uivar com a matilha colonialista avisavam que, à parte alguns figurões liberais engravatados posando nas chancelarias ocidentais, o grosso da tropa do ESL era composto de poucos sírios e de muitos fanáticos wahhabistas, seita sunita fundada por Ibn Abdelwahhab, reformador fundamentalista estreitamente ligado aos emires que fundaram o reino feudal da Arábia Saudita, com o beneplácito do Império britânico. Nos vídeos que exibem as mortíferas operações do ESL, fartamente divulgados pela CNN, BBC e Al Jazeera (emissora do emir de Qatar), ouvia-se sempre, quando a fuzilaria se interrompia, o brado “Allah akbar” (=Deus é o maior). Enquanto esses brados religiosos rituais comemoraram ataques contra as forças do governo sírio, eles foram alegremente acolhidos pelos papagaios do cartel mediático imperialista.
Os governos do “Ocidente” só se comoveram quando os terroristas sunitas, armados, equipados e exportados pela Arábia Saudita e Qatar, com apoio do solerte  Erdogan da Turquia, após se implantarem no caótico Iraque, arrasado dez anos antes pelo genocida Bush, passaram a desenvolver seus próprios planos, fundando um Estado teocrático islâmico e exibindo imagens de execuções em massa, inclusive de prisioneiros ocidentais. Os donos da Otan deixaram então de fornecer bombas aos “rebeldes” e passaram a bombardeá-los. Mas não renunciaram ao objetivo principal: como haviam feito com Saddam Hussein e Khadafi, assassinando Assad queriam dar um grande passo adiante na recolonização do Médio Oriente.
Mesmo perante a chacina do Charlie Hebdo, no dia 11 de janeiro de 2015 em Paris, os governantes ocidentais recusaram-se a reconhecer que o regime pluriconfessional da Síria era a única muralha efetiva contra os serial-killers do obscurantismo wahhabista. Foi somente onze meses depois, reagindo ao morticínio da noite de 13 para 14 de novembro em Paris, que o governo francês decidiu anunciar uma mudança estratégica, abandonando o objetivo prioritário de derrubar Assad e buscando aproximação com as posições sustentadas por Putin: o inimigo a aniquilar é o “califado” sunita (ou Daesh, conforme seu acrônimo árabe). Obama, porém confirmando seu título de “king of drones”, continua com a estupidamente falaciosa tentativa de derrubar Assad, mas também conter as serpentes que a CIA e o Pentágono durante anos ajudaram a proliferar.
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Ingente desafio

É preciso ser do tamanho das nossas ideias!

Nilson Vellazquez, no blog Verbalize

Participar ativamente da luta política em um país como o Brasil exige de nós, comunistas, a certeza de que é preciso, mais do que ninguém, trabalhar. A luta revolucionária é um trabalho de várias mãos e mentes, cujo avanço vai depender sobremaneira das condições históricas, mas, sobretudo de uma justa postura tática e certeza da aplicação dessa tática mediante os desafios vividos.
As condições históricas para os brasileiros, certamente, não é das melhores. Afinal de contas, levando em consideração que ainda vivemos numa defensiva estratégica histórica do socialismo no mundo, e ainda, vivemos num país cujas ideias conservadoras dão o tom da nossa superestrutura política e ideológica, hoje mais do que nunca, precisamos fazer do trabalho revolucionário algo ainda mais ativo.
Esse trabalho, nas condições em que vivemos, passa necessariamente por conquistarmos mais pessoas para as nossas fileiras, incluindo os lutadores do povo das mais diferentes matizes – jovens, mulheres, negros, lgbt’s, operários, camponeses, intelectuais, cidadãos das pequenas, médias e grandes cidades – numa busca incessante pela conquista da hegemonia, exercitada  cotidianamente no seio do povo.
No ambiente atual que o Brasil vive, tem-se tornado cada vez mais consensual a ideia de que a crise gera oportunidade para as forças de esquerda mais responsáveis; no entanto, essa oportunidade não se dá de maneira mecanicista, automática; requer a dedicação à causa revolucionária nas suas mais diversas formas de acumulação de forças, mirando o crescimento partidário, numérica e qualitativamente. Soma-se ao esforço, a certeza de que, com unidade de ação, as chances de crescermos são motivadoras, visto que nossas ideias são as mais justas. Afinal de contas, não fosse o tamanho das nossas ideias, as classes dominantes teriam nos esmagado há muito tempo – como já tentaram diversas vezes em nossos 93 anos de história – mas resistimos e influenciamos a luta política, mesmo não tendo a força que precisamos ter, pois nossas ideias são grandes!
Dessa forma, na quadra política atual, precisamos mais do que de ideias grandes, precisamos ser grandes! Influenciar cada vez mais corações e mentes, enraizarmo-nos na vida do povo, a ponto de fundirmo-nos a ele. Ser grande, no estágio da luta de classes atual, não pode ser apenas uma vontade, mas uma necessidade; não só fazer parte dos discursos, mas da ação cotidiana, mesmo que para isso sejam necessárias flexões táticas, desconstrução de paradigmas e de dogmas que só privilegiam o estático.
Ser grande, nas condições de hoje, é saber dialogar com as mais diversas formas de se fazer luta política, ser grande é influenciar as ideias que circulam nos meios acadêmicos, midiáticos, sociais; ser grande é movimentar o povo para avançar em suas conquistas nas ruas; ser grande é ter força eleitoral e disputar os rumos de nosso país nos parlamentos e nos governos. Ser grande é manter a amplitude tática, a unidade partidária, em prol do sistema de justiça e abundância.
Por isso, fazer das nossas “pedras, noites e poemas” armas para enfrentar a real necessidade de crescer, combatendo os esquematismos e estreitezas que, porventura, nos cercam, é tarefa coletiva, urgente. Pois, para garantirmos a democracia, a diminuição das desigualdades, o desenvolvimento, a justiça e o bem comum da humanidade, precisamos ser grandes, precisamos ser do tamanho das nossas ideias!
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Bom dia!

Versos de Mario Benedetti sobre foto de Henri Cartier-Bresson

26 novembro 2015

Até onde?

Quando parecia uma pausa, novas bombas na política


Luís Nassif, no GGN

Quando se pensava que haveria uma trégua política da Lava Jato, surge o inesperado: as denúncias que levaram à cadeia o senador Delcídio Amaral e o banqueiro André Esteves.
A prisão não decorreu diretamente da Lava Jato. Delcídio tentou convencer Nestor Cerveró a desistir da delação premiada. Prometeu interceder para libertar Cerveró e providenciar sua fuga para a Espanha. O filho de Cerveró, Bernardo, acertou com a Procuradoria Geral da República entregar Delcídio em troca de aliviar a prisão do pai.
O grampo resultou em um inquérito novo, da Polícia Federal de Brasília, sem a intervenção do juiz Sérgio Moro.
***
Todo o envolvimento de Delcídio visava abafar as investigações sobre os negócios do BTG com a Petrobras na África. De posse do grampo, o Procurador Geral Rodrigo Janot encaminhou pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) para deter Delcídio. Ontem de manhã o STF autorizou a prisão e, no final do dia, o Senado convalidou a prisão.
***
Há um conjunto amplo de desdobramentos nesse episódio.
O primeiro é o fato de Delcídio ser o líder do governo no Senado, e parlamentar com amplo trânsito em todos os partidos.
O segundo é que a degravação dos grampos joga um foco de luz em um personagem misterioso: Gregorio Preciado, o espanhol casado com uma prima do Senador José Serra e seu parceiro histórico
Segundo as conversas entre Delcídio, Bernardo e seu advogado, Preciado era sócio e o verdadeiro operador por trás de Fernando Baiano, o lobista do PMDB na Petrobras.
Delcídio conta que, assim que o nome de Preciado foi mencionado, dias atrás, Serra passou a rodeá-lo visando buscar informações.
***
Velho operador da Petrobras, em um dos trechos Delcídio revela que quem abriu a Petrobras para Preciado foi Paulo Roberto Costa, atendendo a ordens “de cima”. Na época, o governo ainda era de Fernando Henrique Cardoso e Serra Ministro influente.
***
Pelas tendências reveladas até agora, dificilmente Sérgio Moro e a Lava Jato abririam investigação sobre Preciado. Pode ser que as novas investigações, feitas a partir de Brasília, revelem maior independência.
***
Obviamente, em nada ameniza a situação do PT, do governo e do próprio Congresso.
Para prender Delcídio, o PGR e o STF valeram-se de uma certa esperteza jurídica: incluíram nas investigações um assessor de Delcídio, meramente para compor o número 4, mínimo para caracterizar uma organização criminosa.
Com a prisão de Delcídio, abre-se caminho para avançar sobre outros políticos. O STF assume um protagonismo, em relação direta com as bazófias de Delcídio nas gravações, arrotando suposta influência sobre Ministros do Supremo.
***
Outro ponto de turbulência é a prisão de André Esteves.
Particularmente não tenho a menor simpatia por Esteves. Esteve envolvido com os rolos do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), calou a imprensa com subornos milionários, não tem limites. Quando passei a denunciar as jogadas com o CARF, ele conseguiu me calar na Folha.
Mas, por outro lado, o Pactual assumiu um papel central em vários projetos relevantes para a retomada do crescimento.
***
Aliás, será curioso conferir nos jornais de hoje o tratamento dado à prisão de André Esteves. Certamente será bastante poupado, se não por gratidão, ao menos por receio.

25 novembro 2015

Democracia ontem e hoje

A roda da História se move

Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal NE10 e no portal Vermelho

Ontem, por ocasião do lançamento do livro "Dossiê Itamaracá", de Joana Côrtes - rico registro da vida e da luta no pavilhão dos presos políticos na Penitenciária Barreto Campelo, sob a ditadura militar -, como que em flash back, me veio à mente a emoção da chegada ao presídio, após mais de quarenta dias sob tortura do DOI-CODI e uma passagem pela Polícia Federal de Alagoas.
É que depois de mais de quatro anos constrangido a pequenas reuniões, de não mais do que quatro ou cinco participantes, sob rigorosa segurança, afinal ingressava num coletivo de mais de trinta prisioneiros. Muita gente.
Ali reencontrava companheiros do movimento estudantil da chamada geração meia oito e conhecia outros combatentes de diversas agremiações políticas.
Nas seis celas que davam para um corredor ou no pátio de solo de barro batido onde tomávamos o banho de sol, jogávamos bola e fazíamos peças de artesanato, a conversa era livre.
O diálogo, a polêmica ou simplesmente a troca de impressões sobre a vida.
O jornal mural “Unidade” acolhia textos datilografados, que expunham para nós mesmos opiniões dos mais afeitos ao debate.
Anos depois, finda a ditadura, retomada a militância à luz do dia, numa das datas redondas de celebração da Anistia, fomos entrevistados juntos, Miguel Arraes e eu, por uma repórter de TV.
Hábil e inteligente, a repórter nos conduziu a comparar o tempo de vida clandestina, prisão, cadeia e exílio com a nova ascensão do movimento democrático. O ex-governador Arraes, então, sentenciou:
- Naquele tempo, temíamos os fuzis e as baionetas, a prisão e a tortura, não podíamos falar. Hoje, já não tememos a repressão policial, podemos falar. O risco não é sermos presos, é não sermos compreendidos, tamanha a distorção da realidade pelos meios de comunicação. 
Ele se referia à espécie de “pensamento único” imposto a ouvintes, leitores e telespectadores.
Aos internautas, nem tanto, pois na grande rede ainda é possível estabelecer o contraditório e apresentar "a luta face" dos acontecimentos.
A declaração de Arraes recordei ontem, no breve debate que antecedeu a sessão de autógrafos. Pedro, 15 anos, meu neto, em depoimento emocionado, agradeceu à geração de militantes retratada no livro de Joana Côrtes pela liberdade que as gerações atuais têm de expressar o que pensam e fazer suas escolhas.

A roda História se move. Para adiante.
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Direita vence na Argentina

O capitão que conseguiu os votos

Martín Granovsky, no portal da Fundação Maurício Grabois
Grandes grupos econômicos que participaram das ditaduras conseguiram agora eleger Macri. Quem é, o que pensa e como se relaciona o presidente eleito.
Se é verdade que Franco Macri tratava seu filho Mauricio como “pelotudo” [N.E: o equivalente a idiota, no Brasil], quem recebeu o título de pelotudo foi ele. Aos 56 anos, o primogênito da família demonstrou ser capaz de articular um partido de capitães da indústria em condições de ganhar, através do voto, nada menos que a Capital Federal, a província de Buenos Aires e a Presidência da Nação.
A referência aos capitães, esse grupo reduzido de industriais que cresceu graças aos contratos com o Estado e à concentração sem limites, ou sem limites razoáveis, é fática e não ideológica.
Tomemos alguns fatos como exemplo:
– Mauricio Macri foi, desde bastante jovem, diretor da Socma, Sociedades Macri.
– Ontem, o presidente da Fiat, Cristiano Ratazzi, quis dar um testemunho do seu compromisso pessoal com a coligação direitista Cambiemos (“Mudemos”) e trabalhos como fiscal de urna no distrito de La Matanza, um dos setores simbólicos da periferia e coração do peronismo.
– Um dos ministeriáveis de Macri, o economista Alfonso Prat-Gay, é o responsável pelas contas no exterior da já falecida Amalia Lacroze de Fortabat, uma integrante conspícua do grupo dos capitães, através da sua empresa de cimento Loma Negra.
A novidade com Mauricio Macri na presidência não é que os grandes industriais estarão próximos do poder. Tampouco ela consiste em que eles lá estejam pela primeira vez em tempos democráticos. As duas coisas já haviam acontecido antes. Naturalmente, os grandes grupos se beneficiaram da concentração econômica nos tempos de José Alfredo Martínez de Hoz (ministro de Economia da ditadura argentina), que não liquidou totalmente a indústria como alguns dizem, mas sim o mundo industrial constituído durante as décadas anteriores, com seus componentes de pequenas e médias empresas, seus sindicatos e seus bairros.
Depois da ditadura, os capitães influíram no governo de Raúl Alfonsín, através de suas relações com o setor da Junta Coordenadora Nacional, encabeçado por Enrique “Coti” Nosiglia. Aumentaram sua presença de maneira notável nos dez anos de governo de Carlos Menem, entre 1989 e 1999, quando se transformaram num patrocinador fundamental das políticas de privatização, funcionando como operadores locais junto com um banco onde trocavam títulos de dívida através do Plano Brady e uma companhia europeia de serviços públicos.
Não saíram de cena com o kirchnerismo, embora tenha aparecido novos grupos com a mesma metodologia. Transportadores como os da família Cirigliano cooptaram os funcionários da Secretaria de Transportes de Ricardo Jaime, ou os funcionários de Ricardo Jaime cooptaram a família Cirigliano? Em todo caso, o resultado foi o primeiro fracasso de uma política popular de transportes, e esse fracasso logo levaria o país a viver a tragédia do choque de trens na estação Once. A área de transportes, como qualquer uma que tenha que ver com a logística, é um bom posto de observação sobre as idas e voltas dos grupos econômicos e seus gerentes. Quem substituiu Ricardo Jaime então foi Juan Pablo Schiavi – que foi integrante do movimento Compromisso para a Mudança, de onde surgiu a atual coalizão de Macri, além de amigo de Carlos Grosso, ex-intendente regional e ex-gerente da Socma.
Seria ingênuo pensar que milhões de eleitores legitimaram essa situação ontem. Que votaram conscientes da drenagem de recursos de Amalita, com a ajuda de Prat-Gay. Que se preocuparam especialmente por validar a matriz de contratista estatal de primeiro nível dos Macri, ou seu caráter de grupo beneficiário de subsídios fiscais.
O voto que consagrou Macri como presidente merece e merecerá um detalhe maior, e é insuficiente limitar sua explicação à aprovação da elite dirigente. Entre outras coisas porque num segundo turno não existe vitória sem derrota alheia, e ontem a Frente para a Vitória (FpV) sofreu uma derrota dura depois de 12 anos de governo.
Contudo, os fatos são os fatos. Um desses fatos é que o grupo de empresários que sempre apostou em influir sobre os governos militares e civis finalmente conseguiu, com a vitória de Macri, construir uma força competitiva eleitoralmente, e convenceu a maioria dos argentinos de duas cosas. Uma: que é uma força capaz de governar melhor que a FpV. Outra: que também é a melhor forma de castigar o kirchnerismo e alguns erros políticos regionais da atual coalizão governista.
Com experiência em segundo turno – perdeu um contra Aníbal Ibarra em 2003 e ganhou duas vezes contra Daniel Filmus, em 2007 e 2011, suas batalhas eleitorais pela prefeitura de Buenos Aires –, Macri parecia dominar a polarização que se deu em parte pelo fato de que o próprio kirchnerismo a alimentou, talvez por considerar os últimos doze anos e ver em seu pensamento conservador um adversário ideal, uma opção de frágil construção política. Se foi assim, a FpV terá repetido a mesma leitura falha de 2009, quando a polarização extrema com Francisco de Narváez terminou agrandando a figura do empresário e consagrou a derrota de Néstor Kirchner como cabeça da lista para a Câmara de Deputados. No caso de Macri, o exercício polarizador talvez não tenha levado em consideração que, com o tempo, Mauricio foi se desprendendo do peso da imagem de seu pai, um empresário ligado à ditadura. “Mauricio, que é Macri”, recordava Kirchner em 2003, quando apoiou a reeleição de Aníbal Ibarra. Mas os anos se passaram, Macri e Jaime Durán Barba se emprenharam em separar a imagem do filho da do pai, e o próprio transcorrer do tempo ajudou a esquecer. Hoje, Franco Macri tem 85 anos e sequer aparece em revistas de celebridades e especializadas no jet set, é um completo desconhecido, a não ser dentro dos círculos empresariais e os dos grandes dirigentes políticos da direita.
O Mago e o Fino
A data que os torcedores do Racing e do Boca Juniors nunca esquecerão, e tampouco Macri é o dia 3 de dezembro de 1995. Nesse dia, o Racing ganhou o clássico por 6x4 em plena Bombonera, com gols do mago Rubén Capria. No mesmo dia, há quase 20 anos, Macri foi eleito presidente do Boca Juniors. Era sua primeira aposta numa carreira popular eletiva, e uma das tantas na que desafiou o seu pai, que não concordava em colocar os ativos da Socma em jogo nessa aventura – os ativos simbólicos, claro.
Aconteceu apenas quatro anos depois do seu sequestro, em mãos da quadrilha que logo seria capturada pelo comissário Carlos Sablich, então chefe de Delitos Complexos da Polícia Federal Argentina. Sablich é o mesmo oficial que, em 2014, foi condenado à prisão por ter usado meios ilegais para esclarecer justamente o sequestro do agora presidente eleito. Confiante nos vínculos pessoais como uma via rumo aos cargos institucionais, Macri acreditou na palavra de Sablich para nomear o comissário Jorge “Fino” Palacios, amigo de Sablich, como chefe da sua recém criada Polícia Metropolitana. Palacios havia sido sacado da Federal por ordem do próprio presidente Néstor Kirchner, em 2004. Hoje, está processado numa causa por grampos ilegais, na qual também está envolvido Macri, o primeiro presidente eleito na Argentina a quem pesa essa categoria penal, como recordou na semana passada o jornalista Darío Villarruel.
Na presidência do Boca Juniors e na Prefeitura de Buenos Aires, Macri contou com a incondicionalidade do amigo Nicolás “Nicky” Caputo, seu companheiro no Colégio Cardeal Newman, que negociou com os sequestradores até combinar o pagamento e conseguir sua liberdade. Com Caputo e Leonardo Maffioli – outro grande amigo, onipresente no diretório da Socma – fundaram, em 1983, a Mirgor, empresa de ar condicionado para carros, que ainda existe, e incorporou sistemas residenciais, crescendo muito graças à demanda dos últimos anos.
Contratista do Estado, e sobretudo do governo da capital, Caputo aceitou fazer um relato para El Pibe, o livro sobre a vida de Macri escrito pela jornalista e legisladora kirchnerista Gabriela Cerruti. Caputo, que se reúne com Macri três ou quatro vezes por semana, disse sobre seu amigo: “ele decidiu que se envolveria com a política muito antes de ser presidente do Boca Juniors. Me dizia que não sabia se ia dar certo, porque não é tão fácil dizer e fazer, mas quando ele se propõe um objetivo, costuma conseguir. Hoje, eu o ajudo em temas estratégicos. Em 2003, quando perdeu sua primeira tentativa para a prefeitura de Buenos Aires, eu o vi triste, mas não desmoronado. É muito difícil var Mauricio desmoronado, ele tem uma energia diferente dos demais”.
As fontes
O PRO, partido de Macri, tem a anatomia de um partido fabricado para ganhar. No livro de Gabriel Vommaro, Sergio Morresi e Alejandro Bellotti estão claras não só as relações empresariais, de onde vieram os gerentes transformados em assessores políticos, como também as fontes de pensamento do macrismo. Uma delas é a Fundação Sophia, encabeçada pelo seu sucessor na Prefeitura de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta e pela governadora eleita da Província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal.
Outra fonte é a do Partido Radical social-democrata, como Hernán Lombardi e os dirigentes da agrupação Recrear, de Ricardo López Murphy, com a que Macri realizou sua primeira aliança.
Também estão alguns peronistas com capacidade de construção política territorial, como Cristian Ritondo, que acaba de ser designado ministro de Segurança da Província para o governo de Vidal. Ritondo é o braço direito de Miguel Angel Toma, dirigente peronista ligado a Carlos Grosso, que foi secretário de Segurança de Carlos Menem e chefe de Inteligência do ex-presidente Eduardo Duhalde.
Toma é um dos apoios políticos de Antonio Stiusso, recentemente destituído da chefia de Operacões da ex-Secretaria de Inteligência, que costuma se jactar de sua ligação com espiões estadunidenses, embora esse tipo de ligações na Argentina tenham mais conexões com Miami que com Washington. O que Macri fará com Stiusso a partir do dia 10 de dezembro? Seguirá reclamando aos Estados Unidos que o envie à Argentina para depor? E como o novo presidente lidará com as velhas contradições entre Stiusso e Palacios, que disputavam o favor de Miami e competiam por seduzir os setores mais duros da comunidade judia?
Sem dúvida, a recomposição dos vínculos com os Estados Unidos está na agenda de Macri, como também estava na de Scioli. A pergunta é como Macri fará essa recomposição e se planejará um revival das relações carnais e da aliança extra OTAN construídas por Menem. No último ano, ele manejou com maior discrição suas relações na América e na Europa, mas não rompeu com nenhum dos seus vínculos mais permanentes. O primeiro deles é o Partido Popular espanhol, de José María Aznar e Mariano Rajoy, que se prepara para colocar em jogo o governo da Espanha, com o desafio de enfrentar os socialistas e o crescente movimento popular Podemos. O PRO tem muito de PP tanto por sua relação com o âmbito das empresas e seus gerentes como por sua origem heterogênea, por sua dirigência proveniente das elites sociais e sua relação com religiões organizadas, do catolicismo ao judaísmo, passando por ramos do mundo cultural protestante.
A Fundação Pensar, que orienta Iván Petrella, realizou atividades conjuntas com a FAES, a Fundação do PP, partido com o que o PRO coincidiu em definir a recuperação do controle estatal da YPF como “um confisco”. Um dos seus alvos comuns foi o regime de Hugo Chávez (ao ponto de que a palavra “chavismo” passou a ser vista como um insulto político, como foi usado no Brasil contra Dilma Rousseff), frente ao qual constituiu uma aliança que inclui o chileno Sebastián Piñera.
A Fundação Pensar também é parte da rede internacional da Fundação Atlas, que toma seu nome de uma novela que Macri costuma recomendar, “A Revolta de Atlas”, de Ayn Rand, que fala sobre os males que devastaram os Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial, quando supostamente aumentou a intervenção do Estado.
Tradução de Victor Farinelli para Carta Maior
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A palavra de Luciana

O país ganhou “um fôlego para enfrentar a crise política”, diz Luciana Santos. A presidenta nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos, fez uma análise dos últimos acontecimentos políticos em seu programa radiofônico “Palavra da Presidenta”. Para ela, o ano vem finalizando de maneira exitosa, graças às iniciativas dos movimentos sociais e da base aliada no Congresso Nacional. http://migre.me/sddqC

Bom dia!


24 novembro 2015

Meu artigo hoje no Blog da Folha

Quase nada do que era possível

Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Erra duplamente o senador Renan Calheiros ao afirmar que o Congresso Nacional "fez tudo o que era possível" e que é de "união de todas as lideranças políticas do País, mas não em torno do governo" - conforme noticia hoje a Folha de Pernambuco.
Findo o ano, o que se pode cotejar é justamente o contrário: o Congresso Nacional (a Câmara dos Deputados em especial) torpedeou como pôde o necessário ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas. Fez quase nada de produtivo em relação à crise econômica.
Contraditoriamente, aliás.
A composição congressista majoritariamente conservadora, por convicção ou por observância do que propõem os economistas dos seus partidos, estivesse no governo um tucano ou peemedebista conservador, não apenas aprovaria o conjunto das medidas propostas para ajustar a economia, como tudo faria para perpetuar os fundamentos do ajuste proposto.
Mas age contra suas próprias convicções, porque o que põe em jogo é o poder político e a esperança (até agora frustrada) de interromper o mandato da presidenta Dilma e retomar a linha nefasta neoliberal adotada nos anos FHC.
Ora, se a crise é grave e, portanto, cabe arregimentar energias em favor de sua solução, por que não um pacto nacional nessa direção? 
Se cabe unir "todas as lideranças", como diz o senador, porém "não em torno do governo", do que se estaria cuidando? 
Como o País seria governado?
De que modo essa concertação de líderes conduziria a solução para a crise?
Das infelizes declarações do presidente do Senado se depreende o tamanho das dificuldades políticas que Dilma provavelmente seguirá enfrentando o ano que vem, às voltas com uma base parlamentar de sustentação frágil e instável e sob a ameaça permanente. 
Sem uma oposição que inspire confiança, no dizer mesmo dos que pugnam contra Dilma.
Na grande mídia, articulistas vêem lamentando que o PSDB tenha se perdido no samba de uma nota só: impeachment a qualquer custo, além de nenhuma proposta para solucionar a crise e a promiscuidade ostensiva com o deputado Eduardo Cunha. Ou seja: não se faz alternativa aceitável perante a maioria dos brasileiros. Não se faz porque efetivamente não é.
Resta a expectativa de que, como vem acontecendo do nos últimos meses, parcelas expressivas da sociedade, inclusive dos setores hegemônicos da economia, se dêem conta da necessidade de afastar em definitivo toda e qualquer ameaça antidemocrática e contribuir, cada qual em sua posição, para a necessária governabilidade.
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Abelardo da Hora Filho

Tristeza pelo falecimento de Abelardo da Hora Filho, ontem, em São Paulo. O abraço solidário meu e de Luci aos familiares e amigos. 

Importa saber

O inquérito que identificou o cartel acusado de fraudar licitações de trens e metrôs em São Paulo durante sucessivos governos tucanos fez aniversário. Um ano depois de concluídas pela Polícia Federal, as investigações continuam na gaveta do Ministério Público. Leia mais http://migre.me/scGlU

Hoje. Na Livraria Cultura do Paço Alfândega

Hoje, às 19h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega: lançamento do livro "Dossiê Itamaracá", de Joana Côrtes. A vida no pavilhão dos presos políticos na Penitenciária Barreto Campelo. Uma página densa de nossa História recente. Vai rolar um bate papo com a autora antes da sessão de autógrafos. Você vai gostar.

22 novembro 2015

Mobilidade social

No início da década, 13 em cada 100 negros viviam na extrema pobreza; em 2014, esse número caiu para 3,6; o nível de pobreza no grupo também caiu 71%. Os dados estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tucanos em baixa

Na mídia, articulistas lamentam que o PSDB tenha se perdido no samba de uma nota só: impeachment a qualquer custo, além de nenhuma proposta para solucionar a crise e a promiscuidade ostensiva com o deputado Eduardo Cunha. Ou seja: não se faz alternativa aceitável perante a maioria dos brasileiros. Não se faz porque efetivamente não é.

Midia marrom

A Folha acreditou na Veja e se estrepou

Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

É um paradoxo.
A imprensa publica diariamente artigos contra o direito de resposta.Mas a cada momento ela fornece com seus erros seguidos provas concretas de quanto o direito de resposta é, simplesmente, imprescindível.
O caso mais recente é o da Folha. Você pode adivinhar contra quem o erro foi cometido. Lula. A família de Lula.
É o alvo número 1 da plutocracia cuja voz é a imprensa.Um repórter experiente da Folha, Rubens Valente, conseguiu acreditar numa reportagem da Veja.Esta é a surpresa da história: um jornalista veterano usar a Veja como fonte.Num texto sobre um lobista preso, Valente disse que ele cedeu uma sala em Brasília para que um filho de Lula, Fábio Luís, trabalhasse nela.Era uma informação da Veja. Valente não apenas a reproduziu agora como disse que o lobista confirmou para a Veja a notícia.Não era verdade.O filho de Lula entrou com uma ação. Ao longo desta, o lobista afirmou que jamais tivera relação pessoal ou profissional com Fábio Luís.
Ontem mesmo a família de Lula anunciou que reivindicaria direito de resposta com base na nova lei sancionada por Dilma.A Folha se antecipou e publicou, em seu site, uma correção – tímida, miserável, escondida como é de praxe no jornal.É presumível que a família de Lula, mesmo com a admissão da Folha, prossiga com sua reivindicação, até por razões pedagógicas.
Acreditar na Veja desafia a inteligência de qualquer um. Mas quando o alvo é Lula e família os controles de jornais e revistas se afrouxam ao máximo.Numa reunião do Conselho Editorial das Organizações Globo alguns anos atrás, lembro que alguém citou uma denúncia da Veja.
O chefe do Conselho, João Roberto Marinho, avisou: “É preciso tomar cuidado com a Veja.” Ele já percebera que a Veja deixara de ser uma fonte confiável. Perdera aquilo que, como a virgindade, não volta mais: a credibilidade.Mas mesmo assim a Folha e Rubens Valente se apoiaram na Veja, para a qual vale a grande máxima de Wellington: quem acredita nela acredita em tudo.
A ausência do direito de resposta é um câncer para a sociedade. Porque leva os cidadãos a ser vítimas de informações falsas que distorcem a realidade.
É uma coisa também que atenta contra a qualidade da imprensa. Quando erros têm consequências – e o direito de resposta é uma delas – as publicações tomam extremo cuidado com a qualidade das notícias que dão.
Checam, rechecam, verificam ainda uma vez.
Mas quando você pode errar livremente as coisas se deterioram. A impunidade jamais produziu bons frutos, e menos ainda para a imprensa.
O desleixo vem em série. O repórter não se preocupa em apurar com profundidade a denúncia que lhe chega, o editor muito menos – e os patrões, desde que o alvo sejam inimigos como Lula, simplesmente fecham os olhos.
Mil artigos contra a lei de resposta não compensam, por exemplo, o erro que Lauro Jardim cometeu em sua estreia no Globo ao afirmar, numa manchete, que um delator disse que deu dinheiro a um filho de Lula. (Sempre Lula, sempre a família de Lula.)
Você só tem uma imprensa séria – e falo de veículos de esquerda, direita, centro ou o que for – se houver leis que punam erros.
E com rapidez.
É uma piada uma das reclamações da imprensa: o prazo para que sejam dadas as correções.
Estamos vendo o que acontece com Eduardo Cunha quando não existe urgência nas ações.
A resposta, quando julgada justa, tem que vir prontamente – até para que repórteres como Rubens Valente não cometam barbaridades como a que ele cometeu.

Normalidade à vista?

Bom para o País e para o processo democrático os três elementos mais recentes na cena política: o enfraquecimento relativo da oposição, a ligeira flexão por parte da mídia e, enfim, o possível ponto final da boataria em torno da hipotética substituição do ministro da Fazenda. A depender da atitude da presidenta e do seu núcleo político, o governo poderá de fato começar a governar. 

21 novembro 2015

Nesta terça-feira, na Livraria Cultura do Paço Alfândega

IMPERDÍVEL
A gente se encontra lá. Você vai gostar
Pesquisa criteriosa, texto precioso: assim é o livro ‘Dossiê Itamaracá’, de Joana Côrtes, que será lançado no Recife na próxima terça-feira, às 19h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega. A vida no pavilhão dos presos políticos na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, numa das mais duras fases da ditadura militar. Com muito sucesso, o livro já foi lançado no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Aracaju.
A propósito do lançamento em Aracaju, sua terra e a do seu pai, nosso camarada Bosco Rolemberg (um dos ex-presos de Itamaracá), Joana escreveu:
“Hoje eu não fui ninguém. Só me sobrou o coração rouco.
Ontem fui todos, nós. Os girassóis cantaram suas horas, na noite do lançamento do livro Dossiê Itamaracá em Aracaju. Vieram ao encontro, atenderam ao chamado, as nossas pessoas, meu Sergipe.
Hoje eu não sou ninguém, cansaço bom.
Ontem, na roda de conversa com o público, fui as pernas de seu João Oliva, 93 anos de caminhada, firmes e lúcidas. Fui a coragem juvenil de Manu Caiane, do coletivo de feministas, 16 anos, e de Ivânia, companheira de militância de meus pais, lá na frente, eram só uma e eram toda a multidão de mulheres, as de ontem e as que virão. Fui seu Djalma, nosso vizinho antigo da Aloísio Braga, empréstimo solidário nos dias raros. Fui universitário sem grana, muita gana, lendo os livros de graça na livraria Cordel e bebendo de onde veio a inspiração mobilizadora para a formação política, na boca de Edvaldo Nogueira.
Fui minha comadre Camile D'Ávila Levita, pelos lábios de Fernanda Lopes Cruz, o medo existe, pra caralho!, o desafio é enfrentá-lo. Fui o aprendizado nas redações de jornais, por George Silva. Fui, sou, o olho lendo a rua, como me ensinou o grupo Imbuaça e como me aconselhou, gaiteiro, Ira Bispo.
Fui os olhos marejados da plateia, das Carolinas e Chris, das sobrancelhas cúmplices de Janaína Santos e Silvio Santos, em pé, os dois, ao fundo do salão. Fui o black dessa pernambucana arretada, Mônica Montalvão. Fui a poesia de Cleomar Brandi e a simplicidade de Samuel Firmino, ex preso político, os dois que se foram, e ainda estão aqui, PRESENTES!

Fui velha e fui menina.”

20 novembro 2015

Força, coragem e poesia

Sou negro

Solano Trindade
A Dione Silva

Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh'alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.
Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh'alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...
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Intervenção estratégica

Integração do São Francisco tem 81% de execução

Conclusão da obra, que beneficiará 12 milhões de pessoas, deve ocorrer entre dezembro de 2016 e o início de 2017
Portal Brasil
O Projeto de Integração do Rio São Francisco, tido como a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil, alcançou a marca de 81% de execução física em outubro, aponta o Ministério da Integração Nacional (MI). Prioridade do governo federal, a iniciativa vai beneficiar 12 milhões de brasileiros dos Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. A expectativa é concluir a totalidade do empreendimento entre dezembro de 2016 e o início de 2017.
"Já foram entregues as primeiras estações de bombeamento de cada eixo e está prevista para este ano a entrega da segunda estação do Eixo Leste", explicou Osvaldo Garcia, secretario de Infraestrutura Hídrica do ministério.
Os eixos Norte e Leste atingiram execução de 82,2% e 79,2%, respectivamente, e mantêm 4.133 equipamentos em operação. São 477 km de obras, nos quais trabalham mais de 10 mil profissionais. A expectativa do governo federal é de que o empreendimento esteja concluído ao final de 2016. O empreendimento engloba a construção de quatro túneis (um dos quais de 15 km de extensão), 14 aquedutos, 9 estações de bombeamento e 27 reservatórios.
Os dois eixos (Norte e Leste) do projeto apresentam execução de 82,2 % (Norte) e 79,2 % (Leste). A obra é construída por etapas e os cronogramas de execução do empreendimento priorizam a sequência construtiva do “caminho das águas” do projeto, ou seja, das captações até os Estados que serão beneficiados. A expectativa é concluir a totalidade do empreendimento entre dezembro de 2016 e o início de 2017.
Ações de convívio com a seca - Devido aos longos períodos de seca e estiagem no País, principalmente no semiárido do Nordeste, o governo federal intensificou a gestão e a aplicação de políticas públicas para amenizar o impacto das perdas econômicas e sociais nas áreas atingidas. Por essa razão, o MI investe em outras obras hídricas estruturantes e em ações emergenciais.
Entre as obras hídricas estruturantes estão o Cinturão das Águas (CE), a Vertente Litorânea Paraibana (PB), o Canal do Sertão Alagoano (AL), a Adutora Pajeú (PE e PB), a Adutora do Agreste (PE), a Barragem de Ingazeiras (PE) e a Barragem de Oiticica (RN).
Considerado uma ação estruturante, o Programa Água para Todos já beneficiou mais de cinco milhões de brasileiros. O programa consiste na implantação de tecnologias de uso da água para o consumo próprio ou para a produção de alimentos e a criação de animais.
O Água para Todos implementou, por exemplo, 876,5 mil cisternas e 2,1 mil sistemas simplificados de abastecimento. O programa recebeu R$ 5,2 bilhões em investimentos e já atendeu a 17 Estados – nove do Nordeste.
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Bom dia!