31 maio 2012

A palavra instigante de Jomard


NARCISISMO ou EGOLOMBRISMO?
Jomard Muniz de Britto, JMB

A fragilidade corporal apesar de todos e
das Academias de vigor e embelezamento.
A crueldade da divina natureza com suas
catástrofes. Apesar de Deus podendo ser
brasileiro e muito mais estrangeiro.
A concorrência nas interações humanas,
apesar de todas as religiões, credos
ideológicos e suspeitas contra o correto
politicamente. Todos os pesares.
As barras pesadíssimas do eu narcísico.
Identidades violentadoras. Subjetividades
enquanto adversidades. Nem só de flores e
encantos vive Narciso.
MIRÓ da Muribeca pode ser um deles, um
outro de NÓS. Poeta e cronista fora e dentro
de todas as performances no Sarau da
Galeria ARTE PLURAL. Apesar das rimas.
Narcisismo pluralíssimo. Apesar das neuroses
líquidas, pétreas e gostosas.
Você já descobriu o que se pode continuar
chamando de EGOLOMBRISMO?
Retornemos ao presente cotidiano, desde
que talvez não exista nem resista
eterno retorno de cumplicidades.
Mas, então, por que TODO DIA É DIA DADO?
Doado, doído, corroído, comprometido?
Os descalabros da Política, cachoeira de
fragmentações, não devem nos deixar
inertes para o exercício da língua dos
três pppês: polis, politicidade; poiesis,
poeticidade; paideuma, repertório para
ações culturais não bancárias,
porém libertadoras, abraçando greves.
Por uma cultura das diferenciações do
local ao universal. Sem a megalomania
das improvisações internacionalistas.
Aos leitores, o nosso pão de cada dia
talvez não consiga escapar do
EGOLOMBRISMO das oficialidades
mais do que competentes.
Apesar das falidas modernidades
e flagrantes do Pós-Tudo.
Recife, ferido e feliz, junho de 2012.

Menos personalismo, mais propostas

Fulano, Sicrano e as ideias
Luciano Siqueira

Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online) 

Tudo bem que o nome do candidato importa quando se trata de disputas eleitorais, mormente porque no Brasil o eleitor ainda vota no indivíduo, tendo em segundo plano (quando tem) a legenda partidária e as propostas programáticas. Tanto para cargos no Executivo como no Legislativo. Distorção da legislação eleitoral, que reclama – em nome do fortalecimento das instituições partidárias e do processo democrático – uma reforma política que tenha em seu cerne a adoção das listas pré-ordenadas para a eleição proporcional – que induz o debate em torno das ideias - e o financiamento público de campanha – que rejeita as relações promíscuas entre grupos econômicos e candidatos.

O nome importa, claro. E há candidatos que já acumularam toda uma trajetória militante que de certa maneira seus nomes se associam naturalmente a determinadas bandeiras de luta, propostas, realizações acumuladas. Miguel Arraes, ao retornar do exílio, elegeu-se deputado federal com a maior votação até então registrada em Pernambuco sem que acrescentasse ao seu nome, nas peças publicitárias, slogan ou plataforma. Não precisava.

Assim mesmo sempre será necessário expor propostas, polemizar com correntes adversárias. Para que a disputa seja substantiva e não apenas um mero conflito entre personalidades.

Agora em que nos preparamos para as convenções partidárias, que acontecerão neste mês de junho. Com raríssimas exceções, fala-se em Fulano, Sicrano ou Beltrano, mas muito pouco ou quase nada de propostas. Isto numa quadra em que os municípios brasileiros encaram novas possibilidades e ingentes desafios. Saber o que cada candidatura propõe é essencial, sob pena de se costurarem apenas arranjos eleitorais, desprovidos de conteúdo.

Ora, basta que se encare o caos urbano que envolve quase todas as grandes e médias cidades do País e implica soluções de profundidade, de caráter estruturante. Mal se arranham alguns temas, como a mobilidade urbana, e assim mesmo em nível tão superficial quanto inconsequente. Subjacentemente, há como que uma cegueira coletiva em relação à imperiosa necessidade de se utilizar os instrumentos de reforma urbana – especialmente o Estatuto das Cidades e o Plano Diretor – para melhor gerir a ocupação e uso do território, assim como encontrar resposta para problemas estruturais tipo habitação, saneamento ambiental, educação, saúde, transporte e segurança.

Acresce que nos aglomerados urbanos, ou seja nas metrópoles – a exemplo da Região Metropolitana do Recife -, esses problemas são compartilhados com os municípios limítrofes e circundantes, imponto soluções consorciadas envolvendo os três entes federativos.

Mais do que oportuno, portanto, às portas das convenções partidárias, trazer à luz questões como essas para além do disse-me-disse entre Fulano, Sicrano e Beltrano.

27 maio 2012

A verve de Verissimo

Um exemplo mais ou menos
Luís Fernando Verissimo, na Gazeta de Alagoas


Paris – A vitória do Chelsea sobre o Bayern naquele jogo fantástico que decidiu a Copa dos Campeões trouxe um alento para quem ainda acredita na união europeia. Cada campeonato sensacional da Uefa reforça a ideia de que é possível existir uma comunidade que funcione. O futebol dá o exemplo – não de rivalidade exacerbada entre nações, mas do sucesso comercial de um empreendimento comum, fora uma ou outra guerra de torcida.

É verdade que o Chelsea não é um exemplo cem por cento aproveitável de triunfo europeu. É um clube inglês que pertence a um milionário russo e cuja estrela principal vem da Costa do Marfim. Mas quem sabe a solução para a Europa não deva vir de fora e o que falte não seja um patrocinador com muito dinheiro e uma política de imigração que facilite a vinda de muitos Drogbas? A salvação, quem diria, pode vir da Rússia e de uma política de imigração sem restrições, oposta à proposta atualmente pelos conservadores de toda a Europa. Um investidor americano já é o dono de outro tradicional clube inglês, o Liverpool. A tendência pode crescer e nada impede que algum milionário compre não um clube grego, mas a Grécia.

A Copa da Uefa pode sugerir outras maneiras da Europa resolver sua crise. A grande discussão, hoje, sobre o futuro do continente, é entre austeridade e crescimento. Por que não transformar esse confronto em futebol? Times identificados com a austeridade – como uma seleção alemã – contra times pró-crescimento, num torneio bem organizado, com o vencedor final decidindo a política a ser seguida por todos. Como atrativo adicional de se ver o Messi e o Drogba no mesmo time.

Mesmo que não aproveitem minhas ideias perfeitamente razoáveis, o futebol dos campeões europeus permanece como um parâmetro para os políticos em busca de uma saída para a crise. Mas pode, claro, acontecer o contrário: em vez do futebol mostrar a saída para a crise, a crise alcançar também o futebol. E o espetáculos da final deste ano em Munique ser lembrado como a apoteose que precede o declínio.

Mas bem ou mal, foi uma apoteose.

Viver é lutar

A sugestão de domingo é da amiga Dulce: “Valorize tudo o que conquistar com luta, desconfie de tudo o que lhe vier sem esforço.”

26 maio 2012

Trabalho infantil: uma opinião a considerar

Mais um “E” para o PETI não seria demais...
Reginaldo Veloso*

O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil- PETI, no afã de defender as crianças contra abusos na prática do trabalho infantil, corre o sério risco de prejudicar as crianças em seu processo de educação e iniciação à vida. Refiro-me a pronunciamentos que ouvi de seus responsáveis na “Caravana”, evento acontecido no auditório da Assembleia Legislativa de Pernambuco, nesta quarta-feira, 24 de maio p. p.
Alguém, em sã consciência, pode desconhecer que os valores básicos da vida, todos eles, inclusive, por exemplo, a política, a religião, o trabalho, a disciplina, precisam, desde cedo, fazer parte do cardápio da Educação, não apenas como ideário a ser trabalhado no seio da família ou nas salas de aula, em forma de conselhos ou conceitos, mas como “experiência” e prática?...

Em se tratando, especificamente, de trabalho, pode-se ignorar a importância do interesse das próprias crianças, à medida que vão crescendo e se desenvolvendo, em aprender os ofícios dos pais e mães, ou outros que despertam sua atenção ou caem, espontaneamente, em seu gosto, isso, tanto em meio rural quanto urbano?... Seja porque, aí, descobrem algo de interessante e sentem o prazer de criar ou fazer algo, seja porque sentem vontade de participar do esforço coletivo e solidário da família na luta pela sobrevivência, seja porque querem ganhar o seu dinheirinho, o fato é que, há crianças que por si mesmas se interessam pelo trabalho.

Não haveria um valor, uma beleza até, na criança, filha de agricultor, que começa a brincar de limpar mato com a enxadinha velha, e, aos poucos, vai recebendo do pai ou da mãe pequenas tarefas no cultivo da terra, crescendo desde pequena, no gosto de ser um agricultor?... Não há uma importância e encanto no garoto que começa a bater prego com um martelo, a pegar o serrote e cortar restos de madeira, fabricando um carrinho, e vai crescendo na marcenaria do pai, aprendendo aos poucos as tarefas desta profissão?... Não é bonito ver as meninas brincando de cozinhado e se interessando por ajudar a mãe a “bater um bolo”, e ir aprendendo e assumindo, aos poucos, tarefas da cozinha e outras?...

Todos aqueles e aquelas que na família, na escola, na igreja, em qualquer instância de vida social, têm o papel de educador (a) junto às crianças, não poderão desconhecer jamais a importância desse interesse. Essas experiências, efetivamente, são oportunidades de ajudar as crianças a crescerem tomando consciência dos valores do trabalho como atividade criativa e realizadora, expressão de serviço, colaboração e solidariedade, meio digno de vida, e, até, como ponto de inserção na vida da Classe Trabalhadora, com progressiva consciência de direitos e deveres e participação nas suas lutas. Por sinal, conheci, no Peru, um Movimento que se intitulava “Movimentos de Crianças Trabalhadoras, Filhos de Trabalhadores Cristãos”.

Se há crianças que, por si mesmas, não se interessam pelo trabalho, precisariam, em nome de um saudável processo educativo, ser despertadas para esse interesse, sob pena de serem prejudicadas em seu desenvolvimento como seres humanos criativos e realizados, dignos, autônomos, responsáveis, colaborativos, serviçais e solidários.

Claro que isso nada tem a ver com as aberrantes e deploráveis práticas de exploração do trabalho infantil por parte de quem quer que seja, que vão do trabalho doméstico excessivo, não só na casa dos outros, mas às vezes, na sua própria, ao corte da cana, às carvoarias, quando não chegam ao cúmulo da perversão, nas “tarefas” de mendicância, do tráfico e da prostituição, às vezes a isso empurradas pelos próprios familiares.

Claro que a atividade própria da criança é a brincadeira. E tudo quanto a ela é proporcionado como oportunidade de expressão e realização deverá ter uma dimensão lúdica, seja no convívio da família, seja na escola, seja na igreja ou quem qualquer outra instância da vida social das crianças.  Com essa compreensão, o Movimento de Adolescentes e Crianças, - MAC, já nos anos 70, cunhava a expressão que se tornou lugar comum: BRINCADEIRA É COISA SÉRIA!

Mas, sem prejuízo do tempo de escola e do sagrado tempo de brincar, o descuido dessa faceta da importância do trabalho no processo educativo das crianças não estaria na base de distúrbios de comportamento na idade adulta, que vão da inapetência e desinteresse pelo trabalho aos desvios todos da vadiagem e da malandragem?...

Por tudo isso, me parece que precisaria acrescentar-se à sigla do PETI mais um “E”: Programa de Erradicação da Exploração do Trabalho Infantil = PEETI. Sim, porque o trabalho mesmo, como dimensão da vida humana é algo que nasce com a criança e precisa desenvolver-se, gradualmente, é claro, com todo o seu ser, desde ela pequena.

Não dá para entender bem certas investidas do poder público, em nome da “erradicação do trabalho infantil”, quando seus agentes põem toda sorte de obstáculos à realização de experiências criteriosas e educativas de formação profissional ou simplesmente de ocupação saudável do tempo ocioso de crianças e adolescentes menores de 14 anos que, sem prejuízo do seu tempo de escola e de lazer, se dedicam ao cultivo de hortaliças ou plantas medicinais em espaços escolares ou comunitários... quando abordam famílias que, no final de semana, vão vender sua produção agrícola ou artesanal em feiras, ou aproveitam as oportunidades sazonais, e vão vender água, refrigerante etc. na orla marítima, fazendo-se acompanhar por filhos menores, os quais, talvez, nem poderiam deixar em casa, contando com os mesmos na tarefa de atender os clientes que chegam... Qualificar fatos semelhantes como “trabalho infantil” que precisa ser sumariamente “erradicado”, “na forma da lei”, me cheira a atitude repressiva, descabida, sem justificativa que provenha de bom senso... É, sim, interpretação vesga e insensata da lei. Não dá “para mostrar serviço”, recorrendo a esse tipo de expediente, talvez porque mais fácil de dar conta e aparecer.

Que não se tomem decisões ou atitudes, sem saber, primeiro do que se trata ou quem é quem, e em que circunstâncias as coisas acontecem. O argumento simplório de quem acha que está tudo resolvido porque “perguntei às crianças que trabalhavam na feira o que é que elas mais gostariam de fazer e elas responderam que era brincar”, de repente, poderia valer para, simplesmente, não mandar mais as crianças à escola, por exemplo. Seria o caso?...

Seja como for, o que precisa ficar mais claro e definido é o que, efetivamente se constitui como abuso ou exploração. E o que precisa ser combatido eficazmente é o abuso e a exploração. E não, passar, feito rolo compressor, por cima de valores a serem evidenciados e cultivados no processo educativo, ou por cima de pessoas que, na sua simplicidade e bom senso organizam e vivem suas vidas de maneira correta e sensata.
*Reginaldo Veloso: Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs; Fundador e consultor do Movimento do Movimento de Adolescentes e Crianças – MAC; Assistente do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC; Assessor do Programa de Animação Cultural – PAC, da Escola pernambucana de Circo - EPC

Idéias à mesa

Na coluna Fogo Cruzado, de Inaldo Sampaio na Folha de Pernambuco: A cobrança - Luciano Siqueira (PCdoB) diz ter o maior respeito pelos quatro pré-candidatos da oposição à prefeitura do Recife. Mas antes das críticas feitas por eles ao prefeito João da Costa gostaria que propusessem um novo modelo de políticas públicas para elevar o nível do debate.

Enio vê interesses estrangeiros no Código florestal

Charge de Enio Lins na Gazeta de Alagoas

Inacessibilidade desumana

IBGE: faltam rampas de acesso nas proximidades de 95% dos domicílios do país
. Pesquisa divulgada ontem (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que não há rampas de acessibilidade nas proximidades de 95,3% dos domicílios urbanos no país. Esse é o item de circulação menos presente em torno das casas. Por outro lado, a iluminação chega a 96,3%, e ruas estão pavimentadas em 81,7% dos domicílios no país, informa a Agência Brasil.
. Com base no Censo 2010, o IBGE estudou as condições de infraestrutura nas proximidades de 96,9% dos domicílios brasileiros, onde vivem 84,4% da população. Embora os percentuais da presença de rampas para deficientes seja baixo em todas as regiões, Centro-Oeste e Sul têm o índice mais elevado, ao atender a 7,8% dos domicílios. No Norte e no Nordeste, há rampas ao redor de apenas 1,6% das casas e no Sudeste, de 5%.
. A presidenta do IBGE, Wasmália Bivar, disse que os desafios são elevados. “Mesmo nas áreas desenvolvidas, que têm avançado na colocação de rampas, os percentuais são muito modestos e há espaço pra crescer.”
. O levantamento mostrou ainda que entre as condições não desejáveis há esgoto a céu aberto nas redondezas de 11% das moradias e depósitos de lixo nas proximidades de 5%. Por fim, confirma que quanto maior a renda do morador, melhores são as condições em torno do domicílio.
. A pesquisa comprova também uma relação entre as coletas de lixo e de esgoto e condições de infraestrutura. Os logradouros atendidos diariamente pelo serviço de limpeza estão mais bem identificados e entre aqueles com as maiores taxas de pavimentação, meio-fio, calçadas e bueiros. Mas mesmo naqueles sem coleta de lixo, há boa iluminação pública.
. As diferenças regionais também persistem em termos de infraestrutura das cidades, constatou o IBGE. Enquanto a Região Sudeste oferece condições mais desejáveis de vida – tendo 80% dos domicílios com ruas pavimentadas, meio-fio e calçadas –, a Região Norte, com exceção de iluminação pública, tem os piores indicadores. A maioria dos itens não alcançava 62% dos domicílios. “Essas variáveis são reveladoras das diferenças sociais, econômicas e regionais. Isso está bastante claro e já era esperado”, destacou a presidenta do IBGE.
. No Norte, 32,2% dos domicílios ainda convivem com esgoto a céu a aberto e 7,8% das casas não têm coleta de lixo. No Nordeste, o percentual chega a 6,5% de residências sem coleta de lixo e 26,3% sem conexão com a rede de esgoto. Já no Sudeste, os percentuais são 4,2% e 4,5%.
. Entre os 15 municípios com mais de 1 milhão de habitantes, as condições de circulação da população são melhores em Goiânia (GO) e Belo Horizonte (MG). No extremo, em condições menos desejáveis está Belém (PA). A cidade tem mais alta taxa de esgoto a céu aberto: 44,5% dos domicílios. Em São Luís (MA), 33,9% das casas também convivem com o problema.

A evolução pela linguagem

Ciência Hoje Online:
Evolução? Mudança!
A partir da falsa dicotomia língua primitiva X língua sofisticada, o linguista Sírio Possenti reflete sobre as adaptações da língua em diferentes sociedades, que adotam critérios próprios, de acordo com seu gosto e suas necessidades.
. Durante algum tempo (no século 19, basicamente, mas é incrível como o tempo ideológico não passa!) acreditou-se que as línguas evoluem. Segundo o sentido mais comum da palavra, defendeu-se que haveria línguas primitivas, precárias (crença que ainda persiste em muitos domínios). Elas seriam faladas por sociedades também primitivas. Ambas evoluiriam, tornar-se-iam mais sofisticadas, adquiririam mais recursos, capazes de permitir a expressão de formas de pensamento mais complexas.
. A tese caiu por terra em decorrência de dois argumentos: a) a análise das línguas ditas primitivas por gente que sabia o que estava fazendo mostrou que não há línguas primitivas, se elas forem consideradas ‘em si’, isto é, objetivamente, e em cada um de seus subsistemas (fonologia, morfologia, sintaxe, semântica); b) a comparação com as línguas ditas civilizadas mostrou claramente que certos subsistemas (como o dos casos) são partilhados por línguas ditas de civilização e línguas ditas primitivas. Portanto...
. Na verdade, um terceiro argumento foi muito relevante: o latim e o grego, línguas altamente flexionais, sempre foram considerados exemplos de línguas ‘evoluídas’. Ora, essa avaliação deveria fazer com que o inglês fosse considerado ‘primitivo’, já que praticamente não tem flexões (poucas de número, nenhuma de gênero, pessoas verbais quase invariáveis etc.). Ora, considerada a ‘produção’ em inglês – literária, filosófica, científica etc. –, a tese é completamente insustentável. Portanto...
. Leia o texto na íntegra http://migre.me/9esCM

Pelo bom debate democrático

Amigos, mirem-se no exemplo de Miguel Arraes: nenhuma palavra ofensiva sobre aliados ou adversários, todo respeito às diferenças.

Vírus ideológico neoliberal

O novo pensamento autoritário
Eduardo Bomfim, no portal Vermelho

O recente artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre livro do sociólogo francês Alain Touraine é um sinal de novas tendências no campo doutrinário do chamado novo liberalismo.

Ao lançarem as bases do que propõem como paradigmas da política e da moral pública, FHC e Touraine indicam os caminhos que o pensamento hegemônico da nova ordem mundial deve tomar e as premissas ideológicas hasteadas pelo capital financeiro internacional.

Fernando Henrique afirma em primeiro lugar que daqui para frente o confronto central da civilização será entre o mundo do lucro e a defesa dos direitos humanos, do individualismo com responsabilidade social.

Mas isso aponta para a tentativa de se rebaixar, teoricamente, ou esconder os fatores econômicos nos destinos das sociedades e dos indivíduos.

O ex-presidente-sociólogo argumenta que os partidos políticos teriam perdido a sua lógica e razão de existir e deveriam ser substituídos por outras formas de organização que seriam consagradas por uma suposta Nova Era das sociedades onde os conceitos da "pós-política" e da "pós-economia" devem conduzir o futuro da humanidade.

É importante frisar que essas ideias não são originais tanto no âmbito da História quanto no pensamento político e estão em moda nesses últimos vinte anos via complexo midiático hegemônico internacional como propaganda ideológica de desestímulo à participação popular nos destinos políticos das nações.

Que também promove intensamente o engajamento das pessoas em causas fragmentárias, tópicas, atomizadas, especialmente através das ONGs, que são em última instância um sub-produto do neoliberalismo, cujas origem e essência residem na ideia da fragilização do caráter estratégico do Estado nacional.

O que aparece na verdade como novo é a negação explícita à existência dos partidos políticos, além da tentativa de criminalização da ciência econômica como instrumento fundamental para compreensão dos mecanismos das sociedades e por conseguinte dos caminhos para a sua transformação.

Assim é que surge agora a apologia de uma espécie de Nova Inquisição contra o pensamento científico. E com a falência generalizada da nova ordem mundial, das agremiações neoliberais ortodoxas mundo afora, já se pensa abertamente em doutrinas que justifiquem o retorno dos regimes autoritários como freio ao crescimento das nações e às lutas dos povos.

Carinhosa cumplicidade

A dica de sábado é de Milton Nascimento: “Amigo é coisa para se guardar/Debaixo de sete chaves/Dentro do coração.”

24 maio 2012

Ligeira queda na inflação

. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) apresentou decréscimo em cinco das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV), na semana de 22 de maio, em relação à semana anterior. A maior queda foi observada na cidade do Rio de Janeiro, de 0,17 ponto percentual (ao passar de 0,57% na semana de 15 de maio para 0,4% na de 22), informa a Agência Brasil.
. Outras cidades que tiveram redução foram Belo Horizonte (0,14 ponto percentual, ao passar de 0,62% para 0,48% no período), Porto Alegre (0,11 ponto percentual, ao passar de 0,57% para 0,46%), Brasília (0,07 ponto percentual, ao passar de 0,48% para 0,41%) e São Paulo (0,02 ponto percentual, ao passar de 0,43% para 0,41%).
. Já as cidades de Salvador e Recife tiveram alta nas taxas do IPC-S. A inflação em Salvador aumentou 0,15 ponto percentual, ao passar de 0,68% para 0,83%. Em Recife, houve aumento de 0,06 ponto percentual, ao passar de 0,74% para 0,8%.
. Na semana de 22 de maio, o IPC-S ficou em 0,5%, na média global. O resultado é 0,05 ponto percentual inferior ao da semana do dia 15 (0,55%).

23 maio 2012

Tudo tem hora e na política todo cuidado é pouco

A variável tempo nas decisões políticas
Luciano Siqueira*


Há tempo para tudo, mas é preciso agir no tempo certo. Essa obviedade, comprovada ao longo da História, nem sempre é levada na devida conta nas pelejas cotidianas. Daí se cometer equívocos que terminam modificando o cenário político, complicando-o.

Ora, se na primeira revolução socialista da História – a conquista do poder pelos bolcheviques na Rússia – a escolha do momento certo para a tomada do Palácio do Inverno implicou acirrada polêmica, vencida pela genialidade de Lenin, nada mais lícito imaginar que nas batalhas locais, conforme as travamos neste instante em todo o País, mirando Prefeituras e câmaras Municipais, igual discernimento se impõe.

Estamos a cerca de quarenta dias do prazo final para a realização das convenções partidárias, que podem ir até 30 de junho. Muito tempo? Sim e não, depende da situação concreta. Quando as coisas caminham sob céu de brigadeiro, não há razão para açodamento. Mas há risco de tempestade, não é tanto tempo assim.

Há lugares onde numa determinada conjugação de forças um partido se sobressai como hegemônico. Os demais respeitam essa condição e aguardam a apresentação de propostas destinadas ao imprescindível consenso em torno de plataforma programática e composição de chapas majoritária e proporcionais. Mas não por tempo indeterminado, pois aí já não seria razoável.

Cada partido tem seu próprio modo de ser e de agir, conforme o artigo 8 da Constituição. Quando envolto em discrepâncias e disputas internas, lança mão do instrumental que lhe conferem os Estatutos. Aos demais cabe assimilar essa contingência. Isto não quer dizer, entretanto, submissão às conveniências do aliado. Todos têm interesses próprios – naturais, legítimos – e se guiam por um roteiro próprio, dimensionado no tempo e no espaço.

Em síntese, quanto mais ampla se deseja a coligação partidária mais necessário se faz evitar constrangimentos de última hora. Sob pena de dissenções irrevogáveis que podem afetar, adiante, as possibilidades de vitória.

Entre o início das conversações e a conformação dos acordos a serem referendados pelas convenções de junho há todo um debate acerca de projeto de governo e dos arranjos sobre a disputa proporcional que exigem clareza, bom senso, paciência e espírito público.

Vale sobretudo para as capitais e cidades grandes e médias, que acentuam no pleito municipal a condição de ante sala das eleições gerais de 2014 e onde todas as correntes políticas enxergam a possibilidade de acúmulo de forças. 

Chegando a hora de todos sentarem à mesa

A pauta que precede as convenções de junho
Luciano Siqueira

Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Em todos os 5.565 municípios brasileiros, das capitais e grandes cidades aos de menor dimensão, entram em cena as tratativas que antecedem as convenções partidárias, previstas para junho, tendo em vista o pleito de outubro. Respeitando-se a imensa diversidade que marca as realidades locais, reflexo do desenho socioeconômico e geopolítico deste imenso e multifacético País, cumpre buscar, em cada lugar, no nível possível, a construção de alianças consistentes, politicamente definidas.

Daí decorre uma pauta irrecusável: 1) plataforma programática; 2) modelo de relacionamento entre o futuro governante e as forças partidárias e sociais que deem sustentação ao governo; 3) composição da chapa majoritária; 4) formato da disputa comum pela Câmara Municipal.

A plataforma programática dará conteúdo à coligação, desenhará o discurso de campanha e os compromissos assumidos perante a população.

O modo de relacionamento entre o governante e seus partido com os demais partidos coligados e segmentos organizados da sociedade – que se deseja possibilite que todos se vejam partícipes do projeto político-administrativo comum -, aponta para as condições de governabilidade.

A composição da chapa majoritária – prefeito e vice-prefeito – tem peso específico na conformação de um equilíbrio entre as forças coligadas, atento à real correlação de forças no seio da coligação; além de contribuir, em certa medida, para as condições de competividade.

O formato da disputa proporcional, ou seja, por cadeiras na Câmara Municipal, considera as variadas motivações dos componentes da frente estabelecida. Sobretudo em frentes amplas e diversificadas – caso do Recife, por e4emplo, onde a Frente Popular deve reunir em torno de quinze agremiações partidárias -, há quem prefira disputar com chapa própria, há que pretenda firmar coligação. Em geral é uma obra de engenharia política da qual resulta a capacidade de capilarização da campanha majoritária, através de candidaturas a vereador enraizadas no seio da população.

Posta assim de modo esquemático, pode parecer uma pauta simples. Nem tanto. Exige tempo político hábil, serenidade, bom senso e espirito público – e em especial competência do candidato ou candidata à chefia do Executivo municipal para agregar e unir, considerando naturais discrepâncias e conflitos de interesse. 

Quem tem tempo não tem pressa, assegura o jargão político. Depende. A mensuração do tempo político varia de situação a situação e quanto mais amplas a coligação partidária e mais complexo o cenário inicial da disputa, maior o cuidado para não atropelar os entendimentos, nem gerar dissensões que possam comprometer, adiante, as possibilidades de vitória.

22 maio 2012

Boa tarde, Carlos Drummond de Andrade

A Palavra Mágica

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

História: 22 de maio de 1937

Na serra do Araripe, CE, Polícia e Exército, aterrorizados pelo espectro de Canudos, atacam inclusive com bombardeio aéreo os beatos vindos do Caldeirão (Vermelho www.vermelho.org.br).

Para manter o crescimento

Corte do IPI de automóveis e ampliação do crédito para manter crescimento da economia. Pode ser uma boa medida. Veremos.

Cuidado com o que se diz

Em política, as palavras o vento NÃO leva. Por isso importa evitar a incontinência verbal.

21 maio 2012

Impasse na Europa, ameaças ao Brasil

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Sinal vermelho

A débâcle, nessa semana, de vários grandes bancos espanhóis acelera a crise financeira do país sacudido por imensas manifestações de trabalhadores, estudantes, pequenos, médios empresários, que se espalham de Madri à Catalunha.

Na verdade a Europa caminha a passos largos rumo a um sério impasse econômico, social, com desdobramentos políticos que já se manifestaram nas eleições francesa, grega e recentemente na Alemanha

Mas o que está em cheque mesmo é a atual configuração da União Europeia e a suposição de que suas políticas fiscais são equânimes para todos os seus membros.

O que é uma verdadeira falácia porque essa pretensa igualdade nos direitos e deveres de cada nação associada ao Euro revelou-se na prática uma equação de dominação por parte das duas grandes potências econômicas, Alemanha e França, associada a uma profunda subordinação das demais sejam elas médias ou pequenas.

Ao insistir na estratégia da austeridade fiscal em detrimento das políticas de retomada do crescimento contra a crise, o governo Merkel secundado pela França do então presidente Sarkozy, ajudou a empurrar a Europa para o abismo, resultante das relações servis do Banco Central Europeu para com as poderosas instituições financeiras do velho continente.

O que se encontra em curso por lá é a aplicação do mesmo veneno que vitimou a América Latina e o Brasil, provocando a estagnação econômica, verticalizando os históricos abismos sociais existentes, sustando o crescimento por décadas.

Os desdobramentos da atual situação crítica que passa a Europa serão observados e medidos em questão de meses, tal é a sua gravidade. Deverá mergulhar no caos inicialmente Grécia, Portugal, Espanha, Itália, com grandes possibilidades, em cenário mais agudo, de por em cheque a existência do Euro.

O que pode suscitar uma nova onda de abalo na economia mundial já em crise desde 2008 com a explosão da "bolha imobiliária" nos Estados Unidos quando os governos Bush e Obama livraram a cara dos banqueiros e massacraram a população norte-americana.

Assim, o Brasil precisa ficar atento ao sinal vermelho que acendeu na economia mundial. O governo necessita intensificar novas estratégias de crescimento econômico, blindar o País contra as tentativas de assalto do capital especulativo e mover-se com cuidado em uma crise política global poucas vezes vista.

20 maio 2012

O dia seguinte

Após as prévias do PT no Recife, hoje, o dia seguinte exigirá equilíbrio, bom senso e espírito público – dos petistas e do conjunto da Frente Popular.

Domingo do poeta

A sugestão de domingo é de Bertolt Brecht: “Em vez de serdes só livres, esforçai-vos/Por criar uma situação que a todos liberte...”.

Ciência brasileira

Ciência Hoje Online:
Mais agulhas no palheiro
Metodologia criada por bióloga da UFMG permite detectar com mais eficiência ovos e larvas de vermes em folhas de alface. Procedimento foi padronizado para uso por órgãos de vigilância sanitária.
. Hortaliças são importantes veículos de transmissão de vermes. Portanto, lavá-las antes de comer é fundamental para evitar uma infestação. Esse cuidado muitas vezes é dispensado com os chamados vegetais minimamente processados, vendidos higienizados em embalagem fechada, supostamente ‘prontos para consumo’.
. O que pouca gente sabe é que as análises laboratoriais desses produtos feitas por órgãos de vigilância sanitária nem sempre são suficientes para evitar a comercialização de verduras contaminadas com ovos e larvas de helmintos. Em dissertação defendida recentemente na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a bióloga Flaviane Matosinhos propôs uma metodologia mais eficiente para detecção desses parasitas que pode ajudar a reduzir o problema.
. Leia a matéria na íntegra http://migre.me/99t59

19 maio 2012

Reconhecimento histórico

No Jornal do Commercio:
Anistia a Fernando Santa Cruz
Por Sérgio Montenegro Filho

A Comissão Nacional de Anistia (CNA) se reúne no próximo dia 22 para julgar o processo de anistia do estudante pernambucano Fernando Santa Cruz, desaparecido no Rio de Janeiro em fevereiro de 1974. Após as revelações feitas pelo ex-delegado do DOPS, Cláudio Guerra – que lançou este mês o livro Memórias de uma guerra suja, no qual confessa a participação em centenas de mortes, inclusive a do estudante pernambucano –, o secretário nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, enviou carta aos familiares de Fernando Santa Cruz convidando-os para a sessão da comissão, na qual lhe será concedida a anistia, incluindo um pedido formal de desculpas do governo brasileiro pela sua morte.

De acordo com o irmão de Fernando, o advogado e vereador olindense Marcelo Santa Cruz, a iniciativa de Abrão é positiva e vem num momento em que a família recebeu as primeiras notícias sobre o destino do corpo do seu irmão. Segundo o relato do ex-delegado no livro, Fernando e outros nove mortos sob tortura tiveram seus cadáveres incinerados – sob seu comando – num dos fornos da usina Cambahyba, no município de Campos, norte do Rio de Janeiro. “Um simples pedido de desculpas do governo não é suficiente. Vamos aproveitar para cobrar uma ampla investigação, tendo como roteiro esse livro do ex-delegado. Afinal, é a primeira vez que algum agente da repressão decide contar os fatos”, disse Marcelo, que estará presente à sessão da Comissão da Anistia, dia 22, juntamente com seus irmãos e o filho de Fernando, Felipe Santa Cruz. A mãe do estudante, dona Elzita Santa Cruz – considerada um símbolo da resistência dos familiares de mortos e desaparecidos no País – não poderá comparecer, mas enviará uma carta que será lida na sessão.

Antes da sessão da comissão, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, convidou os familiares de vários desaparecidos políticos para uma reunião, na qual ele pretende fazer um relatório das primeiras investigações realizadas pela Polícia Federal com base no livro publicado pelo ex-delegado Cláudio Guerra. Pouco antes do lançamento do livro – quando vazaram os primeiros trechos –, o ministro começou a ser duramente cobrado por parte dos movimentos nacionais de direitos humanos, inclusive a Comissão Nacional de Familiares de Mortos e Desaparecidos – da qual Marcelo Santa Cruz faz parte – para que tomasse providência no sentido de checar as informações contidas no relato.

Dica de poeta

A dica de sábado é de Carlos Drummond de Andrade:Lutar com palavras é a luta mais vã/Entanto lutamos mal rompe a manhã.”

17 maio 2012

Copa do Mundo no Brasil

A oportunidade da Copa
Aldo Rebelo e Luís Fernandes*

"A taça do mundo é nossa."
(Canção celebrando a conquista da Copa do Mundo da Suécia, 1958, de Wagner Maugeri, Lauro Müller, Maugeri Sobrinho e Victor Dagô)

A Copa do Mundo é a joia da coroa do futebol. Além de ser assistida por metade da humanidade, garante ao país anfitrião a classificação automática para disputá-la e vantagens comparativas para vencê-la.

Mas também pode fomentar um furacão desenvolvimentista, forjando obras, inovações tecnológicas, aperfeiçoamento de serviços, qualificação profissional e políticas sociais abrangentes. O resultado é o que se convenciona chamar de legado social: a Copa catalisa inúmeros benefícios que extrapolam o efêmero mês dos jogos e se perpetuam como conquistas populares.

Estima-se que a reforma ou construção de estádios, hotéis e aeroportos, a generalização da tecnologia 4G para as telecomunicações, as obras de mobilidade urbana que vão servir à população das cidades e a geração quase ilimitada de oportunidades de negócios para pequenas e médias empresas acrescentarão cerca de R$ 180 bilhões ao PIB nacional até 2019.
Há ainda benfeitorias variadas -miúdas umas, como o curso de inglês para balconistas do Mercadão de São Paulo, grandiosas outras, a exemplo do projeto da rede de pesquisa de neurociências encabeçada pelo professor Miguel Nicolelis, que torna possível quer uma criança deficiente dê o pontapé inicial do jogo inaugural da Copa de 2014.

Tamanha torrente de benefícios inexoravelmente comporta problemas e desafios proporcionais à sua magnitude. A transparência (e, com ela, o escrutínio da imprensa) não é promessa, mas fato.
Existe uma matriz de responsabilidades que estabelece um pacto de obrigações entre os entes da Federação para assegurar a boa e eficiente preparação do grandioso evento.

A Controladoria-Geral da União mantém um portal na internet acompanhando todas as obras e contratos. Os tribunais de contas, a começar pelo Tribunal de Contas da União, exercem com denodo e espírito público sua função fiscalizadora.

O governo federal desempenha o seu papel de coordenação e execução, em associação com os governos estaduais e municipais, a Fifa e o Comitê Organizador Local da Copa.

Não se pode esperar da Copa o poder miraculoso de remover instantaneamente antigas deformidades nacionais (ao contrário, é bem-vinda também por expô-las e forçar correções), mas convém repetir que o Estado e a nação brasileiros já superaram desafios de igual ou maior magnitude em condições mais adversas do que as de hoje, incluindo a vitoriosa organização da Copa de 1950.
Estamos absolutamente seguros de que as obras essenciais estarão prontas para atender, com eficiência e qualidade, as necessidades da Copa de 2014 e mesmo da Copa das Confederações de 2013.

Ao final desses torneios, o Brasil contará com estádios à altura da excelência do seu futebol e da paixão da sua torcida. Alguns nos brindarão com inovações adicionais, como criativas soluções de sustentabilidade ambiental, conforto, segurança e acessibilidade.
O Brasil é o único país a participar das 19 edições da Copa do Mundo, o único a conquistar o torneio cinco vezes, além de ostentar Pelé como o maior jogador de todos os tempos e Ronaldo na condição de principal artilheiro de todas as Copas.

O Brasil saberá encantar, surpreender e mobilizar o mundo na Copa de 2014. Esperamos que a nossa seleção consiga fazer o mesmo dentro de campo.
ALDO REBELO, 56, é ministro do Esporte; LUÍS FERNANDES, 54, é secretário-executivo do Ministério do Esporte

Muita gente conectada

. Cerca de 33% dos brasileiros têm acesso à internet em casa e quase a metade deles utiliza banda larga. Esse número deixa o Brasil em 63º lugar no ranking de 154 países na avaliação do número de pessoas com acesso domiciliar à internet. Os dados são da pesquisa Mapa da Inclusão Digital, divulgados hoje (16) pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pela Fundação Telefônica. Na Suécia, 97% dos domicílios estão conectados à rede.
. O estudo utilizou dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o mapa, a cidade de São Caetano do Sul, no estado de São Paulo, apresenta o maior índice do país de acesso à internet em casa (69%). Já em Aroeiras, no Piauí, o percentual é igual a zero.

16 maio 2012

Dia Nacional do Assistente Social

A assistência social e a consciência cidadã
Luciano Siqueira

Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo (JC Online)

Entre o que dispõe a lei e o exercício prático de uma profissão há toda uma gama de variáveis que contribuem - como possibilidades ou ameaças – para delineá-la no contexto atual. Isto ocorre com os que se dedicam à assistência social, cuja missão, definida pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e ancorada na Constituição de 88, ganha relevo crescente conforme o evolver da sociedade.

E a sociedade da qual falamos, o Brasil, se evolui incorporando elementos essenciais do progresso técnico e produtivo, sem contudo assegurar que seus benefícios alcancem a maioria da população. Como subproduto disso, parcela expressiva é constrangida a condições de sobrevivência mais do que precária, sob alto grau de vulnerabilidade.

Daí decorre uma das vertentes da atividade do profissional da assistência social, certamente a mais essencial, que é a de atuar junto aos segmentos da população em situação de risco ou de vulnerabilidade, objeto de programas e ações governamentais. Muito mais do que em outras tantas, como o trabalho em empresas privadas, onde o profissional interage entre a direção e os trabalhadores, é nesta esfera – a da relação entre o poder público e a população – que um traço libertário da profissão se expressa.

Ocorre que na cultura dominante, ações governamentais que beneficiam a população menos aquinhoada materialmente não são percebidas como dever do Estado e direito do cidadão, o que alimenta um sentimento ingênuo de gratidão, da parte dos beneficiados, e uma exploração via de regra eleitoreira, por parte dos que governam. O desafio é contribuir para que as pessoas se descubram sujeito de direitos.

Este já é um passo importantíssimo, conforme preconiza a LOAS. Mas é preciso ir mais adiante: problematizando as razões pelas quais os direitos fundamentais do cidadão não são plenamente realizados, fomentar a consciência de que, além de sujeito de direitos, trata-se também – o cidadão e a cidadã – de agente transformador da sociedade.

Nada disso é fácil. Não há manual nem fórmula a seguir. Implica em aprendizado permanente, complexo, sinuoso; um misto de convicção e experiência acumulada. Impõe remar contra a maré das concepções dominantes, de natureza meramente pragmática e utilitarista. Mas há bons exemplos dessa prática libertadora, conforme pude observar quando dos oitos anos em que fui vice-prefeito do Recife, nas duas gestões consecutivas do prefeito João Paulo.

Faço essas considerações no sentido de estimular uma reflexão necessária, na oportunidade em que comemoramos (anteontem, 15 de maio), o Dia do Assistente Social. Uma forma de salientar a importância estratégica desse profissional na formação de uma consciência social avançada em nosso País.

Boa noite, Pablo Neruda

De Cem sonetos de amor

De tanto amor minha vida se tingiu de violeta
e fui de rumo em rumo como as aves cegas
até chegar a tua janela, amiga minha:
tu sentiste um rumor de coração quebrado

e ali da escuridão me levantei a teu peito,
sem ser e sem saber fui à torre do trigo,
surgi para viver entre tuas mãos,
me levantei do mar a tua alegria.

Ninguém pode contar o que de te devo, é lúcido
o que te devo, amor, e é como uma raiz
natal de Araucânia, o que te devo, amada.

É sem dúvida estrelado tudo o que te devo,
o que te devo é como o poço de uma zona silvestre
onde guardou o tempo relâmpagos errantes.

13 maio 2012

Bens supremos

A sugestão de domingo é do amigo Gilvan, nas palavras de Ho Chi Mihn: “Nada é mais querido que a independência e a liberdade.”

Um artista completo

Tempos de Picasso
Plínio Palhano, artista Plástico

Publicado no Diário de Pernambuco 

O artista Pablo Picasso (1881-1973) já fazia, com quatorze anos, uma pintura madura, com uma concepção privilegiada do olhar, apesar da tenra idade. Nesse período, influenciado pelo pai, Dom José Ruiz Blasco, pintor e professor de desenho, assinava as obras como Pablo Ruiz, a exemplo da pintura Primeira Comunhão, em cuja tela estão representados, segundo rígidos padrões acadêmicos, o pai e a irmã, Lola; com ela, foi admitido na Escola de Belas-Artes de Barcelona, onde se destacou como um dos estudantes mais talentosos.

O considerável acervo que a família conseguiu preservar dos primeiros ensaios de Pablo nas artes visuais, como criança e adolescente, foi posteriormente doado ao Museu Picasso: 213 pinturas a óleo sobre tela, cartão ou outros materiais; 681 desenhos, pastéis e aquarelas sobre papel; 17 cadernos de esboços e álbuns; 4 livros ilustrados de desenhos; uma água-forte; e diversos objetos. Num desabafo, Picasso diz de si próprio esta fase: “É bastante surpreendente que eu jamais tenha feito desenhos infantis. Nunca. Nem mesmo quando eu era um rapazinho”.

Tudo foi muito acelerado no processo de sua obra em 81 anos de trabalho e 92 de longa a vida, porque com 11 já estava criando obras, como atesta o acervo dessa época. Sua mente não comportava os cânones acadêmicos, estava muito além daquelas regras e do tempo, que não o acompanhava. Uma das últimas pinturas com esse perfil teve como título Ciência e Caridade (onde também estavam representados o pai e a irmã), pela qual recebeu comentários elogiosos e uma medalha de ouro em Málaga. Ainda ganhou outras medalhas na própria Málaga e em Madri, com o quadro Costumes de Aragão. Foi, então, incentivado a fazer o concurso na classe superior da Real Academia de Belas-Artes de San Fernando, em Madri, mas logo se decepcionou com aquele ensino acadêmico, abandonando a Academia para grande desgosto do pai.

À medida que Pablo vai se distanciando do universo acadêmico de Dom José Ruiz Blasco, assume o nome da mãe, assinando, aos poucos, P. Ruiz Picasso, P. Picasso ou simplesmente Picasso. É a partir daí que expressa a sua personalidade definitiva como artista. Em Barcelona, é aceito num círculo de intelectuais do café-cabaré El Quatre Gats, entre eles o seu futuro fiel secretário, Jaime Sabartés, o pintor Carlos Casagemas — que se suicidaria em Paris, o que para Picasso será um fato traumático a ponto de fazer uma obra em sua homenagem, Evocação: O enterro de Casagemas — e os irmãos Fernández de Soto.

Paris foi o seu mundo, estava destinado a ele. Foi ali que manteve contato com toda arte e com artistas que lhe dariam respaldo para ser o Picasso de sempre: com o cubismo, as esculturas, as experiências pictóricas, gráficas, deixando o gênio livre para inventar até o final da sua vida.

Sombras e luzes na cena mundial

Um mundo melhor
Eduardo Bomfim

Durante o século XX muitos das gerações que sucederam umas às outras tinham como pressuposto ético de vida pensar o mundo para melhor. Uns lutavam por transformações econômicas, sociais, radicais, outros desejavam reformá-lo, vários pensavam que ele já estava de boa medida, tratava-se apenas de ajustá-lo no que fosse possível.

Em uma visão simplista poderíamos definir essas tendências como revolucionárias, reformistas ou conservadoras, apesar do surgimento de fenômenos como o nazi-fascismo, durante os anos vinte aos quarenta, subproduto dos conflitos pela hegemonia capitalista-imperialista, ensejando a Segunda Guerra Mundial.

Mas no geral os confrontos políticos, filosóficos, ideológicos, teológicos, giravam sempre sobre a questão: como poderia ser esse mundo menos injusto, qual a maneira para aperfeiçoá-lo ou transformá-lo ?

No final do século vinte, com a débâcle do campo socialista ocidental, especialmente a URSS e o leste da Europa, pari passu ao movimento de centralização, concentração do capital financeiro mundial em escala mais agressiva, acontece uma inflexão profunda na geopolítica, na economia, nos conceitos gerais das sociedades como decorrência desse processo.

Pensadores marxistas definiram esse período da História surgido ao final do século como um "tempo inicial de sombras e trevas" que transcendia o aspecto da luta pela emancipação dos trabalhadores, estendia-se ao conjunto da atividade humana em todos os seus aspectos.

A vida mostrou que se tinha razão, nasce o pensamento único hegemônico imposto à base de um paradoxo, uma sociedade totalitária governada sob regras discricionárias, combinada com um individualismo sem fronteiras como princípio e fim da vida moral.

Entroniza-se assim outro conceito para as gerações, já não se trata de construir um mundo melhor como espírito ético da civilização, mas como, nessa ânsia hedonista infinita, o indivíduo realiza o melhor dos mundos para si próprio.

E se há novas vocações políticas, então que elas se realizem através de uma agenda social global unificada, pré-definida, nos marcos do sistema.

Mas as contradições estruturais do capital reaparecem em meio à brutal crise demonstrando a face totalitária, a exaustão econômica, um enorme cansaço social à ordem e à ideologia "globalizada", indicando que a alternativa a esse modelo de sociedade é mesmo a luta por um mundo melhor.

12 maio 2012

Um filme analisado por sua diretora

Entrevista de Tuca Siqueira sobre o filme “Garotas da Moda”, exibido no Festival CinePE http://migre.me/93C0U

Uma crônica para relaxar

Sensores abelhudos e indiscretos
Luciano Siqueira

Publicado no Jornal da Besta Fubana

É a nanotecnologia a serviço do bem estar da gente – ou, pelo menos, do controle da saúde de quem não anda tão bem assim. Cientistas da Universidade de Arkansas (EUA) criaram um conjunto de sensores têxteis em nanoestruturas que, colados ao corpo do indivíduo, transmite informações em tempo real ao médico (ou hospital, se for o caso).

É comunicação em altíssimo nível. A partir de um módulo leve e sem fio, os sensores se interligam a um software que recepciona os dados dentro de um smartphone, os compacta e os envia a uma variedade de redes sem fios. Onde o paciente estiver – aqui, na China ou no interior da Amazonia.

Assim, a pressão sanguínea, o ritmo respiratório, o consumo de oxigênio, a temperatura do corpo, algumas atividades neurais e todas as leituras que se obtêm com o eletrocardiograma convencional, inclusive a capacidade de mostrar as ondas T invertidas (denunciando o início de uma parada cardíaca), tudo isso e mais alguma coisa, entra na tela do “radar”.

Acontece que esses sinais vitais podem se alterar sob o impacto de um sem número de atividades – das mais cândidas às, digamos, calientes. O que pode gerar inquietação e dúvida no cliente, quando convidado a aderir a esse tipo de monitoramento. A privacidade do dito cujo (ou da dita cuja) estará ameaçada.

Certa vez, ainda estudante de medicina, fui solicitado a esclarecer um caso de certo modo intrigante de um jovem que, embora clinicamente curado de uma hepatite, não recebera alta médica porque nos exames laboratoriais os níveis das trasaminases (enzimas referenciadas em lesões hepáticas) não baixavam. E o cara jurava honrar o repouso absoluto prescrito pelo seu médico.

Mas, numa anaminese detalhada, onde lhe pedi que reconstituisse o seu dia a dia, fiquei sabendo que o jovem repousava sim, o dia todo, mas ao anoitecer recebia a namorada para inocente coloquiuo sob o pé de jambo no quintal de sua residência! Estivesse ele com um desses sensores colado ao corpo logo se veria que o repouso não era tão absoluto assim…

Então, que se popularize o bom uso da engenhoca, deixando-se entretanto o paciente à vontade para desligá-la ou não durante certas atividades, digamos lúdicas, para que o smartphone não registre que, para além de uma efermidade eventual, há sempre a  atração irresistível do amor e a força incontrolável da volúpia.

Boa tarde, Lucila Nogueira

Tereza Costa Rego
Decisão

Gosto de amar assim avidamente
fogueira terremoto tempestade
sobre a tua maior tranqüilidade

ventosa universal nadando leve
o céu se precipita do meu sexo

entranha nervo córtex voltagem
arrasto os horizontes da cidade

cautelas seguranças subsolos
perdoem se me dispo de repente
e me encaminho ao mar sem dar resposta

Ciência maia no século 9

Ciência Hoje Online:
Em tempo
Arqueólogos descobrem o escritório de um escriba maia do século 9 na Guatemala. Nas paredes da estrutura estão os mais antigos vestígios de cálculos astronômicos ligados aos calendários usados por essa civilização.
. O complexo arqueológico maia de Xultún, na Guatemala, foi descoberto há 100 anos, mas só agora começa a mostrar sua riqueza histórica. No local, pesquisadores encontraram o ‘escritório’ de um escriba maia com os mais antigos registros de cálculos astronômicos usados por essa civilização para construir calendários. Os símbolos estão pintados na parede e datam de cerca de 1.200 anos atrás.
. Já se sabia que os maias, povo pré-colombiano da América Central, contavam o tempo com base no movimento do Sol, da Lua e dos planetas há mais de três mil anos e o registravam em calendários esculpidos em monumentos de pedra, chamados estelas.
. No entanto, até hoje, nunca haviam sido encontrados os rascunhos dos cálculos astronômicos feitos para criar esses calendários. A relíquia está pintada na parede com delicados traços de tinta preta e vermelha que apresentam números e desenhos das fases da Lua.
. Leia matéria na íntegra http://migre.me/93eX6

Enio vê a crise na Europa

Charge de Enio Lins na Gazeta de Alagoas

A arte da tolerância

A dica de sábado é da amiga Neuza: “Quem com ferro fere, nem sempre com ferro é ferido porque existe a paciência e o perdão.”

11 maio 2012

Por uma consciência democrática avançada

Editorial do Vermelho:
A Comissão Verdade, um passo para avançar a democracia


A presidente Dilma Rousseff deu, nesta quinta feira (10), o passo necessário e esperado pelo Brasil: indicou os nomes que formarão a Comissão da Verdade, que será integrada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça Gilson Dipp, o ex-procurador-geral da República Cláudio Fontelles, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, o embaixador Paulo Sérgio Pinheiro, a psicanalista Maria Rita Kehl e os advogados Rosa Maria Cardoso da Cunha e José Paulo Cavalcanti Filho.

São sete brasileiros que terão a incumbência de levar adiante a tarefa de esclarecer os crimes cometidos pela repressão política da ditadura militar de 1964, embora a lei que criou a Comissão tenha definido um prazo de abrangência muito maior, de 1946 a 1988.

A nomeação de seus integrantes define o cenário onde a luta pela apuração daqueles crimes vai se dar nos próximos dois anos, prazo definido em lei para sua atuação. A lista de crimes é extensa, concentrada principalmente no período da ditadura militar (1964 a 1985). É uma cronologia de horrores e desumanidades que envolve tortura, sequestro, perseguição policial, assassinatos, ocultação e destruição de cadáveres, entre outras modalidades de ação ilegal e truculenta contra opositores políticos da ditadura militar.

A tarefa da Comissão será árdua. Vai enfrentar desafios como o escamoteamento de documentos e arquivos com informações necessários para esclarecer aquelas barbaridades como também a oposição e resistência dos setores conservadores e direitistas e dos saudosos da ditadura militar e seus métodos brutais.

Mas terá o apoio decidido dos democratas, da juventude, daqueles que exigem o esclarecimento daqueles acontecimentos e lutam pela responsabilização daqueles que torturaram, perseguiram e assassinaram sob o manto do Estado ditatorial. Este apoio é fundamental. Ele expressa a consciência da Nação e a confiança no avanço e consolidação da democracia. Bom trabalho aos sete indicados!