30 junho 2007

Mais sobre a ação policial no Rio


No Vermelho, por Denis Oliveira:
Ação policial no RJ: o risco da militarização da questão social
Comemorado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro como a retomada de um espaço controlado pelo “estado paralelo do tráfico de drogas”, a recente operação da polícia no Complexo Alemão mobilizou um contingente recorde de policiais, deixou 19 mortos e gerou muitas controvérsias. Entidades ligadas aos direitos humanos criticaram a operação.

Denúncias recebidas pela Ordem dos Advogados do Brasil indicam que dos 19 mortos, 11 eram inocentes. A Comissão de Direitos Humanos da mesma entidade foi impedida pelo Instituto Médico Legal de acompanhar a necropsia dos corpos. A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância ) criticou o fato de que a operação deixou crianças sem aula na sexta-feira (22) e tenha espalhado pânico entre os moradores.

O jornalista Maurício Dias, da revista Carta Capital, foi autor da reportagem de capa da publicação que sai neste final de semana e trata do tema. Em entrevista ao site Conversa Afiada, Dias afirma que “a presença do Estado, a força do Estado, que tem o poder, o uso legal da força é o Estado, também causa psicologicamente um alívio, que mostra que o Estado é mais poderoso que os bandidos. Agora tem que ter cuidado com isso. Isso não pode ser feito a qualquer preço por causa da população que está lá, mas é verdade também que, é lamentável essa constatação, mas, ela tem que ser feita, que tem um preço.”

“Higienização” - E é justamente este preço que está sendo discutido. Alguns aspectos contextuais são importantes para refletir sobre este fato. Primeiro, a operação está sendo realizada bem às vésperas da abertura dos Jogos Panamericanos, o que pode dar a impressão de estar fazendo uma “higienização” no município em função do grande evento esportivo. Isto pode ser o ponto de partida para uma militarização conjuntural da cidade nos mesmos moldes instituídos durante a Rio-92.

O próprio Maurício Dias, inicialmente favorável à ocupação da Polícia Militar, ressalta: “É preciso dizer que não basta a polícia. Não adianta nada ocupar; lá já tem dois meses, há quase 50 mortos nesses dois meses. É um número expressivo de mortos. Evidentemente a população local está apavorada também porque ela vive sob tiroteio já há dois meses. É preciso levar depois recursos econômicos suficientes pra não deixar voltar o que era antes, senão esse sacrifício de agora não terá valido nada, terá sido absolutamente em vão.”

Falta preparo - Um outro aspecto a ser considerado é que uma ação baseada apenas na repressão consolida uma cultura autoritária e autônoma presente nos órgãos policiais. A fala de um policial da operação de que foi “como dar tiro em pato em um parque de diversões” mostra o tipo de pensamento que ainda predomina nas forças policiais em que a tônica é concepção militar de destruição do outro e não a função pública de proteção do cidadão.

A negativa de acompanhamento dos membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB da necropsia dos corpos, o desencontro de informações (o número de mortos anunciado pelo governo era de 13 depois passou para 18 e, finalmente, 19) e as denúncias de que a maior parte deles não tinha ligação com o tráfico são indicadores do risco para a democracia que é transferir a responsabilidade do problema da exclusão social para uma instituição marcada pelo viés do autoritarismo, da violência e do racismo.

É importante que o problema do tráfico de drogas seja enfrentado corajosamente pelo Estado, mas é preciso que isto não seja feito a qualquer preço, desrespeitando os direitos de cidadania dos moradores dos bairros atingidos e reforçando uma cultura autoritária e repressora presente nos aparelhos policiais.

Bom dia, Rainer Maria Rilke


Exercícios ao piano

O calor cola. A tarde arde e arqueja.
Ela arfa, sem querer, nas leves vestes
e num étude enérgico despeja
a impaciência por algo que está prestes

a acontecer: hoje, amanhã, quem sabe
agora mesmo, oculto, do seu lado;
da janela, onde um mundo inteiro cabe,
ela percebe o parque arrebicado.

Desiste, enfim, o olhar distante; cruza
as mãos; desejaria um livro; sente
o aroma dos jasmins, mas o recusa
num gesto brusco. Acha que á faz doente.

(Tradução: Augusto de Campos)

DESTAQUE DO DIA

Ação de resultados discutíveis

Instituições diversas e a OAB têm expressado uma opinião crítica sobre a ação repressiva realizada no Rio de Janeiro, envolvendo 1.400 policiais – a maior dessa natureza já ocorrida no país -, que resultou até o momento em 19 mortos – dentre os quais, conforme se denuncia, cerca de 11 cidadãos e cidadãs sem nenhum vínculo com o crime.

A revista Carta Capital aprofunda análise em matéria de capa desta semana (veja nota abaixo), considerando que se monta um verdadeiro estado paralelo no Rio de Janeiro.

Há dois riscos a considerar. Um, essa ação repressiva virar exemplo a ser seguido, na proporção direta em que é enaltecida pela mídia. O outro, que nos parece quase certo, é o de levar mais ainda o padrão de violência em que se desenrola o confronto entre o aparelho policial defasado técnica e materialmente e o chamado crime organizado melhor adestrado e senhor do terreno onde opera.

Ambas as conseqüências serão nefastas, uma vez que atropelam uma verdadeira política de segurança palmilhada pela inteligência e pela eficiência investigativa, pelo envolvimento da sociedade organizada e pelo respeito aos Direitos Humanos.

*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br

Olhar crítico sobre ação policial no Rio


No Conversa Afiada:
CARTA CAPITAL: RJ ENFRENTA O “ESTADO PARALELO”
. A revista Carta Capital que chega às bancas neste final de semana traz uma reportagem, de Mauricio Dias e João Marcello Erthal, sobre a ação da polícia no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Com o título “Batalha no Alemão”, a reportagem destaca que a decisão do Estado de fazer essa intervenção no Complexo do Alemão é inédita.
. Mauricio Dias, que também é diretor-adjunto da Carta Capital, disse que antes dessa ação o Estado era tolerante com o crime no Complexo do Alemão (clique aqui para ouvir o áudio).
“Havia uma tolerância e às vezes até um pacto não-escrito entre o poder público e o poder marginal. O Complexo do Alemão, há muitos anos, o Estado só passava na porta, não entrava. Então, aquela é uma das zonas mais abandonadas e um território evidentemente sob o controle dos traficantes e, agora, foi quebrado”, disse Mauricio Dias.
. Mauricio Dias e João Marcello Erthal ouviram o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Ele disse que a ação representa mais do que um combate ao tráfico. Para Beltrame, a ocupação do Complexo do Alemão é “a retomada de espaços dominados hoje por um ‘estado paralelo’”.
. A reportagem da Carta Capital compara o cotidiano dos civis que moram no Complexo do Alemão com os moradores da cidade de Bagdá, capital do Iraque.
. “Dá para fazer a relação sim... Mas é um número, considerando a área em que as coisas ocorrem, muito elevado de mortes que dá para estabelecer uma idéia muito próxima a uma zona de guerra”, disse Mauricio Dias.
. Segundo Mauricio Dias, essa ação policial e a retomada do controle da segurança em zonas como o Complexo do Alemão tem um preço que poderia ser mais alto se a ação fosse retardada.
. Clique aqui para acessar o site da revista Carta Capital.

Assim caminha a humanidade


Na Ciência Hoje:
Novos estudos ajudam a entender os circuitos neurais que nos fazem andar, correr e saltar
. A última notícia sobre neurorrobótica é a criação da associação Humaine – sigla em inglês para “interação homem-máquina sobre emoções”. O objetivo dessa rede, idealizada por pesquisadores europeus, americanos e israelenses, é desenvolver robôs humanóides capazes de interpretar e realizar expressões emocionais do rosto e do corpo em geral.
. Tentativas de criar robôs humanóides não são novidade: já existem vários protótipos construídos por empresas como a Sony, a Honda e outras. São aquelas figurinhas engraçadas que andam, desviam de obstáculos, estendem os braços, emitem frases gravadas e outras gaiatices. Ocorre que, para o funcionamento inteligente dessas criaturas, ajuda muito conhecer com detalhes os circuitos neurais responsáveis pelas principais funções que elas se propõem a realizar, a começar pela locomoção. Desse modo, os neuroengenheiros podem conceber os robôs como réplicas da natureza, imitando as soluções de comando e controle empregadas pelo sistema nervoso.
. Leia matéria completa clicando aqui http://cienciahoje.uol.com.br/95200

Caso Renan: informações úteis

No Blog do Alon, por Alon Feuerwerker:
O que mudou para Renan
A situação do presidente do Senado é a seguinte: até agora, não há provas para condená-lo por quebra do decoro parlamentar. A rigor, nada mudou desde que escrevi, em Cantos escuros e ocultos (depois repetido em Divagação sobre inutilidades e utilidades), queda minha parte, se não aparecer alguma prova de que Renan Calheiros recebia dinheiro da Mendes Júnior ele não pode ser acusado de quebra de decoro. E a investigação no Conselho de Ética tem que ser arquivada. O ônus da prova cabe a quem acusa.A situação de Renan ficou grave na semana passada, quando parte da base governista começou a flertar com a hipótese de lhe dar um enterro de luxo. Está em “Abraço e punhalada a gente só dá em quem está perto”:Ontem, por sinal, o PT e o PSB uniram-se à oposição no Conselho de Ética do Senado. Hoje de manhã me telefonaram contando a piada. "Você sabe a diferença entre o mineiro e o petista? É que o petista não é solidário nem no câncer." Otto Lara Resende dizia que o mineiro só é solidário no câncer. Daí a piada.Mas Luiz Inácio Lula da Silva enquadrou o PT quando sentiu o cheiro de queimado, quando soube que o PMDB do Senado poderia retaliar contra as gracinhas petistas e, em represália, tirar a maioria do governo na Casa -hipótese de que Lula não quer nem ouvir falar. Assim, do ângulo puramente aritmético, a coisa voltou à estaca zero. O Conselho de Ética do Senado não tem provas para condenar Renan nem se acha em condições políticas de absolvê-lo. Eis a razão por que a (até agora) maioria do conselho quer investigar mais. Na semana passada, houve um momento em que dar tempo ao tempo seria também um bom negócio para Renan, quando o PT pareceu ter cedido aos encantos da oposição. Mas agora, com a base recomposta, trata-se para o presidente do Senado de tentar liquidar a fatura. Para a oposição, logicamente, trata-se de fazer o contrário, de alongar a coisa até que apareça um possível Eriberto França.

Plano de Segurança

No Acerto de Contas, por Marcos Bahé:
Governo anuncia que ultrapassou meta de redução de homicídios
. O governador Eduardo Campos acaba de anunciar a redução de 13,7% no número de homicídios do estado. Esse número se refere à comparação entre junho (até dia 28) e maio deste ano, quando foi lançado o Plano Estadual de Segurança Pública. O índice supera a meta estabelecida pelo plano, que é de 12%.
. De acordo com Eduardo, foram assassinadas 379 pessoas no estado. Em junho, até ontem foram 327.
. “Ainda restam dois dias para contabilizarmos. Mas, pela média histórica, não haverá mudança significativa”, prevê o governador.
. Ele ainda anunciou a aquisição (por locação) de mais 330 carros para o policiamento ostensivo na região metropolitana.
. “Da frota atual de 1.215 carros, mais da metade (53%) está paradas por problemas de manutenção.Desses nós vamos separar o que dá para recuperar e o resto vamos vender. Com o aluguel não vai mais ter a desculpa de que não tem policiamento porque o carro está quebrado. Quebrou, a empresa contratada tem que trocar imediatamente”, alertou o governador.
A relação ideal de veículos de policiamento ostensivo por habitante, segundo convenção internacional, é de 1 carro para cada 12 mil cidadãos. Em Pernambuco a relação é de 1 veículo para cada 53 mil pessoas.
. Já o padrão internacional de contigente de segurança é de 1 policial para cada 350 habitantes. Aqui é de 1 PM ou Civil para cada 2.900 pernambucanos.

Miragem monetária


No Vermelho:
Estabilidade do Real era falsa, diz presidente do BNDES
Em entrevista publicada nesta sexta-feira no jornal Folha de S.Paulo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que o verdadeiro equilíbrio da economia veio somente em 2005, com a melhoria das contas externas. Segundo Coutinho, a estabilidade proporcionada pelo Plano Real "foi extremamente precária" e "vulnerável" às crises cambiais que culminavam em pressões inflacionarias e, conseqüentemente, em aumento da taxa de juros. Com tal cenário, segundo ele, a economia estava "incapacitada para o crescimento".

Para Coutinho, a "verdadeira" estabilização da economia brasileira ocorreu a partir de 2005, com o crescimento das exportações, do saldo do balanço de pagamentos e das reservas internacionais. "Esse crescimento, depois de 2005, solidificou de tal forma o balanço, aumentou as reservas, reduziu a vulnerabilidade externa e, finalmente, estabilizou verdadeiramente a economia brasileira." Segundo ele, o Plano Real proporcionou "quase uma falsa estabilização".

Inflação - Na avaliação do presidente, a estabilização pós-Real era "vulnerável às crises cambiais, que se traduziam em desvalorização abruptas do câmbio com impactos inflacionários". Para conter a alta dos preços, o governo era obrigado "a subir as taxas de juros para neutralizar esses impactos inflacionários e derrubava a economia", afirmou. Com o maior ingresso de dólares no país especialmente por conta da alta nas exportações, diz, uma estabilidade "definitiva" foi conquistada só em 2005.

O economista e deputado Pedro Eugênio (PT-PE) concorda com a avaliação do presidente do BNDES. Segundo o parlamentar, Coutinho tem razão ao afirmar que a economia era vulnerável. "É verdade. Quando o presidente Lula assumiu o governo, em 2002, haviam poucas reservas internacionais. Além disso, a balança comercial fechava negativa. Tudo isso era fruto da paridade cambial sustentada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC)", explicou.

A solidez da economia brasileira, segundo o parlamentar, veio somente com a implantação de novas políticas econômicas no governo Lula. "O fortalecimento do mercado interno com democratização de crédito, o cumprimento efetivo do papel dos bancos de desenvolvimento, os ganhos salariais e o volumoso aumento das exportações, entre outros, foram os verdadeiros responsáveis pela solidez da economia", destacou.

29 junho 2007

DESTAQUE DO DIA

O discurso desenvolvimentista da FIEPE

Ontem tivemos a oportunidade de participar de mais uma reunião promovida pela FIEPE (Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco), desta feita para a outorga da Medalha do Mérito Industrial aos empresários José Gualberto e Djalma Cintra e ao IMIP (Instituto Materno Infantil de Pernambuco).

Nos últimos sete anos, temos freqüentado a Federação com certa assiduidade. Sempre prestando muita atenção ao conteúdo dos debates que ali se travam, ao teor dos pronunciamentos das lideranças empresariais.

Merece registro o fato de que em nenhum momento ouvimos pedidos de mais incentivos fiscais. Ao contrário, o empresariado tem reivindicado ajustes na política macroeconômica, sobretudo no que concerne a uma aceleração na queda dos juros, e a realização de uma reforma tributária que reduza o ônus sobre as atividades produtivas.

Falam principalmente em empreender, em enfrentar novos desafios; em inovação tecnológica, formação de recursos humanos qualificados e interiorização do desenvolvimento – como o fez, ontem, o presidente Jorge Corte Real.

Um discurso atualizado e voltado para o futuro, em sintonia com o novo ciclo de crescimento econômico que se desenha no horizonte.

*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br

Bom dia, Miguel Torga


Pedagogia

Brinca enquanto souberes!
Tudo o que é bom e belo
Se desaprende...
A vida compra e vende
A perdição, Alheado e feliz,
Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!

Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!

Novas regras para estágio


No Acerto de Contas:
. A Câmara dos Deputados aprovou ontem o projeto que muda as regras de estágio. Na prática, a medida significa a inclusão de alguns direitos para os estagiários, evitando que empresas explorem os estudantes, como sempre aconteceu.
. O que acontecia: algumas empresas, para suprir mão-de-obra, contratava estagiários de nível superior e médio, e com isso fugia dos encargos sociais, e de possíveis problemas trabalhistas.
. Por sua vez, o único direito que o estagiário tinha era de não ter direito algum. Isso de certa forma diminui.
. Segundo a deputada Manuela D’avila, do PCdoB, “A lei tem multas para quem não cumprir. Tudo para garantir que o estagiário não substitua um trabalhador. Que ele não esteja ali para fazer qualquer coisa que não aprender algo relacionado à sua atividade de ensino”. A deputada foi uma das autoras do Projeto.
. As empresas agora irão ter um número máximo de estagiários de nível médio. Para estagiários de nível médio, o projeto determina que as empresas que empregam de um a cinco funcionários tenham um estagiário; quando empregam de cinco a dez funcionários, têm direito a dois estagiários, e quando empregam mais de dez funcionários podem ter 20% de estagiários.
Além disso, terão 30 dias de férias por ano, e o principal: só poderão estagiar até 6 horas. Isso inclusive diminui a pressão por demanda em cursos noturnos.
. Quanto ao fato do desemprego junto aos estagiários, isso é conversa mole. As empresas precisarão de mão-de-obra do mesmo jeito, inclusive contratarão mais estagiários, ou ainda funcionários com carteira assinada. O nível de emprego não modifica.
Mas isso só demonstra uma coisa: o Governo precisa modificar as relações contributivas da folha de pagamento. Não dá para empregar uma pessoa por X e pagar 1,8X, sem que a mesma receba benefícios. Isso prejudica as empresas e os próprios trabalhadores.

28 junho 2007

Crédito consignado


Da Agência Brasil:
Empréstimos com desconto em folha cresceram 54,6% em um ano
. O volume de empréstimos feitos a trabalhadores da iniciativa privada por meio do crédito consignado - com desconto em folha -, cresceu 54,6% nos últimos 12 meses. De acordo com relatório de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, em maio de 2006 os empregados do setor privado tomaram R$ 4,6 bilhões em empréstimos. Em maio deste ano, os empréstimos subiram para R$ 7,1 bilhões.
. “É um crescimento bastante expressivo, mas há espaço para crescer ainda mais”, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
. De acordo com o técnico do BC, as pessoas estão optando pelo crédito com desconto em folha por ser uma modalidade de empréstimo que tem uma pequena taxa de juros, que em maio foi de 32,1% ao ano. O cheque especial cobra juros de 140,3% ao ano.
. O volume total de empréstimos feito pelos bancos a empresas e a pessoas físicas somou R$ 786,1 bilhões em maio, com crescimento de 1,1% comparado a abril, e de 25,8% em comparação a maio do ano passado.

"Rádio Vermelho" no ar

No Vermelho:
Renato comenta pesquisa da CNT na Rádio Vermelho
. ''O segundo governo Lula é um governo em melhores condições que o primeiro", comenta Renato Rabelo, presidente do PCdoB. Ele argumenta com a herança, que agora é a do próprio governo Lula, e medidas de distribuição de renda como o Bolsa Família. A entrevista foi para a Rádio Vermelho, que se acha em fase de implantação
A entrevista, de 3 minutos, comenta também a repercussão do noticiário sobre os escândalos que se sucedem. ''O povo tem sempre uma grande desconfiança do que a grande mídia fala, faz uma filtragem'', diz o dirigente comunista. ''Isso caiu numa certa vala comum'', agrega.
. Renato também comenta os resultados da pesquisa CTN-Sensus divulgada nesta terça-feira (26). E apresenta o Bloco PCdoB-PDT-PSB, ''um bloco para defender melhor ainda o governo Lula'', assim como o seu programa.
. A Rádio Vermelho, que está em fase de implantação, testando formatos e equipamentos, deverá ter programação em três modalidades distintas.
. A Rádio Notícias Vermelho fornecerá diariamente noticiários em áudio, em dois horários. Já a Rádio Entrevista Vermelho fornecerá entrevistas em áudio, ágeis e atuais, com parlamentares e personalidades políticas e sociais, a exemplo desta com Renato Rabelo.
. O objetivo principal dessas duas modalidades é permitir a reprodução dos noticiários e das entrevistas em rádios brasileiras, comunitárias ou não. Porém o conteúdo de ambas as programações poderá ser ouvido também via internet, no http://www.vermelho.org.br,
. Depois de implantadas estas duas áreas, o portal planeja também a criação da Rádio Web Vermelho. Destinada aos internautas, apostará no estímulo à produção musical independente.
. Clique aqui para ouvir a entrevista com Renato

Mídia partidária mais ágil


No Vermelho:
2ª edição da Classe experimental vende 678 números
. A terceira edição do jornal Classe Operária no novo formato de semanário "dos militantes com internet para os militantes sem internet" foi lançada nesta quinta-feira (28), para distribuição experimental em seis municípios. O tema da capa é o Caso Renan. As duas primeiras edições, dos dias 14 e 21, tiveram respectivamente 528 e 678 exemplares impressos e vendidos nas cidades onde se desenvolve a experiência.
. Leia a matéria completa clicando aqui: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=20542

O olhar de Enio sobre a crise do Senado

Charge de Enio Lins na Gazeta de Alagoas

BC eleva projeção de crescimento do PIB

No G1:
Estimativa anterior da autoridade monetária era de crescimento de 4,1%. Com revisão, estimativa do BC fica acima da projeção do PAC de 4,5%.
. O Banco Central (BC) revisou de 4,1% para 4,7% a sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano de 2007. Com isso, a estimativa da autoridade monetária, normalmente mais conservadora do que a do restante do governo, ultrapassou o que espera o Ministério da Fazenda no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - que é um avanço de 4,5% para a economia neste ano.
. A revisão do BC está contida no relatório de inflação do segundo trimestre deste ano, divulgado nesta quinta-feira (28) pela instituição. A estimativa do BC é de que a indústria apresente crescimento de 4,4% neste ano. A estimativa anterior da autoridade monetária apontava para um crescimento de 4,7% para o setor indústria em 2007. No caso do setor de serviços, a projeção de crescimento do BC neste ano passou de 2,3% para 4,3% e, para a agropecuária, a previsão saltou de 4,8% para 7%.
. De acordo com o BC, a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2007 foi revisada em razão dos resultados divulgados para o primeiro trimestre, da evolução recente da economia e da mudança metodológica implementada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - que aumentou o PIB dos últimos anos. Segundo a autoridade monetária, a revisão para cima do crescimento do setor de serviços foi o "principal responsável" pela elevação do crescimento esperado para 2007.

A imagem e os resultados


A última pesquisa do Instituto Sensus confirma: os altos índices de aprovação do presidente Lula se apóiam em dois fatores a cada dia mais consistentes.

A imagem pública consolidada ao longo de anos de luta e de presença marcante no governo.

E os resultados concretos do governo, especialmente aqueles que modificam parcialmente as condições de vida do povo, para melhor.

Reforma abortada

No Vermelho, por Cláudio Gonzalez:
Maioria conservadora derruba pilares da reforma política
A Câmara dos Deputados iniciou na noite desta quarta-feira (27) a votação da reforma política. A primeira votação, porém, sinalizou que uma maioria conservadora do parlamento teme mudar as regras do jogo eleitoral. Liderados pelo PSDB e por caciques políticos personalistas aos quais não interessa o fortalecimento dos partidos, 240 deputados votaram contra a apreciação, pelo plenário da Câmara, de uma emenda aglutinativa que tentava garantir alguns avanços na reforma política sem, no entanto, mudar radicalmente o sistema eleitoral. O resultado da votação, que acabou enterrando em seguida a proposta de lista fechada, inviabilizou também a idéia de financiamento público de campanha: os dois principais pilares da reforma política.

A emenda aglutinativa apresentada por diversos líderes em relação ao texto do relator Ronaldo Caiado (DEM-GO) para o Projeto de Lei 1210/07, da reforma política, contava com o apoio formal de quatro partidos (PT, PMDB, DEM e PCdoB). Os apoiadores da emenda acreditavam que o conjunto das bancadas que referendaram a emenda teria maioria no plenário em torno de 250 votos (para aprovar o projeto), contando com os votos do PT, DEM, PCdoB, PMDB, PSB e dissidências do PSDB e outros.

Mas a ausência de 70 deputados na votação, somada às dissidências nas bancadas que teoricamente deveriam apoiar o projeto, fez com que a vantagem numérica se invertesse a favor dos que combatem a reforma política. Assim, o requerimento do PMDB que pedia preferência de votação à emenda substitutiva aglutinativa foi rejeitado por 240 votos a 203.

A emenda propunha um sistema híbrido de escolha nas eleições proporcionais. Metade das vagas a que o partido ou federação partidária teria direito seria preenchida obedecendo a ordem da lista apresentada. A outra metade ficaria com os candidatos dessa lista mais votados individualmente pelo eleitor.

Quanto ao financiamento de campanha, o sistema também seria misto, com recursos públicos e recursos privados arrecadados de pessoas físicas.

Com a rejeição do requerimento do PMDB, todos os itens da emenda aglutinativa deixaram de ser apreciados pelo plenário e a questão da lista preordenada acabou sendo definitivamente rechaçada.

Argumentos - O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que atuou como porta-voz dos setores contrários à reforma política, criticou os parlamentares que destacaram a corrupção e o poder econômico na eleição para o Congresso para defender o financiamento público de campanha. "Eu e muitos outros parlamentares fomos eleitos pelo suor e pelo nosso sacrifício. Aqueles que nos acusam podem ter sido eleitos assim. Nesse caso, que saiam do Parlamento", disse.

Faria de Sá, que apresentou requerimento, rejeitado pelo Plenário, para retirada de pauta do Projeto de Lei 1210/07, da reforma política, criticou o financiamento público. No seu entender, essa medida tiraria o dinheiro destinado a tudo o mais que o País precisa. Ele também afirmou que, se a reforma for aprovada, fará de cobaia os vereadores e prefeitos na eleição do ano que vem.

Já um dos autores da emenda aglutinativa, o deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), disse que não há sistema ideal nem reforma boa em si mesma. Para ele, o sistema híbrido representa "o diálogo do sonho com o possível e foi proposto a partir das necessidades históricas do País". Ele disse que o sistema misto é o que vigora na Alemanha, na França e na Itália.

Votação fatiada - Depois da recusa do Plenário em votar o sistema híbrido, o plenário aprovou requerimento do PR para a votação do Projeto de Lei 1210/07 por grupos de artigos, ou seja, de forma fatiada.

Como o primeiro grupo a ir em votação foi o referente à lista fechada para as eleições proporcionais, constante do substitutivo do deputado Ronaldo Caiado, a tendência demonstrada desde o início dos debates foi a da rejeição desse item.

O resultado da votação, ocorrida já no final da sessão, por volta das 22h30, confirmou a recusa da maioria quanto a essa importante mudança na legislação eleitoral. A proposta de lista fechada tão enfaticamente defendida pelo relator Ronaldo Caiado foi derrotada por 252 contra a lista, 181 votos a favor da lista e 3 abstenções. No total, 436 deputados votaram.

Os demais itens da reforma política, como a fidelidade partidária e o fim das coligações proporcionais devem ser apreciados na próxima semana.

Medo - O medo foi um elemento decisivo para a derrota de uma proposta de reforma política mais avançada.

De um lado, o PSDB teme que a adoção das listas preordenadas e o financiamento público fortaleça partidos mais orgânicos, sobretudo os de esquerda como o PT, PCdoB, PSOL, entre outros. No mesmo sentido, políticos personalistas, caciques regionais e parlamentares sem apego às estruturas partidárias temem que as mudanças nas regras eleitorais lhes tirem prestígio e poder de barganha junto ao eleitorado e sobretudo junto a lideranças empresariais. Não seria exagerado também afirmar que uma parte dos deputados teme não poder mais usufruir de benefícios ilícitos que o atual sistema eleitoral proporciona. Usando uma expressão muito popular, pode-se dizer que a maioria conservadora do parlamento ficou com medo de ''perder a boquinha''.

DESTAQUE DO DIA

A necessidade de Angra 3

Ninguém desconhece que energia é um insumo fundamental para o desenvolvimento do país. E que, além de assegurar a base energética indispensável, é preciso diversificá-la.

De acordo com informações de Minas e Energia, a matriz energética do Brasil está assim constituída: petróleo (38,4%); biomassa (29,7%); gás natural (9,3%), carvão (6,4%); nuclear (1,2%); hidráulica (15%).

Destaque-se a forte presença da energia hidráulica e da biomassa, fontes de energia limpa e renovável.

A energia nuclear é elemento importante nos países desenvolvidos. A matriz energética dos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrega grandes economias do mundo, a energia nuclear representa 10,7%.

No Brasil, com a construção de Angra 3, a previsão é de que a energia nuclear chegará a 5% da matriz energética.

Para um país que vislumbra um novo ciclo de crescimento, a decisão do Conselho Nacional de Política Energética, anunciada anteontem, assume caráter estratégico. Procura compatibilizar o crescimento econômico e a preservação ambiental.

*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br

Bom dia, Fernando Pessoa

Miró


Cansaço




O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intenso por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.


Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles;
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

27 junho 2007

"Brasil Alfabetizado"

No Boletim Diário da PCR:
Vice-prefeito participa de cerimônia do Brasil Alfabetizado
O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, prestigiou a cerimônia de encerramento das atividades do Programa Brasil Alfabetizado de Olinda, nesta quarta-feira (27). O evento aconteceu no Mercado Eufrásio Barbosa, no Bairro do Varadouro, às 9h, e teve a participação do ministro da Educação, Fernando Haddad; a prefeita de Olinda, Luciana Santos; e o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Amaro Lins.

O ato foi aberto com a leitura de uma carta de agradecimento da aluna Maria Amaro da Silva, de 85 anos. “Eu não sabia ler. A minha professora foi na minha casa e me convenceu a participar do programa. Dessa forma, tive o direito e a oportunidade de aprender a ler e a escrever e a sonhar com um país melhor”, afirmou a aluna, que recebeu o certificado do programa das mãos do ministro Fernando Haddad.Após assinar o termo de adesão da 5ª Etapa do Plano de Desenvolvimento de Educação de Olinda, o ministro congratulou os alunos e falou da dívida que o país tem com o Nordeste.

“Parabéns aos formandos por esse dia tão especial. Com o programa, o Governo Federal realiza um pacto para resgatar a dívida histórica que o país tem com essa região. Gostaria de pedir para que todos agora passem a atuar como multiplicadores desse conhecimento e se tornem parceiros do Brasil Alfabetizado nessa missão”, conclamou o ministro.

“As pessoas se comunicam pelo olhar, pelo sorriso, por palavras pronunciadas e também se comunicam pela escrita. A formatura de hoje, de quatro mil pessoas, significa a inclusão social de milhares de pessoas que poderão se comunicar e exercer a sua cidadania de forma mais efetiva. Os alunos e o Brasil Alfabetizado estão de parabéns”, disse o vice-prefeito Luciano Siqueira, que entregou o certificado de formatura ao aluno Sipriano Luiz da Silva.

Brasil Alfabetizado - O Programa Brasil Alfabetizado trabalha diretamente com a alfabetização de jovens e adultos, promovendo a escolarização e o acesso à educação como um direito de todos, em qualquer momento da vida. Também são objetivos do programa ampliar o período de alfabetização de seis para oito meses; pagar bolsa para alfabetizadores, aumentando a quantidade de turmas em regiões de baixa densidade populacional e em comunidades de periferias urbanas; implantar um sistema de monitoramento e avaliação do programa; e dar maior oportunidade de continuidade de escolarização de jovens e adultos.
Foto: Luciano Ferreira

Política externa hábil

Da Agência Brasil:
Mercosul não precisa se preocupar com parceria estratégica entre Brasil e Europa, diz Amorim
O chefe da diplomacia brasileira afirmou hoje (27) que a cúpula para lançar uma parceria estratégica entre Brasil e União Européia - dia 4 de julho, em Lisboa - pode ter reflexo na Cúpula do Mercosul, que será realizada amanhã e sexta-feira, em Assunção (Paraguai).

Em entrevista exclusiva à Agência Lusa, o chanceler Celso Amorim admitiu que a proposta da nova parceria UE-Brasil, que vai ser discutida em Lisboa, pode ter despertado, inicialmente, alguma preocupação nos outros países do bloco.

"Mas é uma preocupação que não resiste a menor análise, porque não se trata de um acordo [bilateral] de livre comércio. Não ouço nada de negativo. Até porque a parceria não é exclusiva, já que amanhã a União Européia pode resolver fazer uma parceria estratégica com qualquer outro país do Mercosul", disse o ministro.

Questionado sobre a ausência em Assunção do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que na semana passada disse não estar interessado no "velho Mercosul", Amorim respondeu: “O Mercosul tem apenas 16 anos, de modo que falar em velho Mercosul é supor um processo acelerado de envelhecimento que não corresponde à realidade".

O ministro brasileiro disse que há um "processo evolutivo do Mercosul", que tem incorporadas muitas coisas novas e tem hoje uma dimensão social, participação dos governos locais e da sociedade civil, preocupação com as cadeias produtivas e com o uso de moedas locais. Segundo ele, é preciso “querer ver" essas coisas.

Amorim considerou, no entanto, que a entrada da Venezuela no Mercosul "é algo muito positivo" e avaliou que o recente episódio que opôs o Senado brasileiro ao governo venezuelano não representará um problema para o ingresso do país no bloco sul-americano – a adesão da Venezuela ainda não foi aprovada pelos Congressos do Brasil e do Paraguai.

No final de maio, após o Senado do Brasil ter aprovado um requerimento solicitando ao governo venezuelano que a cadeia de televisão RCTV retomasse as transmissões, Chávez disse que o Congresso brasileiro é um "papagaio que repete o que diz Washington".

A RCTV, que tinha uma linha editorial de oposição ao governo Chávez e teria apoiado a frustrada tentativa de golpe de Estado em abril de 2002, não teve a concessão renovada e foi retirada do ar em 27 de maio último."No dia seguinte à manifestação do presidente Chávez, o governo brasileiro emitiu uma nota dizendo claramente o que pensa e defendendo a soberania do nosso Congresso, a sua dignidade e liberdade de expressão. Acho que isso foi o suficiente", declarou Amorim.

O ministro destacou ainda que na Cúpula de Assunção, os países do Mercosul voltarão a procurar soluções para superar as assimetrias dentro do bloco. "Temos que procurar compensações para as dificuldades das economias menores, como comprar mais desses países e dar condições para que os investimentos possam dirigir-se sobretudo ao Uruguai e Paraguai".

Conturbada reforma política


. A reforma política tem sido um parto difícil. A cada instante, um novo lance – sempre contraditório e confuso.
. Veja essa matéria de Márcia Xavier no Vermelho, que pode esclarecer o que se passa neste exato instante em Brasília (21 horas).
Reforma política: Flávio Dino defende emenda como última possibilidade
A emenda aglutinativa que será apresentada na votação da reforma política, prevista para a tarde/noite desta quarta-feira (27), no plenário da Câmara, é o último esforço dos parlamentares construirem uma maioria e garantiram a aprovação de mudanças no sistema político-eleitoral vigente. A avaliação foi feita pelo deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) em reunião com a bancada do PT, horas antes de iniciada a votação.

A nova proposta ocupa o lugar de outra emenda apresentada por um grupo de partidos – PT, PCdoB, PMDB e DEM – na semana passada. E garante a lista flexível ou mista e o financiamento público e privado, o que representa uma fase de transição entre o modelo atual e o ideal, segundo avaliação do parlamentar. A emenda vence a resistência do PMDB ao financiamento público exclusivo de campanha.

"A avaliação que fazemos é que esse é o sistema possível, que pode reunir maioria, em que há uma maior independência do poder político com relação ao poder econômico - atenua a dependência de todos nós com o setor privado", destaca Flávio Dino. Ele diz ainda que o sistema proposto não elimina caixa dois, "mas reduz os grandes problemas deixando apenas as pequenas falhas que existem em qualquer sistema eleitoral aqui, na França, na Alemanha ou nos Estados Unidos", afirmando também que "o que miramos não é a formiga, é o elefante, a medida que a gente fecha a porta para a maioria das fraudes".

Na análise do deputado comunista, outra vantagem do novo sistema é de que "metade da próxima Câmara (dos Vereadores) já será eleita por lista e com financiamento público, o que sinaliza para um caminho melhor para o debate sobre a reforma política".

Uma terceira vantagem apontada pelo parlamentar é que esse novos sistema representa "uma transição do modelo hoje existente para um modelo que programaticamente o PCdoB e o PT defendem – de lista fechada e financiamento público exclusivo de campanha".

Flávio Dino disse ainda aos colegas petistas que "se houver firmeza e clareza na defesa desta proposta, nós temos maioria no plenário em torno de 250 votos (para aprovar o projeto), contando com os votos do PT, DEM, PCdoB, PMDB, PSB e dissidências do PSDB e outros".
Texto por hora
Após mais de três anos de discussão – iniciada em 2003 – que se intensificou nas duas últimas semanas, Flávio Dino afirma que "na nossa avaliação política, se isso for derrotado, derrotou-se a reforma política, por que não há mais energia criativa e política, nem vitalidade psicológica de construção de outros meios". Ele, que tem acompanhado de perto todas as negociações e elaborações de textos, diz que "antes fazia texto por data, agora faço por hora – das 9, das 11, das 14 horas".

Ele acredita que a emenda aglutinativa vá ter mudanças durante a votação no plenário, mas considera bom. O que ele não concorda é que não seja feita nenhuma mudança, criticando a postura daqueles que querem o "tudo ou nada".

"Se a votação for só para marcar posição, para cada um mostrar que defende modelo melhor que o atual, não vale a pena", afirmou.

O deputado fez uma comparação do exercício de montar uma proposta de reforma política a escalação da seleção brasileira, ressaltando que "aqui é pior porque não temos um técnico". E destacou que a comparação que se faz da emenda aglutinativa não é com a reforma ideal, mas com o modelo hoje existente, acrescentando que está convencido de que "esse texto avança e avança muito".

Vantagens
As vantagens da emenda enumeradas por Flávio Dino são de que a definição das vagas vai ser feita metade por lista e metade de voto nominal, mas o padrão de definição das vagas vai depender dos partidos e não altera o aspecto de que o voto no partido tem mais preponderância.
O segundo ponto é a coerência da emenda. Flávio Dino desmentiu o relator do projeto original, Ronaldo Caiado (DEM-GO), de que a emenda é uma colcha de retalho. "Tem coerência desde que comparado com a premissa", disse, acrescentando que "a premissa é de que o preenchimentos das vagas será feito metade por lista e metade por voto nominal - um sistema misto de preenchimento – que terá um sistema misto de propaganda e de financiamento".

"A proposta anterior era de que ambas as campanhas fossem feitas com financiamento público, mas isso esbarrou no PMDB que fez as contas e concluiu que sete reais por eleitor ia dar 15 mil reais para cada candidatado. A alternativa era flexibilizar o financiamento em coerência com a proposta de lista mista", explicou Flávio Dino.

E disse ainda: "Essa emenda aglutinativa avança também nisso - no financiamento, porque saímos do financiamento privado e sem regras para o financiamento privado com regras".
"O financiamento privado que nos construímos é melhor porque haverá um limite de gastos, que é a média de 2006, aplicado o redutor de um terço. E haverá limite de doação diferente do que existe hoje, excluindo doação de pessoa jurídica", afirmou.

Flávio Dino adiantou que os meios de campanha individual são limitados – fica proibido outdoor e minidoor e são estabelecidos valores para despesas com deslocamento e alimentação do candidato; realização de reunião; contratação de pessoal para campanha em 10, 30 e 50 para vereador, deputado estadual e federal, respectivamente; propaganda eleitoral na imprensa apenas nos 7 dias que antecede o pleito e despesas com impresso e site na internet.

Recife em números

No Blog da Folha, por César Rocha:
É Mendonça, Humberto e Luciano

O PSB de Eduardo Campos fechou agora em junho uma nova pesquisa quantitativa para medir como a população está avaliando seu governo.

A avaliação continua altíssima:

Aprovam a administração: 78%

Desaprovam: 22%

Bom e ótimo: 54%;

Ruim e péssimo:

7%Regular: 31%

Não soube informar/não respondeu: 12%

O Recife

Mas o interessante mesmo do levantamento é o trecho que trata de eleição para prefeito, principalmente no Recife.

Outra observação antes de apresentarmos alguns números, aos quais tivemos acesso agora há pouco:

A pesquisa do Palácio das Princesas é significativa por conta do volume de questionários. Foram 2 mil pessoas pesquisadas em todo o Estado. O instituto responsável pelo levantamento é o Campus, o mesmo que fez toda a campanha de Eduardo e acertou bem nas suas projeções.

Em todos os cenários da pesquisa, o PSB leva em consideração que o candidato do PMDB e de Jarbas Vasconcelos será Raul Henry – sem Cadoca, portanto.

Mendonça Filho, presidente estadual do Democratas, lidera com folga em todos os cenários. Ele apresenta sempre cerca de um terço das intenções de voto. (Atualização das 17h59: dependendo do cenário, ele apresenta entre 31% e 34%, conforme a fonte que me passou os números).

Em segundo lugar, vem Humberto Costa, do PT, com dez pontos percentuais menos, entre 20% e 25%.

Em terceiro – sem Cadoca –, está o vice-prefeito Luciano Siqueira, do PCdoB, variando entre 5% e 8%.

Os demais pré-candidatos ficam todos abaixo de 5%. Entre eles, os nomes de praxe: João da Costa, Maurício Rands (PT), Silvio Costa Filho (PMN), Raul Henry (PMDB), Raul Jungmann (PPS), Danilo Cabral (PSB) e outros (sem nenhum demérito para outros, que podem até vencer a eleição).

Nosso artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (ex-Blog do JC)


De pesquisas, humores e ação

Para o leigo, nada fácil compreender certas expressões tão ao gosto de certos analistas econômicos, tais como "o mercado está de mau humor" e quejandos. Tudo muito abstrato. "Quem" é esse tal mercado cujo humor, oscilante e imprevisível afeta a economia e, por conseguinte, a vida do cidadão comum?, há de perguntar o amigo ali da esquina.

O fato é que o estado de espírito do mercado existe e tem influência, sim, sobre o evolver da economia. Pode fazer a bolsa de valores cair ou ascender bruscamente. Resulta de um conjunto de variáveis que convergem para a atitude dos mpreendedores - especuladores ou não.

Vejam o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). É quase unânime a percepção de que, não obstante entraves e percalços que ainda enfrenta, já é em sim um fator de aquecimento das atividades econômicas porque gera um ambiente de novas expectativas, ao colocar o propósito do desenvolvimento no foco das ações do governo, em substituição à prioridade dada à política de metas inflacionárias, superávit primário elevado e juros altos.

O anúncio de grandes empreendimentos, como os que se localizarão no complexo portuário de Suape - para citar um exemplo caseiro -, provoca alento entre empresários do chamado setor produtivo e trabalhadores ávidos de ocuparem novos postos de trabalho.

E tem as pesquisas. Estas servem, a um só tempo, para aferir tendências e para estimular os tais humores, seja o pessimismo, seja o otimismo.

Ontem saiu uma pesquisa CNT-Sensus que atesta justamente o otimismo atual dos brasileiros em relação ao desempenho da economia (veja o quadro que ilustra este artigo).

Nada menos que 47,5% dos entrevistados consideram que a política econômica do governo "tem sido conduzida de forma adequada". Em agosto de 2006, postos diante desta indagação, apenas 36% consideravam correta a forma de condução de política econômica.

Já a parcela dos entrevistados que discordam da condução da política econômica caiu de 46,3% em agosto passado para 40,6% em junho de 2007, enquanto a fração dos não sabem ou não responderam também se reduziu de 17,8% para 12%.

Otimismo gera otimismo, numa espécie de reação em cadeia. Desde que as expectativas criadas sejam contempladas com ações concretas. E este é um dos desafios do governo Lula: dar ritmo e consistência à implementação dos investimentos previstos. Se assim ocorrer, ainda mais com o vento da economia mundial soprando a favor, teremos pela frente um bom período de bom humor e de crescimento real.

É acompanhar para ver.

DESTAQUE DO DIA

A libertária linguagem escrita

As pessoas se comunicam antes de tudo através do olhar. E também do sorriso, da expressão fisionômica, do gesto. A palavra pronunciada, ou simplesmente sussurrada, vem em seguida: preciosa, devendo corresponder precisamente ao pensar e ao sentir, sob pena de revelar engodo ou insinceridade.


Mas a palavra escrita é uma forma também indispensável. Desde que inventada por nossos antepassados a partir da
Pré-História, quando procuravam se comunicar através de desenhos riscados nas paredes das cavernas. Depois, na antiga Mesopotâmia, quando a escrita começou a tomar forma, e lá pelo ano 4000 a.C, em que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme, até a Roma antiga, chegando aos tempos modernos. Os homens escrevem nos mais diversos idiomas suas impressões sobre o mundo, suas expectativas, esperanças, angústias, alegrias, tristezas, sonhos.

Hoje, início do século XXI, no Brasil ainda há 16 milhões de analfabetos! A constatação, contida no "Mapa do Analfabetismo" produzido pelo MEC, impressiona e incomoda.

O Programa Brasil Alfabetizado, do governo federal em combinação com os governos estaduais e municipais e em parceria com instituições diversas, enfrenta o problema.

Hoje pela manhã, em ato festivo marcado por muita emoção, no Mercado Eufrásio Barbosa, a prefeita Luciana Santos e o ministro da Educação Fernando Haddad certificaram a alfabetização de quatro mil adultos e jovens, entre os quais catadores de lixo, garis e donas de casa.

A prefeita, olhos marejados, nos contava da emoção de ver idosos lerem poemas de Mário Quintana e comporem letras de frevo e de ter ouvido de uma alfabetizada de mais de 80 anos, fronte erguida, proclamar: “Agora já posso ajudar no dever de casa do meu neto!”

Que os alfabetizados de hoje, libertos da semi-escuridão em que se encontravam, ganhem definitivamente o gosto pela leitura e através dela descubram a complexidade e a beleza da vida e compartilham com escritores e poetas o sonho de uma vida digna e prazerosa.

Bom dia, Vladímir Maiakóvski


Impossível

Sozinho não posso
carregar um piano
e menos ainda um cofre-forte.
Como poderia então
retomar de ti meu coração
e carregá-lo de volta?
Os banqueiros dizem com razão:
"Quando nos faltam bolsos,
nós que somos muitíssimo ricos,
guardamos o dinheiro no banco".
Em ti
depositei meu amor,
tesouro encerrado em caixa de ferro,
e ando por aí
como um Creso contente.
É natural, pois,
quando me dá vontade,
que eu retire um sorriso,
a metade de um sorriso
ou menos até
e indo com as donas
eu gaste depois da meia-noite
uns quantos rublos de lirismo à toa.

Muito mais que feijão com arroz


Na Ciência Hoje:
Prato preferido dos brasileiros pode prevenir câncer oral
. Os brasileiros receberam uma boa notícia. O bom e velho feijão com arroz, cativo na nossa mesa, pode ter efeito benéfico contra o câncer. A combinação, que está presente na alimentação da maioria dos brasileiros, independentemente de classe, cor ou religião, foi objeto de uma pesquisa que constatou sua capacidade de reduzir os riscos de desenvolver câncer oral.
. A pesquisa, conduzida pela nutricionista Dirce Marchioni, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, faz parte de um estudo maior da Agência Nacional de Pesquisa em Câncer, que investigou a relação entre fatores ambientais e o câncer oral. Sem colesterol e com baixo teor de gorduras saturadas, os dois alimentos fornecem uma boa composição de proteínas, fibras e carboidratos. Contudo, o mecanismo que explicaria a proteção contra o câncer oral ainda não foi esclarecido totalmente.
. Leia a matéria completa clicando aqui http://cienciahoje.uol.com.br/94972

Impunidade

O Globo:
Jovens que mataram Galdino tiveram privilégi
. Embora tenham sido julgados e condenados, os cinco jovens de classe média alta que queimaram e mataram o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, em Brasília, na madrugada de 20 de abril de 1997, tiveram privilégios no cumprimento das penas e, desde 2004, estão em liberdade. O único menor de idade no grupo, então com 17 anos, ficou detido apenas três meses, o que caracteriza impunidade, na avaliação da promotora do Ministério Público do Distrito Federal Maria José Miranda, que fez a denúncia contra os cinco jovens.
. — Esse ficou impune. Passou apenas três meses detido, antes do julgamento. O que ele aprendeu? Apenas reforçou a $sensação de poder, de ser diferente, de que com ele nada acontecia, de que papai sempre daria um jeitinho. Pedagogicamente funcionou como um reforço — diz Maria José.
. A promotora travou uma batalha na Justiça do Distrito Federal para que os quatro maiores de idade fossem julgados pelo Tribunal do Júri, por crime hediondo, e não por lesão corporal $de morte. Em 2001, os estudantes Max Rogério Alves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Villanova, todos de 19 anos, e Tomáz Oliveira de Almeida, de 18, foram condenados a 14 anos de prisão."

Reforço da agricultura familiar

No Valor Econômico:
O novo plano de ações do governo para apoiar a agricultura familiar no ano-safra 2007/08 será lançado hoje com uma redução média de 34% nos juros das principais linhas de financiamento. O piso das taxas cairá de 1,15% para 0,5% ao ano. E o teto, de 7,25% para 5,5%.
Com a política de descontos adotada pelo governo para a quitação dos débitos em dia, a queda dos juros será ainda mais significativa, sobretudo para assentados da reforma agrária (grupo A), cuja taxa anual cairá até 0,27%, e para produtores com renda bruta anual máxima de R$ 4 mil (grupo B), que pagariam juro de 0,75%. O volume de recursos a juros subsidiados pelo Tesouro Nacional somará R$ 12 bilhões, 20% acima dos R$ 10 bilhões da safra atual.

Investimentos em energia

Na Gazeta Mercantil:
Nos próximos 25 anos, o Brasil investirá US$ 800 bilhões, ou US$ 32 bilhões ao ano em média, para expandir sua oferta de energia. Pelo menos é essa a expectativa do governo, que divulgou, por meio da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Plano Nacional de Energia - PNE 2030. No futuro, diz o estudo, a geração a partir do bagaço da cana e o gás natural ganharão mais importância e ocuparão o espaço sobretudo da lenha.

26 junho 2007

A treplica de Marcos Bahé. E ponto final

No Acerto de Contas, por Marcos Bahé:

Luciano Siqueira (PCdoB), vice-prefeito do Recife, leu e respondeu no seu blog (clique aqui para ver) o comentário que fiz sobre ele três posts abaixo. Luciano diz que sua análise sobre boatos e conjecturas se referia à materia publicada hoje na Folha de Pernambuco, segundo a qual a prefeita de Olinda, Luciana Santos, seria a candidata comunista em 2008, só que em Paulista.
“Falso. Jamais Luciana e o PCdoB trataram do assunto”, diz Siqueira.

Sobre isso recorro à notícia que publiquei no dia 22 de fevereiro, em pleno domingo de Carnaval, logo depois de conversar com a prefeita de Olinda. Veja o que ela disse:

“Rapaz, realmente as pesquisas mostram meu nome numa boa situação lá [Paulista]. Pessoalmente, preferia tirar um tempo para mim. Descansar, estudar… Oito anos à frente de uma prefeitura desgasta muito. Mas, se o partido decidir que eu saia candidata, fazer o quê?” (para ler o post inteiro, clique aqui)

Está vendo, Luciano?! Às vezes conjecturas e boatos não estão tão longe da verdade assim. O noticiário político não precisa necessariamente se limitar ao que está sacramentado. Pode também apontar caminhos e possibilidades, desde que os apresente na condicionalidade que a verdade exigir.

E da pluralidade de pontos de vista (mesmo que às vezes com leitura distorcida) é que nasce o debate democrático. É o que estamos, eu e você, fazendo aqui.

PS: Lembro que em 1986, aos 15 anos, fiz campanha pela reeleição de Luciano Siqueira a deputado estadual. Pedi votos, fiz pixações e segurei bandeiras em comícios… Passaram-se 21 anos desde então. E nunca tive notícia que me fizesse arrepender do meu engajamento adolescente. Tanto que o renovei ano passado, dessa vez usando o direito ao voto, quando Luciano foi candidato a senador.

Sobre o Parque de Boa Viagem


No Blog de Jamildo:
Luciano Siqueira vê 'má vontade' contra Parque de Boa Viagem

O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, do PC do B, defendeu, nesta tarde, o modo como a prefeitura do Recife negociou a implantação do Parque de Boa Viagem. Na sua avaliação, não houve falta de diálogo com a comunidade local, em uma administração que divulga realizar um orçamento participativo.

“Há muita má vontade. Não quero nominar de quem (quando solicitado a explicar se falava das elites intransigentes, segundo João Paulo). É um absurdo, por exemplo, reclamar de um teatro interno ou ao ar livre em uma cidade carente de mais espaços culturais. É absurdo dizer que será um novo Recifolia. É possível controlar a expectativa de público e a freqüência, além de embelezar a cidade para o turismo”, explicou.

Segundo a previsão oficial, João Paulo espera concluir a obra em oito meses.
(Foto do Blog de Jamildo).

Nossa opinião em tópicos

Com Jamildo Melo e Paulo Sérgio Scarpa
No Blog de Jamildo:
Sem citar o PT, Luciano Siqueira diz que esquerda precisa 'ter juízo' para não perder eleições de 2008 no Recife

Em visita à Rádio CBN e depois ao Blog de Jamildo, o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, disse que a tarefa mais complicada do prefeito João Paulo, para as eleições de 2008 no Recife, será o processo de escolha interno no PT. Veja um resumo de suas observações sobre as eleições.
Juízo
A coordenação do processo interno no PT será a tarefa mais complicada. O mais simples é o processo com os partidos de aliança. Não há necessidade de problemas. Eu tenho dito as pessoas que força a gente tem. O que precisa é juízo. Se não tiver juízo, a força que tem vai pelo ralo.

Tática
O outro lado pode ter muitos nomes, para nos dividir e tentar ganhar no segundo turno. Nós podemos ter também mais de um candidato a prefeito como tática. Se vocês me perguntarem quem são os candidatos, eu direi que só Deus sabe. O PT tem muitos nomes, tem nomes com base eleitoral, sem base eleitoral. No PCdoB o nome deve ser o meu mesmo. Eu defendo que só em maio do próximo ano cabe avaliar se devemos ter mais de uma candidatura ou não.

Sem salto alto
Uma coisa é ter uma ótima avaliação (como João Paulo tem hoje). Outra coisa é a disputa eleitoral. Uma vez iniciada a disputa eleitoral, a cidade divide-se ao meio. Vai ser dura a disputa. O outro lado está se armando e conta com nomes experientes. Não se ganha eleição de véspera.

Nada de andor
Ninguém pense que transfere prestígio de A para B. O ex-governador Jarbas Vasconcelos é um exemplo, nas últimas eleições. Não transferiu para Jacilda, Roberto Magalhães, Cadoca e agora Mendonça Filho. (nota: quando questionado se a tese vale para João Paulo e João da Costa, Siqueira disse que não queria fulanizar a discussão, depois de citar pelo menos quatro adversários).

Futuro brilhante
Há dois políticos que eu vejo um grande futuro pela frente. São eles João Paulo e Luciana Santos. Eles tem marcas semelhantes. Além de bem avaliados em suas gestões, contam com uma grande identificação com o povo.

Elogios a João Paulo e Luciana
São quadros fadados ao sucesso no futuro. Mesmo se Eduardo não for governador (novamente), há espaço para todo mundo, como vaga ao Senado.

Boa avaliação em Olinda
A população é generosa. Ela tem a percepção das dificuldades e depois a administração explica todos os problemas que enfrenta (de ordem financeira). Por essas e outras que, se depender do PCdoB, Luciana Santos está à disposição para a disputas majoritárias em 2010.

Crítica improcedente

Em nosso Destaque do dia (veja abaixo), hoje, comentamos a necessidade de se separar conjecturas pré-eleitorais, reais e legítimas; de simples boatos, que, na linguagem jornalística, significam “barriga” – anúncio de algo inexistente por má informação.

Esse amigo de vocês jamais induzirá repórteres a cometerem “barriga”. Fala o que pode falar e quando não pode, avisa. Notícia falsa, jamais.

Daí recomendar aos leitores que distingam as coisas e não valorizem simples boatos. Querem um exemplo: “Luciana Santos, prefeita de Olinda, disputará o próximo pleito em Paulista”. Falso. Jamais Luciana e o PCdoB trataram do assunto.

Mas o comentário desagradou o competente jornalista Marcos Bahé, editor do blog Acerto de Contas (veja postagem abaixo). Ou leu apressadamente nosso comentário, ou não fomos suficientemente claros que ele compreendesse. Terminou fazendo uma leitura distorcida, caindo exatamente no que sugeri que os leitores evitassem: confundiu boato com conjectura, misturou tudo e fez o seu protesto.

Leia abaixo e tire suas próprias conclusões.

Leitura distorcida


No Acerto de Contas, por Marcos Bahé:
Luciano Siqueira critica fogueira de boatos… Mas é o primeiro a jogar lenha
O vice-prefeito do Recife e pré-candidato em 2008, Luciano Siqueira (PCdoB), escreve hoje no seu blog que o debate eleitoral neste momento não passa de “mera conjectura” e que vivemos nada mais que uma “fogueira junina de boatos”.

Argumenta Siqueira que estamos a quase um ano das convenções partidárias. “Todo período pré-eleitoral é assim. Faz parte de nossa cultura política. E da imprensa também”, define.
O vice-prefeito é um dos mais astutos estrategistas políticos que conheço e um intelectual de primeira linha. Por isso mesmo, farei aqui minha contestação com todo cuidado.

Ao contrário do que tenta nos convencer o comunista, o xadrez político de 2008 está a pleno vapor. Não são poucas as sinalizações que os dirigentes partidários lançam uns aos outros. E o emissário disso, muitas vezes, é a imprensa.

O próprio Luciano lança publicamente lenha na tal “fogueira junina de boatos” ao anunciar que seu partido, o PCdoB, pode ter candidato próprio - no caso, ele mesmo - sob o manto da tática eleitoral de múltiplas candidaturas.

E o que isso significa? Significa que o PCdoB está avisando aos outros enxadristas que é uma força a ser considerada em 2008. E que se não for devidamente ouvido (ou contemplado) pode adotar uma postura que contrarie os demais.

E o que seriam meras conjecturas, na opinião de Luciano, são na verdade movimentos desse complexo xadrez que é a política eleitoral. O que cabe à imprensa em geral - e a esse blog em particular - é ler o que está dito, não apenas o que está escrito.

E o que está dito no blog do nosso vice-prefeito hoje, sinceramente, decepciona. Parece coisa de quem quer que a sociedade fique fora desse debate e que não entenda como foi que se chegou, lá no final de 2008, ao xeque-mate.
Foto: Acerto de Contas

DESTAQUE DO DIA

Especulações e boatos

Todo período pré-eleitoral é assim. Faz parte de nossa cultura política. E da imprensa também. O que não passa de mera conjectura, até porque estamos ainda a pouco menos de um ano das convenções partidárias, frequentemente é anotado como proposta, e até como decisão tomada. Sem falar em boatos, que pegam fácil como fogo em palha seca.

Mais ainda nesse período de festejos juninos, há quem dê uma tonelada de pamonhas, se for preciso, em troca de um boato.

O bom senso, entretanto, recomenda que se separe o joio do trigo. Ou do milho, se preferirem.

Uma coisa é a especulação sobre opções táticas a serem consideradas no momento apropriado, ou seja, quando o cenário da disputa estiver amadurecido. Por exemplo: a hipótese de mais de uma candidatura do conjunto das forças que hoje apóiam Lula, Eduardo Campos e João Paulo no Recife. Seria uma insensatez definir isso agora, tanto quanto não se recomenda que se afaste preliminarmente a hipótese. O objetivo estratégico, este sim, é claro: vencer o pleito e dar continuidade, em novo patamar, ao exitoso projeto político encarnado pelo atual governo municipal liderado pelo prefeito João Paulo.


Quanto ao caminho tático, claro, paciência e jogo se cintura não fazem mala ninguém. Por mais que arda a fogueira junina dos boatos.
*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br

Bom dia, Raúl Zurita


Escritos nas falésias

Verás um mar de pedras
Verás margaridas no mar
Verás um deus de fome
Verás a fome
Verás figuras como flores
Verás um deserto
Verás o mar no deserto
Verás teu ódio
Verás um país de sede
Verás falésias de águas
Verás nomes em fuga
Verás a sede
Verás amores em fuga
Verás o pouco amor
Verás flores como pedras
Verás seus olhos em fuga
Verás cumes
Verás margaridas nos cumes
Verás um dia branco
Verás que se vá
Verás não ver
E chorarás

Angra 3 em foco

Na Gazeta Mercantil:
. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu ontem, por oito votos a um, retomar as obras da usina nuclear de Angra 3, que demandará investimentos de R$ 7 bilhões e terá capacidade para produzir 1,3 mil megawatts de energia. O único voto contrário foi do Ministério do Meio Ambiente. A decisão agora será submetida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem manifestado posição favorável à construção da usina.
. Segundo o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Rubner, serão adotadas várias ações complementares para estabelecer um marco legal para começar as obras, paralisadas desde 1984. A previsão do ministro é que a usina entre em operação em 2013. Rubner informou que a decisão do CNPE não inclui as demais usinas nucleares que estão nos planos da Eletronuclear. "A decisão do Conselho é somente sobre Angra 3", disse Rubner.

Especulação tática

No Jornal do Commercio:
. Luciano Siqueira voltou, ontem, em entrevista à Rádio Folha, a defender “a hipótese” de mais de uma candidatura da esquerda à sucessão no Recife. A tese, segundo ele, não pode ser descartada como tática eleitoral, ou forma de fortalecer os partidos que apóiam João Paulo. Nome do PCdoB para a disputa, ele disse que defende a “justeza” da tese, que não significa ruptura com o PT e os partidos aliados. “Pode ser útil. E seria uma tática com a anuência do PT”, defende. Para ele, João Paulo “é sensível e experiente” para não descartar essa tese.
. Luciano negou que advoga a hipótese por falta de um nome no PT capaz de unir a esquerda. Procurou não polemizar ao classificar como natural a decisão de João Paulo de defender um petista como postulante único da situação. Em resposta, João Paulo disse aceitar as opiniões do vice, embora continue defendendo a candidatura única. “Acho que se ele quer ser candidato é uma opção que o partido tem. Mas acho que necessariamente uma estratégia que deu certo na eleição passada não é que ela venha se repetir agora. Há uma diferença na conjuntura, mas ele tem o direito de se lançar candidato”, disse.

O olhar de Enio sobre a crise dos aeroportos

Charge de Enio Lins na Tribuna de Alagoas

Boatos e verdades

Na Folha de Pernambuco, por Marileide Alves
PCdoB articula Luciana Santos para Paulista
. Se depender do diretório municipal do PCdoB em Paulista, a prefeita de Olinda, Luciana Santos, será a candidata da sigla para o pleito de 2008. Segundo informações de bastidores, o diretório vem articulando o nome de Luciana desde o ano passado. “Pelo trabalho que Luciana vem realizando em Olinda, ela é vista como uma opção do partido para qualquer município. Paulista foi escolhido por causa da proximidade das duas cidades”, comentou uma fonte ligada ao partido.
. Essa possibilidade já foi, inclusive, levada ao Diretório Estadual. Mas o presidente, Alanir Cardoso, nega as especulações. “É muito cedo para essa discussão. Isso é um processo que precisa ser debatido. Não é em cima de um nome, mas a partir de idéias, de programas. O momento agora é de fortalecer o partido”, declarou.
. Para substituir a comunista em Olinda, a legenda está apostando no deputado estadual, eleito ano passado, Luciano Moura (PCdoB), que deve sua vitória ao apoio da prefeita. Já no Recife, o candidato do partido seria o vice-prefeito Luciano Siqueira (PCdoB), que vem defendendo a hipótese de mais de uma candidatura no campo de forças de esquerda. Ontem, em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, Siqueira mais uma vez defendeu sua tese. “Nós podemos, por uma questão tática, ter mais de uma candidatura. Nós temos o dever de examinar essa hipótese. O PCdoB examina essa tese de maneira concreta. O nome que o PCdoB teria no Recife, e nós não fazemos nenhum cabotinismo disso, seria o meu nome, e temos que encarar isso”, disse.
. Para o comunista, essa hipótese deve ser levada em consideração pelos partidos aliados, principalmente o PT. Segundo Siqueira, essa possibilidade não significaria uma ruptura com o PT nem com o prefeito João Paulo. “Seria algo sem nenhum atrito, sem rupturas. Seria uma fórmula taticamente adotada pelo conjunto de nossas forças, inclusive com a anuência do PT”, afirmou.

25 junho 2007

Bom dia, Rainer Maria Rilke


Hora grave

Quem agora chora em algum lugar do mundo,
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.

Quem agora ri em algum lugar na noite,
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.

Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.

Quem agora morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.

(Tradução: Paulo Plínio Abreu)

Clamorosa impunidade

O Globo:
. Crianças e adolescentes vítimas de crimes violentos como homicídio e seqüestro, além de abuso e exploração sexual, são também vítimas da impunidade. Pesquisas mostram que investigações desses crimes estão longe de pôr seus autores na cadeia. Os processos se arrastam, em muitos casos, até 14 anos, com raras condenações, ao mesmo tempo em que cresce a violência infanto-juvenil.
. Levantamento da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced), que resultou no livro "Impunidade! Até quando?", mostra que, dos 24 crimes mais violentos pesquisados entre os anos de 1999 e 2000, em todo o país, 85% não apresentam qualquer solução. Desse universo, o tempo de duração do processo é de mais de dez anos (38,1%). Apenas 9,5% dos processos duraram até cinco anos.
. — Ao não adotar políticas de proteção à criança e ao adolescente, o Estado se torna duplamente o maior violador dos direitos dessas pessoas, já que a pesquisa também mostra que 33% dos crimes analisados foram cometidos por agentes policiais — diz a coordenadora do grupo de trabalho sobre impunidade da Anced, Enza Mattar."

DESTAQUE DO DIA

A hora e a vez da reforma política

“Em casa em que falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão”, ensina o adágio popular. O pão, no caso, é a ausência de um consenso consistente sobre a matéria – a reforma política. Só que, em sua difícil e tumultuada tramitação, alguns têm razão, sim; e outros não.


Erram rotundamente os que rejeitam liminarmente os princípios pontos inovadores da reforma – o financiamento público de campanha e o sistema de lista pré-ordenada (fechado ou flexível) – com argumentos precários e inconsistentes, como o de que as cúpulas partidárias passariam a ter o controle do processo (como se na quase totalidade dos partidos isso já não acontecesse). Ou seja: preferem que fique tudo como está.

De outra parte, os que desejam realmente a reforma trabalham o tema numa concepção suprapartidária e consensuada. Caso da emenda global apresentada pelos líderes do PMDB, PT, DEM, PCdoB, PSB e PPS, que substitui a lista fechada pela flexível, na qual os eleitores poderão votar duas vezes na lista e no candidato preferido que estiver na lista. Caberá ao Diretório Nacional do partido conduzir a elaboração da lista para a eleição de deputados e vereadores através de uma dessas formas: por votação nominal em convenção partidária; por votação por chapas em convenção; e por prévias abertas a participação de todos os filiados da respectiva circunscrição eleitoral.

Quanto ao financiamento público exclusivo de campanha, por essa emenda 5% dos recursos serão divididos igualitariamente entre todos os partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral; 20% divididos igualitariamente entre os partidos com representação na Câmara; 40% divididos entre os partidos, proporcionalmente ao número de votos obtidos na última eleição geral para a Câmara; e 30% divididos entre os partidos, proporcionalmente ao número de eleitos na última disputa para a Câmara dos Deputados.

Essas duas questões concentram, a nosso ver, a essência democrática da pretendida reforma. Os partidos só não a aprovam agora se não quiserem. O que veremos a partir de hoje, quando o relator Ronaldo Caiado deve apresentar seu substitutivo tendo em conta as mais de 320 emendas recebidas.

*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br

Reforço energético

Na Gazeta Mercantil:
Energia da cana pode evitar o risco de apagão em 2009
Um substancial alívio ao preocupante quadro de oferta de energia a partir de 2009 pode vir dos projetos de co-geração de energia a partir da queima do bagaço de cana. O boom do etanol, que tem levado à profusão de novos projetos de usinas por todo o país, está sendo acompanhado de investimentos em co-geração. Estima-se que hoje já seria possível adicionar entre 6 mil MW e 8 mil MW ao potencial instalado de geração de energia do país, considerando a moagem de 500 milhões de toneladas de cana-de-açúcar prevista para a safra 2007/08. Não é pouco. Equivale ao maior projeto de hidrelétrica na agenda do governo atualmente, a usina do Rio Madeira, que prevê potência instalada de 6,48 mil MW.

24 junho 2007

Trópicos têm sumidouro inesperado de carbono


Na Ciência Hoje:
Modelos teóricos subestimam quantidade de CO 2 absorvida da atmosfera por florestas intactas
. As florestas tropicais intactas podem capturar da atmosfera uma quantidade de carbono maior do que se acreditava, sugere um estudo internacional publicado esta semana. O trabalho concluiu que a vegetação temperada do Hemisfério Norte absorve 40% menos carbono do que previam os modelos teóricos. A diferença está sendo compensada nos trópicos, onde as matas intactas estão capturando quase 2 bilhões de toneladas anuais a mais do que indicavam as previsões.
. O estudo ajuda a entender o destino das 8 bilhões de toneladas de carbono lançadas anualmente na atmosfera. Cerca de 40% ficam acumulados na atmosfera e 30% são absorvidos pelos oceanos. Acreditava-se que os 30% restantes seriam capturados pela vegetação terrestre, sobretudo nas regiões temperadas do Hemisfério Norte. No balanço global, as florestas tropicais são emissoras, já que o carbono absorvido por elas não basta para compensar aquele lançado na atmosfera pela queimada e derrubada da mata para dar lugar a lavouras e pastagens.
. Leia matéria completa clicando aqui http://cienciahoje.uol.com.br/94669

Educação e desigualdade

No Vermelho:
Estudo revela perfil da desigualdade social
. A educação é o segundo fator para a desigualdade entre ricos e pobres no Brasil – perde apenas para o acesso à cultura. A conclusão está no estudo Gasto e Consumo das Famílias Brasileiras Contemporâneas, divulgado nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
. O trabalho aponta que as famílias mais ricas gastam 30% a mais que as mais pobres e que quanto maior a renda per capita e o nível de escolaridade dos chefes de família, maior a parcela das despesas com educação.
. Veja a matéria na íntegra clicando aqui http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=20290

Bom dia, Luis Carlos Monteiro

Ernesto de Fiorio - Jantar
Recife - Pátio de São Pedro

Vagabundos na praça.
Pessoas
entoando versículos e loas,
artifícios e ogivas antigos

mercenários mecenas milícias.

Esta cidade com seus teatros,
bares e praias, cinemas amontoados

Luzes incertas e avaras,
parco e raro um povo insofrido,
decadência obscura de pontes e rios,
caminhadas na noite, reencontros e festas

Docas da Avenida Rio Branco,
Compadre Teófilo, amigo e poeta!

Esta cidade com seus poetas
avessos direitos cisneiros.
Pátios afins com requintes de urbe
pós-moderno trans(n)adas futuro.
Mulheres de beleza fatal e morena.
Brinquedos esquivos perdidos espúrios.

DESTAQUE DE DOMINGO

Neste domingo, o cronista é o próprio blogueiro. “Vingança” foi publicada no Vermelho em 31.03.05 e está na coletânea “Como o lírio que brotou no telhado – Outras crônicas escolhidas”, Editora Anita Garibaldi, SP, 2006.

Vingança

Encontro casual no supermercado. Sujeito alto, corpo ligeiramente encurvado, cabelos brancos ralos, sorriso largo.

- É o vice-prefeito?

- Sim, pois não?

- Muito prazer, tinha vontade de conhecê-lo pessoalmente. Com o prefeito João Paulo, eu conversei outro dia no restaurante vegetariano.

- O prazer é meu.

- Pois é. Gosto de conversar com vocês políticos. Tem coisas que a gente não entende.

- Como assim?

- O governo de Lula, por exemplo. Achava que todo mundo ia melhorar um pouquinho a vida, sabe como é, a gente vive no sacrifício, e quando um cara que é trabalhador feito a gente chega lá em cima, a esperança é muito grande.

- Tem razão, amigo. Mas é preciso entender que as coisas não são simples. Lula herdou de Fernando Henrique um país quebrado. O Brasil é que nem um veículo ultramoderno, pré-programado de fora para ir na direção dos banqueiros daqui e do estrangeiro. A missão dele é desfazer a engrenagem dessa programação e mudar o rumo do veículo. Isso leva tempo e tem muita gente trabalhando contra, até dentro do governo, acredite.

- Acredito, sim. Nem sei como isso acontece, mas acredito, pois em todo lugar tem os que não querem que a coisa vá pra frente, os espíritos de porco, sei como é.

- Então. Assim, numa conversa rápida, nesse movimento todo, fica difícil esclarecer...

- Compreendo.

- ...quem sabe a gente pode conversar com calma, o amigo participar de uma reunião.
- Olhe, reunião eu não sei se tenho paciência não. Quando a gente passa dos setenta, não agüenta muito bate-boca, não.

- É um modo de participar.

- Mas quem disse que não participo? É uma participação diferente, mas não deixo de tirar a minha casquinha.

- Como assim?

- E o senhor acha que eu vou pagar essa compra toda? Tenho dinheiro não, oxente. Com o ganho da minha aposentadoria nunca que podia comprar isso que tá aqui no carrinho. Veja aqui, botei até essa garrafa de Logan 12 anos...

- Não estou entendendo.

- É o seguinte. Moro em Nova Descoberta. Sou idoso, não pago passagem, aí tomo o ônibus, desço aqui na Rosa e Silva, entro nesse supermercado de gente fina, “24 horas”, encho o carrinho de compras, boto tudo de melhor, rodo um pouco, puxo conversa com um, com outro, e depois abandono o carrinho. Vendem caro, não? Pois vão ter trabalho comigo!

- Faz isso sempre?

- Claro. Abandono o carrinho e vou embora pra casa. Conto pra minha velha, ela morre de rir com a minha traquinagem. Na semana passada, fiz isso no Carrefour.

- Essa é sua maneira de protestar.

- É, sim. Ninguém sabe, nem se incomoda, mas aqui com meus botões eu me vingo. Mas não espalhe, é segredo.

- Segredo guardado, tudo bem. Mas aceite meu cartão, aqui tem os telefones, endereço eletrônico, quando tiver vontade de participar de uma reunião, é só se comunicar com a gente. Fique tranqüilo que não é bate-boca, não; é até divertido, feito esse seu jeito de se “vingar”.

- Passe bem, e dê um abraço no prefeito.

- Darei sim. Foi um prazer conhecê-lo.

Na saída, foi possível perceber à distância que o nosso “vingador” iniciava novo diálogo, agora provocando risos num pequeno grupo de adolescentes.