30 abril 2018

De quem?

‘Amanhã é o nosso dia, o Dia do Trabalhador’ — diz Temer na TV. Dia de quem, cara-pálida!?

Desafio tático


Unidade da esquerda é possível e necessária, afirma Flávio Dino

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) reafirmou a defesa de uma frente ampla na eleição presidencial e enfatizou que a garantia do direito de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é fundamental para o processo democrático.

Portal Vermelho

Flávio Dino avalia que o quadro eleitoral ainda é muito fragmentado e com a indefinição sobre a eleição de Lula "todo mundo fica ali no mesmo patamar" e todas as candidaturas que lideram nas pesquisas podem desmanchar, casos do Bolsonaro, da Marina, do Joaquim.

"Temos dificuldade de prognosticar a presença do Lula na urna. Defendo o direito de ele concorrer porque acho que ele foi vítima de uma arbitrariedade. Ainda há muito em jogo, muita perspectiva, e acho fundamental que o Lula se mantenha no debate. Levo em conta dois cenários: se Lula for candidato, todos com Lula; se não for é uma eleição aberta", argumentou. 

Para Flávio Dino, a unidade da esquerda não só é possível como necessária "para polarizar setores sociais mais amplos e também setores políticos". 

"Se tiver uma eleição fragmentada pode ser que nenhum de nossos candidatos tenha viabilidade e isso pode resultar numa tragédia: ficarmos fora do segundo turno. Por isso acho importante, por exemplo, Ciro e Haddad conversarem", disse.

Segundo ele, a prisão do ex-presidente Lula num processo sem provas e recheada de irregularidades criou uma incerteza no processo eleitoral. E esse foi o objetivo da prisão de Lula antes da findar os recursos que a sua defesa apresentou ao tribunal de segunda instância.

"Essa dúvida que paira sobre o Lula acaba impedindo esse debate porque a opção objetiva da sociedade, as pesquisas mostram, é em torno do Lula. Enquanto fica a hipótese do Lula você não consegue avançar em uma alternativa".

O governador maranhense destacou que a prisão arbitrária de Lula deixou o debate eleitoral para segundo plano. "É uma prova de generosidade de todos nós compreendermos que não seria leal neste momento descartá-lo e dar como fato consumado que ele vai ficar preso e não será candidato. Tem que esperar esse processo decantar. É um trauma muito profundo encarcerar o maior líder político da história brasileira", destacou. 

Segundo ele, as decisões recentes do Supremo Tribunal Federal são indícios da fragilidade do veredicto. "É tão frágil que precisa produzir outros presos para se legitimar. É um negócio tão mal arrumado que é difícil de se sustentar por muito tempo", acredita. 

Como é de praxe, o Estadão buscou o factoide. Uma das perguntas foi sobre a aliança de partidos em torno da candidatura de Flávio a governador, em 2014, que reuniu os três principais candidatos a presidente: Dilma, Aécio e Eduardo Campos. "Agora sete dos 14 partidos que apoiam seu governo anunciaram pré-candidaturas, inclusive o PCdoB. O senhor pretende repetir a estratégia?", questionou o jornalista Ricardo Galhardo. 

"A fórmula é a mesma. Tenho meu voto pessoal que obviamente é na candidata do meu partido, a Manuela D’Ávila, mas ao mesmo tempo cumpro o papel de acolher os candidatos de partidos da nossa aliança", salientou Flávio Dino. 

Na linha de tentar constranger a aliança, o Estadão questionou se o governador se arrependia de ter dado palanque para Aécio. "Não, porque a conjuntura naquele momento indicava que tínhamos o apoio do PSDB que indicou o vice-governador e, atendendo a um pedido do PSDB, eu participei de
eventos com o candidato Aécio contra o qual não existia nenhuma denúncia. Você não pode julgar o passado com os olhos de hoje". 

Sobre a volta do ex-presidente Sarney, que após 28 anos transferiu o domicílio eleitoral de volta ao Maranhão, Flávio disse que a mudança significa mais para a política do Amapá do que para o Maranhão. 

"Eu diria que não foi um gesto de vontade. Ele chegou a ensaiar uma candidatura no Amapá mas aparecia mal nas pesquisas. Ficou evidente que não tinha mais nenhum papel a jogar lá. O certo é que ficou em uma situação frágil lá", afirmou o governador comunista.

E acrescenta: "Mas ele tem articulado para tirar partidos da base do senhor. Ele fez isso mas, graças a Deus, com escasso êxito. São ciclos históricos. No Livro do Gênesis, na Bíblia, quando a mulher de Ló olha para trás ela vira estátua de sal. Acho que isso se aplica também aos ciclos políticos. É um ciclo esgotado no Maranhão porque ninguém quer virar estátua de sal". 
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O prazer da fotografia

Fim de tarde às margens do Vaza Barris, Aracaju (Foto: LS)

Um olhar a ser considerado


Superficialidade da imprensa na análise do acordo coreano
José Carlos Assis*

A suprema imbecilidade da imprensa internacional em relação ao acordo entre as duas Coréias - com destaque para a imprensa brasileira e, em especial, a imprensa televisiva -, se revela no mantra recorrente de que os líderes coreanos do norte são inconfiáveis. Em outras palavras, o acordo não é muito relevante porque por Kim Jong-un ou seus antecessores já descumpriram promessas de paz outras vezes. Com isso estaríamos assistindo a uma palhaçada internacional sem valor objetivo.

Há um estúpido desconhecimento, nesse jogo, das circunstâncias atuais e das próprias condições coreanas internas. Inicialmente, trata-se de um desconhecimento da parte norte-americana, que faz um jogo tão decisivo quanto o de sua contraparte. Creio que, no Brasil, tenho sido dos poucos comentaristas que vêem um lado positivo em Donald Trump no campo internacional. É um homem de negócios, não um geopolítico. Isso, na campanha eleitoral, o distinguiu radicalmente de Hillary Clinton, senhora da guerra, inclusive do assassinato de Kadafi no contexto da chamada Primavera Árabe, ou da matança árabe.

O assassinato de Kadafi, e a derrubada de outros governantes árabes, inclusive do Egito, na chamada Primavera, alertou os coreanos sobre o que os esperava caso afrouxassem as cordas nas relações com Washington. Como consequência aceleraram seu projeto nuclear. A estratégia oficial que prevalecia nos Estados Unidos era de "regime change", ou seja, de mudança de regime dos países adversários conduzida por Barak Obama. A resposta de Trump, contra os geopolíticos belicistas, ainda na campanha, era a de respeitar as escolhas políticas dos países. Isso foi consagrado na nova estratégia dos EUA anunciada há alguns meses.

Creio que o ataque à Síria, sob pretexto de que esta última bombardeou uma cidade de rebeldes com armas químicas, foi um gesto puramente simbólico de Trump. Na verdade, ele pretende apenas fazer o que um oficial havia recomendado para o fim da guerra do Vietnã no início dos anos 70: Declarar vitória e pular fora. Se a situação no Oriente Médio não fosse tão complexa, com tantos interesses envolvidos, países, curdos e terroristas, o presidente norte-americano já teria pulado fora, pois sabe que não tem como vencer a guerra.

Para saber o que quer Kim Jong-um, é preciso saber o que quer Trump. No meu entender, ele quer simplesmente fazer negócios, beneficiar o capital americano. Diante do status já consagrado da Rússia e da China no plano do poder internacional, não há muito o que fazer em geopolítica. E sua contraparte coreana, pensando no legado da família, provavelmente pensa em desenvolvimento e bem estar de sua população.

Claro, para chegar ao desenvolvimento é preciso despertar o interesse americano num acordo que vai alem da questão militar, embora com algum conteúdo geopolítico residual.

Na verdade, a Coréia do Norte é a grande oportunidade de mobilização de mão de obra disciplinada e abundante para exploração do capital no mundo atual. Um empresário como Trump sabe que não se pode deixar a Coréia em mãos exclusivas da China. O país dito miserável tem um tremendo desenvolvimento em informática capaz de invadir sistemas virtuais no mundo todo. Em pequena escala, a Coréia pode ser a China das próximas décadas, oferecendo ao apetite do grande capital internacional, sobretudo norte-americano, uma alta temporária na taxa média de lucro que atenderia seus interesses econômicos.

Não há acordo entre duas partes se elas não têm interesses próprios a serem atendidos. É uma grande tolice achar que a Coréia do Norte vai abrir mão de seus arsenais atômicos de graça. Também é tolice imaginar que Trump fará um acordo que não passe pelo total desarmamento de mísseis de longo alcance da Coréia. Um acordo paralelo poderá ser feito com o Japão nas mesmas bases. Mas a Coréia tem que ser compensada no campo econômico por suas concessões geopolíticas. Enfim, vejo com perspectivas bastante favoráveis o desenvolvimento dessas negociações, ao contrário da grande mídia superficial.

*Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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Assim é

No futebol, muitas vezes quem dá a ‘assistência’ tem mais mérito do que quem faz o gol. Na política, idem: quem une forças às vezes é mais decisivo do que o candidato ao Executivo quando por si mesmo frágil.

Mídia parcial


Globo “faz documentário” sobre tinta em prédio, gasta 3 minutos com passeios de barco em Londres mas desconhece atentado a tiros em Curitiba
Viomundo

“Se arremessam tinta, em um prédio, querem fazer documentário sobre como vivem as pessoas que limparam as calçadas do lugar”, ironizou Fausto Rocha notwitter.

Ele se referia à extensiva cobertura que a TV Globo fez em seus telejornais do protesto em que integrantes do MST atiraram tinta vermelha no prédio onde mora a presidenta do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, em Belo Horizonte.

A limpeza da calçada por gente ligada ao MBL e a colocação de flores no local foram destaques na mídia brasileira.

Porém, o telejornal Hoje, da Globo, desconheceu completamente neste sábado o atentado ao acampamento Marisa Letícia, em Curitiba, onde apoiadores do ex-presidente Lula fazem vigília.

“Para a Rede Globo pessoas de esquerda não são dignas de direitos, no caso do homem empurrado na frente do instituto Lula eles foram entrevistar até a família, Globo prega o genocídio da esquerda ao desumanizar as pessoas justificando ataques e qualquer tipo de violência”, escreveu Rafael Martelo sobre a omissão da Globo, também no twitter.

Duas pessoas ficaram feridas a bala em Curitiba.

O militante que recebeu um tiro no pescoço está internado na UTI.

“Ele estava consciente, sem risco de vida, perdeu bastante sangue, a bala perfurou, mas não ficou alojada. No acampamento estávamos na porta na segurança, um carro passou e voltou atirando”, descreveu testemunha ouvida pelo Brasil de Fato.

O ataque foi registrado em áudio e vídeo (ver acima). Há o som de disparos e, também, o que parece ser o lançamento de rojões.

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná emitiu nota dizendo que cápsulas de projéteis de 9 mm foram recolhidos no local.

A mulher que se feriu levemente foi atingida por estilhaços de um tiro que acertou um banheiro público, segundo a nota.

Porém, o Jornal Hoje desconheceu tudo isso: estava preocupado mesmo é com o clima ameno em Londres.

Dedicou mais de 3m30s, tempo imenso para os padrões de TV, a passeios de barco na capital britânica.

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Trabalho desvalorizado

O número de trabalhadores com carteira assinada no país atingiu o menor patamar desde 2012. Reflexo direto do ajuste fiscal e da reforma trabalhista. Exclusão + precarização das relações de trabalho. 

Esperneio oligárquico

‘Após 28 anos domiciliado eleitoralmente no Amapá, Sarney. transfere título para o Maranhão para fortalecer clã e impedir reeleição do governador do PCdoB’. [Mas falta combinar com o povo, que está com Flávio Dino].

Mundo real

Brasil só cria vagas de emprego formal de até 2 salários. Sinal da fragilidade da (suposta) recuperação da economia.

Delações (sempre) suspeitas


Acordo e desacordo, suspeitos os dois
Motivo de serem as "revelações" de Palocci rejeitadas pela Lava Jato e validadas pela PF é obscuro
Janio de Freitas

O acordo de delação muito premiada acertado entre Antonio Palocci e a Polícia Federal é um caso especial, mas não pelo que contenha contra Lula e diretores de bancos, tema de excitada especulação e presumidos temores.

Tanto a PF como a Lava Jato, que recusou o acordo com Palocci, põem-se sob indagações e suspeitas por suas atitudes ante Palocci e entre si. Essa história, em que também o Supremo toma parte —o que já insinua complicação—, não tem chance de escapar a mais um entrevero degradante.

Como preliminar, o Supremo parou a meio caminho e deixou em suspenso seu iniciado reconhecimento a direito da PF de negociar acordos de delação, rompendo a exclusividade que os procuradores exercem e exigem.

Assim como há anos se vê nas delações à Lava Jato, o vende-e-compra de acordo policial precisa passar pela concordância ou recusa do Supremo. A indefinição das condições em que a PF fará acordos e premiações, porém, deixa o seu entendimento com Palocci pendurado em futuro impreciso.

O motivo de serem as “revelações” de Palocci rejeitadas pela Lava Jato e validadas pela PF é obscuro. A defesa e mais de um procurador repetiram, várias vezes, que Palocci não disse o que os procuradores dele exigiam.

Neste caso, ou eram exigências que a PF considerou descabidas, ou tinham cabimento e a PF, por motivos descabidos, curvou-se à concessão de dispensá-las. Inúmeros precedentes autorizam suspeitas sobre um lado e sobre o outro. Situações assim tiram a legitimidade do inquérito e do processo. A da delação, tratando-se de Palocci, nem se cogite.

Por bastante tempo, insisti em referências à casa alugada pela turma de Palocci em Brasília, durante sua permanência como ministro da Fazenda. Tanto quanto a dinheirama por ele acumulada em pouco tempo, ou a função dessa casa é contada pelo delator, ou já a priori sua delação de nada vale.

A casa não foi alugada só para receber moças bem remuneradas. Foi, como uma fortaleza de bicheiros, lugar em que se arquitetaram negócios sigilosos. Inclusive com a presença de figurões do empresariado.

Ao assumir o ministério, Palocci fez se mudarem para Brasília, mas não para integrar o governo, ao menos cinco da sua turma quando prefeito de Ribeirão Preto.

Na Justiça de São Paulo, o acusado ex-prefeito conseguiu contornar os processos sobre suas atividades paulistas com a turma. O possível acordo premiado é a oportunidade de que não se passe o mesmo com as atividades originadas da ligação entre o Ministério da Fazenda e a casa dos encontros.

Da delação de Palocci pode-se esperar qualquer coisa. Mas se espera também, e mesmo antes, a explicação da Lava Jato e da PF sobre os motivos das respectivas aceitação e rejeição das mesmas e alegadas confissões.

Afinal, esse Antonio Palocci lembra uma expressão que não merecia o esquecimento: “Fulano não presta”.

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29 abril 2018

Binóculo invertido

‘Alckmin elabora plano para região Nordeste’. [Como diria Arraes, é o olhar da Avenida Paulista sobre o ‘resto’ do Brasil].

28 abril 2018

Barco furado


Custo de publicidade da reforma da Previdência foi de R$ 110 milhões. Não convenceu o povo, nem conquistou maioria parlamentar suficiente. Rotundo fracasso. 

27 abril 2018

Tronchura

‘Sem mencionar Meirelles, Alckmin defende coalizão 'do centro democrático'. Tirante Bolsonaro, a direita veste o disfarce de ‘centro’. Tucano nunca desce do muro para a esquerda, sempre fica aonde está: na direita.

Duas faces

‘Desemprego é de 13,1% e atinge 13,7 milhões de trabalhadores, diz IBGE’. Diria o finado general Figueiredo: A economia vai bem, mas o povo vai mal.

Voo de galinha

‘Investimento público cai para 1,17% do PIB e atinge o menor nível em 50 anos.’ Pode a economia crescer solidamente assim? Claro que não, só na propaganda do governo.

26 abril 2018

Poesia sempre


Gil Vicente
Gosto quando te calas
Pablo Neruda

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.


Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.


Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.


Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinquo e singelo.


Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

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Luta e afeto

Quem se filia agora ao PCdoB nunca chega de mãos vazias. Agrega experiência pessoal e de luta e renovada esperança no futuro do Brasil. 

Trajetórias militantes que se cruzam https://bit.ly/2r2eOSo

Fora do prumo

‘Temer e PSDB negociam chapa Alckmin-Meirelles para unificar centro.’ [Só se for o centro da direita].

Humor de resistência

Laerte vê a ditadura do Judiciário

Como assim?

Marina Silva estaria empenhada em conquistar eleitores de Lula no Nordeste. Com discurso diametralmente oposto ao do ex-presidente? Seria misturar alhos e bugalhos.

Bom senso

Chapa majoritária se monta com critério, sensatez e paciência. Igual a escalação de time em final de Copa do Mundo.

25 abril 2018

Na raça

Palmeiras mete 2x0 no Boca Juniors na Bobonera em grande jogo. Merecidamente.

O prazer da fotografia

Cena urbana: Barcos do Capibaribe (Foto: LS)

Ontem e hoje


Arraes e o PCdoB
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Na trajetória de lutas de uma nação há combatentes que se salientam em algum momento. Poucos, entretanto, têm presença marcante por largo período – como Miguel Arraes, influente líder político por mais de cinco décadas. Oportuno lembrar três das suas melhores qualidades: a defesa persistente e conscienciosa da soberania nacional; uma enorme sensibilidade para com as condições de existência do povo e a manutenção de duradoura aliança com os comunistas, mantida em diferentes situações.
Firmeza na defesa de convicções é sem dúvida uma virtude, quando não resvala para a intransigência cega ou o anacronismo infenso às transformações da realidade. A compreensão de Arraes acerca da questão nacional – nas suas diversas dimensões -, ao contrário de alguns outros nacionalistas, jamais cheirou a naftalina. Ele cuidou de atualizá-la no tempo histórico e de fundamentá-la através do estudo acurado dos problemas.
A paciência para ouvir e a sensibilidade para captar o sentimento e as necessidades dos habitantes das periferias urbanas e do meio rural, em muito atenuou, nas três vezes em que governou Pernambuco, as limitações inerentes a um governante apegado a concepções e métodos de gestão antiquados, ultra-centralizadores. Isso se refletia no trato com membros do governo, que considerava ineficientes se incapazes de aliar a competência técnica ao relacionamento direto com o povo.
Líder inorgânico, praticamente sem intermediários na sua relação com o eleitor, nunca de empenhou em organizar partido político. Frequentou alguns e só se ocupou em dirigir, por alguns anos, o PSB, que presidia. No entanto, queixava-se da fragilidade da estrutura partidária brasileira e costumava mencionar o PCdoB como exemplo de organização lúcida e disciplinada. Em ocasiões de crise, quando a dispersão das correntes populares parecia predominar, sugeria que o Brasil poderia romper com a dominação estrangeira se se unissem os comunistas e as Forças Armadas em torno de um projeto nacional capaz de galvanizar o povo e amplos segmentos da sociedade.
A interlocução constante entre Arraes e o PCdoB em Pernambuco, por precisos vinte e seis anos, desde que retornou do exílio, forjou um relacionamento pautado pela confiança mútua e pela amizade, inabaláveis mesmo quando afloravam divergências e seguíamos caminhos discrepantes.
Num instante da vida nacional em que convicções e compromissos programáticos são postos a segundo plano, sob o predomínio do imediatismo inconsequente, importa reavivar a memória e a presença de Miguel Arraes.

É preciso enfrentar as eleições de outubro com um olho na missa e o outro no padre https://bit.ly/2qSM2U3

Vale a pena


Ciro e Haddad, conversar é indispensável
Walter Sorrentino

Boa a iniciativa de Ciro e Haddad irem ao encontro com Delfim Netto e Bresser Pereira. Ciro afirma que “combinamos que o que tem de ser feito é dar toda força às nossas direções nacionais e às nossas Fundações, que já estão operando juntas, com documentos conjuntos e análises de conjuntura e seguiremos trocando ideias sobre essas coisas. Nada de chapa”. Haddad, por sua vez, que é preciso manter fluidas as relações entre os partidos de esquerda e centro-esquerda. E arremata que também com Manuela e Boulos isso vem se verificando.Custa a crer que alguém, afora as forças conservadoras, possa ter dúvidas quanto à necessidade e correção disso.

Como se sabe, essas forças deram um grande passo ao elaborar um Manifesto assinado pelas Fundações do PCdoB, PT, PDT e PSOL – também com participação, embora sem endosso, do PSB – há pouco tempo. É a base para uma convergência programática para tirar o país da crise apontando para um projeto nacional de desenvolvimento consistente, articulado e sistêmico, soberano, democrático e de inclusão social plena. Com ele – e com a determinação da maioria dos brasileiros – é possível tirar o Brasil da condição de um país semiperiférico nas cadeias de valor globais e divisão internacional do trabalho, levando-o a novo patamar civilizatório.

Incrível é que se trata da primeira vez na história desde a ditadura de 64 que as forças de esquerda e centro-esquerda logram um pacto formal com essa consistência programática. Ele dá ensejo a outros passos de entendimentos em comum para as eleições de outubro, visando a assegurar a presença no 2º turno e ousar vencer.
A resistência ao atual estado de coisas no Brasil logrou êxitos substantivos quanto à análise que fazemos neste campo político. Mas de nada vale ter forças – cerca de um terço da sociedade – se se permite que sejam sitiadas nessas fronteiras.

O entendimento progressivo é necessário, respeitando o tempo político de cada uma dessas forças e a legitimidade de suas candidaturas, os objetivos partidários necessários para assegurar ampla bancada de parlamentares no Congresso Nacional. As eleições estão aí logo mais, mas até agosto, quando se fazem os acertos finais, muita água vai rolar, o quadro vai decantar em quase todas as suas variáveis, tanto no nosso lado quanto do lado de lá.

Manter abertas as portas do entendimento não enfraquece este ou aquele, ao contrário, fortalece nosso projeto comum em alcançar de fato o povo, com saídas críveis e viáveis para a crise, falar de solução aos problemas agudos do cotidiano, abrindo novas esperanças no futuro. Uma opção frentista sempre é melhor unir vastas forças, para resistir e lutar contra o arbítrio e a exceção, pela democracia e pela Constituição de 1988, unindo sobretudo os movimentos populares em ação e as forças progressistas.

Se desse combate comum na resistência ativa nascer uma alternativa mais coesa para as eleições, aumentam as chances de liderarmos a reconstrução da nação. Os justos interesses partidários não devem nem precisam se sobrepor aos interesses do Brasil, da democracia e dos direitos do povo. São necessários convergência de objetivos e pactuação progressiva entre nossas candidaturas, sem hegemonismos nem vetos. A hora é de destravar esses caminhos.
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Uma crônica para descontrair

O rádio e a antecipação da notícia
Luciano Siqueira


Fernando Sabino diz numa de suas crônicas que o rádio entrou na residência dos brasileiros pela sala de visitas e, com o advento da televisão, foi parar na cozinha.

Em minha casa, não exatamente na cozinha: no banheiro. Porém não relegado a uma condição inferior, vez que é muito mais ouvido do que vista é a TV.

Desde cinco horas da manhã, quando tomo o primeiro banho antes da caminhada matinal.

Ali, sempre presente, de domingo a domingo, anunciando os acontecimentos do dia e difundindo comentários de tudo o que é gente se arvora especialista nos mais variados assuntos.

Testemunho assim a importância do rádio na formação (ou deformação) da consciência política do nosso povo. Não só do rádio, mas dos meios de comunicação como um todo: a TV e os jornais, e também os sítios na Internet, guardam uma relação simbiótica com o rádio, um alimenta os demais e vice-versa.

O rádio confirma ou antecipa a notícia, dependendo da hora em que o sintonizemos. Na madrugada, os jornais impressos do dia já não terão tempo de registrar o que ocorreu em Estocolmo, Atenas ou Mossoró, naquele instante; mas o rádio sim, pois a informação terá sido captada em tempo real, via Internet e de imediato repassada aos ouvintes.

A “antecipação” da notícia às vezes é precipitada pela ansiedade de quem a transmite. Vira premonição. Como aconteceu com um jovem repórter da Rádio Jornal, no Recife, em meados dos anos 80, quando eu exercia o primeiro mandato de deputado estadual colado às lutas populares em ascensão.

Uma espécie de plantão permanente, para o que desse e viesse. Um pé na Assembléia Legislativa e o outro nas ruas.

Foi na ocupação do conjunto habitacional Montes Verdes, no Ibura.

Transmissão ao vivo. O repórter narra a chegada do Batalhão de Choque da Polícia Militar, enviado pelo governador Roberto Magalhães, e o tumulto que se instala – gritaria, corre-corre, choro de crianças, vozes exaltadas:

- Há muita confusão, senhores ouvintes, pessoas podem ser feridas. Como sempre acontece, o deputado Luciano Siqueira já se encontra no local e, segundo lideranças comunitárias ouvidas pela reportagem, já teve um entrevero com o capitão Viana.

- Então ouça o depoimento do deputado – pede o locutor do estúdio.

- Ainda não é possível. O deputado parece estar encoberto pela poeira que se levanta no local do conflito, onde alguns policiais foram agredidos a pedradas.

- Ele foi agredido pelos policiais? É importante verificar isso.

- Vamos verificar, vamos verificar... e dentro de alguns minutos ele dará entrevista exclusiva para nossa emissora.

Mas não tinha jeito de encontrar o deputado, que ouvia tudo pelo rádio do carro, ainda se deslocando de casa para o bairro, agora o mais rápido que podia – para cumprir o dever e não frustrar o repórter e os seus ouvintes.

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Mais um

Nem o festejado Nelsinho Batista resistiu e o Sport perde seu técnico no início do campeonato. No futebol brasileiro, tudo se desmancha no ar. 

Encolhido

“Temer muda discurso sobre reeleição para evitar ataques”. [E aumentar mais ainda a rejeição recorde].

23 abril 2018

Unidade quando?

Uma questão crucial para as oposições. Veja http://goo.gl/6sWRPX

Pluralidade

Cada partido há de ter seus princípios, sua linha e suas cores – e todos são livres para escolher por onde e com quem desejam caminhar. 

Convivência

Antes de me cobrar sobre o que penso e onde estou, me pergunte 'o que penso' e 'por que' escolhi estar onde estou. Fora disso, o diálogo dá lugar à imposição e à intolerância e a possibilidade de entendimento morre no nascedouro. Vale para o amor, para o trabalho profissional e, sobretudo, para a luta política.

22 abril 2018

Em cima do lance: Luciano Siqueira Opina

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Compromisso

"Quando o povo é mais atacado, o artista surge nessa hora, porque ele é o povo. E tem o dever de estar sempre avant-garde, observando o futuro. Na realidade, o papel do artista é esse." (Otto, em entrevista à revista Continente). 

Ciência atual


Inovação no combate a doenças neurológicas
Novas estratégias para o transporte de fármacos até o cérebro abrem portas para o desenvolvimento de terapias para doenças como a de Alzheimer e tumores cerebrais.

Com o aumento da expectativa de vida da população, tem sido cada vez maior a prevalência de doenças neurológicas, atualmente uma importante causa de mortalidade no mundo. Apesar dos rápidos avanços na tecnologia médica e na compreensão de como funciona o cérebro humano, várias doenças neurológicas, como as de Alzheimer e Parkinson e tumores cerebrais, permanecem sem um tratamento eficaz.
O problema não se deve à falta de fármacos para essas doenças, mas à dificuldade que eles têm em atravessar a barreira que separa o sistema circulatório do sistema nervoso central (chamada barreira hematoencefálica) e chegar ao local onde devem desempenhar sua ação terapêutica. Embora tenha uma vasta rede de vasos capilares, o cérebro é provavelmente um dos órgãos menos acessíveis a substâncias que circulam na corrente sanguínea. Isso porque essa barreira semipermeável tem como função proteger o cérebro de substâncias estranhas, como certos medicamentos, vírus e bactérias.
Um estudo publicado este ano e financiado em parte pelo projeto internacional Inpact demonstrou que segmentos específicos (chamados peptídeos) de uma proteína presente na camada que envolve o vírus da dengue tipo 2 podem ser usados como transportadores de substâncias através da barreira hematoencefálica, sem precisarem de receptores específicos no cérebro que ‘autorizariam’ sua passagem por essa barreira.
Em testes com células e com camundongos, observou-se que um peptídeo em particular, denominado PepH3, consegue penetrar rapidamente no cérebro, assim como ser excretado, o que é extremamente positivo para evitar possíveis efeitos tóxicos associados à acumulação do peptídeo nesse órgão. Essa propriedade faz com que o PepH3 possa ser usado para transportar substâncias tanto para dentro como para fora do cérebro.
“O que se pretende com o PepH3 é que funcione como um sistema de liberação controlada para o cérebro. O que verificamos com esse peptídeo é que ele tem a capacidade de entrar e sair do cérebro. Isso é vantajoso especialmente para a doença de Alzheimer, em que se pretende remover os agregados tóxicos que estão associados à patologia”, explica a líder da pesquisa, a engenheira biotecnológica portuguesa Vera Neves, atualmente pesquisadora no Instituto de Medicina Molecular (Lisboa).
Vera Neves salienta que, na doença de Alzheimer, por exemplo, a terapêutica atual utiliza inibidores que regulam a transmissão de informação entre neurônios.  “Se fosse possível usar anticorpos que reconhecem a proteína beta-amiloide [proteína tóxica que se acumula nas placas senis que se formam no cérebro e são uma das características da doença] e que ao mesmo tempo conseguem inibir a acumulação da mesma, essa estratégia iria não só melhorar os sintomas como prevenir a progresso da doença”, diz a pesquisadora. E acrescenta: “Idealmente, o tratamento deveria ser feito no início da doença para evitar os efeitos irreversíveis, como a morte celular. Por isso, é também importante encontrar meios de detectar a doença em estágios iniciais.”
O obstáculo ao uso de anticorpos para combater doenças do cérebro é também a dificuldade dessas proteínas em transpor a barreira hematoencefálica. “Os anticorpos, devido às suas características e ao seu tamanho, são incapazes de atravessar a barreira”, explica Vera Neves.
Na tentativa de ultrapassar essa limitação, pesquisadores tentam desenvolver anticorpos biespecíficos, ou seja, capazes de reconhecer, por um lado, a barreira hematoencefálica (para conseguir atravessá-la), e, por outro, o alvo terapêutico (para agir contra a doença). Esses esforços, descritos por Neves e colaboradores em artigo de revisão publicado em 2016 e também financiado em parte pelo projeto Inpact, poderão dar origem a estratégias terapêuticas tanto para doenças neurológicas como para determinados tipos de câncer, especificamente os tumores cerebrais.
Margarida Martins
Instituto de Medicina Molecular (Lisboa/ Portugal)
Especial para CH On-line
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Humor de resistência

Luscar vê contradições no PSDB acerca do caso Aécio Neves

E a vida segue...


Em movimento

Como acontece comumente no casamento, na política não existe a obrigatoriedade da união "até que a morte nos separe". Alianças são conjunturais e devem ser
sempre mutuamente proveitosas - e, para que tenham consistência, feitas em torno de propostas programáticas.

Factóide mais do que suspeito


Operação contra milícias no RJ foi show para TV
 A polícia chegou na festa na madrugada de 7 de abril, quando a casa de shows estava lotada. Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, de onde as milícias partiram, em meados dos anos 1990, para dominar a cidade e se tornar uma força mais potente do que as históricas facções do tráfico de drogas.
The intercept, reproduzido no Vermelho
Formadas por policiais, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários e militares, fora de serviço ou ainda na ativa, elas dominam bairros inteiros e, além de atuar no tráfico, cobram também por serviços como gás, luz, televisão a cabo, vans do transporte alternativo e proteção.

Na ação daquela madrugada, os agentes mataram quatro pessoas ainda do lado de fora da festa. Os tiros causaram pânico e correria. Ao entrar, mandaram todas as mulheres embora, ordenaram que os homens deitassem no chão, de bruços e sem camisa. Poucas horas depois, imagens de ônibus cheios de jovens tranquilos e sem algemas já estavam nos jornais matinais de TV. Sem qualquer questionamento. “A Polícia Civil acabou com a festa da milícia.” À noite, foi destaque no Jornal Nacional. Sem investigação própria, o programa decretou: “Bandidos que fazem parte da principal milícia do Rio aproveitavam a noite em um sítio, em Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade.”

O secretário de Segurança Pública do Rio, o general Richard Nunes, nomeado pela intervenção militar federal, estava contente. Em uma entrevista coletiva, ele disse:

“Essa é uma semana muito exitosa para a segurança pública do nosso estado. A intervenção federal começa a apresentar resultados positivos. Foram diversas apreensões, diversas operações bem sucedidas e essa, sem sombra de dúvida, foi a mais exitosa.”

É difícil saber o que o general acredita ser “exitoso”. Fato é que “a maior operação contra as milícias” já feita no Rio de Janeiro foi apenas mais um show para a televisão, como tem sido a intervenção. A polícia não prendeu 159 milicianos. A polícia entrou em uma festa – promovida por uma estação de rádio, com ingresso, anúncio nas redes, pulseirinha – e prendeu indiscriminadamente todos os homens que nela estavam.

O que menos há, entre os presos, são milicianos: talvez uma dúzia, ainda não se sabe. Pior: há suspeitas de que o chefe de uma quadrilha estivesse no local. Se realmente estava, Wellington da Silva Braga, o Ecko, fugiu.

The Intercept Brasil foi atrás dos familiares de alguns presos. Oito menores também foram apreendidos e vendidos para a imprensa como milicianos. A Defensoria Pública está cuidando do caso de 25 pessoas, e deve ouvir mais vítimas nesta semana. Um deles é Pablo Dias Bessa Martins, artista de circo que estava com viagem programada para a Suécia, onde iria se apresentar. O ator Marcos Frota o conhece, e fez um apelo para que ele seja solto.

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