31 julho 2006

A conduta de Jarbas Vasconcelos é deplorável

Acabamos de chegar da Encruzilhada, onde realizamos caminhada pelo comércio ao lado do ex-ministro Humberto Costa. Ao final, uma breve palavra à militância presente e aos transeuntes que se aglomeraram para nos ouvir. E o desabafo: protestamos veementemente contra o comportamento inadequado do ex-governador Jarbas Vasconcelos, que nos últimos dias vem destilando aleivosias contra nós outros, seus adversários.

Segundo têm noticiado os jornais locais, há uma seqüência de declarações agressivas e inconvenientes do ex-governador, no transcurso de atividades da coligação que apóia, em Pernambuco, a candidatura de Geraldo Alckmin. “Os pernambucanos não devem votar nem em sanguessugas nem em ladrões”, teria dito ele.

Decepcionante, partindo de quem havia afirmado que não baixaria o nível da disputa, que aceitaria o debate qualificado. Caracterizar os adversários dessa forma é, além de pretender reduzir todos os que não estão ao lado dele à condição de contraventores e desonestos, um tremendo desrespeito ao eleitorado.

Não é esse o comportamento que se espera de alguém que já governou o Recife por duas vezes e recém-dirigiu o Estado de Pernambuco por sete anos, tendo sido, outrora, antes de se aliar à direita, baluarte da resistência democrática. Espera-se, sim, do sr. Jarbas que se comporte à altura das tradições democráticas do nosso povo e venha ao debate munido de argumentos consistentes e predisposto a encarar os temas centrais que interessam à população.

De nossa parte, não arredaremos um milímetro da determinação em jamais nos rebaixarmos a esse nível aparentemente preferido pelo ex-governador. Desejamos, sim, ferir questões substantivas, relacionadas com os desafios do desenvolvimento de Pernambuco e do Brasil. Mais cedo ou mais tarde, no transcorrer da peleja, esperamos que o sr. Jarbas Vasconcelos mude de conduta e se coloque em consonância com as melhores expectativas da sociedade.

30 julho 2006

Humberto entusiasmado com Agreste


Pelo telefone conversamos com Humberto Costa, já a caminho de Tacaimbó, ponto final de um roteiro que envolveu, entre outros municípios, Garanhuns, Bom Conselho, Santa Cruz do Capibaribe.

- Viagem excelente!, sentencia. E comenta a consistência dos apoios de lideranças como o deputado Isaias Régis e o prefeito José Augusto, alguns dos que integram a caravana sob a liderança do deputado Armando Monteiro Neto.

Cá com os nossos botões, que cá permanecemos por força da virose que manteve fora de combate esse amgo de vocês por exatos sete dias, pensamos que a expressão eleitoral desses apoios que Humberto, com toda razão, considera consistentes, virá logo adiante, quando pudermos somar a Tv e o rádio com o volume de campanha que aumenta aos poucos.

A versão e o fato (1)

É até arriscado esse comentário, pois pode gerar incompreensões e mal-entendidos entre os bons, éticos e competentes jornalistas que fazem a cobertura política em Pernambuco. Mas é oportuno fazê-lo.

Atribui-se a um dos velhos políticos mineiros (José Maria Alckmin? Magalhães Pinto? Tancredo Neves?) a assertiva de que em política mais vale a versão do que o fato. A prática parece comprovar isso, ao longo da História. Desde que a versão seja repetida à exaustão, emoldurada por um quê de veracidade.

Quem esteve ao lado de Lula no sábado e no domingo em que o ele veio ao Recife e a Olinda, no início de sua campanha de rua, como esse amigo de vocês, jamais poderá aceitar como verdadeira a versão de que o presidente em algum momento tenha se constrangido por dividir o palanque com o ex-ministro Humberto Costa, em razão de denúncias (infundadas) veiculadas pela revista Veja, a partir de uma suposta declaração de mafioso (desmentida pelo próprio, através do seu advogado). Ao contrário, Lula dedicou a Humberto Costa atenção, carinho e plena solidariedade, a ponto de defendê-lo numa entrevista coletiva e de rechaçar, com vigor, na parte final do seu discurso, em Brasília Teimosa, o que chamou de denúncias infundadas e irresponsáveis – embora tendo o cuidado de não citar o nome de Humberto. O presidente chegou a ameaçar os detratores, dizendo que eles “devem medir o tamanho da língua, pois como presidente, me manterei numa posição de magistrado; mas como candidato, responderei à altura!”. Ele também sentia atingido, e não era para menos, pelas maledicências da Veja contra Humberto.

Entretanto, para surpresa de quem esteve o tempo todo por dentro dos fatos, o blog do jornalista Ricardo Noblat registrou em nota escrita no condicional, que o presidente “teria” se constrangido ao estar ao lado de Humberto. Mera ilação, subjetivismo puro, sem nenhuma relação com os fatos. Depois, a coluna Painel, da Folha de São Paulo, veiculou a versão, salvo engano, três edições seguidas. Agora, a mesma revista Veja, a reproduz. Basta que na província a versão seja aceita como real, e venha a ser repetida tantas vezes quanto seja conveniente aos interessados, terminará ganhando status de verdadeira. Dando razão, mais uma vez, aos velhos políticos mineiros.

Esperamos que assim não aconteça. Para o benefício dos leitores, que têm o direito à informação veraz e de qualidade.

Pardal amigo, desculpe o desencontro

Uma semana inteira de cama, amigo. Sabe lá o que é isso para quem está habituado a ocupar-se os três expedientes, anos a fio, na lida com o sentido da vida e com as razões da luta! Só hoje deu para perceber que você esteve presente, à janela do escritório, ao final da tarde, afetuoso e breve. É que dominado pela virose inclemente, esse seu amigo ficou entre a rede e a cama, ora em mero devaneio, ora em tentativas (vãs) de ler algo útil – uma crônica, uma poema, uma informação relevante sobre nosso estimado Brasil. Nada. O vírus ataca o corpo e impede que a mente funcione. Por isso, foram raras as idas ao escritório. E, é forçoso confessar, se tivesse imaginado que você viria... pelo menos teria dado um sinal de que uma janela adiante encontraria o amigo, na varanda.

Sabe de uma coisa? Esse seu amigo andou pesquisando a seu respeito nas enciclopédias e descobriu, em verbetes específicos, que você é a mais familiar das aves, encontrando-se em todos os locais habitados por pessoas, no campo ou na cidade.

Apresenta dismorfismo sexual, tendo o macho tons castanhos mais escuros e a fêmea uma lista supraciliar clara. O macho distingue-se ainda da fêmea por uma coroa cor de chocolate e um bibe preto que se alarga pelo peito. (Observador incompetente, seu amigo ainda não percebeu se você é macho ou fêmea, desculpe a franqueza).

Costuma formar grandes bandos, que podem atingir as 500 unidades. (Se você aparece sempre só, será um desgarrado do bando?).

Mede entre 14 e 15 cm e alimenta-se de restos de comida, de sementes e de insetos. Reproduz-se em fendas de edifícios ou em buracos de árvores. Põe 3 a 5 ovos cinzentos manchados, que são incubados sobretudo pela fêmea, durante 11/14 dias. (Que vem fazer aqui em nosso prédio, além de visitar esse amigo? Buscar alimento? Procriar?).

Bem, você vem veio e saiu de repente, como sempre. Parecia querer cantar um verso da Serenata do Adeus, de Vinícius

Ai, vontade de ficar, mas tenho de ir embora.

De agora em diante, serão raras as vezes que contrará esse seu seu amigo no escritório, em fim de tarde. Quem sabe nos vejamos se você mudar de hábito. Entre 5 e 5,30 da manhã, sim; ou depois da caminhada matinal, das 7 em diante. Se a campanha permitir. Venha que nos comunicaremos sempre através de versos dos bons poetas – aqueles que nos ajudam a viver e a lutar com coragem e leveza.

29 julho 2006

O triste recomeço (ou fim?) da Varig


Na Folha de São Paulo de hoje: A Varig anunciou ontem a demissão de 5.500 empregados. A companhia informou que serão mantidos 3.985 funcionários de um total de 9.485 alocados no país. As demissões fazem parte do processo de reestruturação da Varig, que teve operações compradas pela VarigLog no dia 19.

O número de empregados que ficam na empresa está inflado para suas operações. Inclui pessoas que não podem ser demitidas no momento, como funcionários em férias, em licença e grávidas. Outros motivos para o alto número de funcionários mantidos são que a nova empresa ainda não tem contrato de concessão aprovado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e a indefinição sobre quem deverá pagar pelas rescisões, incluindo indenizações e salários atrasados.

Os sindicatos não farão a homologação das demissões sem a garantia de pagamento das rescisões, segundo Leonardo Souza, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas. O Ministério Público do Trabalho convocou reunião na terça para debater o assunto.Segundo a VarigLog, a nova empresa começará com 1.700 empregados. Estimativas iniciais indicam que a "velha Varig", a fatia que segue em recuperação e que deverá atuar com o nome Nordeste, teria 50 empregados e uma única rota (São Paulo/Porto Seguro).

Um modo muito peculiar de receber apoio

Na Gazeta de Alagoas de hoje: Recife, PE - O apoio do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB), à candidatura da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), foi visto com restrições pela própria postulante, que negou qualquer contato político direto com Garotinho.

“Objetivamente eu só o vi uma única vez pessoalmente na Confederação Nacional dos Prefeitos, quando teve um debate com os presidenciáveis”, lembrou a candidata. Heloísa Helena garantiu que não fará nenhum tipo de concessão ao grupo político do ex-governador após o anúncio do apoio dele: “Concessão zero”. Apesar de dizer que não sabe quais os motivos levaram Garotinho a lhe conceder o apoio, Heloísa Helena comemorou. “Humildemente tenho que agradecer qualquer intenção de voto”, afirmou. (Natália Kozmhinsky - Agência Nordeste)

Dilma na ofensiva


A ministra Dilma Roussef, respondendo a críticas de parlamentares oposicionistas à Controladoria Geral da União por haver publicado relatório acerca de irregularidades na aquisição de ambulâncias com a participação de parlamentares, retrucou que "o que não está certo é transformar uma operação de governo, que foi a Operação Sanguessuga (da Polícia Federal), em algo que seja objeto de disputa política. O que nós fizemos foi restaurar a verdade do fato. Nós não pretendemos fazer disputa nenhuma. As estatísticas não são estimativas. Elas são os números existentes hoje e isto que há de comprometimento", acrescentou.

Segundo o relatório, das 891 licitações ganhas entre 2000 e 2004 pela Planam, com "fortíssimos indícios de fraudes" reveladas no Escândalo dos Sanguessugas, 671 (74,7%) ocorreram no governo Fernando Henrique Cardoso.

Amplo e plural


Diferentemente da campanha anterior, a coligação A Força do Povo, reunida em torno da candidatura do presidente Lula, formalmemnte constituída por PT, PCdoB e PRB, mas que agrega também informalmente PL, PTB, PSB e setores do PMDB, conta um Conselho Político do qual participam importantes lideranças não-petistas, como José Sarney, Renan Calheiros, Aldo Rebelo, Renato Rabelo, Walfrido Mares Guia, Ciro Gomes, Roberto Amaral.

Lula: declaração infeliz


O presidente Lula errou duas vezes na declaração que deu em Lima, Peru, a propósito do anunciado apoio do ex-presidente Itamar Franco à candidatura de Geraldo Alckmin. Não foi correta a referência à idade de Itamar – por parecer menosprezo para com os idosos -, tampouco a subestimação da importância política da opção do ex-presidente. Itamar pode não ter votos amarrados, mas continua com prestígio político, particularmente em Minas Gerais – e isso conta numa luta renhida como a eleição presidencial.

Demais, a crítica que cabe é exatamente à incoerência de Itamar, que vez por outra critica o rumo dado por FHC ao país e agora se alia justamente ao candidato cujas propostas significam o retorno às políticas do governo tucano.

28 julho 2006

Programa será entregue a Lula no fim de semana

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, anunciou hoje, na reunião da Comissão Política Nacional do seu partido, realizada em São Paulo, que a proposta inicial de Programa de Governo, que será submetida ao presidente Lula no próximo final de semana, reflete uma ampla convergência entre o PT e o PCdoB e tem base em cinco compromissos com o povo brasileiro para o país continuar mudando: 1) combate à exclusão social, à pobreza e à desigualdade; 2) aprofundamento do novo modelo de desenvolvimento; 3) ampliação da democracia; 4) inserção soberana no mundo; 5) Brasil para todos. Educação massiva e de qualidade. O conhecimento, a cultura e a informação como instrumento de desenvolvimento e de democracia.

Veja matéria completa no portal Vermelho (www.vermelho.org.br).

César Maia fustiga o PSDB

Quando tem um reclamando o tempo todo, de público, não há coligação que se mantenha em paz. Vejam o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, do PFL: dia sim, dia não arranja um mote para constranger seus aliados do PSDB. Conforme registra a Agência Folha, dirigindo-se por e-mail a amigos e eleitores, hoje, Maia comenta que “a vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre Alckmin nas pesquisas de intenção de votos no Nordeste inibem os candidatos aos governos e às câmaras estaduais a pedirem votos para o tucano.” E dá uma tacada no presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, ao destacar o Ceará como um exemplo típico dessa inibição.

Humberto Costa contundente


Registram os três principais jornais do estado, hoje, que durante a caminhada realizada ontem, no centro do Recife, pela coligação Melhor pra Pernambuco, o ex-ministro Humberto Costa fez declarações duras em relação ao ex-governador Jarbas Vasconcelos, que nos últimos dias vem pautando seu discurso por ataques diretos ao PT, com referências a denúncias de corrupção no governo federal.

Humberto disse que Jarbas tem explicações a dar sobre o caso Dona Maria Socorro e da perseguição ao advogado Dominici (eleição de 2004), o escândalo de R$ 15 milhões na Secretaria de Cultura, com o fundo de financiamento, a corrupção no processo de dragagem do Porto do Recife os escândalos na Empetur.

Duas décadas sem Câmara Cascudo


Em julho de 1986, o Brasil perdia um de seus maiores pesquisadores e ensaístas no terreno da cultura. Dialogando com variadas matrizes de pensamento, Câmara Cascudo produziu vastíssima e variada obra, nem sempre valorizada. Refletir sobre ela é fundamental para traçar rumos no debate cultural.

O escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo viveu até 30 de julho de 1986. Sua vasta obra, iniciada na mesma época em que nascia o Modernismo brasileiro, explora campos da Cultura Popular, identificando tanto peculiaridades locais e regionais como diálogos com tradições cosmopolitas.

No Brasil, os conceitos de Nação, Povo e Popular começaram a ser trabalhados a partir de fins do século XVIII, no contexto da Revolução Francesa, do Romantismo e do nascimento de alguns estados nacionais europeus, junto com o surgimento dos estados nacionais americanos. Nosso Romantismo abordou figuras humanas, regiões do país e tradições européias, africanas e indígenas, com ênfase nas últimas, indagando sobre o que éramos como Povo e Nação. Com a República, o Povo foi transformado em argumento político central, que batizou o regime – Res publica, “coisa do povo”.

Um pensador radical republicano brasileiro, o romancista Lima Barreto, criticou a retórica da República, construindo outras imagens de Povo e Popular, através de figuras como Ricardo Coração dos Outros (compositor e cantor de modinhas, mulato) e Olga (filha de imigrante enriquecido, que não hesitara em lutar por aquilo em que acreditava), personagens de Triste fim de Policarpo Quaresma. Ele dialogou com temas da grande Literatura de seu tempo ou que lhe foi imediatamente anterior: a mulher e a arte, a força dos pequenos, em autores como Tolstoi, Dostoievsky, Ibsen, Strindberg, Flaubert, Machado de Assis, Eça de Queiroz e outros. Ao mesmo tempo, debateu destinos do Povo no Brasil.

Veja matéria na Agência Carta Maior (www.cartamaior.com.br).

Governo FHC fez três quartos dos contratos com firma sanguessuga


O candidato presidencial Geraldo Alckmin pode ter de morder a língua, depois de acusar o governo Luiz Inácio Lula da Silva de ser a "matriz" da máfia das ambulâncias, investigada pela CPI dos Sanguessugas. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (26), a Controladoria Geral da República indicou que três quartos das licitações com a empresa Planam, sob suspeita de fraude, foram feitas no governo Fernando Henrique Cardoso.

O gráfico resume os lúmeros levados à coletiva, pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage. Entre 2000 e 2004, a Planam, dempresa do capo mafioso Luiz Antonio Trevisan Vedoin, ganhou 891 licitações (num total de 3.048) para fornecimento de ambulâncias com recursos federais, a partir de emendas parlamentares aos orçamentos anuais da União. Todos mostram "fortíssimos indícios de fraudes". Desse total, 74,7% licitações foram ganhas até 2002 (os números de 2004 ainda não estão todos processados).

Veja matéria no portal Vermelho (www.vermelho.org.br).

27 julho 2006

Lula e a reforma política


Foto publicada no jornal A Classe Operária

Ao iniciar sua fala na reunião com intelectuais, artistas, técnicos e personalidades nordestinas, domingo último, em Olinda, o presidente Lula destacou a necessidade de uma ampla reforma política. “Não é atribuição do Poder Executivo – disse ele -, mas me empenharei nesse sentido, caso o povo venha a me dar o segundo mandato de presidente.”

Na platéia, alguns vozes expressaram surpresa. “É a primeira vez que ele fala no assunto, dessa maneira, de público”, disse alguém.

Quando no dia 29 de junho o presidente recebeu um grupo de dirigentes executivos nacionais do PCdoB no Palácio da Alvorada (veja foto), para uma conversa matinal tomou a iniciativa de abordar o tema, espontaneamente. Na ocasião, ficamos de certa forma surpresos, pois até ali, pelo menos nas inúmeras conversas com a direção do Partido Comunista do Brasil, Lula jamais havia dito as coisas da forma que estava dizendo: “Será uma das prioridades em meu segundo governo, se eleito”.

É fácil participar


Ao final de cada texto publicado, veja a palavra “comments” acompanhada do desenho de um lápis. Basta um clic e se abrirá a caixa de diálogo com o espaço destinado ao seu comentário. Escreva-o e assine seu nome. Clique em “Anônimo” e em "Efetuar login e publicar".

O paradoxo bom*

Luciano Siqueira

Ao intervir no encontro do presidente Lula com intelectuais, técnicos, artistas e personalidades nordestinas, domingo último, em Olinda, o deputado Aldo Rebelo chamou a atenção para o que denominou “paradoxo”. Segundo ele, os nordestinos têm uma aguda consciência regional, entretanto abordam os problemas regionais a partir de uma visão de nação, destituída de qualquer sentido separatista ou algo semelhante.

De fato, pelo menos naquela reunião, de Ariano Suassuna a Fred 04, do governador piauiense Wellington Dias à professora Tânia Bacelar, do ministro Sérgio Rezende ao presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, todos os que se pronunciaram deram às suas palavras esse sentido anotado por Aldo. O que não quer dizer, é óbvio, que essa postura seja unânime entre os nordestinos que têm voz, poder e influência. Os porta-vozes da elite dominante, com uma ou outra exceção, preservam a cantilena da Região carente de recursos, que exigem venham do governo federal para alimentar os projetos das velhas e novas oligarquias locais. Se possível, a fundo perdido.

Ora, nem o Nordeste pode se comportar diante do País como “o coitadinho que precisa de ajuda”, para usar a expressão do presidente Lula, pois a sua realidade hoje é um misto de problemas e de potencialidades; nem cabe desconhecer a necessidade de enfrentar os desníveis da Região, junto com o Norte, em relação ao Sul-Sudeste, mediante uma política nacional de desenvolvimento regional.

A dimensão regional do desenvolvimento econômico e social há que ser devidamente considerada num país como o nosso, marcado por desigualdades, distorções e diferenciações regionais e intra-regionais. A proposta de refundação da Sudene, que Lula espera tramita a bom terno no Congresso, está assentada nessa concepção.

E teria que ser assim, uma vez que desde meados dos anos setenta se completou a integração de todas as regiões à economia do país, inclusive na esfera financeira, conforme estudos de Leonardo Guimarães e outros. O que há é uma única economia, que comporta e convive com desigualdades e diferenciações.

Isto posto, ganha relevo a necessidade de um poder central forte, apoiado numa vontade política e social ampla e consistente, capaz de fazer valer o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e patrocinador de políticas específicas destinadas a corrigir desníveis e desigualdades regionais e intra-regionais.

Nesse sentido, é muito o bom o paradoxo apontado por Aldo Rebelo, como expressão da postura adotada pelas forças sociais e políticas que apóiam o presidente Lula no Nordeste.

* Coluna semanal no portal Vermelho (www.vermelho.org.br), publicada toda quinta-feira.

PCdoB destaca educação e energia no programa de Lula

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, em entrevista coletiva aos correspondentes internacionais, nesta quarta-feira (26), em Brasília, falou sobre a campanha eleitoral e o que representa a vitória de Lula para um segundo mandato em termos de política externa, economia e investimentos sociais no Brasil. Ele, que participou na noite de segunda-feira (24), da primeira reunião do conselho político da campanha de Lula, falou ainda sobre o programa de governo que está sendo elaborado com o aval do PMDB, PTB, PL e PSB, que também participaram da reunião.

Essas reuniões vão ocorrer sempre às segundas-feiras, no Palácio do Alvorada. O conselho pretende concluir o programa até o final deste mês. "Duas grandes ações que o PCdoB defende são, no campo social, universalizar a educação de qualidade, que exige grandes investimentos; e no plano da infraestrutura, que foi muito sucateada, o que deve ser a pedra angular é a questão energética, com grandes investimentos na busca de fontes alternativas e renováveis de energia; e o Brasil, em termos comparativos com os demais países do mundo, é quem tem mais potencial para isso", adiantou Renato Rabelo.

O presidente do PCdoB disse ainda que existe consenso entre todos os participantes da reunião de que é preciso haver crescimento econômico mais acentuado do Brasil, destacando a posição de concepção de crescimento dos comunistas. "Crescimento com inclusão social", definiu Rabelo, explicando que deve haver "investimento social forte e aumento real do salário-mínimo".

Para ele, o debate é necessário porque há setores que alegam que esse modelo gera inflação. "A polêmica com os tucanos é que o Brasil precisa crescer, mas defendemos crescimento com aumento de salário e distribuição de renda, que deve ser a ênfase desse programa".

Veja matéria de Márcia Xavier no portal Vermelho (http://www.vermelho.org.br/).

26 julho 2006

Pensando bem...

Saibam todos os que cometem a delicadeza de acessar esse modesto blog que esse amigo de vocês detesta adoecer, como todas as pessoas de juízo; porém sempre se deliciou com um dia de repouso forçado, pela oportunidade de atualizar a leitura e a correspondência e de pensar na luta e na vida. Nesses dois dias e meio, infelizmente, a virose veio tão agressiva que só permitiu mesmo pensar. Menos mal. Até porque, no que se refere à luta, pôde se convencer de que o rumo está certo, tanto na província como em âmbito nacional – do ponto de vista do lado em que nos encontramos, óbvio, nas hostes que se colocam ao lado do presidente Lula. Resta implementar as ações de acordo com a estratégia estabelecida e torcer para que o juiz da peleja – o povo – nos dê razão e vitória.

E no que se refere à vida, pensando bem, vale, mais do que nunca, seguir o conselho de Cecília Meireles:

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

25 julho 2006

Aldo compara perseguições a Lula e a JK

O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB), comparou as calúnias atuais da oposição contra Lula às da UDN contra o governo Juscelino, nos anos 50. “O governo Lula sofre hoje o mesmo processo de infâmia, destruição e ódio de quem pensa que é dono do Brasil”, afirmou. “No passado eles nos calaram com as forcas, com as masmorras, com torturas. Mas esse tempo passou”, disse Aldo, durante o ato de inauguração do comitê da campanha Lula em Brasília, na noite desta segunda-feira (24).

Aldo conclamou a juventude a votar no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Precisamos reeleger Lula para termos um Brasil mais humano, com a cara da nossa juventude”, afirmou Aldo, que já presidiu a UNE.

O deputado comunista destacou a necessidade da luta pela reforma política, que para ele é condição para o fortalecimento da democracia. Aldo desafiou a oposição a aprová-la: “Quero ver a oposição apoiar o financiamento público das campanhas. Quero ver a oposição apoiar voto em lista. Quero ver a oposição apoiar o reforço dos partidos políticos, como este governo e os partidos que o apóiam defendem”.

Veja matéria no portal Vermelho (www.vermelho.org.br).

Lula faz o discurso pedagógico


Para quem fala um candidato? Para os seus críticos, para os analistas especializados ou para o seu público? Provavelmente para todos, mas especialmente para aqueles a quem precisa prestar contas, esclarecer, motivar e conquistar. Lula faz um discurso pedagógico, mesclado de dados e informações técnicas com expressões muito ao gosto do povo. Faz-se compreender pelo mais simples dos eleitores.

Ontem, em Brasília, ao inaugurar o comitê de campanha, deu o recado que tinha que dar. Disse que os oposicionistas ''vão ter que roer o osso'', pois ''nós reestruturamos o país e agora vamos fazer o Brasil que tanto sonhamos''. ''Agora que o Brasil está preparadinho, está ajeitadinho, eles querem comer o filé mignon que nós colocamos na mesa? Não. Vão ter que roer o osso primeiro. Vão ter que roer como nós roemos, porque nós agora é que vamos fazer o Brasil que pretendemos fazer a vida inteira''

Falando para um público de 3 mil pessoas, foi enfático: “O Brasil pavimentou seu caminho para o crescimento e nos próximos quatro anos o país tem tudo para crescer com mais empregos, educação e inclusão social”.

Veja matéria no portal Vermelho (http://www.vermelho.org.br/).

Informação truncada

A coluna Painel, da Folha de São Paulo de hoje, contém uma nota – Moção de repúdio – que conta errado o que se passou no início da fala de Ariano Suassuna, no encontro de Lula com intelectuais, domingo passado, e Olinda. Diz a nota:

Ariano Suassuna foi a estrela de um evento de campanha do presidente Lula no domingo passado em Olinda. O escritor, que, aos 79 anos, disputa uma vaga de deputado federal pelo PSB de Pernambuco, subiu ao palco e iniciou sua fala com palavras de modéstia:

- Nem sei o que estou fazendo aqui. Sou apenas um velho escritor- disse o autor de clássicos como "O Auto da Compadecida" e "A Pedra do Reino".

O ex-ministro Ciro Gomes reagiu de bate pronto:

- Não apoiado!

Ao que Suassuna respondeu, aliviado:

- Ainda bem que alguém se manifestou...

A fonte da Folha está errada. Primeiro, Ariano não é candidato a deputado federal, está inscrito no TER como candidato a suplente de senador. Segundo, quando alguém da platéia, e não o ex-ministro Ciro Gomes, disse “não apoiado”, Ariano retrucou, bem-humorado: “Falei isso porque já esperava pela resposta”, provocando risos.

Esse amigo de vocês estava na perimiria fila. Ouviu e anotou.

Toda campanha é assim

Coisas da campanha e da vida*

A campanha eleitoral, tal como a atividade política como um todo, reflete a vida como ela é. Cria expectativas, fundadas ou não; personagens são alçadas ao pódio, outras amargam a derrota; mexe com idéias e emoções.

Já prestou atenção às caminhadas pelas ruas estreitas dos bairros ou pelas vias movimentadas do centro da cidade? Quando a campanha está em alta — caso atual do Recife, por exemplo —, são um misto de festa e batalha campal. Especialmente se houver câmaras de TV cobrindo o evento. Candidatos a vereador, tomados pela ânsia de terem um segundo de glória no vídeo, literalmente se acotovelam entre si e se agarram ao corpo do candidato a prefeito como ostra na pedra. Não há quem os separe. A não ser outro candidato mais esperto e mais hábil no empurra-empurra. Ou alguém do povo com vontade e disposição para abraçar o prefeito a todo custo. Uma eleitora expansiva além da conta conseguiu, semana passada, fraturar duas costelas do prefeito João Paulo num abraço mais do que efusivo!

Coisas da política e da vida. Tudo lembra uma marchinha de carnaval dos anos 50: "Eu não vou, vão me levando/Vão me empurrando/desse jeito eu tenho que ir/Se piso em uns, se bato em outros/Vocês vão me desculpando/Eu não vou, vão me levando."
Enquanto isso, a caminhada segue impávida e alegre, em geral ao som de um bom frevo, com bonecos gigantes, bandeiras, pirulitos, adesivos, panfletos.

É uma festa democrática. Cada um participa como quer. Ou como pode. Já que somos pouco afeitos às pisadelas e aos passos frenéticos do frevo, preferimos seguir um pouco mais atrás, alimentando breves diálogos com as pessoas. Assim, colhemos de militantes e ativistas o entusiasmo ou a dúvida, a crítica ou a concordância sobre a linha da campanha. Sentimo-nos alvo de apreço e carinho. Ajudamos a formar opinião.

Mas nem sempre isso acontece facilmente. É quando surge uma daquelas figuras bem conhecidas — que alguns chamam de "traça de comitê" —, sempre a nos pedir algo. Um deles, conhecido de outros carnavais, outro dia nos interpelou durante uma caminhada:

— "Vice-prefeito, eu sou um homem preparado. Mandei ao prefeito, ao governador e ao secretário Garotinho, do Rio de Janeiro, três projetos sobre segurança pública". Garotinho me respondeu, "vai aproveitar minhas idéias para combater o crime no Rio. Jarbas e João Paulo não deram a mínima atenção!".

— "Paciência, amigo. Examinaremos seus projetos, depois você terá resposta".

— "Depois, não. Preciso de uma resposta logo. A Prefeitura bem que podia me dar uma "gratificação" pelas minhas idéias... estou 'na rua da Amargura', preciso de ajuda".
Foi quando a paciência se esgotou e o jeito foi retrucar:

— "Que rua da Amargura que nada, amigo. Você está na rua Nova e a caminho do Largo de Nossa Senhora do Carmo!".

Não fosse a intervenção providencial do companheiro George Braga, o diálogo seguiria quase-surrealista, estragando definitivamente nossa participação na caminhada. (09.09.04)

*Crônica extraída do livro Luciano Siqueira: O vermelho é verde-amarelo. Editora Anita garibaldi, São Paulo, 2005.

24 julho 2006

Fora de combate

Já tinha ouvido falar nessa virose que assola a cidade, em surto. Os Amigos se queixavam de dores no corpo, nas juntas, irritação das vias respiratórias, astenia. Vontade de nada fazer. “Quando chegar a minha vez, pelo menos ponho a leitura em dia”, dizia como que a caçoar da dita cuja.

Ela chegou domingo, logo após o encontro com intelectuais e personalidades nordestinas com Lula, em Olinda. E assumiu pleno controle na manhã de hoje. Deixando esse amigo de vocês fora de combate.

Vejamos se o repouso e a grama de vitamina C dão jeito. Para que possa retornar à guerra amanhã.

23 julho 2006

Convivência democrática


Foto ANA CRISTINA

Quem torcia um clima tenso e de farpas mútuas n o comício de Brasília Teimosa, ontem, se frustrou. O que se viu foi um verdadeiro show de convivência democrática entre as duas coligações que fazem oposição no estado e apóiam Lula em plano nacional. No comportamento dos candidatos majoritários e entre os milhares de militantes e ativistas concentrados na rua.

O Brasil perde Guarnieri


Foto publicada no JB Online

O ator Gianfrancesco Guarnieri morreu neste sábado aos 71 anos em função de complicações geradas por insuficiência renal crônica. Ele estava internado no hospital Sírio-Libanês há mais de 50 dias.

A fala mansa e o jeito simpático escondiam os tempos de turbulência, nos anos 60, quando enfrentava a ditadura militar com a palavra, única arma que tinha. Defendia com unhas e dentes o que considera mais sagrado: o teatro e a liberdade de expressão. Com apenas 23 anos, em 1956, escreveu seu primeiro texto, que foi também o mais premiado, Eles não usam black-tie , montado pelo Teatro de Arena, em 1958 (que, na época, tinha o nome de Primeiro Teatro Circular da América do Sul).

Depois do Arena e de Black-tie , os artistas adquiriram consciência de sua função na sociedade", disse Guarnieri em uma entrevista dada à revisto Istoé. Duas décadas mais tarde, o texto foi adaptado para o cinema e recebeu, em 1981, cinco prêmios no Festival de Veneza, incluindo o Leão de Ouro de Especial do Júri.

Veja matéria no portal Vermelho (http://www.vermelho.org.br/).

22 julho 2006

Goiana em festa


Foto ANA CRISTINA

Em clima de festa, tomou posse ontem o prefeito eleito de Goiana, Henrique Fenelon (PCdoB), na Câmara Municipal, juntamente com a vice-prefeita Valdete Cruz. Ao lado de Alanir Cardoso, presidente estadual do PCdoB, e Luciana Santos, prefeita de Olinda, e Renildo Calheiros (deputado federal), participamos da solenidade. Também estiveram presentes os deputados do PSB Francisco Olimpio e Carla Lapa. Fenelon, que exercia o mandato há pouco mais de um mês em razão da cassação do prefeito Beto Gadelha (PSDB), venceu quatro concorrentes numa disputa acirrada. “Agora eu fui eleito pela autorização do povo”, disse em seu discurso.

Tempo para as idéias


Na condição de candidato pelo PCdoB ao Senado, na chapa da coligação Melhor pra Pernambuco, ao lado de Humberto Costa que disputa o governo estadual, nosso tempo na TV será de dois minutos e oito segundos às segundas, quartas e sextas. E mais 115 inserções de 30 segundos durante quarenta e cinco dias. Tempo para explicitar nossas idéias e polemizar com as do adversário – em nível elevado e respeitoso. Nada justifica, numa campanha eleitoral, como na vida, agressões pessoais ou tentativas de desqualificar alguém pelo simples fato de pensar de maneira diferente da nossa.

Palanques distintos, mas do mesmo lado




Dois velhos amigos e companheiros de luta desde a década de sessenta estarão no programa eleitoral gratuito na TV e no rádio, a partir de 15 de agosto, na condição de concorrentes – esse amigo de vocês e o deputado Jorge Gomes, presentes na disputa por uma vaga no Senado. Começamos juntos no Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFPE e também representamos, juntos, os estudantes na antiga Congregação da Faculdade. Sempre combatemos do mesmo lado, adotando conduta muito semelhante, pautada pelo debate de idéias, pelo respeito aos adversários e pelo compromisso fundamental com a Nação e o povo. Hoje fazemos parte de coligações distintas – mas continuamos do mesmo lado.

A correta conduta de Lula


Se um candidato à presidência da República conta com o apoio de mais de um postulante a governador em determinado estado, entre os quais um do seu próprio partido, qual deve ser a sua conduta na campanha? O bom senso e a ética recomendam, obviamente, que receba o apoio de todos e se comporte de maneira equilibrada, equânime, evitando privilegiar um ou outro.
Lula age assim em relação ao pleito em Pernambuco. Uma conduta irrepreensível. Mas, incrível!, é criticado por isso, por alguns analistas, que gostariam de vê-lo numa postura mesquinha, partidista – que, certamente, criticariam também. Questão de ponto de vista – e de parcialidade.

21 julho 2006

A quem serve Heloisa Helena?


Na luta política, como na vida, nenhum fato, nem atitude, se encerra em si mesmo. Tudo se relaciona, tem nexo e conseqüências. Há mais de um ano a mídia confere espaços privilegiados à senadora Heloisa Helena (PSOL-AL), desde que ela se voltou, com virulência comparável à de ACM, Artur Virgílio e outros da mesma estirpe, contra o presidente Lula e o PT. Fotos como a que ilustra esse o comentário são quase diárias: a senadora vibra ao lado dos seus neo-aliados pefelistas e tucanos. Tem sentido, portanto, a algazarra que a direita faz no momento no sentido de inflar a candidatura da senadora à presidência da República, com o propósito explícito de forçar a realização de um segundo turno – conforme as exultantes declarações de Alckmin e José Jorge. Assim, o presidente Lula é cercado por um duplo bombardeio – pela direita, e à “esquerda”. Cabe a pergunta: a quem serve Heloisa Helena?

Mero descuido

Foto TUCA SIQUEIRA

Algumas pessoas mais atentas nos dirigem a óbvia pergunta: Por que no comitê de Fulano de Tal não tem o retrato do candidato a senador? Por que no folheto de Sicrano tem, e no de Beltrano não? Nada demais, gente. Começo de campanha é assim. Há atropelos, atrasos naturais na confecção de peças de propaganda. E a pressa, que às vezes resulta em imperfeições. Acontece em toda campanha. E sempre há tempo para corrigir.

O sentido das palavras

Foto ANA CRISTINA

Na democracia, a polêmica é natural e necessária. Na campanha eleitoral, o contraditório, no terreno das idéias, impõe-se como dever dos candidatos perante o eleitorado, para que o cidadão e a cidadã possam fazer sua escolha consciente e livre. Daí a necessidade de dar o sentido exato às palavras – e de interpretá-las com rigor.

Quando o candidato ao Senado pela coligação Melhor pra Pernambuco chama o oponente, o ex-governador Jarbas Vasconcelos, para o debate em torno de questões candentes do país e de Pernambuco, não o está atacando. Da mesma forma, o candidato a governador, Humberto Costa, assim como postulantes a cargos legislativos, quando tecem críticas aos sete anos de mandato do ex-governador, apenas o criticam – não o atacam.

Carrega nas tintas e confunde a opinião pública quem chama crítica de ataque, distorcendo o verdadeiro sentido das palavras.

20 julho 2006

Toda campanha é assim


“A campanha eleitoral ainda não se transformou no principal alvo das atenções da população do Estado”, assinala matéria no Jornal do Commercio de hoje, assinada por Sérgio Montenegro Filho, tendo como referência pesquisa feita pelo Instituto Vox Populi. Em torno de 54% da população do estado ainda não tiveram a atenção despertada para o fato eleitoral, enquanto 46% revelam já estar acompanhando o pleito, em âmbito nacional e estadual. A rigor, nada de novo. É sempre assim. A campanha só esquenta quando começa o programa eleitoral na TV (e também no rádio), e a população gradativamente se interessa pelas eleições. Por isso, o bom planejamento de campanha deve levar em conta o fenômeno, combinando, por exemplo, as ações de rua de maior envergadura com o chamado palanque eletrônico. Daqui até 15 de agosto, o que se faz é acumular forças e energia militante para a segunda quinzena de agosto e o mês de setembro.

A quem interessa um segundo turno?

A luta pela presidência da República tende a se acirrar a cada instante. O jogo duro acontece em todas as frentes. As oposições concentram todas as energias na tentativa de provocar um segundo turno, na contra-tendência do que têm revelado as pesquisas.

Nada mais natural e compreensível. A perspectiva de ter Lula por mais quatro anos deixa oposicionistas, à direita e à “esquerda”, ansiosos. Aliás, quando estivemos (alguns integrantes da direção executiva nacional do PCdoB) com o presidente numa conversa matinal no Palácio da Alvorada, dia 29 de junho, ele, em meio a conjecturas acerca de uma desejável reforma política e eleitoral, a ocupar o rol das prioridades de 2007 em diante, especulava justamente nesses termos. “Penso que deveríamos acabar com a reeleição e estabelecer um mandato de cinco anos para o presidente da República”. Algum dos nossos sugeriu seis anos. O presidente, então, retrucou bem-humorado: “Seis anos é demais, a oposição ficaria muito nervosa”.

Nervosa está agora. Não apenas os partidos, mas outras instituições que compõem o sistema de contestação ao governo Lula. Como a mídia. Alguém tem dúvidas das intenções que estão por trás do espaço destacado, diário, no Jornal Nacional inclusive, que a Rede Globo tem dado à candidatura da senadora Heloisa Helena? Basta ver as manchetes a propósito da última pesquisa Datafolha: “Heloisa chega a 10% e pode levar o pleito a um segundo turno”.

Tudo bem, faz parte do processo. Apenas as análises deveriam ser feitas com mais rigor e respeito pelos leitores, ouvintes e telespectadores. Seria preciso assinalar que Alckmin obteve razoável crescimento na faixa de eleitores que se inclinava por Garotinho, que saiu da disputa, e que Lula se estabilizou em patamar que lhe daria a vitória “na primeira volta”, como dizem os portugueses.

E não é só isso. Tem também a natureza das intenções de voto no presidente, semelhante à aprovação do seu governo: trata-se de um eleitor mais ou menos amarrado, de uma opção que tende a se consolidar. O que não quer dizer, que se deva subestimar a possibilidade de alterações nas tendências ora manifestadas. Até porque a campanha propriamente dita agora é que vai começar. E aí a porca entorta o rabo, ou seja: variáveis como as repercussões das realizações do atual governo no seio da sociedade, e a visibilidade que alcançarão através do programa de TV e rádio; e o peso da amplitude das forças políticas (formais e informais) e sociais que apóiam a reeleição de Lula, etc. E, obviamente, a movimentação tática de cada uma das candidaturas competitivas.

Aos adeptos da reeleição do presidente, entretanto, não cabe subestimar nenhum obstáculo, nem os riscos inerentes a uma peleja dessa magnitude. Cabe, sobretudo, a mobilização de suas bases sociais, que pode ser decisiva. Isto porque, por mais importante que seja, e é, o palanque eletrônico, não substitui, nem dispensa, a movimentação do povo nas ruas. (Texto de nossa coluna semanal no portal Vermelho www.vermelho.org.br, publicada toda quinta-feira).

19 julho 2006

Quem tira voto de quem?

Para o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, a última pesquisa Datafolha a respeito das eleições presidenciais, publicada ontem à noite, não permite a afirmação de que já estaria configurada a realização do segundo turno. Os quatro pontos percentuais obtidos pela senadora Heloisa Helena, do PSOL, teriam sido subtraídos de Alckmin, e não de Lula, segundo Tarso. Já o comando tucano, no propósito de dar ao seu candidato uma aura de competitivo, resolveu bater na tecla de que o pleito dificilmente se decidirá no primeiro turno. Essa não pode ser uma polêmica circunscrita ao marketing de campanha, requer uma análise mais aprofundada, que dê conta de possíveis tendências que venham a se estabelecer no cenário da disputa ainda em formação. Observemos o evolver dos fatos e os números das próximas pesquisas.

Apoio de Carlos Wilson

Nos jornais de hoje há certo destaque para a declaração de apoio de Carlos Wilson à nossa candidatura ao Senado, ao falar aos presentes à inauguração do seu comitê eleitoral, ontem à noite. “Será uma eleição dura, difícil, mas com sua qualificação, Luciano, você poderá percorrer todo o estado de cabeça erguida e conquistar os votos de que precisa”, disse ele, após anunciar, com todas as letras, que votará na chapa da coligação Melhor pra Pernambuco, Humberto Costa-Luciano Siqueira.

Já na caminhada do dia 6 deste mês, em Brasília Teimosa, que abriu nossa campanha de rua, Cali já havia nos abraçado afetuosamente e, apontando para as bandeiras que seus apoiadores conduziam, disse: “Veja, amigo, todo o meu material de propaganda tem a chapa completa, tem Lula, Humberto e Luciano.” Na ocasião, os jornalistas nada perceberam.

Lula prestigia Olinda

Prefeita Luciana Santos

São muitas as razões para Olinda ter sido incluída no roteiro de Lula, sábado e domingo próximos, em Pernambuco. Há o forte simbolismo da cidade histórica, palco de lutas republicanas e libertárias. Mas pesa também o prestígio da prefeita Luciana Santos e as ótimas relações entre o PCdoB e o PT, aliados estratégicos.

No domingo pela manhã, em local ainda a ser confirmado, o presidente conversará com cerca de 150 personalidades representativas de vários segmentos da sociedade com presença relevante no Nordeste.

Lula X Alckmin: disputa acirrada


A nova pesquisa Datafolha, divulgada ontem, revela que o candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, caiu um ponto percentual, enquanto caiu dois pontos – alterações insignificantes, considerando-se que o instituto trabalha com uma margem de erro de 2%. No entanto, os números do Datafolha e do Vox Populi sugerem a possibilidade do embate se desdobrar num segundo turno, desde que Lula permaneça estabilizado ou caia, Alckmin cresça um pouco ou o somatório dos demais candidatos venha a alcançar alguns pontos. Porém a campanha propriamente dita, que está se iniciando, poderá ser decisiva – nas ruas, onde o peso da militância é considerável, favorecendo Lula, e no horário gratuito na TV e n o rádio, a partir de 15 de agosto.

18 julho 2006

O discurso e a festa


Foto TUCA SIQUEIRA

Na agenda, uma seqüência de inaugurações de comitês de candidatos a deputado. Em geral, em clima de festa. Você encontra as pessoas reunidas em torno de mesas, bebericando, a conversa fluindo solta. Aí o locutor chama os candidatos para um tablado e pede a atenção para os oradores que, a partir daquele instante, farão seus “pronunciamentos”. Um horror. Que dizer? No máximo, boas referências ao candidato, um ou outro argumento acerca da expectativa de vitória. Só. Pois discurso que é bom – ensinava Miguel Arraes – tem que provocar na platéia meneios de cabeça em sinal de concordância. “Se ninguém fizer isso, mude o roteiro ou acabe logo. Pois é sinal de que ninguém está entendendo ou gostando.” Mas ocorre que, numa festa, poucos querem ouvir discursos mesmo, o pessoal quer é confraternizar. Pois contem com a colaboração desse amigo aqui. Nada de discurso, apenas uma breve e bem-humorada saudação. Só. E vamos à luta.

As pesquisas e as alianças eleitorais

Nas pesquisas eleitorais que vêm sendo divulgadas em Pernambuco (Vox Populi/Jornal do Commercio, a mais recente), não se pode avaliar ainda a influência das alianças celebradas pelos dois candidatos a governador pelas oposições, Humberto Costa e Eduardo Campos. O peso de Lula e do ex-governador Jarbas Vasconcelos (que apóia Mendonça Filho, do PFL), sim.

Humberto e Eduardo conquistaram apoios importantes, que tendem a repercutir não apenas no interior, mas igualmente na Área Metropolitana. A candidatura do ex-ministro da Saúde recebeu reforço considerável com a retirada da postulação do deputado Armando Monteiro Neto (PTB) e a sua conseqüente incorporação à coligação Melhor para Pernambuco, com o qual veio também o PMN. Em nossas viagens pelo interior é perceptível a força de Armando, no Agreste Meridional, por exemplo, assim como do deputado estadual Augusto César, candidato a vice-governador, em vários municípios do Sertão Central. Já Eduardo Campos, por sua vez, deve contabilizar adesões significativas através do apoio que recebe do deputado Inocêncio Oliveira (PL) e do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP).

É provável que, iniciada a campanha, o peso das alianças concertadas por cada um venha a se expressar nas sondagens feitas pelos institutos de pesquisa.

Dona Lenira de Salgueiro


Foto TUCA SIQUEIRA

Na visita à feira de Salgueiro, Sertão Central, sábado último, ao lado de Humberto Costa e de Augusto César, encontramos Dona Lenira – essa simpatia de boné vermelho, da “Turma do Dr. Cacau” (presidente do PCdoB no município). Aspecto físico de quem já passou dos setenta, face curtida pelo sol, nos abraçou efusivamente, tratando-nos como “meus candidatos”. Mas, com verve muito própria, soltou a ironia: “Vocês estão com Lula porque ele vai ganhar, pensam que não sei?” E nos acompanhou durante toda a caminhada, esbanjando bom humor.

Vereador do PCdoB é eleito prefeito de Goiana


Foto publicada no Blog do JC

O vereador Henrique Fenelon de Barros, do PCdoB, que presidia a câmara municipal do município de Goiana, na zona da Mata Norte de Pernambuco, foi eleito prefeito da cidade. Na eleição suplementar, realizada ontem pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), ele conquistou 16.518 votos. Fenelon de Barros disputava o cargo com outros quatro candidatos.

O segundo colocado, Edval Soares, (PTB) obterve 13.200 votos. A justiça eleitoral contabilizou 976 votos brancos e 1.267 nulos. O número de eleitores faltosos superou oito mil. Mais de 42 mil pessoas compareceram às 151 seções de votação.

Fenelon de Barros assumiu interinamente o cargo de prefeito de Goiana após o afastamento do prefeito Roberto Gadelha (PSDB) e do vice-prefeito, Marcílio Régio (PDT), por determinação do Tribunal Superior Eleitoral. Os dois foram acusados de abuso de poder econômico nas eleições de 2004.

"A população reconheceu o esforço de um homem, sete vezes eleito vereador, que tem uma vida pública de 30 anos de dedicação à cidade. Pretendo trabalhar em benefício do povo, com coragem e determinação", declarou o novo prefeito, que deve ser diplomado até o próximo dia 20. Fanelon de Barros vai administrar a cidade até o final de 2008.(Publicado no portal Vermelho http://www.vermelho.org.br/).

Vantagem de Jarbas pode se alterar

Na pesquisa JC/Vox Populi para o Senado, divulgada pelo Jornal do Commercio, ontem, os índices de intenção de voto no ex-governador Jarbas Vasconcelos (66%) são acentuadamente superiores aos atribuídos à nossa candidatura (3%) e também à do deputado Jorge Gomes (4%). O que não quer dizer que a eleição esteja resolvida. Há muitas variáveis que poderão interferir no comportamento do eleitorado que começarão a pesar agora, com o desenrolar da campanha propriamente dita. É quando poderemos analisar os números observando tendências.

17 julho 2006

A presença de João Paulo

A prática é o critério de verdade. Contrariando especulações quanto ao envolvimento do prefeito João Paulo na campanha do candidato a governador Humberto Costa, o que se tem visto é uma presença crescente dele nas atividades de campanha, inclusive em lugares distantes da capital. Em Serra Talhada e Buique, no último fim de semana, João Paulo foi presença destacada – e acolhida como liderança de grande expressão das forças de esquerda em Pernambuco.

A especulação e o fato

Legítima a tentativa de qualquer candidato de explicitar de público a identidade que julga ter com nomes de expressão que cumprem, no atual pleito, o papel de grandes eleitores. Caso de Lula, por exemplo, que surge como variável importante, em Pernambuco, na disputa entre as candidaturas competitivas no primeiro turno. Mas soa como artificial o discurso de que o presidente da República teria, nos bastidores, revelado em algum momento preferência por um candidato que não pertence ao seu partido, o PT. Se assim fosse, Lula não teria concordado, e até recomendado, quando abordado sobre o assunto pelo então pré-candidato do PTB Armando Monteiro Neto, o apoio a Humberto Costa. O fato é mais forte do que qualquer especulação.

Ao pé do ouvido


Foto TUCA SIQUEIRA

O sertanejo é, a um só tempo, desconfiado e sincero. Desde os tempos da clandestinidade, nos anos setenta, aprendemos que a conversa deve ser direta, simples e compreensível – para que haja cumplicidade. Em nossas andanças pelo interior, esse jeito de ser do povo do Sertão tem nos proporcionado momentos muito gratificantes, quando, após o discurso, somos abordados para uma conversa ao pé do ouvido. Palavras de incentivo, comentários sobre determinado problema local, declaração de voto. A foto acima fala por si mesma.

O poder do salário mínimo

Estudo divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirma que, pela primeira vez nos últimos quatro anos, o mercado interno está sendo o maior responsável pelo crescimento da economia brasileira. Na avaliação de vários especialistas, o fator que explica esta alteração positiva foi o reajuste do salário mínimo concedido em abril passado pelo governo Lula – o mais elevado dos últimos tempos. Na comparação com maio de 2005, as vendas efetuadas pelas indústrias tiveram um aumento de 4,55% — a maior variação mensal deste ano diante de igual período de ano passado.

Outras duas iniciativas positivas do governo também contribuíram para a melhoria do consumo interno e para o reaquecimento da economia: a redução da taxa básica de juros (Selic) e o aumento da massa real dos salários. Segundo o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, “o quadro geral de maio é bastante satisfatório e mostra a continuidade na trajetória de crescimento da atividade industrial”. Apesar da retomada econômica ainda ser moderada, ele faz questão de enfatizar que “o mercado interno tem sido o grande motor do crescimento da atividade industrial neste ano”.

Ainda segundo a CNI, a reanimação do mercado interno fica patente no aumento das horas trabalhadas na indústria, que manteve ritmo acentuado pelo segundo mês consecutivo – cresceu 1,19% na comparação com abril. A hora trabalhada é o principal indicador do nível da produção industrial. Como os estoques das empresas estão ajustados e as vendas continuam crescendo, a indústria produz mais para atender o aumento da demanda. Num primeiro momento, essa expansão vem na forma de redução da ociosidade e de elevação das horas trabalhadas. Mas num segundo momento, ela resulta em novas contratações. (Publicado no portal Vermelho - www.vermelho.org.br).

16 julho 2006

Competência e dedicação


Na viagem ao Sertão, mais uma vez a turma de cinegrafistas e fotógrafos responsáveis pelo registro de imagens demonstrou valor e disposição para o trabalho. Uma contribuição muito importante.

Ouvintes atentos


Auditório do Salão Paroquial, em Buique.

Concluímos na tarde deste domingo a programação de visitas a vários municípios do Sertão Central. Ao lado Humberto Costa e de Augusto César, desde a sexta-feira, realizamos reuniões e contatos muito enriquecedores. Com um detalhe importante: falamos para platéias atentas e esclarecidas, desejosas de ouvir alternativas viáveis aos desafios do desenvolvimento local – como em Buique, no encontro promovido pelo prefeito Arquimedes Valença.

15 julho 2006

Construindo a unidade em Salgueiro

Em Salgueiro, no auditório do Hotel Talismã, ontem à noite, tivemos uma ótima reunião com militantes do PCdoB, do PT e do PTB, além de apoiadores sem filiação partidária. Em debate, questões fundamentais da realidade pernambucana e brasileira e os desafios do desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho. Presentes o presidente municipal do PCdoB, o médico e ex-vereador Dr. Cacau, da secretária de Educação do município, Raimunda Neves, do vereador do PTB Antenor Filho e, fazendo a sua estréia na campanha, da vereadora do PT Givânia Maria da Silva, primeira suplente em nossa chapa ao Senado. Entre os quase oitenta participantes, dirigentes de associações comunitárias e integrantes da UJS (União da Juventude Socialista).

Desrespeito ao eleitor


Rebaixa o nível do debate político e desrespeita a consciência do eleitor a tentativa de Geraldo Alckmin, José Serra, Jorge Bornhausen e José Jorge de relacionar a crise da segurança em São Paulo e a nova escalada de atentados promovida pela organização criminosa denominada PCC com o PT. Tentam escamotear o fato inequívoco de que o modelo de combate ao crime adotado em São Paulo, na gestão tucana, mostrou-se atrasado e ineficaz.

Jarbas, aos poucos, assume de que lado está

Ao centrar o seu discurso ontem, em Barra de Guabiraba, no ataque ao PT tendo como mote a questão ética, o ex-governador e candidato ao Senado pela União por Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), mostrou plena sintonia com a linha de campanha do PSDB do candidato à presidência da República, Geraldo Alckmin, bem ao estilo da velha UDN, de centro-direita. E, segundo noticia o Diário de Pernambuco de hoje, vestiu a carapuça ao afirmar: "Eu não tenho nada a esconder. Isso é uma bobagem, que vem sendo reiterada na imprensa em proporções enormes, como se eu fosse uma pessoa, com a história que tenho, de estar escondendo palanque, de dizer que não vou apoiar ou apoiar pela metade". Pois bem. Que assuma claramente de que lado está.

14 julho 2006

Na estrada


Foto TUCA SIQUEIRA

Salgueiro, Cedro, Terra Nova, Serra Talhada e Buique. De hoje a domingo à noite, com Humberto Costa e Augusto César, cumpriremos roteiro no Sertão. Para ouvir, debater e assumir compromissos.

Lula anuncia prioridades


No jantar realizado na noite desta quinta-feira (13) em São Bernardo do Campo (Grande SP) para o lançamento da sua candidatura à reeleição. o presidente Lula afirmou que vai continuar defendendo os pobres em seu provável segundo mandato. "Sabemos que os ricos sempre tiveram uma forma ou outra de enfrentar a crise. Mas os pobres precisam do governo", disse. Também ressaltou que a educação será "a prioridade da prioridade" de seu futuro governo, mas também prometeu promover uma ampla reforma política e trabalhar para continuar diminuindo o risco Brasil, o risco econômico e o risco social. "Nossa missão é avançar com vigor e sensibilidade na construção de uma sociedade justa e generosa".

13 julho 2006

O pardal gosta de poesia


Breve parada de fim de tarde, interregno na atribulada agenda. Melhor não pensar no que há para fazer daqui a pouco mais de uma hora. E deixar que os versos de Drummond fluam como um afago de brisa:

Gastei uma hora pensando em um verso

que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

Epa! Você aqui novamente, pardal. Que bela surpresa! Você gosta de poesia, danadinho. Outro dia apareceu na horinha exata em que folheava Vinícius. Hoje é Drummond. Se você está habituado a visitar essa janela do escritório daqui de casa, curioso de ver o que se pensa, o que se escreve e o que se passa, deve estranhar o silêncio do apartamento habitado por duas criaturas envolvidas diuturnamente com a luta do povo. Nossos horários não batem com o seu, é uma pena. Vamos dar um jeito de escapar de vez em quando, como hoje, quando a tarde vai findando. É a sua hora preferida? Quem sabe possamos nos tornar bons amigos.

Alianças mais do que necessárias

Imagine dois exércitos poderosos em guerra aberta. Um confronto renhido, difícil de saber quem vencerá a quem. De repente, o Estado Maior do nosso exército é contatado pelo comando de um destacamento desgarrado do adversário, que manifesta a intenção de combater ao nosso lado, cerrando fileiras contra o inimigo comum. Que fazer?

Grosso modo, há duas alternativas. Recusar o apoio e recomendar aos dissidentes que retornem às hostes adversárias e voltem a atirar contra nós mesmos; ou aceitar o apoio, mesmo sabendo que se trata de uma atitude temporária, circunstancial.

A primeira alternativa é evidentemente burra, embora o sectarismo e a estreiteza de alguns vez por outra alimentem resistências. “Não podemos nos misturar a essa gente”, costumam dizer os que se opõem à diversificação das alianças. Como se em algum momento da história da Humanidade se possa identificar, na luta social, política ou militar, uma vitória expressiva e duradoura que tenha prescindido de manobras táticas destinadas a dividir as forças inimigas.

(Lênin, o genial líder da primeira revolução socialista, entendia que as forças mais conseqüentes na luta pela transformação social deveriam, sempre e a cada instante, consolidar a unidade entre os aliados de confiança (aqueles com os quais há identidade programática), atrair todas as forças suscetíveis de serem atraídas e neutralizar, se possível, aquelas com as quais é impossível celebrar acordos, mesmo temporários e pontuais, e isolar o inimigo principal. Ou seja: não bastava lutar por ideais justos nem acumular certa força; era preciso alargar as bases de apoio social e político para ter condições de vencer.)

Na atual disputa eleitoral, a segunda alternativa – aceitar o apoio de dissidentes do exército inimigo – vem à tona com força, seja em relação à frente de apoio à reeleição do presidente Lula, seja nas competições em plano estadual. Importa não dar ouvidos aos que enxergam quase nada além do próprio nariz e alargar o descortino, de maneira a combinar a firmeza de propósitos com a amplitude das alianças.
Cada aliança implica naturalmente em compromissos – em alguns casos, fundados em considerações de ordem programática, em outros, de natureza apenas episódica, movidos por interesses imediatos e de curto prazo. Alguns dissidentes se juntam às nossas forças apenas pela intenção de derrotar seus antigos aliados, visando a batalhas futuras. Nada pedem além da oportunidade de guerrearem temporariamente ao nosso lado. Podem, entretanto, dar uma importante contribuição para o êxito de nossa empreitada. (Texto da coluna semanal no portal Vermelho www.vermelho.org.br, publicada toda quinta-feira).

A contribuição de Armando

Armando Monteiro e Lula


O deputado Armando Monteiro Neto (PTB), além de protagonizar um gesto de grandeza, ao retirar-se da disputa pelo governo estadual e apoiar Humberto Costa, vem dando uma contribuição substancial à formulação das propostas programáticas da coligação Melhor para Pernambuco (PT-PCdoB-PTB-PMN-PRB-PAM). Mais: somos testemunhas do reconhecimento do presidente Lula em relação à postura correta, independente e propositiva face o governo federal, que Armando tem adotado como presidente da CNI. Por isso, não cabe a avaliação de que o deputado tece críticas a adversários e concorrentes e se exime de apresentar propostas concretas para os problemas de Pernambuco.

Alto da Bondade: a prefeita e o povo


Com o vereador João Dindo e a prefeita Luciana Santos (Foto ANA CRISTINA)
Caminhada ontem à noite, no Alto da Bondade, em Olinda, em companhia da prefeita Luciana Santos, do candidato a deputado estadual Luciano Moura (PCdoB), dos vereadores Marcelo Soares (PDT) e João Dindo (PCdoB) e mais de uma centena de militantes. Acolhida carinhosa e entusiasta, manifestações de confiança e intimidade para com a prefeita. Palavras de reconhecimento pelas cento e trinta obras de contenção de encontas realizadas pela Prefeitura na área, queixas quanto a problemas ainda não solucionados. A cada pergunta, explicações pacientes de Luciana, sinais de compreensão por parte dos moradores.

Passeio pelas ruas do Espinheiro

Na manhã desta quinta-feira, de trabalho, cumplicidade e luta, a poesia de Cida Pedrosa.

PASSEIO PELAS RUAS DO ESPINHEIRO
quero
pelos olhos da cidade

apreciar papoulas
abertas de par em par
para deleite dos cãesozinhos
e colares de pérola de maiorca

(a pressa atropela a solidão do homem
que vende pipoca na esquina

o vento do carro
levanta a saia da moça lilás
para felicidade dos operários
já libertos do andaime
e da rigidez das horas)

quero
pelos olhos da cidade
sentir cheiro de pão e de fuligem
de brisa e de cimento
e testemunhar o preciso instante
em que o beija flor afaga
a papoula aberta de par em par.

12 julho 2006

Geraldo Alckmin precisa ouvir o Bussunda

Transcrevemos trechos de um artigo de Elio Gaspari na Folha de São Paulo de hoje. Confira.

Geraldo Alckmin dá a impressão de reencarnar do sujeito que decorou a letra R da enciclopédia. Com uma diferença: memoriza números. O Estado que governou por cinco anos teve cerca de 50 agentes da ordem assassinados em menos de 90 dias, 1.500 presos foram confinados como bichos num espaço onde caberiam 150 e ele tem o seguinte a dizer:

"A fuga no Estado de São Paulo no ano passado foi 0,13. Isso é número europeu".

Se o doutor estivesse no mundo do futebol, poderia anunciar que formará um time que faça muitas faltas, dê poucos passes e recue a bola sempre que possível. Um levantamento de 1.500 partidas feitos pelo Datafolha, mostra que essas são as características de 53% a 67% dos vencedores.

E daí?Quando os bandidos soltos matam policiais e agentes penitenciários na porta de suas casas, o índice de fugas é uma irrelevância. Quando os presos são tratados como bichos, transformando o poder coercitivo do Estado em selvageria, degrada-se o governo.

O índice europeu de fugas dos presídios paulistas tem pouco a ver com o que acontece no Brasil. Muito mais relevante é a indicação de que aqui morrem mais policiais do que em qualquer outro país. Isso numa cultura de segurança que mata mais cidadãos que todas as polícias da Europa somadas. Alckmin sabe que o eixo da discussão é esse. Seu secretário de Segurança, Saulo de Castro Abreu, a quem chamou de "servidor público número um", também sabe. A patuléia não está aí para ser ludibriada com números europeus em conserva.

O candidato do PSDB recitou o "0,13" antes de embarcar para Bruxelas e Lisboa. Na volta, poderá dizer se notou outra semelhança entre a segurança européia e a de São Paulo.

Alckmin deve uma caridade às platéias.Enquanto houver policiais espingardeados nas ruas de São Paulo, ao tratar de segurança, poderia atender ao pedido do Bussunda:"Fala sério".

Alckmin sobe 7 pontos, Lula continua a ganhar no 1º turno


Pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta terça-feira (11) aponta que o presidente Luis Inácio Lula da Silva seria reeleito no primeiro turno, se a eleição presidencial fosse hoje. No cenário de primeiro turno, já com os nomes dos candidatos inscritos, Lula obteve 44,1%, contra 42,7% na pesquisa anterior, em maio. Geraldo Alckmin (PSDB-PFL) ficou com 27,2%, contra 20,3% em maio. A soma de todos os candidatos fora Lula deu 35,9% (33,4% em maio). O comentarista da Rede Bandeirantes, Franklin Martins, chama a atenção para o fato de que o candidato tucano cresceu sobre a retirada de Garotinho e de concorrentes oposicionistas, com a senadora Heloisa Helena, do PSOL. Ainda não convence os eleitores inclinados a votar em Lula.

Veja análise no portal Vermelho (http://www.vermelho.org.br/).

Por que não crescer e socorrer ao mesmo tempo?


Não é de agora que técnicos habituados à frieza dos números e aos gabinetes distanciados da vida real põem dúvida sobre a justeza de programas sociais de largo alcance. “Não combatem as causas da pobreza, atuam apenas sobre as suas conseqüências”, costumam dizer. Como se fosse impossível fazer as duas coisas: socorrer os que mais necessitam, porque se encontram em situação de absoluta vulnerabilidade; e encetar medidas destinadas a alavancar o crescimento econômico.

Criticavam duramente Miguel Arraes, por exemplo, por causa do programa Chapéu de Palha, que dava ocupação a milhares de trabalhadores rurais afastados da produção na entressafra da cana de açúcar. Preferiam, os críticos, ver cortadores de cana pedindo esmolas, em nome do enfrentamento das “causas estruturais” do problema. Agora batem em Lula, afirmando que o Bolsa Família, que alcança quase dez milhões de famílias (aproximadamente cinqüenta milhões de pessoas), apenas alimenta a pobreza (sic). São tão cegos que não consideram o incremento mensal de recursos nos municípios, dinamizando a pequena economia local. Além disso, subestimam (ou desconhecem) a nova política industrial, o novo papel do BNDES no incentivo a grandes investimentos estruturadores, a política energética, etc.

A pergunta é: por que não fazer crescer a economia e socorrer a população miserável ao mesmo tempo?

Gesto de coerência

Cada um cuida do que é seu – ou de quem apóia. A iniciativa do ex-governador Jarbas Vasconcelos, ontem, em Brasília, registrada nos jornais de hoje, de propor a realização de um ato público de peemedebistas comprometidos com a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência da República é muito coerente. É um modo de ir à luta contra a reeleição do presidente Lula.

11 julho 2006

Corpo a corpo, olho no olho


Foto TUCA SIQUEIRA

Contato com o povo, olho no olho, sentindo na fisionomia de cada pessoa o acolhimento, a angústia, a esperança, o modo de encarar a luta eleitoral. Na visita ao mercado de Casa Amarela, sábado último, pela manhã, por exemplo. De uns poucos, uma certa indiferença; da maioria, cordialidade e interesse; e de gente que acompanha a luta política, palavras de estímulo. De mulheres evangélicas, a promessa de que incluirão nossos nomes em suas orações.

De uma ativista do movimento comunitário que não víamos a uns bons vinte anos, a saudação efusiva:

- Lembra de mim? Conheci você no Planeta dos Macacos, na sua campanha para deputado estadual.

- Ah! Do grupo de saúde, da irmã Zefinha, de Gracinha... lembro, sim.

- Pois é, Luciano. Continuo do mesmo lado, nunca me vendi. Continuamos juntos!

Peemedebistas no comando da campanha de Lula

Quem integra a frente deve ter lugar na coordenação da campanha. O presidente Lula convidou a banda do PMDB que o apóia para integrar a coordenação de sua campanha à reeleição, participando ativamente da formulação da estratégia eleitoral e do programa de governo. O convite foi feito durante jantar ocorrido na noite de ontem (segunda-feira, 10), em Brasília, que contou com a presença de representantes de 19 diretórios regionais do PMDB.

No Recife, conforme noticia hoje a Folha de Pernambuco, o ex-governador Jarbas Vasconcelos, candidato ao Senado pela aliança composta pelo PFL-PMDB-PSDB, teria comentado com ironia o entrosamento da maioria do PMDB com a campanha de Lula. E tratou de embarcar para Brasília, onde deve se reunir com o comando da campanha de Alckmin e definir a agenda do ex-governador de São Paulo em Pernambuco.

São dois lados. Cada um cuida do seu – e o povo julga.

Arraes: dois livros


Lula Arraes, Luciano Siqueira e Luci (Foto TUCA SIQUEIRA)

Ontem à noite, na Livraria Saraiva, no Shopping Center Recife, o prazer de rever muitos amigos no lançamento de dois livros que são leitura obrigatória para quem deseja conhecer a obra política e a vida de Miguel Arraes. “O Brasil, o povo e o poder”, do próprio Arraes, examina a realidade brasileira numa perspectiva histórica. “Tempo: o de dentro e o de fora”, do médico Luiz Arraes (Lula), filho do ex-governador, registra fatos e emoções de um tempo vivido no exílio e de um tempo recente. Ambos da Editora Universitária, da UFPE.

10 julho 2006

Governo Lula desconcentra renda


“O jornal Folha de S. Paulo deste domingo (9) revela números do instituto Datafolha que mostram uma visível desconcentração de renda no Brasil entre 2002 e 2006. A matéria tem um título ardiloso, “Lula promove 6 milhões de eleitores para a classe C”, e a pesquisa usa os duvidosos critérios quantitativos da sociologia americana. Mesmo assim – veja o gráfico – mostra que a camada mais pobre dos brasileiros diminuiu de 46% para 38%, enquanto a média aumentou de 32% para 40%.” (Bernardo Jofily).

Para ler a matéria, acesse o portal Vermelho http://www.vermelho.org.br/.

09 julho 2006

Alckmin imita Jânio


O PSDB tenta ser hoje o que foi a velha UDN (União Democrática Nacional), partido de centro-direita que tinha entre seus membros mais destacados Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e outros, que ajudou a realizar o golpe militar de 1964 e pelos militares foi extinto, através do Ato Institucional nº 2. Combina a conspiração anti-democrática, insatisfeito com a presença de um operário metalúrgico de esquerda na chefia da Nação, com a cantilena do combate à corrupção (sic). Jânio Quadros não era da UDN, mas foi por ela apoiado quando eleito presidente. Abusou da demagogia na campanha, tendo uma vassoura como símbolo da moralidade. Alckmin, candidato à presidência do PSDB, tem usado em seus discursos a mesma simbologia da vassoura. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Vale a pena visitar

Vale a pena visitar o estande que a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura do Recife, por meio do Programa de Desenvolvimento do Artesanato (Prodarte), montou na Fenneart. O tema central é “Manguetown: Cidade Reciclada”, e é exibido o trabalho de artistas que utilizam como matéria prima produtos confeccionados com garrafas PET, papel machê, osso, madeira, latas, pano e tampinhas de refrigerantes.

A dura missão do candidato


Foto PASSARINHO

A condição de candidato – portanto de instrumento de uma vontade coletiva – impõe exigências, no plano subjetivo, nada desprezíveis por parte dele e dos que o cercam. Não basta estar convencido da missão, sustentar um discurso correto e compreensível; é imprescindível que esteja sereno, motivado, emocional e psicologicamente bem resolvido. Pois mais até do que a resistência física – que Ulysses Guimarães citava como pré-requisito indispensável -, pesa o estado de espírito, que precisa exibir coragem e leveza - para que o candidato atraia, agregue, entusiasme, convença, lidere.

A propósito: você aí já se deu conta de que aos apoiadores mais próximos do candidato cabe uma boa dose de solidariedade, compreensão, paciência e disposição de luta? (Trecho de “A campanha e a dura missão do candidato”, texto inserido no livro Como o lírio que brotou no telhado).