31 janeiro 2014

Aparente incoerência

Por e-mail: Amigo Protásio, suas preocupações são justas. Partidos do mesmo campo político-ideológico deveriam esgotar todas as possibilidades de marcharem juntos nas eleições. Há, entretanto, um conjunto de fatores que contribuem para eventuais conflitos e, por consequência, dispersão. Como resultante, coligações díspares, de composição de certo modo incongruente. Mas compreensível, num país em que nada menos que trinta e três partidos se encontram legalmente constituídos e atuantes na cena política. Assim, ao invés de nos determos apenas nas siglas e seu aparente significado, será preciso focar nossa análise no programa de cada coligação. Desse modo, você obtém resposta para a pergunta: partidos tais ou quais se juntaram em torno de que proposta política? Assim tem sido na história institucional brasileira, inclusive nesse que é o período mais longo de exercício da democracia, de 1985 aos dias atuais.

Sentimento

A sexta-feira é de Carlos Drummond de Andrade: “...minhas lembranças escorrem/e o corpo transige/na confluência do amor.”

30 janeiro 2014

A arte da vida

O começo, a dúvida, a criação e os joelhos

Alessandra Leão, em Outros Críticos

Começar algo me parece vir sempre acompanhado de dúvidas diante das tantas possibilidades que se tem no horizonte. Por onde começar um texto, uma melodia, um novo repertório, um disco, um show? Como começar a criar? Manter-se no caminho ou romper e mudar de direção? Quais serão as novas ou antigas referências? Que trilha percorrer? São muitos os caminhos e eles me parecem ainda mais numerosos a cada novo ciclo.
Eu me deparei com muitas dessas questões para começar esse meu primeiro texto aqui no Outros Críticos. Muitos temas e assuntos à mente, mas decidi começar falando justamente dos (re)começos. Penso que compartilhar processos e trajetórias acaba, de alguma maneira, contribuindo com quem se encontra diante das mesmas dúvidas. Não tenho nenhuma intenção de supor ou sugerir que algum caminho seja o correto ou deva ser seguido, até porque acredito que o mais instigante na arte seja justamente o que cada obra pode ter de único e de particular. Interessa-me muito os processos criativos de outros artistas, os motivos que os levam à criação e os percursos que cada um desenvolve pra criar e para se reinventar; isso me ajuda a refletir sobre os meus próprios processos, motivos e percursos.
Clarice Lispector dizia que escrevia para se salvar. O escritor angolano Walter Hugo Mãe fala sobre “desaprender e reaprender a escrever” a cada novo livro. Saramago tinha a rotina de escrever uma página por dia, em média. Caminhar pelas ruas de São Paulo é quase parte da obra do músico Kiko Dinucci. O que seria da obra de Noel Rosa sem a boemia?
Em 1998, fui no ensaio do Reisado do Mestre Pitiguari, no interior de Alagoas, e eu com uma forte amigdalite e febre alta, fiquei no carro, não consegui sair, fiquei preocupada com o sereno… No meio da madrugada, não aguentei e fui lá ver de perto a brincadeira. Deparei-me com um casal de quase 90 anos dançando com espadas e comandando o brinquedo. Mestra Virgínia, mesmo com aquela idade e tendo levado uma mordida de cachorro na perna, caminhou quase 6 km da sua casa até aquele terreiro e já estava a algumas boas horas dançando sem parar. Naquela noite, com meus 18 anos, pude aprender o que nos move. É o mesmo que faz um mestre de Maracatu passar dias se preparando para uma sambada, onde terá que improvisar poesias por toda a noite. O que faz uma orquestra de Frevo passar meses ensaiando pra tocar nas ladeiras lotadas e quentes de Olinda. O que fazia Biu Roque, mestre de cavalo marinho, coco, ciranda e tantas brincadeiras, com mais de 70 anos, ser sempre o último a parar de tocar, já de manhã.
A arte é visceral. É uma necessidade do corpo, que toma a mente e a alma. Começa nas vísceras e quando passa pro racional, te pede pra escolher os caminhos. Reinventar-se também é uma necessidade e saltar no desconhecido é instigante e assustador ao mesmo tempo. Saltar é preciso, mesmo sabendo que em algum (ou vários) momento, o medo tomará os sentidos, que o racional vai berrar implorando pra voltar àquele velho lugar quentinho e aconchegante. Como diz Siba, em Preparando o Salto, “Depois do fogo restam só fumaça e brasas / E eu tiro as cinzas do meu peito nu / Daqui a pouco meus dois braços serão asas / E eu me levanto renascido e cru”. Todos os seus pelos irão se arrepiar… Mas saltemos, porque é como bem dizia a minha avó: “joelho arranhado, só tem quem brinca!”
Bons (re)começos pra cada um.

Palmas para Obama...

PIB cresceu apenas 1,9% em 2013. Nos EUA. E turma que bota gosto ruim aqui bate palmas para Obama.

Cidade saudável

Contra a propaganda irregular e a poluição visual

A cidade é a extensão de nossa casa. Todos desejam vê-la bem cuidada e de boa aparência. Grande esforço vem sendo feito no sentido de ordenar os espaços públicos e efetivamente realizar o controle urbano. Há muito a ser feito ainda, bem sabemos. Um novo passo é a determinação em coibir a propaganda irregular na cidade, mediante pintura de muros, colagem de cartazes em postes e semelhantes. A Prefeitura denunciará os praticantes dessas irregularidades à polícia, por dano ao patrimônio e crime contra o meio ambiente, a partir da próxima semana. Além disso, os infratores pagarão multa de R$ 6.541,02 por propaganda. 

Bom sinal

Inadimplência das empresas cresceu menos em 2013. Mas as oposições juram que nossa economia faliu (sic).


Conforme o Indicador Serasa Experian, o ritmo de crescimento da inadimplência das empresas diminuiu, em 2013. É o melhor desempenho em dois anos. A taxa aumentou em 2,5%, mas este percentual é bem inferior ao verificado em 2012 (10,4%) e 2011 (19%).
Outro dado positivo se refere às dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água) caíram 1,2% sobre novembro do ano passado e a média do valor anual das dívidas ficou em R$ 814,05 ou 7% mais do que em 2012.
Apesar disso, e de outros indicadores referentes ao dinamismo da base da economia, as oposições teimam em afirmar que o Brasil está falido (sic).

Uma crônica para descontrair

Assassino, detetive e vítimas
Luciano Siqueira, no Vermelho

Brincadeira ingênua, que embora antiga só agora conheci (indesculpável ignorância). Sorteia-se entre os participantes os papéis de assassino, detetive e vítimas. Ao assassino cabe "matar" as vítimas com um discreto piscar de olhos, tão discreto quanto o necessário para driblar a vigilância do detetive. A este, na posição de policial implacável, cumpre descobrir quem do grupo é o assassino e, naturalmente, prendê-lo. 

Minha estréia se deu num grupo pequeno: Miguel, 8 anos, meu neto (quem mais se diverte a cada lance), Pedro, 14 anos, o neto mais velho, Neguinha, mãe de Miguel, Luci e eu. Se o grupo fosse maior, mais interessante e divertido seria. Assim mesmo demos boas risadas, sobretudo com as trapaças de Miguel sempre esperto na hora do sorteio, dando um jeito de ser ele o detetive.

Pude observar, entretanto, com indisfarçável satisfação, que na família ninguém tem vocação para a terrível arte de matar, tampouco para o mister de perseguir criminosos; muito menos para se deixar abater na triste condição de vítima.

Pelo visto, o mandamento divino, proferido por Moisés, "não matarás" aqui está muito bem acolhido, embora nunca citado por absoluta falta de intimidade com as Sagradas Escrituras. Descendentes de famílias muito católicas, mas não exatamente seguidores.

Além disso, na brincadeira, o assassinato se dá através de um piscar de olhos. Flagrante contradição: o gesto tem tudo a ver com a cumplicidade ou o flerte ou a ironia, jamais com o aniquilamento físico de alguém.  

Quanto à função de detetive, nada contra. Policiais são necessários. Policias devem existir, tais como as Forças Armadas, integram o aparelho de Estado e, ao lado de sua essência repressora em favor da classe dominante, têm também serventias honrosas - a defesa da segurança do cidadão e a preservação da integridade do território nacional diante de eventual ameaça externa. Mas o fato é que em família de ex-preso político ninguém se sente atraído pelas profissões militares ou policiais. 

Vítimas todos nós somos, de uma forma ou de outra. De injustiças sociais, de mal-entendidos, de preconceitos, de equívocos, de viroses, do trânsito infernal, da burocracia estatal, do custo de vida e não sei mais o quê da vida moderna. Mas a brincadeira "assassino, detetive e vítimas" pressupõe que estas últimas mantenham-se passivas, a espera do fatal piscar de olhos. Isso nunca! A passividade jamais será atitude de nenhum de nós, curtidos pelo de esforço da conquista cotidiana do que necessitamos e desejamos. Inclusive Alice, de menos de cinco meses de vida, posta no berço ali no quarto, que solta a voz estridente tão logo lhe vem a fome - para que Neguinha lhe ofereça o seio materno e lhe sacie. 

Mas a brincadeira é muito divertida, isto é. Gostei e quero mais.

Prêmio

A revista Algomais foi eleita o melhor veículo de mídia impressa do norte e nordeste brasileiro. Com todos os méritos.

Leveza

A quinta-feira é de Marluce Freire: “A janela/E o coração,/Melhor mantê-los abertos...”

29 janeiro 2014

Fomento a base da economia

A vez do microempreendedor 

Em parceria com o Sebrae/PE, a Prefeitura do Recife realiza o Recife Compra, iniciativa focada na orientação e na promoção de rodadas de negócios de micro empreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte interessados em fornecerem bens e serviços a poder público municipal. Para servir como ponto de atendimento permanente, o prefeito Geraldo Julio inaugurou a Sala do Empreendedor, no térreo do edifício sede da Prefeitura. Desde o ano passado já havíamos criado o Fórum Municipal das Microempresas, Empresas de Pequeno Porte e dos Empreendedores Individuais, que inspirou a Lei do Alvará, em vigor desde o dia 14 deste mês, com o intuito de facilitar a retirada do alvará de funcionamento para os estabelecimentos do Recife. 

Tempo mestre

A quarta-feira é de Cora Coralina: “Estamos todos matriculados/na escola da vida, onde o mestre/é o tempo.”

Contas sem controle

Seríamos todos imediatistas e perdulários? 
Luciano Siqueira
Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Longe de mim a pretensão de apontar as reais causas do problema – tarefa para especialistas -, mas não me furto a dar meu palpite.

O fato é que, segundo pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a turma que vai às compras gasta mais do que ganha, não tem o hábito de poupar e muito menos de planejar o futuro. Inclusive por falta de informação: oito em cada dez entrevistados (81%) têm pouco ou nenhum conhecimento sobre como fazer o controle das despesas pessoais. E apenas 18% têm algum controle sobre o seu orçamento pessoal.

A coisa é séria. Essa constatação se deu em todas as capitais brasileiras e em praticamente todos os segmentos sociais. Assim, dos que têm renda domiciliar de até R$ 1.330, o domínio das finanças pessoais é de 16%. Dos que ganham entre R$ 1.331 e R$ 3.140, apenas 15% controlam suas próprias contas e assim por diante.  Predomina mesmo é o "controle" de memória, sem sequer lançar mão de um caderninho de anotações.

Há mais detalhes analisados pelos pesquisadores. O mau uso do cheque especial e do cartão de crédito, inclusive. Deu vontade, compra - e as consequências ficam literalmente para depois, seja o que Deus quiser.

O que não vi foi qualquer consideração acerca dos fatores que levam ao impulso da compra, obviamente relacionados com a carga imensa de propaganda diária a que todos nós temos acesso e por ela afetados. Na TV, no rádio, em outdoors, panfletos, cartazes em ônibus e no metrô, além do eficiente e sofisticado merchandising em telenovelas. Para onde você olha, algum anúncio lhe oferta algo que é de todos o melhor e que você deve comprar, mesmo que não necessite.

Pudera. Marcas de cigarro ou de refrigerante são associadas a barcos a vela, jatos particulares, mulheres e homens bonitos e paisagens paradisíacas. Ora, se você não em nada disso na vida real, pelo menos pode experimentar uma ilusória sensação de posse comprando aquela goma de mascar ou uma blusa de conhecida grife.

Além disso, certamente especialistas em comportamento, cientistas sociais e congêneres têm mais o que nos dizer sobre o fenômeno. E não será surpresa se aparecer uma dissertação de mestrado demonstrando que esse gosto pelo consumo terá começado com a troca de espelhos e bugigangas entre Cabral e seus companheiros de aventura e nossos indígenas, desde o descobrimento do Brasil.

Assim, tocando a vida a base de uma boa improvisação e muito sonho, teríamos nos convertido num povo imediatista e perdulário. O que estaria sendo confirmado agora que, nos últimos dez anos, cerca de quarenta milhões de brasileiros foram incorporados com sistema produtivo de bens e serviços e ao mercado consumidor. Será?

28 janeiro 2014

Cenário eleitoral

No Blog da Folha:

Luciano Siqueira diz que não há razão para pressa

Publicado por Branca Alves, em 28.01.2014 às 14:07
O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), postulou que o prazo para uma definição do PCdoB será as convenções partidárias, que ocorrerão em junho, independente das pressões dos aliados. “Daqui até junho não há nenhuma pressa do PCdoB em Pernambuco de avançar em definições. Até porque o cenário que se apresenta não é o ideal porque a Frente Popular está dividida em duas candidaturas”, afirmou Siqueira, em entrevista ao programa Folha Política, da Rádio Folha FM 96,7.
O vice-prefeito citou o caso do PTB, que apresenta o senador Armando Monteiro Neto, que ele classificou como “aliado frequente do PCdoB” e disse que o seu partido tem aliança histórica com o PT, sobretudo nacional, que é considerada estratégica. Contudo, Siqueira reconheceu que o PT está indefinido em Pernambuco.
“E temos aliança com o PSB, que, se nós formos à ponta do lápis, antecede a própria existência do PSB porque diz respeito à nossa relação com Miguel Arraes, que é o grande inspirador do PSB em Pernambuco”, disse.
Para ele, diante de uma situação dessas, “não tem razão para nos precipitar”. “Conversamos com todos e vamos conduzindo de acordo com a situação”, declarou o vice-prefeito.
Ainda na entrevista, Siqueira defendeu que o PCdoB é “uno”. “Nosso partido é uno, não temos as razões que o PSB diz ter para se afastar da coalizão que governa o País, nós participamos do governo”, revelou.

    Por toda a vida

    A terça-feira é de Vinicius de Moraes: "E cada verso meu será/Pra te dizer/Que eu sei que vou te amar/Por toda a minha vida"

    27 janeiro 2014

    Progresso

    Pobreza no Brasil diminuiu em mais da metade nos últimos 9 anos - de 27% para 12%.

    Parceria estratégica

    Brasil quer cooperação crescente com Cuba
    Anoto do Valor Econômico: A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, durante cerimônia de inauguração do porto de Mariel, a cerca de 45Km de Havana, que o Brasil quer tornar-se parceiro econômico de primeira ordem de Cuba. Dilma disse que várias empresas brasileiras têm manifestado interesse pela zona especial de Mariel. “São grandes possibilidades de desenvolvimento industrial conjunto”, disse Dilma em seu discurso, destacando a área de indústria farmacêutica. “O Brasil acredita e aposta no potencial humano e econômico de Cuba”, afirmou, acrescentando que o Brasil se orgulha de ter se associado a Cuba na construção e modernização de Mariel.

    Subproduto do capitalismo no campo

    A formação de uma classe média ruralFavoritar

    Pequenos e médios produtores dispõem também de seguro agrícola e os agricultores familiares contam com programas de garantia de preços e de compras governamentais

    PEPE VARGAS, ministro do Desenvolvimento agrário, em O Globo
    Através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal está doando equipamentos aos municípios com até 50 mil habitantes, para prestarem serviços à população do meio rural. Sem exigência de contrapartida, cada município recebe uma retroescavadeira, uma motoniveladora e um caminhão-caçamba. Investimento de cerca de R$ 1 milhão por município a preços de mercado.
    Municípios do semiárido e da área de abrangência da Sudene, em situação de emergência devido à seca, recebem também um caminhão-pipa e uma pá-carregadeira, investimento de R$ 1,4 milhão por município com os cinco equipamentos. Os pequenos municípios respondem pela maioria da produção agropecuária do Brasil, que contribui com 22% do PIB nacional. Com este maquinário, as prefeituras poderão realizar melhorias e conservar as estradas não pavimentadas do meio rural, bem como abrir e conservar açudes, pequenas barragens, barreiros e outras pequenas obras hídricas necessárias à população do nosso interior.
    Além da produção agropecuária, nestas estradas circulam os ônibus escolares, as ambulâncias do Samu e todos os bens e mercadorias que suprem as necessidades da população rural. Sua melhor conservação diminuirá perdas agrícolas, reduzirá custos de transporte e permitirá maior conforto e rapidez nos deslocamentos.
    Por meio do PAC, o governo federal está investindo em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Também está investindo em obras de mobilidade urbana nas grandes e médias cidades. Com o PAC Equipamentos, faz um grande programa de mobilidade rural, inédito na história do nosso país, em parceria com os pequenos municípios.
    São 5.061 municípios atendidos, beneficiando 24,7 milhões de pessoas que moram no meio rural (83 % da população rural brasileira), através da doação de 18.073 máquinas. É, provavelmente, o maior programa de compras públicas deste gênero em escala mundial, com investimentos de cerca de R$ 5 bilhões.
    Todas estas máquinas foram adquiridas de indústrias situadas no Brasil, gerando mais empregos para os trabalhadores brasileiros e estímulos para a nossa economia, graças à adoção de margens de preferência para a indústria nacional nas licitações.
    No ano safra 2013/2014, o governo federal colocou à disposição de pequenos, médios e grandes produtores R$ 157 bilhões em crédito com juros abaixo da inflação. Pequenos e médios produtores dispõem também de seguro agrícola, e os agricultores familiares contam com programas de garantia de preços e de compras governamentais de parte da sua produção, além de assistência técnica. Trabalhadores rurais sem terra podem se beneficiar da Política Nacional de Reforma Agrária. Os que têm pouca terra podem usufruir do Programa Nacional de Crédito Fundiário, que financia a aquisição de imóveis rurais.
    Com o PAC Equipamentos, o governo federal reforça a integração de políticas públicas, visando ao desenvolvimento rural sustentável, associando aos instrumentos da política agrícola e agrária investimentos na infraestrutura e serviços necessários ao desenvolvimento dos territórios rurais.
    Com o Programa Luz para Todos, evoluímos de 81% para 97% dos domicílios rurais com energia elétrica entre 2004 e 2012 (segundo a Pnad/IBGE). No mesmo período saímos de 58% para 74% dos domicílios rurais com água encanada (Pnad/IBGE), graças ao Programa Água para Todos. O Programa Nacional de Habitação Rural está permitindo, pela primeira vez na história do país, que agricultores de baixa renda financiem a construção de moradias. O Programa Mais Médicos está levando profissionais da medicina para os pequenos municípios. As prefeituras podem acessar também recursos para construir creches e escolas no interior. O Programa Nacional de Ensino Técnico está oportunizando cursos de formação para agricultores e para a população residente no meio rural.
    Estas políticas, associadas ao aumento do salário mínimo e às aposentadorias rurais, à geração recorde de empregos formais, ao Bolsa Família e ao Brasil Sem Miséria, permitiram um crescimento de 52% acima da inflação na renda dos domicílios da agricultura familiar entre 2003 e 2011 (Pnad/IBGE). Com isso, 5,2 milhões de pessoas ascenderam socialmente no meio rural e 3,7 milhões destas chegaram à classe média (segundo a FGV).
    A continuidade e o aperfeiçoamento destas políticas públicas permitirá ao Brasil constituir uma grande classe média rural, com capacidade de garantir a segurança alimentar e nutricional do nosso povo e a geração de excedentes para exportação, consolidando o Brasil como grande produtor de alimentos, em direção a um país rico e sem pobreza.

    Sinal de dinamismo

    Crédito imobiliário da Caixa atinge recorde de R$ 134,9 bilhões

    Leio agora no Jornal do Brasil que "a Caixa Econômica Federal atingiu, em 2013, o recorde de R$ 134,9 bilhões em contratações do crédito imobiliário. O volume ultrapassou a previsão de R$ 130 bilhões para o ano. A quantidade de financiamentos também superou a média dos anos anteriores. Em 2013, o número de contratos foi superior a 1,9 milhão, enquanto em 2012, foram firmados 1,2 milhão. Nos últimos três anos, foram mais de R$ 300 bilhões em crédito para compra da casa própria concedidos somente pelo banco." 

    Muito longe ainda do necessário para reduzir significativamente o deficit habitacional no País, mas muito expressivo como indicador do papel do Estado como indutor do desenvolvimento e, neste caso, de conquistas sociais importantes. Ascensão do crédito para construção ou reforma de casa própria é sinal de dinamismo da base da economia.

    Integração para o progresso

    Porto de Mariel, marco das relações Brasil-Cuba 

    O Porto de Mariel, cuja primeira etapa a presidenta Dilma Rousseff inaugura hoje em Cuba é um marco da cooperação mútua e da solidariedade entre os dois países. O porto custa US$ 957 milhões, sendo que deste total, US$ 682 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Do valor financiado pelo BNDES, US$ 802 milhões serão usados para aquisição, no Brasil, no Brasil de bens e serviços comprovadamente brasileiros. O porto sediará uma Zona de Desenvolvimento Especial, onde se instalarão empresas brasileiras, italianas, francesas e espanholas e que se constituirá num fator de modernização e dinamismo da economia cubana.

    Desejo

    A segunda-feira é de Manuel Bandeira: “Bem que desejara amar-te/Sem medida nem razão.”

    26 janeiro 2014

    Música e poesia

    Música e poesia para terminar bem o domingo: Geraldo Azevedo, “Canção da despedida/Ai que saudade d’ocê” http://goo.gl/8kKGt

    Acesso a moradia

    Face visível da inclusão social
    Luciano Siqueira

    Publicado no Jornal da Besta Fubana

    Um importante componente da inserção social que caracteriza a última década no Brasil: em 2013, as famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil foram as mais beneficiadas com a aquisição de imóveis através do programa Minha Casa, Minha Vida. 

    No cômputo geral, até dezembro do ano passado o programa viabilizou mais de 3,2 milhões de unidades contratadas e 1,5 milhão de unidades entregues, desde o seu início, em 2009 - das quais precisamente 812 mil unidades foram adquiridas por famílias com renda de até R$ 1,6 mil, equivalente a 53%.

    Num mundo duramente afetado pela crise econômica e financeira que eclodiu em 2008 e se arrasta sem solução, os países emergentes, como o Brasil, e parte importante da América do Sul, se diferenciam por percorrerem um caminho que combina crescimento com inserção produtiva. Estudo recentemente publicado pelo economista João Sicsù ("A nova classe média no Brasil") demonstra que nada menos que quarenta milhões de brasileiros (correspondente à população da Argentina) ingressaram no mercado de trabalho e de consumo durantes os dois governos Lula e o atual governo Dilma. Esse desempenho do Minha Casa, Minha Vida é parte desse fenômeno. 

    Anote-se ainda que nos cinco anos transcorridos, diversas medidas têm sido adotadas para aprimorar o programa, conforme relatório publicado pelo governo federal: ampliação da área construída, melhoria da acessibilidade das unidades, colocação de piso de cerâmica em todos os cômodos e aquecimento solar nas moradias térreas; contratação de postos de saúde e escolas junto com as unidades habitacionais. Acresce que 3% das unidades de cada conjunto habitacional são destinadas aos idosos e 3% a pessoas com deficiência. 

    Embora o foco do programa esteja nas cidades, demandas oriundas da agricultura familiar, assalariados rurais, assentamentos da reforma agrária, quilombolas, indígenas e pescadores têm sido atendidas - até hoje, com 109 mil unidades contratadas.

    As demandas da população de baixa renda têm sido viabilizadas através do Orçamento Geral da União (OGU), com contrapartida das famílias beneficiadas mediante prestação de apenas 5% da renda familiar, a partir de R$ 25,00/mês, num total de 120 parcelas mensais.

    Já famílias com renda de até R$ 3.275,00 podem lançar mão do financiamento do FGTS com subsidio de até R$ 25 mil. O subsidio é maior na proporção inversa da renda.

    Pelo andar da carruagem, o programa alcançará a contratação de 3,750 milhões unidades até dezembro de 2014 para famílias com renda de até R$ 5 mil. Um feito considerável.

    Por e-mail: onde é a crise?

    Isso, amigo José, você está certo: há uma evidente manipulação de indicadores econômicos com fins políticos. Melhor dizendo: mirando as eleições de outubro. A julgar pelas manchetes de primeira página e pelas "análises" dos colunistas especializados, a crise que assola a Europa não é lá, é aqui. Pintam um quadro sombrio e torcem abertamente pela corrosão do emprego, da renda e do poder de compra da população, caldo de cultura desejável (pelas oposições) para que tentem um retorno ao padrão neoliberal de desenvolvimento ao estilo FHC. Não será fácil. Daí a necessidade de você tomar parte nesse debate. Você, eu e todos os que se ligam nos destinos País. 

    Sensibilidade

    O blog "Diário nada secreto de uma preta sem juízo", de Melka Pinto, contém textos de muito juízo e fina sensibilidade. Confira http://migre.me/hA9Er

    Domingo azul

    O domingo é de Márcia Maia: “sendo assim seguem sempre azuis/e doces os amores e os domingos”

    25 janeiro 2014

    Bruno Maranhão, presente!

    @lucianoPCdoB: Tristeza pela morte do companheiro Bruno Maranhão, um dos fundadores do PT em Pernambuco.

    A vida do jeito que é

    Van Gog
    Ruteana, a singular
    Marco Albertim

    Os olhos verdes no rosto moreno de Ruteana dão-lhe um acento indiano; os cabelos lisos, repartidos ao meio, estirados para trás, dão conta do capricho de sua extração. Com formas tão arredondadas, do rosto aos pés, não carece de sorrir para repercutir algum prazer; a suavidade da boca, deixando entrever a juntura precisa dos dentes, é uma festa serena para o bulício dos olhos de quem a aprecia.


    Ela parece, no entanto, não perceber o efeito que sua presença causa, principalmente em quem a enxerga pela primeira vez.

    Deu-se que no começo do verão, viu-se convidada para um sarau. Teria a chance de conversar ou, se preferisse, de tão somente ouvir a conversa de intelectuais que, mesmo sorvendo com voracidade o texto literário de um autor clássico, só se davam por felizes depois de repercutir um parecer com a mesma gravidade que supunham ter distinguido no texto.

    Ruteana, com a aprovação muda do marido, vestira-se com uma seda transparente, dos ombros aos pés, deixando ver o tecido de algodão fino, com flores miúdas, em perfeita combinação com seu corpo de contornos pequenos e precisos. Não precisava pentear os cabelos, tamanha a docilidade de cada fio só com os toques de seus dedos; ainda assim, usou a escova para cumprir o ritual após se ver tão elegante na frente do espelho.

    - O romance de Leonardo Padura reproduz o assassinato de Trotsky. É um romance, mas a narrativa funde a estética literária com o estilo do ensaio. A citação excessiva de datas remete a um texto da história recente.

    Cipriano, sem que ninguém o inquirisse, deu seu parecer sobre o autor cubano. Degas nunca lera Leonardo Padura. Deixava-se enredar pelo sabor da estética literária. Feito uma sentinela atenta numa guarita de segurança, picou-se pelo instinto político.

    - A quem serve mais o romance, a stalinistas ou a trotskistas?

    - O autor se move acima das duas correntes. Não fala em degeneração capitalista na União Soviética, mas diz, pela voz do narrador onipresente, que houve "perversão da utopia", já a partir de Stalin.

    - E a forma como Trotsky foi morto, como ele narra?

    - Não sei repetir suas palavras, mas toda a página referente à picaretada tem um transe hipnótico de cima a baixo. Ele descreve com minúcia angustiosa.

    Um silêncio rápido se fez sentir, tamanha a densidade da inquirição muda de cada um, inclusive do marido de Ruteana. A silhueta indiana de Ruteana deixou escapar um sorriso tão insólito quanto forçado. Todos viram, desculpando-a sem o uso da palavra, por se mostrar ignorante ante um episódio que repercutiu na fronte de todos os revolucionários do mundo.

    Episódio grave... Não na fronte de Ruteana. Percebendo a severidade em cada rosto, forçou o sorriso por mais uns segundos, catando a chance vã de ver escorregar um traço de sorriso em algum olho. Nem o marido olhou para ela.

    Ruteana olhou para seu pulso, deu-se conta de que não trouxera o relógio; sentiu-se desnuda em toda a macieza do braço azeitonado. Cruzou os dois braços e agachou o tronco miúdo para se apoiar no próprio regaço. Havia humildade no gesto, inda que para disfarçar a rendição à gravidade a que se deixara julgar.

    - É um romance de fôlego. - retomou Cipriano - A leitura provoca angústia, e este é o maior mérito do livro.
    - E o perfil de Ramon Mercader?

    - Um revolucionário que lutou ao lado dos republicanos, na guerra civil espanhola. Foi recrutado pela NKVD. Treinado, tornou-se frio por estar convencido de que prestaria um serviço à revolução proletária.

    Ruteana, ouvindo Cipriano, assentiu com a cabeça. Mesmo que Cipriano tivesse dito que Ramon Mercader saíra das páginas do romance para lhe dizer por que fizera uso de uma picareta de alpinista, Ruteana teria acreditad

    A conversa no terraço da casa de Cipriano animou-se, regada ao uísque.

    Ruteana levantou-se em direção ao sanitário. Na sala, sobre um móvel com retratos e livros, viu um relógio de pulso tão reluzente quanto seus olhos à luz do verão estreante. Mirou-o sem esconder a cobiça, convencida de que a trama que levou à morte de Trotsky, com pormenores de angústia, era a única preocupação de Cipriano, a esposa que lhe indicara o caminho do sanitário, Degas e o marido da indiana.

    Na noite do Natal, Ruteana e o marido voltaram à casa de Cipriano. Ante o silêncio dos anfitriões, ela riu além da conta.

    Fala

    O sábado é de Geraldo Carneiro: "a fala aflora à flor da boca/às vezes como fogos de artifício/fulguração contra os terrores do silêncio"

    24 janeiro 2014

    Por e-email: discernimento

    Amigo José, nunca foi tão necessário formar uma opinião própria sobre o que acontece no mundo e no Brasil. Bem sei que não é fácil. Como disse Miguel Arraes, numa entrevista que concedemos juntos, sob o regime militar não podíamos falar porque corríamos o risco de sermos presos, torturados, exilados, mortos. Hoje, podemos falar sim; o risco é não sermos compreendidos, tamanha a distorção da realidade promovida pela mídia hegemônica. Separar o joio e o trigo, diante do noticiário tendencioso, é tarefa hercúlea. Mas é possível. Informe-se sobre as versões antagônicas, através da imprensa convencional (de oposição) e  de portais, sites e blogs independentes. Tome parte no debate sobre os rumos do País, tire suas próprias conclusões. Entenda o presente, mire o futuro. Descubra-se partícipe consciente e atual da transformação social. 

    Biodiversidade

    No Jardim Botânico do Recife, coleções científicas de cactos e de bromélias, expressão da biodiversidade local. Visite.

    Distorção

    A China reduz ritmo de crescimento sob influência da crise global e todos o reconhecem. Mas tratam o Brasil como se em outro planeta.

    Contraste social emergente

    Etnografia do “rolezinho”
    Por Rosana Pinheiro-Machado
    Antes do fenômeno dos rolezinhos, antropóloga já estudava adolescentes pobres no ato de ir ao shopping gastar com marcas famosas. Sua etnografia revela a violência subjacente neste gesto corriqueiro para a maioria das pessoas.
    Em 2009, eu e minha colega e amiga, Lucia Scalco, começamos a estudar o fenômeno dos bondes de marca. Como? A gente reunia a rapaziada, descíamos o morro e íamos juntos dar um rolezinho pelo shopping – o lugar preferido desses jovens da periferia de Porto Alegre. Eles nos mostravam as marcas e lojas preferidas. Contavam como faziam de tudo para adquirir esses bens (descrevemos todas as possibilidades em nossos papers). Havia um prazer e empoderamento nesse ato de descer até o shopping. Eles não queriam assustar, porque nem imaginavam que a discriminação fosse tão grande que eles pudessem assustar. Muito pelo contrário: eles faziam um ritual de se vestir, de usar as melhores marcas e estar digno a transitar pelo shopping.
    Uma vez um menino disse que usava as melhores roupas e marcas para ir ao shopping para ser visto como gente. Ou seja, a roupa tentava resolver uma profunda tensão da visibilidade de sua existência. Mas, noutro canto, os donos da loja se assustavam e cuidavam para ver se eles não roubavam nada. Um funcionário disse à Lucia a mais honesta frase de todas (uma honestidade que corta a alma): “não adianta eles se vestirem com marca e virem pagar com dinheiro. Pobre só usa dinheiro vivo. Eles chegam aqui e a gente na hora vê que é pobre”. Eles, no entanto, acreditavam que eram os mais adorados e empoderados clientes das lojas.
    Um funcionário da Nike uma vez declarou para a pesquisa: “nós nos envergonhamos desse fenômeno de apropriação da nossa marca por esses marginais”. Mas eles nos diziam: “as marcas deveriam nos pagar para fazer propaganda, porque nos as amamos. Sem marca, você é um lixo”. Quando mostrei o Funk dos Bens Materiais em aula, uma aluna de camadas altas comentou: “quando a gente vê a figura toda montada, marca estampada, já vê que é negão favelado”. Infelizmente não me surpreendeu o fato de toda a aula ter caído na risada. Esse mesmo tipo de pessoa é aquela que ainda diz que é um absurdo comprar televisão, “pobre deveria alimentar a prole” e ponto final. No programa Papai Noel dos Correios, que eu e Lúcia analisamos, uma menina desafiava o seu destino: “kirido papai noel: eu me comportei, eu passei de ano, eu cuido da minha vó, meu pai sumiu de casa. Eu só quero uma calça da Adidas!”. Mas vocês podem concluir que cartas como essas são relegadas por meio de uma moralidade escrota: todos os pedidos de meninas e meninos de roupas de marca eram vistos como um desaforo. Que absurdo! Afinal, pobre deve pedir material escolar e bicicleta!
    Tenho ficado quieta nesse caso do “rolezinho” porque este talvez seja o assunto que mais seja caro à minha sensibilidade acadêmica e política. Esse tema é justamente o que me faz me afastar de uma certa antropologia vulgar com suas interpretações do tipo “que lindo essas pessoas se apropriam das marcas e dão novos significados e agência e bla blá blá prá boi dormir”. Mas também é este tema que me aproxima ao que a antropologia tem de melhor: ouvir as pessoas. Não há uma grande diferença do “rolezinho” organizado e ritualizado das idas aos shoppings mais ordinárias (ainda que a ida ao shopping pelas classes populares nunca tenha sido um ato ordinário), mas vejo uma continuidade que culmina num fenômeno político que nos revela o óbvio: a segregação de classes brasileiras que grita e sangra. O ato de ir ao shopping é um ato político: porque esses jovens estão se apropriando de coisas e espaços que a sociedade lhes nega dia a dia. Quando eu vejo aquele medo das camadas médias, lembro daquelas pessoas que se referiram “aos negões favelados”. E há certa ironia nisso. Há contestação política nesse evento, mas também há camadas muito mais profundas por trás disso.
    Estou acompanhando os “rolezinhos” e sinto certo prazer em ver aquela apropriação. Mas entre apropriação e resistência há um abismo significativo. Adorar os símbolos de poder – no caso, as marcas – dificilmente remete à ideia de resistência que tanta gente procura encontrar nesse ato. O tema é complexo, não apenas porque desvela a segregação de classe brasileira, mas porque descortina a tensão da desigualdade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, entre o Norte e o Sul. E enquanto esses símbolos globais forem venerados entre os mais fracos, a liberdade nunca será plena e a pior das dependências será eterna: a ideológica. Por isso, para entender a relação que as periferias globais têm com as marcas e os shoppings, é preciso voltar para os estudos colonialistas e pós-colonialistas.
    A apropriação de espaços símbolos hegemônicos, desde Mitchell até Newell, passando por Bhabha, Rouch e Ferguson, nos mostra uma permanente tensão na apropriação que tenta resolver a brutal violência que esta por trás desse ato. O meu lado otimista não nega o que esses jovens nos disseram: do prazer que sentem em se vestir bem e circular pelo shopping para SEREM VISTOS. Meu lado pessimista tende a concordar com Ferguson de que há menos subversão política e mais um apelo desesperador para pertencer à ordem global. É preciso entender o “rolezinho” dentro de uma perceptiva do Sul Global de séculos de violência praticada na tentativa de produzir corpos padronizados, desejáveis e disciplinados.
    O pobre no shopping repete a mimeses de Bhabha. A classe média disciplinada vê os jovens vestindo as marcas do mercado hegemônico para a qual ela serve. A classe média vê os sujeitos vestindo as mesmas marcas que ela veste (ou ainda mais caras), mas não se reconhece nos jovens cujos corpos parecem precisar ser domados. A classe média não se reconhece no Outro e sente um distúrbio profundo e perturbador por isso. Não adianta não gostar de ver a periferia no shopping. Se há poesia na política do “rolezinho” é que ela é um ato fruto da violência estrutural (aquela que é fruto da negação dos direitos humanos e fundamentais): ela bate e volta. Toda essa violência cotidiana produzida em deboches e recusa do Outro e, claro também por meio de cacetes da polícia, voltará a assombrar quando menos se esperar.
    * Rosana Pinheiro-Machado é cientista social e antropóloga. Professora de Antropologia do Desenvolvimento da Universidade de Oxford.
    ** Texto publicado originalmente em 30 de dezembro de 2012 na Carta Capital.

    Vai ter Copa

    Frustrando quem torce pelo fracasso, a Fifa já recebeu mais de 3 milhões de pedidos de ingressos para os jogos da Copa no Brasil.

    Rentismo contra os povos

    A ditadura do Mercado

    Eduardo Bomfim
    Segundo a entidade Oxfam International um grupo de 85 pessoas mais ricas do mundo concentra a fortuna equivalente aos 3,5 bilhões dos indivíduos mais pobres do planeta sendo que 1% da população mundial detém a metade da riqueza produzida ou seja, 110 trilhões de dólares.Esse pode ser considerado um balanço macabro principalmente sobre as duas últimas décadas em que reinou inconteste a nova ordem mundial, a doutrina neoliberal produzindo um brutal processo de concentração de capital e renda jamais presenciado em épocas anteriores.

    O reinado absoluto do rentismo, as contradições sistêmicas surgidas provocaram uma sequência de crises econômicas sendo que a última delas veio à tona em 2008 com a quebra fraudulenta dos grandes bancos norte-americanos socorridos pelo governo dos EUA na era Bush, depois pelo presidente Obama sob o argumento que eram “grandes demais para quebrar”.

    Essa crise financeira espalhou-se pela economia mundial atingindo a todos gerando uma onda de choques provocando o desemprego de centenas de milhões de assalariados levando a falência setores do comércio, indústria principalmente nos Países desenvolvidos, especialmente no continente europeu e Estados Unidos.

    O remédio “amargo” prescrito foi a recessão, cortes nos investimentos públicos atingindo os assalariados, classe média dessas nações que se viram sem as históricas conquistas sociais adquiridas após a 2ª Guerra Mundial.

    Para que a nova ordem mundial pudesse impor aos povos tal espoliação subordinaram os organismos internacionais aos ditames do capital rentista à força hegemônica da maior potência militar da Terra os EUA que agem como a guarda pretoriana do Mercado, da “Governança Mundial”.

    Daí a grande mídia global associada ao rentismo passou a exercer o papel de mentora ideológica da ordem neoliberal, formatando a ditadura do Mercado, num cenário de desorientação geral, ameaças à identidade cultural dos povos, aumento da criminalidade, guerra de rapina dos recursos não renováveis dos Países, o bilionário negócio global do narcodólar.

    Como nada indica a contenção da voracidade do capital rentista nem o declínio da crise financeira cabe ao Brasil nesse cenário geopolítico adotar novas medidas em defesa da sua economia, integridade territorial, da própria soberania nacional.

    Ampla cobertura

    Em todo o país, 6.658 profissionais atuam pelo Mais Médicos em 2.166 cidades e 28 distritos indígenas.

    Olhar crítico sobre o que se conta do passado

    A banalização da história

    Emir Sader, em seu blog

    Há algum tempo passaram a proliferar livros de história no Brasil e telenovelas que esvaziam de conteúdo a história, transformando-a em episódios banais.


    Para Marx, a História é a única ciência social, não porque exclua as outras, mas porque as integra. A Historia não é historiografia, a visão redutiva dos fatos, das datas, dos personagens.

    Historicizar um fenômeno é entender como ele foi gerado, em todos os seus aspectos - economico, social, politico, cultural -, como ele se reproduz – conforme suas dimensões objetivas e subjetivas -  e como ele foi ser transformado. Em suma, como se produz a historia humana e como os homens, que produziram, inconscientemente, suas condições de existência e sua própria consciência, podem transformá-la, transformando-se a si mesmos.

    Historicizar é desnaturalizar, descontruir toda forma de fatalismo, de aceitação da realidade como ela é. É encontrar os fios que articulam a realidade, para poder influenciar na sua transformação, pela prática concreta e pela consciência humana que, transformada em força material, adquire capacidade de modificação, de humanização do mundo.

    Há algum tempo passaram a proliferar livros de “história” no Brasil, num país tão “sem  história”, tão desacostumado a pensar a sua história, tão pouco convidativa que ela parece ser, como foi ensinada na escola.

    Recontar, como se fosse telenovela, episódios como a chegada da monarquia portuguesa ao Brasil – fugindo das tropas napoleônicas – a própria proclamação do pacto de elite pelo qual a independência não introduzia a República no Brasil, mas uma monarquia, e outros episódios como esses. Querem passar a impressão que estão impregnados de história, na sua forma mais tradicional – estudo do passado.

    Relatam, mas não explicam nada. Nenhum desses episódios permite entender o que foi o colonialismo no Brasil, como  a exploração do país se apoiou em trabalho escravo. Os dois pilares indispensáveis para entender a história do Brasil, segundo o seu maior historiador, Caio Prado Jr., estão ausentes: o colonialismo e a escravidão, que nos fundaram como país e se tornaram elementos indispensáveis para compreender o país, estão ausentes. Os personagens parecem representar a si mesmos e não a interesses históricos que os transcendem.

    Desmoralizam ao invés de reivindicar a história. Vulgarizam ao invés de aprofundá-la. Servem para vender livros e a ilusão de que os incautos que os compram e os leem estão se ilustrando e adentrando na história do país. 

    Naturalizam ao invés de historicizar, esvaziam de conteúdo histórico os episódios, para transformá-los em banais episódios factuais, protagonizados por personagens de teatro e não por encarnações de relações sociais. Uma operação contra a história como método de desalienação, de compreensão do mundo, em nome da história.

    Para quem gosta da boa poesia popular


    Viver

    A sexta-feira é de Marcelo Mário de Melo: “Purgar os erros/lembrar os mortos/fecundar os sonhos/festejar as vitórias.”

    23 janeiro 2014

    Rechaçando um engodo

    Sistema distrital: reforma política anti-democrática 

    Aldo Arantes, no Vermelho


    A Reforma Política está na pauta política do País. Mais do que nunca, é essencial diferenciar a Reforma Política Democrática da Antidemocrática. O sistema distrital e sua variante o distrital misto, são alternativas antidemocráticas que restringem a participação popular nas instâncias de poder. Contam com a adesão da grande mídia, dos políticos e partidos conservadores, sobretudo do PSDB. 


    Fernando Henrique Cardoso, falando na Associação Comercial de São Paulo sobre o tema “Voto Distrital: um Plano Real na Política” afirmou que o voto distrital é o “mecanismo que mais diretamente põe em cheque o sistema atual. Quebra a espinha dorsal das acomodações partidárias e leva à maior proximidade entre o eleitor e o eleito”. Revelando suas verdadeiras preocupações com os rumos políticos da América Latina o ex-presidente afirmou que “sem nos apercebermos, incorremos no risco de desmoronamento das instituições republicanas. Quem conhece a América Latina sabe que isso pode ocorrer”, afirmando ainda que “basta um momento não tão favorável da economia, aparece um outsider e ganha ( a eleição )”.

    No sistema distrital as eleições são realizadas nos distritos, divisão territorial que elege o parlamentar pelo voto majoritário. Estará eleito aquele que for mais votado.

    Este foi o sistema eleitoral adotado para escolher a representação política do poder local. Numa sociedade agrária este poder é exercido pelos proprietários rurais. A disputa eleitoral se dava entre as correntes das camadas dominantes que disputavam o poder naquele distrito, ficando as camadas pobres à margem da disputa.

    Este sistema eleitoral distorce a vontade popular. Por exemplo, num país que tenha 10 distritos um partido obtém 51% dos votos nos dez distritos e outro partido 49%. OI resultado final será o partido vencedor obtendo 10 vagas e o perdedor nenhuma, apesar de ter tido 49% dos votos.

    A substituição do sistema majoritário pelo proporcional foi fruto de importantes avanços democráticos. No Brasil, o sistema majoritário, distrital, foi adotado por quase 70 anos durante o Império e na República Velha. A Revolução de 30 acabou com o sistema distrital e implantou o proporcional, que terminou sendo incorporado à Constituição de 1946.

    Os argumentos favoráveis ao sistema distrital se relacionam com a maior proximidade do eleito com seus eleitores. Todavia esta maior proximidade não é somente física, mas, sobretudo de identidade de interesses entre o eleito e seu eleitor.

    Este sistema eleitoral aniquila as minorias. Promove a ditadura da maioria e tende bipartidarismo. Ele golpeia o voto de opinião. Expressivos segmentos na sociedade votam não por razões regionais, mas em defesa interesses específicos como os direitos dos trabalhadores ou o meio ambiente. Com o sistema distrital isto a eleição de representantes destes segmentos fica muito dificultada.

    Além do mais o sistema distrital afasta o debate político dos grandes temas nacionais. Transforma o deputado federal em despachante de luxo, em um vereador federal voltado. Tancredo Neves, fazendo uma conferência na UNB, em 1980, afirmou “O sistema proporcional é realmente uma ação política que determina que as resistências reacionárias, conservadoras e imobilistas têm que ceder à pressão das reivindicações populares, fazendo com que a História siga sua marca implacável”.

    Agrava a influência do poder econômico nas eleições. Ao delimitar a eleição a um distrito o sistema permite que o candidato endinheirado gaste um volume maior de recursos num território bem menor. Possibilita a manipulação na delimitação dos distritos em função de interesses eleitorais.

    Fica evidente que este sistema eleitoral tem por objetivo garantir a estabilidade política das elites dominantes, criando barreira à eleição de representantes populares.

    Além do sistema distrital puro há o sistema distrital misto. Este atenua, mas não altera os problemas causados pelo sistema majoritário. A metade de seus membros é eleita pelo sistema majoritário e a outra pelo sistema proporcional. Com isto há uma redução pela metade da possibilidade de eleição de candidatos que representem determinadas ideias. Por outro lado o voto majoritário termina por influenciar no voto proporcional já que o poder local procurará exercer influência na eleição dos candidatos que disputarem vagas pelo sistema proporcional.

    A ditadura militar tentou introduzir o sistema distrital misto com a Emenda Constitucional n° 22 de junho de 1982, que terminou não sendo colocado em prática. Com o fim do regime ditatorial a Câmara liquidou com o chamado “entulho autoritário”, que incluía o sistema distrital misto.

    Todavia, diante das dificuldades de aprovação do distrital misto, já que isto implicaria em emenda constitucional, os setores conservadores adotam a alternativa da redução do número de partidos para garantir os mesmos objetivos.

    Tais setores defendem a “clausula de barreira”, medida considerada inconstitucional pela unanimidade dos membros do STF, por atentar contra as minorias. Com o mesmo objetivo advogam a proibição da coligação proporcional. Argumentam que esta alternativa estimula a criação de “partidos de aluguel”. Esta falsa justificativa cai por terra ao se perceber que ela se volta contra todos os pequenos partidos, mesmo aqueles que têm tradição na vida política do País e representam corrente de pensamento definida.

    Tanto a proibição da coligação proporcional como a “clausula de barreira” são restritivas e atentatórias ao princípio constitucional da liberdade de organização partidária.

    É por tudo isto que cresce a adesão à Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. Os que defendem o aprofundamento da democracia necessitam se incorporar à Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas para realizarmos um grande movimento suprapartidário que una o povo brasileiro na conquista deste decisivo passo para a democracia brasileira. 

    Um rio que não passa. Hoje

    Livro com a voz dos poetas do Pajéu será lançado hoje
    A riqueza cultural escondida nas comunidades situadas às margens do Rio Pajeú (foto), no Sertão de Pernambuco, é revelada nas fotos e textos de Tuca Siqueira, Inácio França e Alexandre Ramos que compõem o livro O Rio que não passa, a ser lançado na próxima quinta-feira (23), às 19h, no Gabinete Português de Leitura, no Recife.
    O livro resume a pesquisa e o registro oral da poesia e dos poetas locais e sua relação com rio, que nasce na Serra do Balanço, município de Brejinho, na divisa dos estados de Pernambuco e da Paraíba, e deságua no lago formado pela Barragem de Itaparica, no Rio São Francisco, depois de percorrer 353 quilômetros.
    Os autores do livro percorreram o curso d'água de sua nascente até o município de Floresta, situado na foz do rio e um dos 22 municípios com sedes em sua área de influência. "Um livro de textos, fotografias e emoções", resume Alexandre Ramos. A edição é do site Interpoética.
    Serviço:
    Lançamento do livro O Rio que não passa
    Data: 23 de janeiro de 2014 - 19 h
    Local: Gabinete Português de Leitura - Rua do Imperador Dom Pedro II, 290 - Santo Antônio - Recife/PE
    Audicéa Rodrigues, no site www.pcdobrecife.com.br

    Voz da periferia

    No Vermelho:
    PCdoB divulga nota sobre os rolezinhos 

    A Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) divulgou manifestação de solidariedade aos jovens que, pacificamente, estão organizando e participando dos chamados “rolezinhos”. “A reação desproporcional, repressiva e violenta com que foram tratados esses jovens provocou a solidariedade de todos aqueles que são favoráveis ao livre direito de circulação em todos os espaços da cidade”.l


    A Secretaria Nacional de Juventude repudia os atos de discriminação e de repressão aos “rolezinhos” e reitera ‘seu compromisso com a construção de um País que garanta aos jovens muito mais do que acesso ao shopping. É uma grande e coletiva responsabilidade mudar a lógica excludente de urbanização, dar vida a novos e antigos espaços públicos e garantir plenamente os 11 direitos estabelecidos no Estatuto da Juventude que incluem, por exemplo, os direitos à cultura, ao desporto e ao lazer, à comunicação e à liberdade de expressão e ao território e à mobilidade”.

    Na avaliação da SNJ, “as mobilizações em shoppings virtualmente convocadas com o claro intuito de ‘curtir’ fazem parte de uma série de novas manifestações da juventude, dentro do contexto de ampliação do uso de celulares, computadores, internet e redes sociais e do processo de ampliação de direitos e de renda vivenciado pelo Brasil nos últimos anos”.

    Para a SNJ, “neste contexto, uma ampla parcela da população brasileira passou a desfrutar pela primeira vez ou com maior frequência de espaços, serviços, produtos e hábitos historicamente consumidos pela elite do País. Fato que tem provocado muito incômodo e diversas atitudes preconceituosas e racistas por aqueles que não compreendem ou não querem um novo Brasil”.

    E conclui dizendo que “essas são posturas que já não são toleradas por nossa juventude e que não condizem com o atual estágio de desenvolvimento e de democracia do Brasil, onde a construção de um País igualitário apenas começou”.

    Uma crônica minha para descontrair

    Volpi
    Pessoal e intransferível
    Luciano Siqueira

    No fundo, sou um saudosista. Pelo menos em relação a muitas coisas que fizeram parte do meu cotidiano durante essas mais de seis décadas de vida e ameaçam desaparecer para sempre. Do mesmo jeito que a máquina de escrever, que virou peça de museu, tanto que meu neto Miguel perguntou "o que é aquilo" ao ver uma semiportátil que guardo há muito tempo e recentemente Luci pôs como objeto de decoração numa das estantes da biblioteca lá de casa.

    Do bom hábito de enviar e receber cartas sinto muita falta. Recentemente fiquei sabendo que estão sendo catalogadas milhares de cartas enviadas por Miguel Arraes a amigos e companheiros de luta e a autoridades diversas, em seus mais de sessenta anos de vida pública. Um tesouro. Registros que certamente servirão de fonte para estudos especializados, ajudando a elucidar o sentido de acontecimentos marcantes da vida nacional que tiveram a participação, direta ou indireta, do ex-governador de Pernambuco. 

    Não almejaria tanto, modestíssimo militante que opera a política do PCdoB na esfera provinciana. Mas bem que gostaria de legar às filhas e netos correspondência suficiente para que aprendessem algo lendo-a na posteridade. 

    Hoje a carta deu lugar ao e-mail. Muito mais prático: depois de redigida, a mensagem chega ao destino em fração de segundos. Pode ser respondida pelo destinatário em tempo real. Há até quem se comunique dentro da própria casa por e-mail, a exemplo de conhecido advogado e escritor que o faz, dialogando com a esposa também escritora, ambos na mesma sala e envolvidos com o mister de escrever. Para não se interromperem mutuamente, esclarece.

    Claro que através do e-mail a gente pode dizer tudo o que deseja. Falar de política, negócios (não será jamais o meu caso, que não os tenho), saudade, desejo, amor, desamor, reencontro, esperança. Mas sem o prazer de curtir a emoção do diálogo enquanto manuseia o papel, sentindo a sua textura, admirando a letra do signatário ou signatária, ou o modo mais ou menos estético como alinhou o texto datilografado, ou ainda as ilustrações do papel-carta. Diferentemente, a mensagem via internet a gente pode guardar, é certo, em arquivo no computador ou pen drive, DVD ou HD-externo ou ainda num Evernote da vida, que armazena conteúdos "nas nuvens" e os dispõe para consulta posterior. Mas é como fotos da era digital: a gente arquiva e até esquece que existem, agora que quase não se usam os convencionais álbuns de recordação. 

    Além do e-mail, as chamadas redes sociais. Frequento o Facebook e o Twitter, por onde me comunico com muita gente. Também em tempo real, mas sob frequente desconfiança. Aqui e acolá alguém pergunta se sou eu mesmo ou é um assessor. Explico, pela enésima vez, que sou eu mesmo, que a correspondência virtual trato como as velhas cartas, de modo pessoal e intransferível.


    Aliás, já li que pessoas de vida pública que delegam a assessores o manuseio do Facebook e do Twitter logo são descobertos e perdem seguidores. Pudera. Emoção não se terceiriza.