31 dezembro 2013

Bela antiga canção

Para inspirar as últimas horas de 2013: Maria Bethânia, "A saudade mata a gente" 
http://migre.me/heqvN
 

Último dia do ano

A terça-feira é de Carlos Drummond de Andrade: "O último dia do ano/não é o último dia do tempo./Outros dias virão/e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida"

Jango tinha apoio popular

De um artigo de Luís Nassif, em seu blog:

· Em junho de 1963, Jango era aprovado por 66% da população de São Paulo, desempenho superior ao do governador Adhemar de Barros (59%) e do prefeito Prestes Maia (38%).
· Pesquisa de março de 1964 revela que, caso fosse candidato no ano seguinte, Goulart teria mais da metade das intenções de voto na maioria das capitais pesquisadas. Apenas em Fortaleza e Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek tinha percentuais maiores
· Havia amplo apoio à reforma agrária, com um índice superior a 70% em algumas capitais.
· Pesquisa na semana anterior ao golpe, realizada em São Paulo a pedido da Fecomercio, apontava que 72% da população aprovava o governo Jango.
·  Entre os mais pobres a popularidade alcançava 86%.
· 55% dos paulistanos consideravam as medidas anunciadas por Goulart no Comício da Central do Brasil, em 13 de março, como de real interesse para o povo.
· Entre as classes A e B, a rejeição a Goulart era um pouco maior em 1964. Ao menos 27% avaliavam o governo como ruim ou péssimo na capital paulista.

Dilma por Lula

Dilma Rousseff, o poder da coragem
Luiz Inácio Lula da Silva, em El País


Se tivesse que escolher uma palavra que definisse o caráter da presidente Dilma Rousseff, essa seria coragem. Esta companheira lutou desde muito jovem para transformar o Brasil, para melhorar as condições de vida das pessoas mais humildes. Foi perseguida, presa e torturada durante a ditadura, mas nunca abandonou seus ideais. Em uma sociedade acostumada a ver sempre os homens em postos dirigentes, ela foi a primeira mulher secretária de Finanças do seu Estado, a primeira ministra de Minas e Energia do Brasil, a primeira chefe da Casa Civil, a primeira presidente.

Durante o meu governo, ela reorganizou o setor de energia levando a eletricidade a três milhões de casas nas zonas rurais. Dirigiu o maior programa de infraestrutura de nosso período que garantiu o crescimento econômico com uma grande inclusão social.

Em seu governo, o país alcançou a cifra de 36 milhões de pessoas resgatadas da miséria absoluta. Em meio a uma crise mundial, o Brasil da presidente Dilma é o país mais empenhado na luta contra o desemprego, que caiu para 5,2%.

2014 será um grande ano para o Brasil, e não só por causa da organização da Copa do Mundo de futebol. O país colherá os frutos que a presidente Dilma semeou: a exploração do petróleo na camada do pré-sal; as concessões dos aeroportos, da rede ferroviária e dos portos; os grandes investimentos em educação, saúde e saneamento. Será o ano do reconhecimento da seriedade e da competência desta mulher brasileira de tanta coragem.

Revéllion

De 25 de dezembro a 1 de janeiro, há quinze anos ininterruptos, celebramos o révellion em família, na praia. É a brecha de agenda que aproveitamos, Luci, eu, nossas filhas, netos e queridos agregados - desta vez contando com a solidariedade do prefeito Geraldo Julio, que me liberou de compromissos oficiais nesses dias. Por isso não estarei com vocês na grande festa que a Prefeitura promove em cinco polos: Boa Viagem, Pina, Casa Amarela, Ibura e Lagoa do Araçá. Mas no exato momento do espetáculo pirotécnico, aí e aqui, estaremos espiritualmente juntos - e juntos permaneceremos em 2014, em busca de novas conquistas e muita paz na vida pessoal, familiar e na luta por um Brasil soberano, democrático e socialmente justo e para tornar o Recife uma cidade mais humana.

30 dezembro 2013

Videntes

A julgar pela frustração da grande mídia oposicionista, o jeito (para eles) será a contratação de um curso de vidente. Para que façam previsões mais próximas da realidade em relação ao ano que começa, e não apenas apoiadas em seus desejos.

A cada instante

A segunda-feira é de Vinicius de Moraes: "Amo-te, enfim, com grande liberdade/Dentro da eternidade e a cada instante"

29 dezembro 2013

Trabalhadores ganham

Destaco do portal Rede Brasil Atual: "Campanhas de bancários, químicos, metalúrgicos, petroleiros e trabalhadores nos Correios, no segundo semestre de 2013, resultaram em um acréscimo nos salários de aproximadamente R$ 12 bilhões. A média de aumento real (acima da inflação) dessas categorias profissionais pode ser calculada entre 1 e 1,5 ponto percentual, segundo o Dieese. O percentual é menor, se comparado ao mesmo período do ano anterior, que apresentou ganhos nos salários acima da inflação entre 2 e 2,5 pontos. Mas, segundo análise do coordenador técnico sindical do Dieese, Airton Gustavo dos Santos, o resultado é positivo considerando a situação da economia e a resistência patronal."

Sustentabilidade

Petrobras investe mais de R$ 110 milhões em preservação da biodiversidade na Amazônia, beneficiando 110 mil pessoas através de 124 projetos de educação ambiental e geração de renda.

E Alice?

@lucianoPCdoB: "Estadão" selecionou 12 nomes que marcaram o mundo em 2013. Não incluiu Alice, minha neta de 5 meses, certamente por falta de informação.

Espera

O domingo é de Paulo Freire: "Não te esperarei na pura espera/porque o meu tempo de espera é um/tempo de quefazer."

28 dezembro 2013

Mercado de trabalho dinâmico

Anotei dias atrás de uma matéria no Valor Econômico: "O aquecimento do mercado de trabalho nos últimos dez anos levou um número maior de trabalhadores a tomar a iniciativa de pedir dispensa do emprego e elevou a participação da chamada "demissão a pedido" nas estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. De 2002 para 2012, o número de pessoas que pediram demissão em busca de melhores condições de trabalho e salários mais que triplicou, saltando de 1,617 milhão para 5,693 milhões." O que revela o dinamismo interno do mercado de trabalho - acrescento -, reflexo do crescimento econômico com inserção social. Para desgosto das oposições e frustração da grande mídia catastrófica.

Meia entrada

Além de estudantes e idosos, pessoas com deficiência e jovens de 15 a 29 anos que comprovem renda familiar mensal de até dois salários mínimos têm agora consolidado o direito de pagar a metade do preço em ingressos de espetáculos artísticos, culturais e esportivos. A Lei 12.933/2013 foi publicada no Diário Oficial da União de ontem (27). O benefício da meia-entrada para pessoas com deficiência é estendido inclusive para o acompanhante, quando necessário. No caso de jovens carentes, o desconto fica condicionado à inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). As empresas produtoras de eventos devem reservar 40% do total de ingressos de salas de cinema, cineclubes, teatros, espetáculos musicais e circenses e eventos educativos, esportivos, de lazer e de entretenimento para os beneficiários da lei. Para garantir que a reserva de lugares seja cumprida, a lei estabelece que qualquer pessoa pode ter acesso às informações sobre bilheteria. Os donos de estabelecimentos terão que disponibilizar o relatório da venda de ingressos de cada evento para entidades representativas como a Associação Nacional de Pós-Graduandos, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

Palavra-flor

O sábado é de Geraldo Carneiro: "uma palavra não é uma flor/uma flor é seu perfume e seu emblema/o signo convertido em coisa-imã"

Mídia frustrada

O jornalismo ornitorrinco e a herança maléfica de 2013
Wanderley Guilherme dos Santos, no portal da Fundação Maurício Grabois

O recorde mais espetacular do ano de 2013 foi o número de previsões fracassadas. Dia sim, outro também, os jornalões estamparam notícias recebidas com surpresa pelo famoso mercado, que as esperava o oposto. De boca aberta também andaram seus renomados especialistas, a inventar explicações fora da curva para os furos especialmente enormes. Erros que, imediatamente, soterraram com pompa, circunstância e virgens anúncios de futuras tempestades. É intrigante a permanente charlatanice com que os periódicos, diários e semanais, afagam o ego dos conservadores sem que estes se sublevem contra a falcatrua. Ou, talvez, os conservadores desconfiem de que a realidade seja bastante diferente, mas aspiram, tal como os jornalistas e especialistas, a vê-la materializar-se conforme a aspiração.
Este parece o sonho derradeiro dos colunistas e pitonisas da oposição: obter o condão de pronunciar profecias que se auto-cumprem. Daquelas que, uma vez proclamadas, contribuem para a realização do desastre. Uma corrida a um banco disparada por falsa previsão de que vai quebrar pode, de fato, levar à bancarrota um estabelecimento sólido. Mas é impossível evitar uma estupenda safra agrícola escondendo-a sob pragas e tormentas apenas verborrágicas. Criam, contudo, uma espécie ornitorrinco de jornalismo – aquele que retrata o que lhe apeteceria acontecesse efetivamente, não o que, com modesta realidade, ocorre. Daí a freqüente discrepância entre as manchetes e o conteúdo, ainda que este venha narrado como que sob tortura, tão tortuosa é a narrativa.
Diverso é o caso do jornalismo a soldo. Não há como perdoar àqueles que sabem o que fazem. Omitem informações relevantes, adulteram outras, inventam terceiras. Cada um dos desvios é serviço prestado. Digamos que eles fabricam um tipo especial de caixa dois, recursos contabilizados como salário, quando, contudo, resultam de um efetivo domínio do fato inventado ou distorcido.
Essa cumplicidade entre fiéis ingênuos e deliberados bandoleiros que assaltam a reputação alheia, maculam o estafante trabalho de legislar ou de executar tarefas de interesse geral, enriquecendo ao longo da labuta, dificulta identificar a composição da quadrilha que, diariamente, vende engodo à população. Estamos de acordo que as matérias impressas, tanto as assinadas quanto as editorializadas, constituem atos de ofício e aceitável evidência dos crimes assinalados, certo?
Sendo assim, uma legislação democrática, que proteja os cidadãos comuns contra os achaques e calúnias dessa quadrilha de mistificadores e inventores de escândalos, deve ser uma das preocupações de qualquer governo de origem popular. Os antigos gregos já puniam severamente os propagadores de infâmias e em alguns casos de indução de outros a atos perversos, aplicavam a pena do ostracismo, da multa e, eventualmente, impunham até a pena de morte.
O Brasil nunca ultrapassou essa fase porque nunca esteve nela. O jornalismo ornitorrinco e o jornalismo adversativo (o que acrescenta um mas, porém, todavia, contudo a toda notícia positiva) ainda são os controladores do mercado de notícias. O mercado de notícias é o único que os conservadores não desejam livre.
Qualquer iniciativa de soltá-lo das garras oligárquicas é, ornitorrincamente, apresentada como seu oposto, o de invadir a liberdade da notícia. Ora, o que não existe no país é justamente uma imprensa livre, plural e competitiva o suficiente para que o cidadão possa optar. O mercado de notícias está cativo de tiranetes sem escrúpulos, de colunistas a soldo, sem mencionar o inacreditável nível de desinformação e de cultura da média das redações desses jornais.
O Judiciário, por sua vez, além da adoção do discurso de ódio, inaugurou uma etapa bastante peculiar em nosso constitucionalismo. Dizem seus arautos que o Supremo Tribunal Federal representa a vanguarda iluminada das sociedades contemporâneas. Ainda com mais fulgor no Brasil, entendem, em vista da podridão de que estariam acometidos os demais poderes da República. Entre suas atribuições abrigar-se-ia a de estabelecer prazos para que o Legislativo legisle sobre matérias que ele, Judiciário, considera inadiáveis. Isso, como todos sabem, inclusive os senhores ministros do STF, não está escrito na Constituição. Os únicos prazos legitimamente impostos ao Legislativo, salvo engano, são aqueles hospedados por seu Regimento Interno e pelos estatutos de urgência e medidas provisórias, ambas emanadas do Poder Executivo. De uma penada os atuais e transitórios ministros do STF ofendem o Executivo e o Legislativo.
É cautelar, em conclusão, que se observe como os conflitos por vir não deverão ser debitados à conta de um confronto direto entre o capital e o trabalho, mas entre o jornalismo ornitorrinco e o Judiciário e os demais poderes. O ano de 2014 promete.

Inteligência sacrificada

Estima-se que 750 escritores e poetas morreram nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, segundo leio de Moacyr Scliar.

Sem educação e trabalho

Não basta a repressão, mesmo quando apoiada em serviços de inteligência que se sobrepõem à força bruta. O problema está muito além. Pesquisa patrocinada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro informa que aproximadamente 34% dos jovens de 18 a 29 anos de idade residentes em "comunidades pacificadas" não trabalham nem estudam. 

27 dezembro 2013

Prazer meio a meio

Presentes de fim de ano
Luciano Siqueira, no Blog Algomais


Círculo pela internet e vejo uma variedade de comentários e dicas sobre presentes de fim de ano. Ora com o sentido nítido de promover determinada linha ou marca de produtos, ora como exaltação de suposto bom senso. Ou bom gosto.

De cavalo dado não se olha os dentes - escuto isso desde criança. Em tese, todo presente é bom, pois - como ensinava minha mãe - no mínimo, vale a intenção.

Gosto de dar presentes e também de receber. Prazer meio a meio.

Arrisco pouco. Faz parte da minha personalidade - tímido irrecuperável. Presenteio sem arroubos nem inovações. Se a escolha é uma blusa ou um vestido, ou uma camisa masculina ou uma caneta, tons discretos em modelos elegantes, porém simples. Livros e CDs prefiro, mas sempre com a sensação de pisar em terreno movediço: e se o presenteado já tiver adquirido ou ganho antes? Melhor dedicar num cartão à parte - para que o objeto possa ser passado adiante. Eu mesmo já fiz isso com presentes ganhos em duplicata.

Não o fiz num caso excepcional. O grande e inesquecível historiador e geógrafo Manuel Correia de Andrade, meu amigo e eleitor (para minha honra), ofertou-me um exemplar de "A atualidade da reforma agrária no Brasil", com generosa dedicatória. Pois bem. Cerca de um ano após, ao me encontrar na Fundação Joaquim Nabuco, sem lembrar que já me tinha presenteado antes, foi à sua sala e me trouxe novo exemplar do livro. Agradeci, obviamente, já imaginando a quem passar o livro, dentre os amigos interessados no tema. Porém logo percebi a preciosidade: com a mesma letra cuidadosamente grafada, a dedicatória era exatamente a mesma, sem uma palavra a mais nem a menos! Nem preciso dizer que guardo os dois exemplares com enorme carinho.

Mas, seguro mesmo é presentear com bebidas. Uma cachaça de prestígio entre os aficcionados, um bom uísque ou vinho de boa cepa (tinto principalmente) ou mesmo um licor caseiro, são inafaliveis.

Raramente arrisco dar gravatas. Este ano tomei coragem e presenteei com gravatas três integrantes da minha equipe na Prefeitura. Acertei na mosca, com certeza, pois quase mudo de ideia: gostei muito de todas e pensei em ficar com elas...

Aliás, gravatas gosto de receber. Sobretudo quando fazem meu gênero, discretas. Tenho algumas que me fazem lembrar com carinho as pessoas que me presentearam.

Ah, as peças de artesanato são sempre bem-vindas. Canecas, então, faço muito gosto. Este ano ganhei de Tuca uma caneca de Cuba e uma do México e uma pintada pela sobrinha Priscila. Beleza! São ótimos porta-lápis, belos e úteis sobre minhas mesas de trabalho; ou reinam numa das estantes da minha biblioteca, lado a lado com os livros de literatura.

Livros e CDs considero top de linha: passam a fazer parte da vida gente para sempre. Este ano ganhei vários livros, que não os citarei para evitar a injustiça do esquecimento de algum. Também DVDs e CDs. Reúnem sensibilidade, beleza e prazer.

Banalidades

Ler jornais neste fim de ano em boa medida é suportar banalidades. As tais retrospectivas do ano que finda são um porre.

Razões espúrias da espionagem norte-americana



Quem paga a conta
Eduardo Bomfim, no Vermelho

As maquinações da política externa norte-americana têm sido reveladas pelo ex-agente da NSA agência de espionagem dos Estados Unidos, Edward Snowden, através de fartas denúncias sobre escutas, grampeamentos de lideranças políticas, além dos cidadãos comuns, empresas estratégicas das nações na busca de informações que garantam os interesses imperiais, chauvinistas, da maior potência do planeta.


O que não tem sido mostrado são os objetivos mais amplos da Inteligência dos EUA em que pesem os fundamentados relatos já divulgados por estudiosos, especialistas e jornalistas.

Também não é segredo as relações estreitas do grande complexo midiático hegemônico mundial com as orientações da CIA associadas às ações desestabilizadoras dos Estados Unidos contra os mais diversos Países do mundo. Esse não é um contexto recente, vem de longa data.

Em 2008 a jornalista norte-americana Frances Stonor Saunders publicou um livro intitulado “Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura”, revelando o massivo financiamento do governo americano à organizações e associações de direita em nível global mas que em inúmeras vezes apoiou entidades culturais, grupos de escritores, intelectuais divergentes dos Países comunistas ou de orientação popular, bem como de governos soberanos, uma prática, ao que tudo indica, que jamais cessou.

Outro ex-agente da CIA e professor universitário, Chalmers Johnson recentemente falecido, publicou três volumes de grande repercussão entre eles o livro Blowback no mesmo diapasão de alertas sobre os custos e as consequências da política externa americana, as ações de espionagem e provocações dos vários governos norte-americanos.

O historiador Moniz Bandeira vem escrevendo várias obras sobre o mesmo tema lançando agora, em 2013, “A Segunda Guerra Fria” com substanciais informações sobre as manobras geopolíticas dos Estados Unidos que vêm treinando inclusive ativistas e mercenários de linha insurgente com o aberto intuito de desestabilizar nações emergentes.

Assim, o Brasil pela dimensão continental e papel geopolítico estratégico tem sido igualmente alvo desse movimento dos EUA onde estão incluídas também as ambições sobre a Amazônia brasileira e as recentes descobertas das riquíssimas jazidas petrolíferas submarinas em suas águas territoriais.

Esperança

A sexta-feira é de Aleksandr Blok: "Que mensagem, anos de guerra, vocês nos trazem?/Mensagem de loucura - ou de esperança?"

Guarda Municipal fortalecida

O Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) da Guarda Municipal do Recife (GMR), sancionado pelo prefeito Geraldo Julio ontem (cumprindo mais um compromisso de campanha), proporciona reajuste de 40% no salário base de todos os 1.150 guardas, a partir de setembro de 2014 e a promoção de 127 subinspetores ao posto de inspetor e de 450 guardas ao cargo de subinspetor. Já agora em janeiro será lançado edital de concurso público destinado a ampliar os efetivos da corporação para 2.500 guardas. É o produto de trabalho realizado por Comissão Bipartite, integrada por três membros do governo e três da categoria.Na Câmara Municipal obteve aprovação unânime.

Salário mínimo em alta

A informação é da Agência Brasil. O aumento do salário mínimo deverá injetar R$ 28,4 bilhões na economia no próximo ano, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgada ontem. A partir de 1° de janeiro o salário mínimo passa de R$ 678 para R$ 724 – reajuste de 6,78% . De acordo com o Dieese, 48,2 milhões de pessoas têm o rendimento atrelado ao salário mínimo. O novo valor do rendimento mínimo permite, segundo os cálculos do Dieese, a compra de 2,23 cestas básicas. De acordo com a entidade, é a maior relação de poder de compra desde 1979.

26 dezembro 2013

Livro

"As pessoas que amam o livro, amam-no não só por seu conteúdo, pelas histórias que conta ou pelas ideias que expõe; as pessoas que amam o livro, amam-no também como objeto." (Moacyr Scliar).

Misteriosa

A quinta-feira é de Maurício Terra: "Da tempestade brotou/misteriosa/rosa vermelha/dentro do peito/única."

25 dezembro 2013

A arte da fotografia

Sebastião Salgado

Infinito

A quarta-feira é de Adélia Prado: “Os diamantes são indestrutíveis?/Mais é meu amor./O mar é imenso?/Meu amor é maior...”

Humor natalino

Crônica de Natal
Luis Fernando Verissimo

 
Tenho inveja dos cronistas novos. Não porque eles não sabem que todas as crônicas de Natal já foram escritas e podem escrevê-las de novo. Mas porque podem fazer isto sem remorso.

Tem a crônica de Natal tipo "o que eu gostaria que Papai Noel me trouxesse". A Luana Piovani ou um fac-símile razoável, a paz entre os povos, um centroavante para o Internacional (ou um fac-símile razoável) etc.

Tem as infinitas variações sobre problemas encontrados por Papai Noel no mundo moderno (seu trenó levado num assalto, sua dificuldade em se identificar em portarias eletrônicas, protestos de ambientalistas contra o seu tratamento das renas, suspeita de exploração de trabalho escravo, suspeita de pedofilia etc.).

Tem as muitas maneiras de atualizar a história da Natividade (Maria e José em fila do SUS, os Reis Magos chegando atrasados porque foram detidos por patrulhas israelenses ou militantes palestinos, Jesus vítima de uma bala perdida).

Tem as versões diferentes da cena na manjedoura, inclusive — juro que já li esta, se não a escrevi — narrada do ponto de vista do boi.

Todas já foram feitas.

Há tantas crônicas de Natal possíveis quanto há meios de se desejar felicidade ao próximo.
 
Os cartões de fim de ano são outro desafio à criatividade humana. Pois todas as suas variações também já foram inventadas. Quando eu trabalhava em publicidade, todos os anos recebia encomendas de saudações de Natal e Ano Novo "diferentes", porque os clientes não se contentavam em apenas desejar que o Natal fosse feliz e o Ano Novo fosse próspero. Uma vez sugeri um cartão de Natal completamente branco com a frase "Aquelas coisas de sempre..." num canto, mas acho que este foi considerado diferente demais. E dê-lhe poesia, pensamentos inspiradores, má literatura e a busca desesperada do diferente. Um cartão em forma de sapato, de dentro do qual saía uma meia: a meia para o Papai Noel encher de presentes e o sapato para entrar no Ano Novo de pé direito. Coisas assim.

Enfim, tudo isto é apenas para desejar a você... Aquelas coisas de sempre.

Urbanização do Brasil

Desde o momento em que a população urbana superou a rural, a cidade considera-se epicentro das realizações humanas no que se refere a mobilidade, emprego, opções de comércio e lazer, e novidades tecnológicas. Deste modo, traços rurais passaram a entender-se como sinônimo de algo atrasado, retrógrado e obsoleto.

Porém os critérios com os que se avalia a qualidade de vida em áreas urbanas e rurais têm mostrado que o que se entendia por atraso e obsolescência é um equívoco de massas sufocadas pelas promessas da industrialização nas cidades. (Leia artigo de Bruno Peron, no Vermelho http://migre.me/h9snK).

24 dezembro 2013

Cartas de amor

A terça-feira é de Fernando Pessoa: “Mas, afinal,/Só as criaturas que nunca/Escreveram/Cartas de amor/É que são/Ridículas...”

Uma crônica minha para descontrair

Márcia Maracajá
A Missa do Galo e a absolvição dos meus pecados
Luciano Siqueira

Meu pai Renato, dono da Mercearia Natalense, esquina das ruas Alberto Silva e São João, na Lagoa Seca, Natal, exercia certo rigor no controle do consumo em casa de produtos industrializados, sobretudo sobre nós, os filhos menores. Enlatados e engarrafados, só em último caso. Daí o fascínio que experimentávamos diante das latas de salsichas Wilson, das sardinhas Coqueiro e das garrafas de guaraná das duas marcas locais, Jade e Dore. Como se fossem muito superiores em sabor e valor nutritivo do que a comida caseira.

Mas eis que chega o Natal e os meninos da casa, Airton e eu, aí por volta de nove e dez anos de idade, ganhamos o privilégio de andar pelo quadrilátero delimitado pelas quatro esquinas, três delas ocupadas por mercearias, como a do meu pai, e uma pela Igreja de São João Batista. Bem vestidos, ao gosto de dona Oneide, e com alguns trocados no bolso com a liberdade de gastá-los como bem entendêssemos. Sinal verde para o consumo de guaraná e biscoitos, ali no balcão das mercearias próximas.

Como quem nunca comeu mel se lambuza, nos excedemos a ponto de voltarmos para casa de papo cheio e um tanto nauseados. Mas ainda com o dever de compartilhar a ceia abundante, ritual familiar sagrado. Encerramos a noite vomitando copiosamente – e a culpa, proferida solenemente, após breve investigação, coube às garrafas de Jade e Dore e aos biscoitos Maria!

E tinha a Missa do Galo, rezada em latim pelo padre Jacob, um holandês avermelhado de quase dois metros. Durava uma eternidade! Isso à meia-noite, quando a meninada já não tinha fôlego para nada: o sono pesado, o medo de adormecer em plena missa, um pecado grave. Tudo a ver com a lassidão que até hoje se abate sobre mim após alguns minutos de permanência em igrejas.

Ainda bem que fui absolvido para sempre desse pecado certamente capital. Em 1977, ao sair da cadeia, fui ao Mosteiro de São Bento, em Olinda, para agradecer a solidariedade de Dom Basílio Penido, então Prior da Ordem dos Beneditinos, que visitava presídios e integrava o movimento pela Anistia. Ao final de nossa conversa, o santo homem sentenciou:

- Saibam você e seus companheiros que ainda continuam presos que, crendo ou não em Deus, estaremos juntos na Vida Eterna.

- Como assim, Dom Penido, estou salvo mesmo sem frequentar a missa?

- Por quê?

- Porque padeço da “síndrome da Missa do Galo” e não consigo acompanhar a cerimônia até o fim...

- Não precisa ir à missa, basta prosseguir sua militância, a prática do Evangelho mais despojada que conheço. Continue lutando e esteja em paz.

Minha mãe, Oneide, de sólida formação católica, jamais concordou com esse modo generoso de remissão dos meus erros. Mas aceitou.

E assim pude seguir vida afora sem o dever de frequentar igrejas e em silenciosa homenagem ao bom e corajoso Dom Basílio Penido.

A luta no campo das ideias

No Vermelho:
A Formação do PCdoB e o seu papel na luta de ideias em 2013
Entrevista a Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo

"Avalio que 2013 foi um ano muito frutífero para a Formação do PCdoB, não somente pelo número de ações realizadas, mas, sobretudo pelo fomento do pensamento, arma principal da luta de ideias", declarou Adalberto Monteiro, secretário nacional de Formação e Propaganda do PCdoB, à Rádio Vermelho, ao pontuar balanço das atividades da Secretaria de Formação e Propaganda do Partido.

O dirigente nacional falou sobre as principais atividades e pontuou que a Formação joga um papel central para a reflexão crítica dos projetos prioritários e para a fixação das lutas travadas pelo PCdoB.

 “Vivemos um momento de acumulação, no qual a formação assume papel central no debate, especialmente quando falamos da defesa do Projeto Nacional de Desenvolvimento e o desafio de sistematizar uma frente de luta organizada e fundamentada para dar conta deste desafio. É bom frisar que, em 2013, conquistamos avanços no plano nacional e os estados também avançaram, mas temos plena consciência de que precisamos avançar ainda mais e estamos construindo as bases necessárias para esta empreitada”, enfatizou Adalberto.

O dirigente ressaltou a necessidade de realizar um trabalho conjugado entre o Partido no âmbito nacional e suas sedes nos estados é central. "Essa parceria garantirá a otimização das forças empreendidas, como também o melhor aproveitamento das ações que são pensadas e implementadas. Em 2013, se buscou essa troca e em 2014 não será diferente".

Fundação Maurício Grabois - Adalberto Monteiro, que também é presidente da Fundação Maurício Grabois, falou sobre os trabalhos realizados pela Fundação e lembrou que foram promovidos importantes seminários, entre eles, o seminário que debateu as manifestações de junho e o balanço dos dez anos de governos Lula e Dilma, além dos temas importantes debatidos como saúde, educação, cultura, política externa, entre outros.

O dirigente também citou, no âmbito da elaboração e realização de pesquisas, a publicação de 12 novos títulos em 2013. Abaixo alguns dos lançamentos da Fundação Maurício Grabois, em parceria com a Editora Anita Garibaldi, entre os anos de 2012 e 2013.

Centro de Documentação e Memória - O presidente da Grabois também enalteceu o trabalho do Centro de Documentação e Memória (CDM), setor, que segundo ele, joga um papel central na pesquisa e memória do Partido. “O CDM joga um pape, muito importante nas trincheiras do Partido. O trabalho de documentação e sistematização da memória da corrente comunista no nosso país é central não só para os nossos militantes, mas também para os diferentes setores de pesquisa que atuam no país”, ressaltou Adalberto.

E adiantou: "Em 2014, a Fundação, através do CDM, dará seguimento ao trabalho de documentação e memória e apoiará as atividades da Escola Nacional do PCdoB, numa intensa agenda de formação e capacitação de quadros".

Adalberto ainda informou que somente no 1º semestre de 2014 serão realizadas atividades referentes aos 50 anos do golpe militar de 64, aos 90 anos da Coluna Prestes e também à passagem dos 90 anos da morte de Vladimir Ilicht Lênin. “Para realizar esse conjunto de atividades, como é tradição da Fundação, sempre buscaremos realizar parcerias com outras fundações e instituições de pesquisa e estudo”.

Escola Nacional do PCdoB -
Durante a entrevista, Adalberto destacou o papel da Escola de Formação na luta de ideias travada pelo PCdoB. Segundo ele, para fazer o balanço de 2013 é preciso falar também dos trabalhos encabeçados pela Escola Nacional do PCdoB na luta política.

 “O interesse pela formação se dá pela singularidade do PCdoB, pois é um Partido filho das barricadas amparadas pela teoria marxista-leninista. De modo que pensar esta corrente teórica é fundamental, e a Escola surge para garantir o aprofundamento deste pensamento, sem perder de vista a nossa realidade. A Escola é um setor em constante desenvolvimento, houve significativos avanços, mas ainda há um longo caminho pela frente”, pontuou o dirigente.

23 dezembro 2013

Mais médicos

Programa Mais Médicos já levou 6.658 médicos para 2.177 municípios, beneficiando 23 milhões de pessoas.

Despedida

A segunda-feira é de Ana Cristina Cesar: “A ponto de partir, já sei que/nossos olhos sorriem na distância.”

A vida do jeito que é

Mulher do detento
Marco Albertim
Não se perdeu no vento o relato de Janine. Ela aproveitou o sopro vindo do sudeste, sentou-se no calçadão do armazém na beira do cais, convicta de que a surragem no morim do vestido, tinha tudo a ver com o reboco estropiado das paredes do armazém. O amarelo sem cor das paredes, nem com o apuro dos olhos seria restabelecido; só a memória do que fora restituía a elegância sem brilho da ponte giratória no cais de Santa Rita.
 
Do mesmo modo, os desenhos de flores sumidos do morim sem cor do vestido de Janine, a custo davam vida ao desassossego moreno de suas carnes, quando entrevira a chance de se ver livre da incômoda virgindade. 
O vento encobriu o choro sem agonia nos seus olhos miúdos; pressionou-os para as entranhas da memória, onde afoiteza nenhuma tinha o direito de fazer pouco do que, por opção própria, juntara sem sustos para não perder o culto da vida em grupo. Ninguém, nem mesmo a coragem fria dos detentos do pavilhão C.
Com as flores luzidias no morim então novo, ela saiu da cela onde confabulara com Babão. Pôs o dinheiro acima do bico do peito, entre a carne tenra e a almofada do sutiã. Dois carcereiros, um em cada pavilhão, abriram a cela do respectivo corredor. No primeiro, do C, o homem de feição tão amarela quanto a de cada detento, só olhou-a nos olhos, evitando adivinhar os contornos do corpo baixo, inda que torneado, mas familiar à inquietação dos dedos de Babão. No segundo, vizinho ao pátio àquela hora vazio, outro carcereiro tinha a mesma feição.
No corredor entre as celas de um lado e de outro, os presos enxergaram as ondulações do corpo de Janine; nenhum teve coragem de acoitar a esperança de, com a pena reduzida, estender-lhe o incerto e tão cotado pano, proteção que todo preso miúdo ou parente busca para não sofrer embaraço de bandido sem código de honra, ou mesmo de polícia sem lugar no catre.
 
No portão de saída, antes de cruzá-lo, foi conduzida por policiais femininas a uma sala. Havia quatro, duas trancaram-se com Janine para a revista de rotina. A mais velha, com uma infusão de rigor e lascívia nos olhos, apalpou-a nos peitos. A minúcia dos dedos fez o rastejo de baixo para cima, para precisar a redondez lobular dos seios. O contato da sequidão da mão da mulher na maciez dura dos seios de Janine, ela o ignorou com os olhos fixos na imprecisão dos próximos passos de sua vida.
A outra, também urdindo bulício nas mãos e autoridade na fronte, apalpou-a sob a parte de baixo do morim nada encardido. Enxergou, com lubricidade nos olhos sob as pálpebras pesadas, um chip de celular. A mais velha fez-lhe um gesto, descendo de cada um dos cantos da boca, o indicador e o dedo polegar. O ricto da advertência incensou a sala com o espectro de Babão. A cédula de cem reais fora tateada pela guarda mais velha; sabia de onde viera o dinheiro e inquiriu-a para compor o ritual da revista.
 
- É para comprar as carnes – respondera Janine, não a modo de retruque, mas para acrescentar à fita.
...
- Alcatra. Dois quilos.
O açougueiro reiterou nos olhos a mesma cumplicidade dos carcereiros; sem atentar para os contornos do corpo de Janine, espreitou-a como a uma freguesa de paga sem vexame, com dinheiro vindo das entranhas do tráfico. Por conveniência, não quis saber o seu nome, nunca quisera. Devolveu-lhe o troco com a mesma minúcia de gesto de quando Janine bacorejara a bufunfa do sutiã.
De volta ao presídio, entrou na sala para submeter-se à encenação; agora com fastio nas mãos e preguiça nos olhos. As polícias apalparam-na sorvendo o cheiro da alcatra tenra. Não quiseram examinar o pacote com a carne. O cheiro de carne sangrada ocuparia o lugar das vísceras nunca emprenhadas de Janine.
Na cela, Babão ordenou a Lula que tratasse de moquear a carne na grelha de ferro do pavimento de cima. Logo, à noite, seria comida a modo de churrasco. Lula obedeceu, tirando do armário o sal, uma faca e o cominho. Ainda assim, Babão cuidou de puxar a cortina entre seu catre e o de Lula. A alcatra deixou no cheiro indícios de sangue. Babão entreteve-se na cumplicidade das carnes vivas de Janine.
No fim da tarde, o vento parou de soprar no cais de Santa Rita. À luz do poste, ela examinou sem vontade a foto de Babão no jornal, morto, um só tiro na moleira.
 

22 dezembro 2013

Marisa Monte e Paulinho da Viola

Música e poesia em fim de noite: “Dança da Solidão”, Marisa Monte e Paulinho da Viola http://migre.me/h7JaR

Tricolor apaixonado

Três cores
Nilson Vellazquez, no blog Verbalize

 
Mais um ano chegando ao fim. Tempo das pessoas fazerem suas retrospectivas pessoais, dos telejornais realizarem as retrospectivas das grandes notícias do ano fazerem o apanhado do que de mais importante aconteceu durante o ano e, para os afeitos ao esporte bretão, comemorar ou chorar o desempenho do seu time de coração durante o período.

Não me proponho neste texto a nenhuma das três ações acima citadas; mas como, apesar de capaz e estimulado a fazer retrospectivas pessoais e políticas, utilizo este espaço para falar um pouco sobre uma de minhas grandes paixões: o futebol, digo, o Santa Cruz Futebol Clube.

Num ano em que o clube das três cores conquistou dois títulos importantes - tricampeonato pernambucano e campeonato brasileiro da série C - muitas foram as matérias de caráter nacional que deram destaque ao principal feito desse clube. Longe de exaltar, somente no campo, as conquistas realizadas, o poder de mobilização popular de que o Santa Cruz é capaz foi alvo de inúmeras menções Brasil afora. Por mais um ano, o Santa Cruz - mesmo disputando uma série C do campeonato brasileiro - foi um dos clubes com a maior média de público no Brasil. Esse feito não tem sido novidade para sua torcida, que sofrida, e de origem extremamente popular, enxergam no seu clube algo que constitui a sua personalidade e parte importante da sua vida - pedreiros, garis, trabalhadores terceirizados, pessoas simples, que além de contribuir para a popularização desse esporte bretão, encaram com paixão a queda e ascensão do seu time.

Além do já comentado e batido caráter popular do clube da Beberibe, neste ano, uma pitada a mais de irreverência e de identificação com o povo contribuíram para tornar o sofrimento de muitos que choraram a tragédia recente do time em verdadeira alegria. Os gols de uma estrela cujo apelido rememora sua infância pobre, num bairro da periferia do Recife - Flávio Caça-Rato - marcaram uma relação de simbiose entre torcida e clube, entre jogador e time, entre time e povo. Todos, uma só personalidade.

Personalidade. Junto-me a esses milhões de torcedores que viram a tragédia do Santa Cruz e que, ao final de mais um campeonato, choraram, bebemoraram e cantaram as cores desse clube. Nesse momento em que arenas maravilhosas são construídas; em que a presença de torcidas organizadas é discutida e a possível "elitização" do futebol se torna próxima, estive presente para presenciar e me vangloriar junto a todos esses. Estive porque estou certo de que mais do que torcer para um clube, torcer para o Santa Cruz constitui uma personalidade, um lugar na subjetividade dessa palavra de definir. Identifico-me com meu time para além de seus resultados e campeonatos que disputa. Sou um pouco - ou muita parte - de Santa Cruz. Que chora, que ri, que reclama da vida, da bola que nunca entra, dos gols sofridos aos 45 minutos do segundo tempo; mas que, no domingo seguinte, veste sua camisa com a esperança de extravasar o grito de gol. Sou todo Santa Cruz e tenho certeza de que não seria quem sou caso torcesse por outro time. Ser Santa Cruz me faz ser mais povo, me faz valorizar cada vitória e reconhecer em cada momento difícil a esperança de uma nova aurora. É assim, há vinte e seis anos comigo, mas há cem com milhões e milhões. Viva o time do povo, viva o Santa Cruz!

Mãos vazias

O domingo é de Mário Quintana: “Eu queria trazer-te uns versos muito lindos.../Trago-te estas mãos vazias/Que vão tomando a forma do teu seio.”

Via Mangue Reginaldo Rossi

O prefeito Geraldo Julio encaminhará amanhã à Câmara Municipal Projeto de Lei denominando “Via Mangue Reginaldo Rossi” à principal obra viária em construção na cidade. Uma homenagem ao artista que brotou do seio do povo simples do Recife, projetou-se nacionalmente e jamais se afastou de sua gente e de suas raízes.

21 dezembro 2013

Saga da torcida tricolor

Business F.C.
Ugo Giorgetti, em O Estado de São Paulo

 
Domingo passado a televisão foi obrigada a transmitir um jogo da Série C do Campeonato Brasileiro. É verdade que era uma decisão, e quem ganhasse já estaria na Série B. Mas não era a decisão que fazia do jogo algo especial. Era o que acontecia fora dele, ao lado dele, em volta dele. Sessenta mil torcedores se aglomeravam dentro do estádio, um velho estádio, que na opinião dos militantes do Business F.C. certamente já deveria ter sido demolido faz tempo.

Só que ninguém reclamava das inconfortáveis instalações do glorioso Arruda, do Recife. Ao contrário, havia alegria delirante, que atingiu até os narradores do jogo, atônitos com a impressionante concentração de massa diante de seus olhos. Um dos narradores chegou mesmo a mencionar, com razão, que parecia um jogo do passado, dentro daquele estádio de linhas arquitetônicas antiquadas, relíquia de um tempo em que estádios eram feitos para abrigar qualquer torcedor e não certos torcedores.

Abrigar talvez seja um termo não adequado. Estádio não era feito para abrigar, mas para caber. Quem ia ao estádio sabia que poderia ter que se sentar no concreto com o risco de ficar um pouco espremido, debaixo de sol, chuva ou frio. Mas ninguém se importava. Como não se importavam domingo os sessenta mil alucinados torcedores do Santa Cruz. Esse jogo e essa torcida vieram provar muita coisa.

O verdadeiro torcedor de futebol, que fez a grandeza do futebol brasileiro, não desapareceu. Lá estavam eles, alegres, fanáticos, jovens e velhos, homens e mulheres, elas inclusive, as belas mulheres do Recife, todos com os olhos no campo e provavelmente sentados no cimento duro. Ninguém se preocupava com outra coisa senão com o desempenho do seu time. Sua alegria vinha do gramado, não de outro lugar. Foi comovente e consolador ver as jovens gerações se comportando como as velhas, no mesmo desprendimento, no mesmo desprezo por condições especiais de acomodação.

Estádio foi feito mesmo pra sofrer, se angustiar, e entrar em êxtase, talvez tudo junto. A torcida do Santa Cruz se colocou ao contrário de tudo que existe por aí em termos de novas arenas. Fala-se que essas arenas darão mais conforto, comodidade, espaço, aos torcedores. Quem precisa de tudo isso?

Não os torcedores do Santa Cruz, como constatei domingo. A verdade é que essas arenas estão sendo feitas para outros torcedores que pagarão "o preço de mercado" pelos ingressos. O que é esse preço? O maior possível, evidentemente.

Numa metrópole brasileira sempre existirão quarenta, quarenta e cinco mil pessoas, por exemplo, que pagarão sem pestanejar os preços de mercado. Mas serão torcedores diferentes. Velhotes gordinhos, sisudos, que precisam de espaço para seus corpinhos, que precisam de estacionamento para seus 4X4, que precisam se abrigar do frio e do sereno. Que vão reproduzir nos estádios, acomodados em seus belos "camarotes", a reclusão que vivem atrás das grades pontiagudas de seus belos edifícios, cercados de guardas por todos os lados.

Futebol é coisa de jovens. De velhos também, mas como os velhos que foram domingo no Arruda. Que choravam copiosamente com a vitória e o regresso triunfal do Santa. Você imaginaria um executivo, sem um pingo de suor no rosto, sentado num lugar especial, uisquinho na mão, chorando? O espetáculo no Arruda me mostrou que existe um Brasil que continua o mesmo, felizmente. Não vai mais aparecer muito na TV é certo, mas, quando menos se espera, lá está ele.

Também é muito possível que já se pense em transformar o Arruda numa arena igualzinha às outras. Talvez, mas não me interessa. Me interessa o que vi domingo passado. Por isso que agradeço ao Santa Cruz e á sua torcida o espetáculo que deram. E aproveito para declarar que conquistaram um fanático torcedor, infelizmente de longe, aqui de São Paulo, mas sonhando com o Arruda. Viva o Santa!

Música e poesia

Música e poesia em fim de noite: Geraldo Azevedo, “Dia branco” http://migre.me/h70bL

PCdoB tem rumo e paciência

No Jornal do Commercio:
Com Dilma e sem pressa no plano estadual
Mesmo cauteloso, Luciano Siqueira admite que o PCdoB ficará mesmo com a reeleição da petista na disputa presidencial

Por Jumariana Oliveira


O vice-prefeito do Recife Luciano Siqueira (PCdoB) admite que seu partido pedirá mesmo votos para a presidente Dilma Rousseff (PT) na eleição do próximo ano, mesmo com a possibilidade aberta da candidatura do governador Eduardo Campos (PSB), que teve participação direta na escolha do seu nome para compor a chapa majoritária do prefeito Geraldo Julio (PSB) em 2012.

O comunista reforçou nesta semana as declarações do presidente estadual do PCdoB, Alani Cardoso, que num ato do PT defendeu abertamente a reeleição de Dilma. “Não rompemos com o PT e jamais vamos romper”, afirmou.

Mesmo cauteloso, Siqueira disse que ainda não sabe o caminho que o PCdoB de Pernambuco irá tomar na eleição de 2014, mas lembrou que o partido está com o PT no plano nacional desde a eleição de 1989.

“Temos essa aliança, participamos do governo, temos interlocução permanente com Dilma, opinamos sobre os rumos do governo e acabamos de realizar um congresso no qual fizemos um balanço dos últimos dez anos, e concluímos que o País avançou muito nesse período. Defendemos com muita coerência a unidade das forças que ajudaram ou ajudam a construir esse projeto de mudança do País”, declarou. O vice-prefeito disse que o presidente do seu partido não está errado, mas destacou que ainda “há um longo caminho pela frente.”

O comunista garantiu que se tiver que defender a reeleição da presidente e Dilma, o governador Eduardo Campos irá compreender a sua posição. “Eduardo tem uma enorme consciência. Nossa relação com ele é excelente, tanto que deseja nosso apoio, mas se não puder, ele saberá conviver com nossa posição, sem atritos”, comentou.

Siqueira foi vice-prefeito do Recife nas duas gestões do ex-prefeito João Paulo (PT), mas em 2012 preferiu seguir com o socialista Geraldo Julio, em detrimento à postulação do senador Humberto Costa. Alegando que seu partido nunca rompeu com o PT, o comunista disse que no pleito municipal, a situação foi isolada. “O PT deveria ter liberado a reeleição de João da Costa, mas havia uma crise interna que lhe tirou a condição de liderar a Frente Popular, por isso marchamos com o PSB”, comentou.

Siqueira alegou que, no atual cenário, o indicativo é pela reeleição da presidente Dilma, mas destacou que no plano estadual as alianças podem seguir caminhos diferentes. Como exemplo, citou a postulação de Flávio Dino (PCdoB) ao governo do Maranhão. O comunista poderá ter o apoio do PSB. “Podemos pedir voto para quem apoia nossa candidatura ou podemos abrir palanques duplos”, avaliou.

Virada no Chile num mundo de conflitos

As urnas do Chile
Eduardo Bomfim, no Vermelho

 
Nas últimas décadas o mando do capital financeiro fez-se avassalador, associado ao poder imperial unilateral dos Estados Unidos, impondo aos povos uma economia desastrosa pródiga em catástrofes de todas as maneiras onde as mais emblemáticas são a tragédia econômica-social que assola as nações europeias e a fome endêmica que atinge um terço da população do continente africano.

O processo de controle do grande capital não se restringiu às áreas econômica, militar, ocupou outros espaços com o objetivo de garantir a mais completa transformação das nações à sua imagem e semelhança, formatando a ideologia do pensamento único, apoiando-se para tanto no monopólio da informação de massas em escala mundial no intuito de combater qualquer pensamento crítico antissistêmico.

Um dos conceitos ditados pelo Mercado global foi a “política do possível” retida a projetos limitados, às ações de tipo “compensatórias” desprovidas de horizontes com um longo curso.

Para fazer crer que o futuro é uma inusitada recorrência ao mesmo ponto de partida, confiscando anseios, avanços estruturais, sonhos de saltos aos novos tempos, às aspirações de superar contextos nacionais incompletos, travando o necessário projeto soberano como se os Países estivessem ancorados numa espécie de maldição da eterna dependência, da subordinação infinita.

No intuito de fazer valer a cultura do pragmatismo elementar, do ativismo limitado, conformista, que pontificou nas últimas décadas, dentre as várias opções políticas, iniciativas institucionais nos Países inclusive aqueles de economia emergente.

As viragens na geopolítica mundial, a emergência dos BRICS, a crise do capital global, seus efeitos nos Países do 1º mundo, derrotaram essa doutrina mas que ainda se impõe, pela via do longo tempo de uso, como um mal estar em um esférico “presente contínuo” inclusive entre as novas gerações, como disse o historiador Eric Hobsbawm.

Um balanço crítico dos governos democráticos com políticas sociais na América Latina, as derrotas da ortodoxia neoliberal, a recente vitória no Chile de Michelle Bachelet podem ser vigorosos estímulos às lutas de resistência nacional, popular em pleno curso, às grandes utopias transformadoras de conteúdo histórico, universal, opostas a essa civilização em crise do Mercado global.

Tapete

O sábado é de Mia Couto: “e as flores/tombam-me dos braços/para dar cor ao chão em que te ergues.”

20 dezembro 2013

Luto

Prefeito Geraldo Julio decreta luto oficial pela morte de Reginaldo Rossi. Em sintonia com o sentimento do povo.

Reginaldo Rossi, presente!

O Recife se entristece com a morte de Reginaldo Rossi, notável intérprete de canções que falam das dores e amores de nossa gente.

Primarismo

Grande bobagem considerar a eleição presidencial, em Pernambuco, uma disputa direta entre Lula e Eduardo. Será disputa de projetos.

Um Ano Novo de muito trabalho e paz!


O peso das palavras

A sexta-feira é de Luna Vitrolira: “O medo que me traz as palavras/é a sensação de acreditar que o se pôr ao avesso/é a melhor maneira de se dar”

19 dezembro 2013

PIB, emprego e eleições

Guerra de guerrilha na economia
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
 
Sempre foi assim – aqui e alhures, como se dizia antigamente. Economia e política se entrelaçam, seja pelos interesses de classe que expressam, seja porque é através da luta política que tais interesses se concretizam. No frigir dos ovos, problemas econômicos são solucionados por meio de decisões políticas.

Uma decisão política emblemática, e que resultou em enormes benefícios para a economia pernambucana e regional, foi a localização da Refinaria Abreu e Lima no Complexo Portuário de Suape, traduzindo a sensibilidade do presidente Lula em relação à necessidade de reduzir desigualdades regionais mediante empreendimentos industriais de ponta.

Outra face desse entrelaçamento é evidente nos démarches e especulações em torno do pleito presidencial de 2014. Diz-se que a presidenta Dilma terá chances de reeleição reforçada se a economia estiver bem; do contrário, candidaturas oposicionistas terão possibilidades de crescer. Em certa media é verdade, embora não retire da esfera política, das inclinações do eleitorado em especial, o fato determinante do desenlace da disputa.

Nesse contexto, assistimos a um vai e vem incrível na mídia, quanto a previsões sobre a taxa de crescimento do PIB, que mais do que um informação econômica passa a ser trunfo político. Tudo pela construção de ambiente social favorável, ou não, a propósitos eleitorais.

Se esse “debate” fosse sério, se estaria discutindo a essência da questão: a inviabilidade da retomada do crescimento em patamar de 5% ou mais mantendo-se o tripé câmbio flexível, metas inflacionárias ultra-rígidas e juros altos. Mas não se discute isso justamente porque mudanças nesses condicionantes macroeconômicos ferem interesses poderosos do setor rentista – o sistema financeiro que domina a mídia e monitora rigorosamente editoriais e análises de colunistas e blogueiros especializados.

Há outra questão essencial, muito mais terra a terra: a taxa de desemprego, diretamente relacionada com as condições de vida da maioria dos eleitores. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “passou de 5,2% em outubro para 4,6% em novembro, e é a menor taxa de desemprego desde o início da série histórica, em março de 2002, e coincide com a leitura apurada em dezembro do ano passado. Em novembro de 2012, o indicador estava em 4,9%.”

Tudo a ver com o cenário eleitoral em formação. Diz respeito principalmente à chamada nova classe média – ou, como convencionalmente se denomina, classe C -, que na última década se expandiu extraordinariamente. Na verdade, o contingente que se incorporou ao mercado de trabalho da produção de bens e serviços e ao mercado de consumo atingiu a marca dos quarenta milhões de brasileiros – o equivalente à população da Argentina.

Portanto, o fato de nos mantermos com taxas de desemprego tecnicamente consideradas, para grande número de categorias profissionais, pleno emprego, chega a ter mais importância eleitoral do que as oscilações do chamado “mercado” em relação ao PIB do ano vindouro. Porque, em última instância, o resultado do pleito possibilitará, ou não, as condições necessárias para destravar o crescimento econômico com inclusão social.

Presidente Jango, presente!

No Vermelho:
Congresso devolve mandato de Jango: “A democracia venceu”
“Jango, a democracia venceu”, disse João Vicente Goulart em seu discurso de agradecimento na sessão solene que o Congresso Nacional realizou, na tarde desta quarta-feira (18), para a devolução simbólica do mandato presidencial de João Goulart.

Na presença da presidenta Dilma Rousseff; do vice-presidente Michel Temer; ministros de Estado, parlamentares e outras autoridades civis e militares, o filho de Jango declarou que “o golpe civil-militar de 1964 não foi contra Jango, mas contra as reformas de base sugeridas por ele em benefício das camadas menos favorecidos e de um desenvolvimento mais justo”.

“Ainda hoje necessitamos dessas reformas estruturais, como a reforma agrária, a reforma tributária, educação de base de tempo integral e a destinação, como fez Jango, de 12% do orçamento da Nação para educação”, disse João Vicente, que recebeu, das mãos do presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o diploma de Presidente da República de João Goulart.

Reforma dos sonhos - Em seu discurso, o filho de Jango destacou ainda a necessidade atual do país de uma reforma política profunda, “que garanta a dignidade do exercício parlamentar”. E, dirigindo-se à Presidenta Dilma, acrescentou que “precisamos, presidenta Dilma, daquele plebiscito para discutir a reforma política que o país precisa. A reforma dos sonhos dos brasileiros, do fim dos privilégios, jurídicos, econômicos e políticos”, afirmou, encerrando com palavras de respeito “aos que caíram no caminho da luta pela restauração da democracia”.

Após os discursos, o presidente do Congresso, Renan Calheiros, promulgou a resolução que declara nula a sessão do Congresso Nacional de 2 de abril de 1964, que cassou o mandato de João Goulart. O ato foi seguido por fortes aplausos do público em pé. Em seguida, foi feita a entrega do diploma de Presidente da República de Jango ao filho dele, João Vicente Goulart.

A plateia assistiu a um vídeo produzido pela TV Senado, que mostrou em imagens a trajetória política de Jango, que foi enaltecido pelos oradores, mostrando-o como Pai do Pobre, herdeiro do trabalhismo e que esteve sempre ao lado dos trabalhadores e dos mais pobres. A execução do Hino Nacional pela cantora Fafá de Belém deu um brilho especial à sessão.

Pedido de desculpas - A fala de Renan Calheiros encerrou a sessão. Repetindo as palavras do presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), ele também pediu desculpas aos familiares e ao povo brasileiro em nome do Congresso Nacional. “O Congresso deve desculpas história pela inverdade patrocinada pela Nação brasileira com participação do Parlamento a um dos mais ilustres brasileiros”, disse.

“Não podemos revogar páginas pálidas da nossa história, mas devemos reformá-las para iluminar as próximas gerações, principalmente se foram forjadas na falsidade”, avalia Renan, para quem “a verdade é a essência da democracia”. E anunciou a entrega a João Vicente também dos termos de posse e compromissos prestados por João Goulart no Congresso e a réplica do diploma expedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De Brasília, Márcia Xavier

Entrega

A quinta-feira é de Maurício Terra: “Vem, não temas a noite/nem as dores do antes/façamos o tempo.”

Contra a espionagem norte-americana

Não deterá os serviços de espionagem norte-americanos, mas é um gesto marcante. Com base no Artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Artigo 17 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos - que mencionam o direito à privacidade, a inviolabilidade de correspondência e a proteção contra ofensas, resolução da ONU estabelece que os indivíduos devem ter assegurados, em ambiente digital, os mesmos direitos que têm fora dele. E aponta para o prosseguimento do debate em torno do à privacidade nas comunicações eletrônicas. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil comemora – com razão.

Porto Emprel

A Empresa Municipal de Informática (Emprel) tem agora uma unidade localizada no empresarial ITBC, na Rua da Guia, Recife Antigo. É o Porto Emprel, que trabalhará em estreita relação com o Porto Digital, com o intuito de desenvolver soluções em favor da qualidade de vida na cidade, atuando em Business Intelligence e geoprocessamento. A Emprel hoje presta serviços à Prefeitura em diversas áreas. É responsável pela tecnologia empregada em serviços como o Disque-Cidadão, Nota Fiscal Eletrônica, Recife Participa e o Gerenciamento do sistema SAMU.

18 dezembro 2013

Flores e dores

A quarta-feira feira é de David Henrique: “Lanço poemas/no perfume/das flores,/e traduzem-se/as dores/de abelhas/serenas.”

Ciclos se dão movidos por projetos

Ciclos políticos não se dão em torno de lideres, isoladamente; dão-se em torno de projetos de sociedade. Não foi FHC que se exauriu, foi o modelo neoliberal que ele liderou. O projeto iniciado por Lula em 2003 está em curso e poderá dar um salto adiante, a depender da superação de obstáculos macroeconômicos herdados da era neoliberal, que ainda persistem. Câmbio flexível, metas inflacionárias ultra restritivas e juros altos não rimam com crescimento econômico com inclusão social. Este é um dos divisores de água na batalha eleitoral de 2014.

A palavra instigante de Jomard

Paul Klee
DEZEMBRO em TRANSversalidades
Jomard Muniz de Britto, jmb.

Ninguém consegue escapar das celebrações.
Tão familiares quanto consumistas.
Sejamos todos indocilmente tatuados.
Se a realidade das margens nos remete
às impossibilidades do REAL, da fome mais
febril e da estupidez da morte, o q fazer?
A estética da miséria terceiro mundista
ainda nos assola e até nos consola?
É proibido perguntar pela estetização do
Sonho? Quando o azul mais TRANSparente
de Carlos Pena Filho transferiu-se para
ERA UMA VEZ, EU, VERÔNICA.
Vamos continuar apostando no TRANS,
transes, transformatividades de Laerte.
Sintomas de nossa libido em TRANS-
figurações narrativas. HQ por todos.
Por onde anda LOLA, A ANDORINHA?
Procurando por Fininha em Clécio?
Transferências nas escritas, nas falas,
nos sons circulando entre citações.
Matrizes em matizes de McLuhan
transbordando cães, mares e mortais.
Em dezembro tudo pode ser bem mais
SIMBÓLICO sem apelos simbolistas.
Todos os frutos transnarcísicos
pelo IMAGINÁRIO sem confins do
êxtase na fruição corpo a corpo.
MAMA ÁFRICA reinventada por Chico
César entre Mandela e uma cigana
analfabeta lendo a mão de Paulo
Freire e as mães de Pindorama.
Precisamos reler o livro de poemas
de Marcelo Pereira: TATUAGEM.
Mas tudo continua EM TRÂNSITO
pelo cineasta Marcelo Pedroso
no curta mais transtornador
em nossa política de redes e
redemoinhos.
Dezembro TRANSmutando rotinas
em roteiros da amorosidade.

Recife, 2013.
atentadospoeticos@yahoo.com.br