Trump e Nethanyahu são sinônimos de guerra, genocídio e agressão
Terror no Oriente Médio pela guerra do Estado de Israel contra povos da região exige ações vigorosas das forças democráticas.
Editorial do 'Vermelho' www.vermelho.org.br
A guerra deflagrada pelo governo de Israel contra o Irã tem dimensão global e histórica. Faz parte da dominação imperialista no chamado Oriente Médio e, ao mesmo tempo, da afirmação do poderio bélico de um Estado que age como mero fantoche dos interesses dos Estados Unidos numa região estratégica por ser rica fonte de matéria-prima, entroncamento dos continentes europeu, africano e asiático. Por estar nas proximidades da Rússia e da China, o Oriente Médio também sempre mereceu atenção dos Estados Unidos.
As ameaças do presidente estadunidense, Donald Trump, que chegou a dar um ultimato ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, exigindo sua “rendição incondicional” e que “por enquanto” não vai matá-lo, são uma mostra da escalada de atentados ao direito internacional e à convivência pacífica entre os povos. Esses arroubos autoritários são a continuação das hostilidades iniciadas em seu primeiro mandato, iniciado em 2017.
Na ocasião, Trump abandonou o acordo nuclear firmado com o Irã por seu antecessor, Barack Obama, em 2015, sob o argumento – não comprovado – de que o país era “o principal Estado patrocinador do terrorismo”. O acordo previa limitações das atividades nucleares iranianas em troca do alívio em sanções internacionais. Envolveu cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – os Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia, além da Alemanha.
O Irã, signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), tem sido submetido a regime de verificação, “o mais rigoroso que há do mundo”, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica ou Atômica (AIEA), estabelecida como organização autônoma nas Nações Unidas em 1957. A agência afirma que seus inspetores certificaram que o país cumpre seus compromissos nucleares. O governo iraniano também aceitou as propostas de Trump para negociações em reuniões realizadas em Omã.
O Brasil tem um histórico de atuação para pacificar as relações entre Estados Unidos e Irã. Em 2010, o então chanceler Celso Amorim participou da elaboração de um acordo para que o Irã permanecesse no TNP, com a participação da Turquia. O acordo foi assinado em Teerã pelos ministros das Relações Exteriores dos três países, na presença dos presidentes iraniano, Mahmud Ahmadinejad, e brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.
Durante discurso na Cúpula do G7 – que, em declaração conjunta, defendeu as agressões do Estado israelenses –, no Canadá, Lula disse que os ataques ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis. O presidente brasileiro associou os ataques à guerra na Ucrânia e ao massacre do povo palestino pelo Estado de Israel. “Todos nesta sala sabem que, no conflito na Ucrânia, nenhum dos lados conseguirá atingir seus objetivos pela via militar. Só o diálogo entre as partes pode conduzir a um cessar-fogo e pavimentar o caminho para uma paz duradoura”, disse.
Lula foi mais uma vez enfático ao dizer que em Gaza “nada justifica a matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças e o uso da fome como arma de guerra”. “Ainda há países que resistem em reconhecer o Estado palestino, o que evidencia sua seletividade na defesa do direito e da justiça”, afirmou, citando também o “caos e atrocidades perpetradas pelo crime organizado” no Haiti, diante dos quais “a comunidade internacional permanece indiferente”.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que em janeiro assinou um tratado de parceria estratégica com o Irã, pediu o fim das hostilidades. Ele se disse disposto a atuar como mediador. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou que a assistência militar direta dos Estados Unidos a Israel poderia desestabilizar radicalmente a situação no Oriente Médio.
Xi Jinping, presidente da China, também se manifestou, destacando a necessidade de um cessar-fogo imediato. Ele disse que a China se opõe a ações que comprometam a soberania e a segurança de outros países e pediu a todas as partes envolvidas que trabalhem para reduzir a escalada do conflito e evitar agravamento da situação. O presidente também se ofereceu para mediar a busca pela paz no Oriente Médio.
É importante lembrar que essa onda de ataques do Estado israelense ao Irã começou em 1º abril de 2024, quando a embaixada iraniana na Síria foi bombardeada, matando três comandantes da Guarda Revolucionária. Houve também a agressão ao Líbano para atacar o grupo Hezbollah, ações classificadas pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Nethanyahu – envolvido em numerosas acusações de corrupção –, de “nova etapa da guerra”, na verdade uma ofensiva expansionista dos interesses imperialistas na região.
Trump e Nethanyahu são sinônimos de guerra, genocídio e agressão, papel distorcido pela cobertura da mídia ocidental, que omite o abastecimento de armas, ajuda militar e tecnológica pelos Estados Unidos, além da sua retaguarda política ao governo de Israel. Os ataques ao Irã têm o propósito de enfraquecer uma potência média na região, com poder de dissuasão da política guerreira do Estado israelense.
Está claro que objetivo não é só nuclear, mas eliminar o líder supremo iraniano e impor ao país um regime sem poder de resistência ao imperialismo. Mas cresce no mundo a consciência anti-imperialista, processo que exige das forças democráticas ações cada vez mais vigorosas para deter os sucessivos banhos de sangue sobretudo no Oriente Médio, região alvo da cobiça imperialista por sua riqueza petrolífera desde o contexto da Primeira Guerra Mundial.
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