Banco
Master, alguma surpresa?*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Afinal, depois de prolongada série de revelações
de "anormalidades", o Banco Central determinou a liquidação
extrajudicial do Banco Master.
O
risco de falência iminente e o comportamento do presidente do banco, Daniel
Vorcaro, hábil e arisco na busca de aliados nos altos escalões da política
nacional, precipitaram, enfim, a interdição.
Tudo
bem. Não é a primeira vez que isso acontece. Outras instituições bancárias, até
de maior prestígio no mercado, foram à falência, como o prestigioso Banco
Nacional e seus congêneres Banco Econômico, Bamerindus, Banco Santos, Cruzeiro
do Sul, BVA e PortoCred.
Faz
parte do "negócio" justamente dedicado a operar, por mecanismos
vários, a reprodução fictícia da mais-valia extraída dos trabalhadores.
Acontece
aqui e alhures, vide a debacle dos norte-americanos Silicon Valley Bank (SVB),
First Republic Bank, Signature Bank - com destaque, na crise de 2007-2008, para
a falência do poderoso Lehman Brothers.
Ali
se comprovava, uma vez mais, que a especulação financeira se amplia ilimitadamente
sem correspondência na produção de bens e serviços, com alguma frequência gerando
bolhas e crises num país determinado
e não raro abalando todo o sistema.
Mas
o complexo midiático dominante trata o assunto com falso ar de surpresa,
advertindo à exaustão quanto ao "risco" de perda de credibilidade no
sistema.
E
tome revelações escabrosas, inclusive envolvendo figuras políticas de destaque
no Judiciário e no Parlamento, tidas como atraídas pelo então presidente do
banco, o indigitado Daniel Vorcaro, preso quando pretendia fugir do país a
bordo de sua ultraluxuosa aeronave.
A
palavra de ordem editorial parece ser revelar os fatos porque é impossível
esconde-los, mas caracterizá-los como mais um exemplo de má gestão e não como
algo inerente ao próprio sistema financeiro.
Karl
Marx, se fosse vivo, bem que poderia dizer: "bem que avisei". Pois em
sua obra O Capital, no longínquo 1867, já descrevera o capital financeiro como
se o dinheiro existisse por si mesmo, à margem da produção efetiva de riqueza.
Ou
seja, na esfera da especulação tudo é possível, inclusive, no tempo em que
vivemos, artifícios os mais escrotos no manuseio de investimentos alheios de
forma "ilícita", sem moral nem limites.
O
lucro se transfere da produção industrial para a jogatina em mercados de ações
e derivativos, que com o advento da internet rola ininterruptamente via bolsas
do mundo inteiro; tendo como subproduto a concentração e a queda da produção e
consequente diminuição da estrutura da contratação do trabalho humano.
Mas
reportagens e "análises" acerca da interdição do Master precisam preservar o sistema, apontando
o caso como exceção. É o que a mídia faz por meios sofisticados de modo a
enganar os mal informados.
*Texto da minha coluna no portal 'Vermelho' www.vermelho.org.br
[Qual a sua
opinião?]
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