Luiz Fux e as duas faces da moeda*
Luciano
Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Sabe-se
lá qual motivação mais recôndita e inconfessável que terá levado o ministro
Luiz Fux a proferir, por longas e maçantes 11 horas, esdrúxulo voto pela
absolvição de Jair Bolsonaro e a maioria dos seus cúmplices do "núcleo
crucial" da conjura golpista.
A
extrema direita, ainda que na defensiva, comemora e se utiliza de várias
passagens da peroração de Fux, fragmentadas, em vídeos, para reforçar a defesa
midiática do ex-presidente.
Mas
tem o outro lado da moeda.
Com
os votos ainda a serem proferidos pelos ministros Cármen Lúcia e Cristiano
Zanin, provavelmente na mesma linha de Alexandre de Moraes e Flávio Dino,
confirmando a condenação de Bolsonaro e dos seus asseclas, o contraste com Fux
faz cair por terra a acusação de que existiria uma conspirata previamente direcionada
no âmbito da primeira turma do STF.
Na
crítica ao posicionamento do ministro Fux salienta-se a contradição com seus
próprios votos proferidos recentemente — tanto favorável a que o processo
tramitasse no âmbito da Suprema Corte, que ele agora rejeita; como na
condenação dos envolvidos nos atos terroristas de 8 de janeiro, quando apoiou e
defendeu as pesadas penas adotadas.
Para
além disso, vale anotar a crueza da luta pela democracia nos dias que correm.
Não
se trata de uma peleja circunstancial, mas de elemento essencial no projeto
alternativo de desenvolvimento do país, onde pontifica em íntima e
indissociável articulação com a defesa da soberania nacional e a retomada de
atividades econômicas estratégias, em sintonia com os direitos fundamentais dos
trabalhadores e da maioria da população.
Um
dos pilares desse projeto nacional alternativo há de ser a superação do atual
Estado de Direito democrático vigente, sob muitos aspectos desidratado em
relação ao que se construiu na Assembleia Nacional Constituinte, tanto por
sucessivas PECs, como pela corrosão persistente via legislação
infraconstitucional.
É
sobre esse Estado fragilizado, e sob muitos aspectos disfuncional, que Luiz Fux
tripudia.
Condenar os golpistas de agora tem, assim, valor estratégico. E há de
repercutir amplamente em favor da formação de uma consciência social mais
avançada.
*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho www.vermelho.org.br
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Leia também: Convergência necessária e possível https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/minha-opiniao_15.html
Um comentário:
In Fux we triste!
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