Volantes
voltaram a jogar com talento e habilidade, como no passado
Velho centromédio era o jogador
que tinha o melhor passe para iniciar os ataques
Tostão, Folha de S. Paulo
Na coluna anterior, falei das tristezas e das coisas
ruins que acontecem no país e no futebol brasileiro. Há também
muitas coisas boas, como a transparência e a segurança das urnas eletrônicas.
Fora os antigos e graves problemas políticos, econômicos, sociais e de
comportamento que assolam o país, como o racismo (um crime), presente dentro e
fora dos estádios, vimos, na pandemia, a solidariedade, a generosidade e a
responsabilidade profissional da maioria dos cidadãos brasileiros.
Os dois anos
de pandemia, com estádios vazios, e a volta recente do público às partidas
confirmaram que as equipes que atuam em casa, na média, no Brasil e em todo o
mundo, levam grande vantagem.
Em casa,
apoiados pela torcida, os jogadores costumam ser mais vibrantes, ousados, desde
que a pressão para vencer e a tensão emocional não ultrapassem certos limites.
Os atletas não podem perder a lucidez para tomar as decisões corretas. Já os
visitantes, com frequência, ficam inibidos e tendem a atuar com mais cautela.
Há exceções, dos dois lados.
A estratégia
atual de pressionar e de tentar recuperar a bola mais perto do outro gol
favorece as equipes que jogam em casa. Há também riscos. Se o meio-campo avança
e os zagueiros ficam atrás, abrem-se grandes espaços entre os dois setores. Na
vitória por 3 a 2 do Flamengo sobre a Universidad Católica,
pela Libertadores,
os dois times tiveram enormes facilidades para trocar passes e chegar até o
gol.
Se o
meio-campo e os zagueiros se adiantam, aumentam os espaços entre a defesa e o
goleiro. Para amenizar o problema, as equipes precisam ter goleiros que saibam
jogar fora do gol e zagueiros rápidos e inteligentes. O veterano Thiago Silva,
antes de a bola ser lançada, percebe todos os movimentos dos companheiros e dos
adversários, antecipa-se e ainda inicia os contra-ataques com um bom passe.
Na vitória do
Manchester City sobre o Real Madrid, por 4 a 3, Vinicius Junior deu
um drible espetacular em Fernandinho, na linha de meio-campo, pela lateral, e
teve um enorme espaço livre até o gol, já que toda a defesa do City estava
adiantada. Muitos se lembraram do gol da Bélgica sobre o Brasil, na Copa de
2018, quando Fernandinho foi também driblado. Acham que, se houvesse, no lugar
de Fernandinho, um jogador como Casemiro, ele faria a falta, e não haveria o
gol. Tenho dúvidas se algum marcador conseguiria parar Vinicius Junior.
Casemiro e
Fabinho, titular e reserva da seleção, evoluíram bastante. Os dois, além de
pressionar o adversário e desarmar com facilidade, aprenderam, com talento, a
continuar as jogadas de ataque. Isso ocorre também com os melhores volantes
atuais do mundo. No Brasil, temos também volantes com essas características,
como Danilo, do Palmeiras, Allan, do Atlético, e Queiroz, do Corinthians. Não
há mais lugar para volantes que só marcam nem para os que são lentos e sem
intensidade.
Nos anos 1950
e 1960, o jogador de meio-campo mais recuado, centralizado, chamado de
centromédio, era o que tinha o melhor passe para iniciar as jogadas ofensivas.
Com o tempo, foram substituídos pelos brucutus, pesados, protetores da zaga que
só davam passes curtos e para o lado. Hoje, os volantes voltaram a jogar com
talento e habilidade, como no passado.
A vida dá muitas voltas. Para
evoluir, é necessário olhar para trás e pensar na frente. Passado, presente e
futuro se interligam. O destino é uma mistura de planejamento, de sonhos e de
acasos.
.
Veja: Riscos da
Frente Popular de Pernambuco na montagem da chapa https://bit.ly/3vxeWLZ
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