Primeiro de Maio é estratégico para mobilizar o povo e
superar a crise
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O cenário de completo desmonte do país e de ataques
sistemáticos à classe trabalhadora, agravado no governo Bolsonaro, impõe a
necessidade de mobilização por mudanças urgentes. Neste sentido, o Dia
Internacional dos Trabalhadores ganha maior importância, para além de seu
significado histórico.
É
momento propício para denunciar a gravidade da situação, marcada pela fome,
miséria, desemprego e precariedade das relações trabalhistas e das condições de
trabalho. E uma oportunidade para engajar a população na luta por um novo
projeto de país, em que os trabalhadores estejam no centro da agenda
governamental.
“O
Primeiro de Maio unitário, convocado pelo Fórum das Centrais Sindicais, terá
como centro a divulgação da agenda da classe trabalhadora aprovada na Conclat
(Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras). Atos amplos em todo o país
devem colocar no topo da agenda a luta por democracia, direitos, soberania e
desenvolvimento com valorização do trabalho”, explica Nivaldo Santana,
secretário sindical do PCdoB.
Para
viabilizar essa agenda, completou, “a grande maioria do sindicalismo brasileiro
considera vital isolar e derrotar o governo Bolsonaro nas eleições e conquistar
um novo governo de reconstrução nacional”.
A
Conclat, realizada no dia 7 de abril, foi um marco importante para organizar o
movimento sindical em torno de bandeiras unitárias e norteadoras das ações no
próximo período.
“Neste
momento, é necessário intensificar as nossas lutas e olhar para a frente,
mobilizar a esperança, reunir a força da classe trabalhadora nas ruas, com
mobilizações e greves, para promover um futuro de mudanças que transformem o
país. O desafio é lutar para superar a gravíssima crise em que o Brasil se
encontra, que se manifesta em todos os aspectos — econômico, político, social,
sanitário, ambiental e cultura”, diz a Pauta da Classe Trabalhadora, aprovada
na Conclat, e que reúne CTB, Força Sindical, CUT, UGT, NCST, CSB, Intersindical
– Central da Classe Trabalhadora, Pública Central do Servidor e Intersindical –
Instrumento da Classe Trabalhadora.
Dentre
os pontos aprovados na pauta como prioritários estão, por exemplo, instituir
uma política de valorização do salário mínimo que assegure a recomposição da
inflação e um considerável aumento real; estabelecer um programa de renda
básica; criar políticas ativas de geração de trabalho e renda e implementar um
marco regulatório de ampla proteção social, trabalhista e previdenciária.
Crise generalizada
Os
indicadores sócio-econômicos do país mostram o quanto a classe trabalhadora
brasileira está mergulhada na crise e no abandono. Segundo a agência de
classificação Austing Rating, o Brasil deve ficar entre os dez países com
maiores taxas de desemprego neste ano, com 13,7%. A média global em 2022 deverá
ser de 7,7%. No primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE,o desemprego ficou
na marca de 11,1%, quase 12 milhões de pessoas.
Além
disso, a informalidade atinge mais de 40% da população, dado bastante
preocupante considerando o grau de instabilidade e precariedade que este tipo
de ocupação representa. Para grande parcela dos trabalhadores, especialmente os
informais ou subocupados, a renda mensal não chega sequer o equivalente a um
salário mínimo e a renda média do brasileiro atingiu o índice mínimo histórico:
em um ano, encolheu quase 11%.
Como
se não bastasse a situação do trabalho em si, a inflação alta e a ausência ou o
corte em políticas públicas colocam a grande maioria da população em situação
extremamente instável e desumana. Em 2021, estima-se que quase 28 milhões de
pessoas estavam na pobreza, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas. Isso quer
dizer que pelo menos 13% da população sobrevivia com até R$ 290 por mês.
Tal
cenário, em que pese refletir os efeitos da pandemia, é, em grande medida,
resultado da gestão Bolsonaro, um governo inábil, irresponsável e
descomprometido com o povo.
Reconstruir o país
Para
enfrentar o quadro atual, o PCdoB lançou uma Plataforma Emergencial que coloca,
entre outros pontos fundamentais para a reconstrução do país, a valorização do
trabalho como centro do desenvolvimento. E aponta, entre outros aspectos, a
necessidade de fortalecer o mercado interno; criar emprego decente e eliminar a
pobreza absoluta; fazer a reforma agrária e a garantir empregos, direitos e
renda para todos.
O
partido aponta que “o trabalho deve ser resgatado como centro do
desenvolvimento, tanto porque produz a riqueza do país, quanto porque sua
remuneração, o salário, alavanca o mercado interno e, por conseguinte, o
desenvolvimento”.
Conforme
coloca o documento, com medidas nesse sentido “pode-se começar a combater a
desigualdade social e a deflagrar um processo de distribuição de renda a fim de
fortalecer o mercado interno para alavancar a reconstrução e o desenvolvimento
e melhorar as condições de vida de quem trabalha e produz. A massa salarial
deve ser a principal forma de distribuição de renda. A participação elevada e
crescente da massa salarial na renda de um país é uma referência importante da
superação da desigualdade e da conquista democrática”.
Mobilizar para mudar
A
implantação de uma nova agenda no país depende do resultado do pleito de
outubro, mas também da mobilização da população não apenas para eleger governos
central e estaduais e parlamentares comprometidos com um novo projeto nacional
de desenvolvimento focado nas necessidades do povo, mas também para pressionar
para que essas mudanças se estabeleçam com a urgência que a fome impõe.
É
neste processo que as centrais e movimentos sociais estão engajados. “Economia
estagnada, inflação alta, desemprego, precarização do
trabalho e diminuição da renda — retrato da realidade atual do país —
certamente criam dificuldades para a mobilização. Mas a grande unidade do
movimento sindical na atualidade e a degradação das condições de vida são
combustíveis que podem impulsionar uma nova onda de mobilização e dar
protagonismo à luta e à pauta dos trabalhadores e das trabalhadoras”, disse
Nivaldo Santana.
Na
avaliação do dirigente, “a experiência tem mostrado que os ciclos de
mobilização não são retilíneos, mas sempre ressurgem com força quando os
trabalhadores ganham consciência, adquirindo papel relevante para conquistar
suas reivindicações”.
Por
Priscila Lobregatte
Veja: Riscos da Frente Popular de Pernambuco na montagem da chapa https://bit.ly/3vxeWLZ
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