25 agosto 2023

Enio Lins opina

Lula, a crítica ao “neocolonialismo verde” e a aliança com os verdes

Enio Lins*



Lula da Silva, o presidente do Brasil, fez importante pronunciamento, terça-feira (22), durante o Fórum Empresarial BRICS, realizado em Joanesburgo, África do Sul, tratando de questões das políticas ambientais globais.

Lula criticou o Neocolonialismo Verde, estratégia de países ricos que usam a causa ambiental como instrumento de pressão para vantagens comerciais e econômicas, apesar das grandes potências serem historicamente as grandes poluidoras.

“Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que estabelece barreiras comerciais e medidas discriminatórias, alegando proteção ao meio ambiente”, arrochou Lula, defendendo mais financiamento internacional para projetos sustentáveis.

“O Brasil e vários países africanos têm planos abrangentes para modernizar suas matrizes energéticas. Compartilhamos a responsabilidade de preservar florestas tropicais e conservar a biodiversidade”, complementou ampliando.

Tá certo o Lula. É fundamental entender a luta ambiental como um teatro de operações global onde a causa ecológica, universal, tem interesses locais, nacionais e comerciais, sendo usada à larga como mera arma na disputa por mercados.

Nessa compreensão é vital enxergar, distinguir e privilegiar os setores aliados no ambientalismo, área que reúne forças com posicionamentos díspares, conflitantes, e que alguns desses grupos estão presentes no governo Lula.

Estão presentes e devem ficar. É-se necessário avançar em relação às gestões petistas passadas, quando Marina Silva deixou o governo, em 2008, por atritos com posições defendidas inclusive por Dilma Rousseff, então na Casa Civil.

Como toda causa ampla, o ambientalismo congrega gregos e baianos, rima com fundamentalismo, esquerdismo e direitismo. Tem versão para todo gosto e orientação, daí ser necessário distinguir seu tom adequado do verde.

Lutemos contra o Neocolonialismo Verde, sim. Discutamos projetos complexos como a extração de petróleo na foz do Amazonas, sim. Mas mantendo a aliança política entre desenvolvimentistas e ecologistas no atual governo.

*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador

Interesses em jogo na possível expansão do BRICS https://tinyurl.com/4yb3cd24

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