A experiência é relativa
Como
disse Pedro Nava, a experiência é um farol de automóvel virado para trás; à
frente continua escuro
Tostão/Folha de S. Paulo
Enfim, até os ufanistas e os que adoram escalar muitos atacantes descobriram o óbvio: que não dá para enfrentar fortes seleções, como a da Argentina, com apenas dois jogadores no meio-campo, isolados, desconectados do ataque e da defesa. Essa formação costuma funcionar contra adversários bastante inferiores e que só vão se defender para tentar contra-atacar.
As
partidas contra a Colômbia e a Argentina mostraram mais uma vez algumas
deficiências individuais da seleção; nas laterais, no meio-campo e na posição
de centroavante. O consolo é que todas as outras grandes seleções possuem
problemas.
A
história se repete. O 4x1 é parecido com o 7x1 contra a Alemanha. O Brasil
tinha também muitos atacantes e apenas dois no meio-campo, perdidos, sem marcar
e sem construir. Se a Argentina tivesse Messi e não ligasse para o olé da
torcida, poderia ter feito mais três gols. Alemanha e Argentina, com muitos
meio-campistas, passearam em campo. As duas seleções trocavam passes, ficavam
com a bola e avançavam em bloco.
A
história se repete. O Brasil foi eliminado da Copa do Mundo de 2022 pela
Croácia porque teve um apagão no final do jogo, falhou na cobrança de pênaltis
e porque, durante a partida, assistiu à Croácia trocar passes com seus
brilhantes meio-campistas contra apenas dois jogadores do Brasil no meio-campo.
Além disso, Paquetá ia para o ataque e deixava Casemiro sozinho.
Naquela Copa, ao eliminar a Croácia, a Argentina usou a mesma
formação que teve contra o Brasil na terça-feira passada (25), com um volante
centralizado e uma linha de três meio-campistas à frente do volante, além de
Messi entre os quatro e o centroavante. Contra o Brasil, Almada substituiu
Messi.
Aliás, uma das qualidades da Argentina é variar o desenho
tático desde o primeiro jogo da Copa de 2022, de acordo com o momento e o
adversário. Já a seleção do Brasil, assim como a maioria dos times brasileiros,
joga quase sempre no mesmo esquema, com dois volantes, um meia ofensivo
centralizado, dois pontas e um centroavante.
Os
treinadores brasileiros, desde as categorias de base, procuram pelos meias de
ligação (camisa 10) e pelos pontas rápidos e dribladores e esquecem de formar
os meio-campistas que atuam de uma intermediaria à outra, que marcam, constroem
e atacam. Confundem os meio-campistas com os meias ofensivos. Como os grandes
times europeus são compactos, não há necessidade de ter o meia de ligação
apenas para criar jogadas. Os meio-campistas marcam como volantes e avançam
como meias.
A
seleção e os times brasileiros ainda não conseguem fazer de rotina, durante
toda a partida, a pressão em todo o campo sobre quem está com a bola e sobre
quem vai recebê-la. A seleção não jogou e deixou a Argentina jogar.
Está
na hora de a seleção mudar. É preciso reinventar novos caminhos. A experiência
é relativa. Repetir durante anos os mesmos conceitos e condutas é um vazio, um
atraso.
Parafraseando
o escritor Pedro Nava, a experiência é como um farol de um automóvel voltado
para trás. À frente continua tudo escuro.
Há
muitas boas opções para comandar a seleção brasileira. Prefiro o conhecimento
técnico e o inconformismo do jovem Filipe Luís.
Arte é vida: desenho de Alice https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/02/arte-e-vida-desenho-de-alice_28.html
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