01 junho 2025

Minha opinião

Escolher ainda é um privilégio 
Luciano Siqueira 
instagram.com/renatosq.escritor 
 

Matéria no site da BBC, assinada por um cidadão chamado Oliver Serrano León, aborda aquele que seria um grande problema da existência humana no século 21: quem tem o direito de escolher sofre mais com a própria escolha do que com a vivência da opção escolhida. 

Estudiosos do assunto classificam isso como "o paradoxo da escolha" e sugerem que a liberdade de optar por mais de uma alternativa ao invés de nos proporcionar a sensação de liberdade, antes nos provoca angústia. 

Um psicólogo, Barry Schwartz, avalia que "o excesso de liberdade" ao invés de nos deixar mais felizes, tende a nos bloquear, frustrar e provocar a sensação de que poderíamos ter escolhido melhor.

Sinceramente, longe de mim subestimar qualquer pesquisa científica. Muito ao contrário — mesmo quando o objeto de estudo me parece à margem daquilo que possa parecer prioritário para melhorar a condição humana. 

Mas é evidente que o fenômeno aqui abordado tem jeito e cheiro de coisa circunscrita a parcela minoritária da Humanidade.

Nesses tempos horrendos que atravessamos, a grande maioria não convive no seu cotidiano com essa imaginária excessiva liberdade de opção.

Predomina a dura lei da sobrevivência — em todas as dimensões da vida, inclusive para quem tem emprego e salário. 

A supostamente doentia liberdade de opção existe apenas para uma minoria, que mesmo abastada enfrenta certamente outros dramas existenciais mais complexos. 

Em meu modesto modo de ver as coisas, prefiro a perplexidade poética de Drummond: "Mundo vasto mundo,/mais vasto é o meu coração."

[Ilustração: imagem gerada em IA]

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Fotografia: a arte de Cédric Brion https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/02/fotografia-arte-de-cedric-brion.html

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