Escolher ainda é um
privilégio
Luciano
Siqueira
instagram.com/renatosq.escritor
Matéria no site da BBC, assinada por um cidadão chamado Oliver Serrano
León, aborda aquele que seria um grande problema da existência humana no século
21: quem tem o direito de escolher sofre mais com a própria escolha do que com
a vivência da opção escolhida.
Estudiosos do assunto classificam isso como "o paradoxo da
escolha" e sugerem que a liberdade de optar por mais de uma alternativa ao
invés de nos proporcionar a sensação de liberdade, antes nos provoca angústia.
Um psicólogo, Barry Schwartz, avalia que "o excesso de
liberdade" ao invés de nos deixar mais felizes, tende a nos bloquear,
frustrar e provocar a sensação de que poderíamos ter escolhido melhor.
Sinceramente, longe de mim subestimar qualquer pesquisa científica.
Muito ao contrário — mesmo quando o objeto de estudo me parece à margem daquilo
que possa parecer prioritário para melhorar a condição humana.
Mas é evidente que o fenômeno aqui abordado tem jeito e cheiro de coisa
circunscrita a parcela minoritária da Humanidade.
Nesses tempos horrendos que atravessamos, a grande maioria não convive
no seu cotidiano com essa imaginária excessiva liberdade de opção.
Predomina a dura lei da sobrevivência — em todas as dimensões da vida,
inclusive para quem tem emprego e salário.
A supostamente doentia liberdade de opção existe apenas para uma
minoria, que mesmo abastada enfrenta certamente outros dramas existenciais mais
complexos.
Em meu modesto modo de ver as coisas, prefiro a perplexidade poética de
Drummond: "Mundo vasto mundo,/mais vasto é o meu coração."
[Ilustração: imagem gerada em IA]
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Fotografia: a arte de Cédric Brion https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/02/fotografia-arte-de-cedric-brion.html
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