Não é uma coisa nem outra
Um único jogo não permite
análises nem conclusões definitivas
Toatão/Folha de S. Paulo
Os
grandes vencedores, como Carlo Ancelotti,
são ambiciosos e obcecados pelas vitórias. Penso que um dos motivos que levaram
o técnico a aceitar o convite da CBF foi a convicção de que a seleção
possui muitas chances de evoluir e de conquistar a Copa do Mundo.
No
Brasil, como tudo é polarizado, muitos acham que temos os melhores jogadores do
mundo e que não ganhamos uma Copa há tanto tempo por falta de um ótimo
treinador, enquanto outros dizem que a qualidade atual não é boa e que não
adianta ter um excelente técnico. Não é uma coisa nem outra.
Tenho
muitas dúvidas. Será que Ancelotti, por causa da história do nosso futebol e por ter comandado vários
craques brasileiros, criou uma expectativa acima da realidade? Receio que falte
a Casemiro, valorizado por Ancelotti pelo que jogou no Real Madrid, a
mobilidade que se exige atualmente de um grande jogador de meio-campo.
Tenho
dúvidas sobre a qualidade individual do elenco brasileiro. Temos apenas dois
jogadores que estão no nível dos melhores do mundo, Vinicius Junior e Raphinha,
que não atuará nesta quinta (5) contra o Equador por estar suspenso. Hoje, além
dos dois, apenas o goleiro Alisson, do Liverpool, e o zagueiro Marquinhos,
capitão do PSG,
são destaques nas suas posições na Europa. Todos os outros convocados são bons,
porém no mesmo nível de tantos outros espalhados pelo mundo.
Repito,
a seleção carece de melhores jogadores nas laterais, no meio-campo e na posição
de centroavante. Como todas as outras principais seleções da Europa possuem
também deficiências, o Brasil é sempre candidato ao título. Aumentam as chances
com Ancelotti.
Ancelotti
declarou que a seleção vai jogar como o Real Madrid do ano passado, não o deste
ano. Ele se referia ao Real já com os dois craques, Mbappé e Bellingham, ou à
formação anterior, que tinha um trio no meio-campo (Casemiro, Kross e Modric),
além do excelente reserva Valverde, e mais um trio de ataque (Vini, Rodrygo e
Benzema). Com as contratações de Mbappé e Bellingham, o time ficou mais
poderoso no ataque, porém mais desequilibrado, com a marcação mais frágil e com
menos domínio da bola no meio-campo.
Contra
o Equador, Ancelotti vai escalar um trio no meio-campo mais marcador, com
Casemiro, além de um trio no ataque, ou o time vai jogar com dois volantes,
dois pontas que atacam e voltam para marcar, um meia ofensivo centralizado e um
centroavante?
O
desenho tático na prancheta está superado. Muito mais importante é jogar com
intensidade e pressão na marcação para recuperar rapidamente a bola, como
fizeram Cruzeiro e Palmeiras, e com compactação e movimentação nas trocas de
passes e nas posições, como atuou o PSG na goleada por 5 x
0 contra a Inter de Milão.
Independentemente
da estratégia, do resultado e do desempenho da seleção contra o Equador, não se
pode, por causa de um jogo, fazer análises definitivas nem tirar conclusões
individuais e coletivas. É preciso lembrar ainda que as equipes que trocam de
técnicos costumam se agigantar nos primeiros jogos, ainda mais quando têm um
treinador com o prestígio de Ancelotti.
Certeza
apenas é o aumento de esperança de que a seleção dê um salto de qualidade e
ganhe a próxima Copa.
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