Luciano Siqueira,
no Blog de Jamildo/portal ne10
O noticiário se faz todo focado no embate político imediato. A propaganda ocupa o lugar da informação e da análise, revelando apenas o tiroteio na superfície.
O noticiário se faz todo focado no embate político imediato. A propaganda ocupa o lugar da informação e da análise, revelando apenas o tiroteio na superfície.
Vale o registro de
três pontos a propósito da base social da crise.
Um – O combate à corrupção
- necessário e oportuno, ainda que contaminado pelo direcionamento abertamente político-eleitoral
da Operação Lava Jato - já não consegue ocultar o verdadeiro conflito que
alimenta, feito fogo de monturo, a crise nacional.
Dias atrás, o
ex-presidente do Banco Central no governo FHC, Armínio Fraga, em entrevista à
Folha de S. Paulo, adiantou as linhas essenciais do que viria, caso se
confirmasse o afastamento da presidenta Dilma.
Precisamente o
mesmo receituário que, esgotado, foi derrotado nas urnas em 2002.
Para o professor
João Sicsú, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, isto inclui
recursos para desonerar empresários, pagar mais juros àqueles que têm títulos da dívida pública e dar incentivos de toda maneira "ao andar de cima". Também a redução ou extinção de programas sociais, depreciação do salário, redução de direitos trabalhistas e previdenciários.
recursos para desonerar empresários, pagar mais juros àqueles que têm títulos da dívida pública e dar incentivos de toda maneira "ao andar de cima". Também a redução ou extinção de programas sociais, depreciação do salário, redução de direitos trabalhistas e previdenciários.
Dois – Os anos 1980
e 1990 foram as piores de todo o século 20, caracterizados pela decadência
econômica e social, assinala Marcio Porschmann, da Unicamp. Regredimos da 8ª
para a 13ª posição no ranking das economias mais ricas do mundo obtivemos 3ª colocação
na lista de países com maior desemprego global entre os anos de 1980 e 2000.
As transformações operadas
a partir de 2003, sobre o lastro de uma situação internacional relativamente
favorável e de políticas públicas que aqueceram a economia, resultaram em conquistas
sociais sem precedentes. Mas não removeram a muralha do capital financeiro – o rentismo
– que onera a produção e inibe investimentos produtivos.
Três – Por conseqüência, alicerça o impasse atual o confronto objetivo entre classes e segmentos de classes beneficiários
do período de aquecimento econômico e de ampliação das conquistas sociais
versus a elite dominante, a que se associa uma extensa parcela da chamada “classe
média alta”, que não se sentiu contemplada na onda de ascensão social que tirou
da pobreza absoluta cerca de quarenta milhões de brasileiros.
Aí reside a
pedra de toque da luta política atual e que, gradativamente, se expressará com
nitidez daqui por diante, qualquer que seja o desdobramento da crise política
atual.
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